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O Voo da Águia

Sammael

Usuário
Dizem que Persas são tão bons com palavras quanto com suas lâminas... Poderá me dizer isso após ouvir minha história, criança...

Nasci em uma pequena vila, próxima a Aslanduz em 1804 no calendário Gregoriano... Isso é tudo que tenho de importante pra dizer dessa época, convenhamos, seria uma perda de tempo ficar falando sobre meus pais, ou minha "feliz" vida em família.

Meus pais morreram aos meus 8 anos mortais, durante a Guerra Russo-Persa. Minha mãe sempre disse que eu acabaria aprendendo a "voar" sozinho. E aprendi da forma mais terrível. Minha casa fora destruída pelos russos durante a guerra, então vivi nas ruas. Aprendi golpes, truques, formas de roubar para me alimentar. Comecei a apreciar aquilo. E também chamei atenção.

Minha terra começara a tornar-se um lugar estranho, com muitos estrangeiros e costumes diferentes. As ruas cada vez tornavam-se mais escuras, e a podridão européia começava a dominar o lugar.

Said al-Barakah, era um maldito ladrão árabe. O conheci aos 15 anos. Ele viu meu potencial para seus negócios e me "adotou". Me ensinou formas de roubar e de matar. Aprendi sobre venenos, traições e armas. Aproveitava minha idade e o corpo esguio para chegar em lugares que os outros não chegavam, pulando entre prédios e passando por frestas...

Logo, em... vejamos... 1826 se me recordo bem, veio a Segunda Guerra... os Persas tentavam recuperar parte de seus domínios. Said e eu, que a algum tempo estava nas graças do velho ladrão, vimos uma boa chance de termos mais poder. Assassinos sempre são úteis em guerras, ainda mais assassinos que só lutam por uma bandeira... Riqueza.

Tomei o gosto por ceifar vidas. Cada vez que eu ouvia o ultimo suspiro de uma vitíma, minha alma queimava de prazer, desejando mais. Tive surtos, que cheguei a matar pelo simples desejo de matar. Minha mente imaginava formas mais e mais dolorosas de manda-los ao inferno...

Dois anos se passaram e nosso bando conseguiu bons espólios, tanto em assassinatos, quanto em saques... Said estava nas graças do Imperador Russo, e logo conhecemos Moscou... Banquetes, mulheres, bebidas, tínhamos a vida de califas... Logo, voltamos a Pérsia, tínhamos nosso negócios, nossa cidade pra comandar.

Dois anos passaram-se e recebemos visitantes da Arabia... Entre eles, uma visitante, minha nova obsessão.

Seus cabelos eram longos, negros como a noite. Seus olhos também negros eram delineados por sua maquiagem. O corpo, esbelto, era enfeitado com preciosas jóias, mas me surpreendendo, ela carregava uma cimitarra. Eu não conseguia desviar meu olhar. Seu olhar examinava todos de meu bando, como um falcão procurando uma presa, então ela me percebeu.

