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O Diamante do tamanho do Ritz e outros contos (F.Scott Fitzgerald)

Lucas_Deschain

Biblionauta
[align=justify]Francis Scott Fitzgerald é um autor singular, cuja prosa, segundo Carpeaux, tinha um estilo próprio e influenciou profundamente os demais escritores da época. Fitzgerald é, para mim, motivo de muita inquietação, e somente explorando várias de suas obras é que consegui chegar a uma compreensão maior e mais profunda sobre o porque de sua literatura ser tão badalada e tida como clássica até hoje, embora ela seja também alvo de controvérsia.

A geração de autores da qual Fitzgerald faz parte ganhou o alcunha de “Geração Perdida” porque seus escritos refletiam a experiência do pós-guerra e os augúrios de uma nova mentalidade que surgia como fruto, inclusive, de uma nova dinâmica econômica global e novas mentalidades. Fitzgerald se tornou clássico pela representação emblemática que fez sobre esse novo mundo que nascia.

A característica da sua escrita, elegante, com a pompa e a circunstância que os norte-americanos vivenciavam nos “loucos anos 20” (tomo essa acertada expressão do Joe Gillis, de Crepúsculo dos Deuses [Sunset Boulevard, 1950]), quando assumiram as rédeas da nova dinâmica econômica global, chama a atenção por ser ela mesma um atributo dessa vida e refletir ao próprios questionamentos do autor com essa universo de opulência.[/align]

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Acabei de ler os 2 primeiros contos e comecei de fato a entender um pouco mais sobre a obra do F. Scott Fitzgerald, já tinha lido O grande Gatsby e não tinha gostado tanto quanto esperava, de fato a época é bem retratada nessas obras recheadas de personagens frívulas em meio a euforia do pós primeira guerra mundial que alçou os E.U.A. a condição de grande potência. Noto que apesar da crítica feita a toda essa superficialidade da sociedade da época ele transmite uma desesperança, como se mesmo entendendo a nulidade dessas pessoas não houvesse salvação fora desse mundo desprovido de razão.
 
Acabei de ler os 2 primeiros contos e comecei de fato a entender um pouco mais sobre a obra do F. Scott Fitzgerald, já tinha lido O grande Gatsby e não tinha gostado tanto quanto esperava, de fato a época é bem retratada nessas obras recheadas de personagens frívulas em meio a euforia do pós primeira guerra mundial que alçou os E.U.A. a condição de grande potência. Noto que apesar da crítica feita a toda essa superficialidade da sociedade da época ele transmite uma desesperança, como se mesmo entendendo a nulidade dessas pessoas não houvesse salvação fora desse mundo desprovido de razão.

Gostei do seu comentário, Aureliano, mas permita-me discordar dele num ponto em específico:

Noto que apesar da crítica feita a toda essa superficialidade da sociedade da época ele transmite uma desesperança, como se mesmo entendendo a nulidade dessas pessoas não houvesse