Said logo serviu os visitantes vinho e carnes, um banquete a altura de tais convidados. Soube depois, que eram um influente grupo árabe, tanto quanto o nosso na Pérsia. Um de seus inimigos se escondeu e m nossa terra e eles nos queriam para resolver isso. O olhar dela permanecia sobre mim, sentia minha alma queimando, da mesma forma que ocorria quando ceifava alguém. Eu a desejava. Tanto quanto desejava levar os outros à Morte. Ela parecia se divertir com minha aparência inquieta.
Said foi me procurar em meu quarto após o banquete. Disse que ficaram impressionados com o que já ouviram sobre mim, "al-Fahad", o Lince Persa. Queriam me contratar. E ele riu, fiquei sem entender o por que do riso e ele logo me esclareceu. Daanya al-Javairea, a mulher que estava fixa em meus pensamentos, que exigiu minha contratação.
Sem pensar, nem saber o quanto pagariam, aceitei. Minha mente concordava com meu corpo, eu poderia tê-la. E essa seria minha chance.
Na noite seguinte, partimos à margem do Eufrates, em um grupo de 12, incluindo ela. Eu não me arriscava a falar com ela, ainda mais com ela praticamente ignorando minha presença. Eu apenas era um guia. Apenas viajávamos a noite, nos escondendo em vilarejos durante os dias. Nunca a vi sob a luz do Sol. Na 4º noite, chegamos aos arredores de uma cidade próxima ao mar Cáspio, pela primeira vez ouvi sua voz...
- al-Fahad, conhece essa cidade?
Olhei-a, novamente surpreso. Ela tinha uma voz suave, sedutora, provavelmente muitos morreram por cair em sua teia de sedução... Logo, a respondi:
- Como todas as outras da Pérsia. Que seu inimigo se esconda bem, pois irei encontrá-lo! - Falei, cheio de confiança, arrancando risos de alguns daquela comitiva ao verem esse jovem tão prepotente, mas um sorriso de Daanya. Logo, voltei a cavalgar em direção a cidade. Estava perto de matar o homem que ela procurava e assim a teria.
Nos refugiamos em uma casa próximo ao porto, já que estávamos no meio da madrugada. Sai da casa, sentindo o cheiro do mar... Parava e observava aquele lugar, tentando limpar minha mente. Logo, senti suaves mãos deslizando por meu peito, abraçando-me pelas costas e aquela voz que me enlouqueceu mais cedo, sussurrava em meu ouvido, devagar:
- Altair... - enquanto continuava a acariciar meu peito. Minha respiração já descompassava só por senti-la tão próximo a mim. - Me surpreenda na próxima noite e terá tudo o que deseja... - Senti sua língua passando pelo meu pescoço até o lóbulo de minha orelha e ela me soltou, voltando pra casa. Fiquei ali, parado por alguns minutos, até conseguir colocar minha mente no lugar.
Assim que acordei, fui as ruas, procurar por pistas de nossos alvos. Eram estrangeiros, claro que outros ladrões já teriam os percebido, e pela quantidade certa de ouro, qualquer coisa era encontrada. E não foi diferente com essa informação.
Ao anoitecer, já estava pronto, conferindo a lâmina de minha adaga e de minha cimitarra, enquanto meus "companheiros" e ela saiam de seus aposentos. Não entendia por que passavam o dia todo afastados de mim, e preferia não perguntar. Silêncio era algo muito valioso.
Ela me observou e sorriu, por me ver já pronto:
- Encontrei seus inimigos... Estão escondidos num velho palácio nos arredores da cidade. - Sorri, triunfante com a minha "eficiência". Eles já caminhavam em direção a saída, silenciosos, e como se não estivesse ali. Quando me virei pra sair, ela me parou com uma das mãos contra meu peito:
- Altair... Você ficará. - Sorriu, me olhando pelos olhos, continuando: - Essas mortes, você não terá o direito de participar... - Eu já iria reclamar, quando ela levou um dos dedos aos meus lábios - Não diga nada... Apenas me espere aqui. - E deu as costas, me deixando ali sem entender nada... Nada podia fazer e por mais que meu ego me devorasse, permaneci.
Perto do amanhecer, ela retornou, com parte das vestes rasgadas e um tanto suja, como se tivesse saido de uma dura batalha. Me aproximei e ela percebeu a preocupação em meu olhar:
- Altair... Não se preocupe, jovem Lince... - Sorriu segurando uma de minhas mãos, enquanto me guiava aos aposentos que ela dormiu: - Ainda terá sua recompensa... Amanhã, será um novo homem... Um assassino melhor... Não mais uma pedra bruta.
Fechou a porta, e começou a despir-se, levando me a cama... A sua pele era fria como o mármore, mas isso não impediu que a luxuria tomasse conta de meu corpo. Eu a tive. Mas não seria a melhor sensação que teria aquela noite.
Ela deitou-se sobre mim e sussurrou em meu ouvido:
- Eu te escolhi, Altair... Observo-o a anos... Te darei outro presente. - E ela sentou-se sobre mim, com a lua iluminando seu corpo nú. Em seu sorriso, presas cresciam, e por um momento tive medo.
- Te darei a Vida Eterna, jovem Lince... Não tenha medo... - E se aproximava mais os lábios de meu pescoço. Eu continuava em êxtase, até sentir minha pele ser ragada pelo Beijo. Ela sugou até a ultima gota de minha vida.
Então, renasci.
Não sei quantas horas permanesci desacordado e quando abrir meus olhos sentia A Fome. Sentia a brisa entrando no quarto e logo pulei da cama. Não controlava meu corpo, mas sentia como se uma Besta estivesse em mim. Então a vi, segurando uma jovem a frente dela... A garota, me olhava com os olhos arregalados, como se visse um demônio. Daanya, logo fez um leve corte no pescoço da garota e senti aquele doce aroma. Antes que eu pudesse pensar, meu corpo se projetou sobre ela e mordeu-lhe o pescoço, sugando seu doce sangue, sentindo minha fome ser saciada por aquele néctar. Daanya acariciava meus cabelos, me olhando com um sorriso matenal, como uma mãe amamentando seu filho pela primeira vez.
Minutos depois, eu soltei a jovem, que caiu no chão sem vida. Daanya, abriu os braços e disse:
- Agora controle-se, minha criança... Tem muito a aprender... - E me puxou para seus braços me abraçando. Minha mente começava a se acalmar e a besta aos poucos se acalmava. Eu não sabia o que eu era, mas tinha certeza que agora, realmente era algum tipo de monstro.
Saímos daquela cidade na mesma noite e seguimos pela escura noite. Nos escondíamos em vilas e cavernas, pois o Sol era nosso Inimigo. Ela ensinou-me sobre nossa silenciosa Arte, mostrou-me como me mover muito mais rápido que o olho de meu inimigo e como me esconder no Manto das Sombras. Também ensinou-me sobre Haqim, nosso pai, aquele de que todos nós viemos. Aprendi as artes dos venenos e das palavras. Como ela mesmo dizia, "Nem sempre podemos contar apenas com nossa espada."
Passamos alguns meses juntos e tivemos que nos separar. Como outras crianças, tinha que ser forjado em Alamut. Não gostei da idéia, não queria ficar longe de minha Senhora. Por melhor que fossem os tutores, nenhum se compararia a ela, nem as ardentes noites que passávamos juntos.
Ali, em Alamut, permaneci por sete anos.. Era um lugar que eu poderia chamar de lar. Cada vez mais absorvia as artes de meu clã e quando finalmente fui a meu primeiro contrato, minha performance foi magistral.
Ao voltar a Alamut, ela estava me esperando com os outros anciões. Minha caçada foi um sucesso e eu deixara de ser uma criança. Ela me deu uma adaga curva e poucas noites depois, seguimos pelo mundo juntos. Não sei até hoje se ela me via apenas como sua criança, ou da forma que eu via, como amantes.
Passamos meio século juntos, viajando pelo Oriente Médio e a Europa. Caçávamos políticos, generais, vampiros. Alguém tinha um inimigo, e nós eramos a solução pra esse alguém.
Até uma noite... em 1882. Tínhamos um contrato simples. Haviam alguns vampiros do Sabbath causando problemas. Tudo corria bem, mas armaram para ela. E eu a perdi.
Sentia uma parte de mim morrer novamente e nem mesmo a minha sede de sangue conseguia suprir. Encontrei um refúgio novamente em Alamut e ali repousei. Esperava uma nova Era. Uma nova época em que eu pudesse sentir novamente o gosto por caçar.
Era 1943 quando me acordaram. Diziam haver uma Grande Guerra na Europa. Uma oportunidade única.
Se algo poderia me fazer sentir aquele mesmo gosto pela caça, seria aquele lugar. Eu não me importava pra causa, caçei franceses, ingleses, nazistas e judeus. Eram todos iguais, apenas alvos.
Em 45, alguns ventrues me chamaram a uma reunião, estávamos em Berlim. Diziam que o líder dos nazistas, o Füher como chamavam-o, era um problema para seus negócios.
Adolf Hitler. Um homem não essencialmente mal, mas com idéias firmes que foram colocadas em prática de uma forma extremamente cruel. A guerra estava no fim, mas esses "nobres" vampiros não queriam esperar mais. Ele deveria morrer até o fim da semana, bem... eles me contraram em uma segunda. 30 de Abril.
Chegar até ele, foi um desafio. Ele havia se enclausurado no Führerbunker, um lugar praticamente seguro. Eu disse praticamente. Ele não me conhecia.
Entrei com facilidade pelos dutos de ventilação, e aquele lugar estava mesmo bem escondido embaixo da terra. Quando cheguei até ele, vi que era tarde demais. Ele estava tombado na mesa, algumas pílulas de cianoreto ao lado de uma arma e o cheiro de sangue no ar. Ao lado dele, uma mulher, de negros cabelos estava ali e tinha cumprido MEU contrato, pensei. Logo, pude ouvir aquela voz, que tanto senti falta:
- Demorou demais, jovem al-Fahad...
Levei a mão ao cabo da adaga, caminhando em sua direção enquanto ela virava-se. Sim, era Daanya, minha Senhora:
-Ma...Mas....
Ela, segurou meu punho, mantendo minha adaga embainhada, e me abraçou:
- Sem perguntas, al-Fahad... Realmente foi uma boa coisa lhe escolher. - Sorriu, me dando um beijo na face, antes de continuar: - Foi uma ótima escolha.
- Você morreu... Eu estava lá.
- Devia saber que não pode confiar sempre no que vê. - Afastou-se alguns passos de mim: - Eu lhe ensinei isso, esqueceu? - E novamente sorria.
- Aonde esteve? - Eu estava desesperado por saber dela. Passei meio século em torpor para conseguir conviver com a falta de minha senhora. E ela estava ali, na minha frente.
- Isso eu não posso responder, não ainda, minha criança. E antes que me pergunte, não posso ficar... - Logo ela sumia a minha vista, ao mesmo tempo que podia ouvir passos pelo corredor. Usei minha ofuscação e sai dali também.
Ela não estava do lado de fora, me esperando quando sai. Não contei a ninguém em Alamut sobre esse encontro, assim como não aceitei a "glória" de ter matado o Füher. Ele já estava morto quando cheguei.
E anos se passaram, sem a presença dela novamente. O mundo estava em chamas e enquanto ele queimava, eu ainda a procurava. Enquanto eu caçava, tentava encontra-la. Viajei por todos os continentes, eliminando inimigos de outros. As vezes, encontrava migalhas sobre o paradeiro dela. Mas eram raras, e nunca me levaram a lugar algum.
Talvez um dia, eu tenha essa resposta. Talvez um dia, eu satisfaça essa sede que me consome.
Talvez eu descubra a verdade sobre ela.
 
Ae Sam!!! Esse ficou bem legal! Tu sabe que eu gosto bastante do que tu escreve. Estou esperando é tu terminar aquela história do anjo. :sim:
 
cara, tu serias um ótimo competidor se tivesse participando com esse teu texto lá no www.duelodeescritores.com cujo tema da semana foi vampiro.

tá certo q dá pra perceber mtas influências na sua história, principalmente vindas do cinema (ou talvez jogos?) e com um pouco de revisão o seu texto ficaria perfeito.

a única dica q deixo é vc prestar atenção às palavras repetitivas mto próximas umas das outras. nada q vc ñ identifique em uma leitura em voz alta. ah, e perceba q o teu texto começou bem + bonito, com as linhas em branco entre os parágrafos, dq no final.

edit: tinha esquecido de comentar o uso de palavras desconhecidas pelos leitores comuns, mas bastante conhecidas pelos rpg players. tipo, eu e vc entendemos oq quer dizer ofuscação, mas e os q nunca brincaram de vampiro a máscara? :)
 
heheh vlw as dicas JLM.... eu sei lá o que deu quando transportei do docs rpa cá (quanto ao espaçamento...) E assim, essa história é o prelúdio de uma personagem de vampiro a máscara hehehe =P Achei legal e acabei postando aqui =D
Cris! Não se preocupa que tá quase saindo o próximo capítulo da caxola =D
 

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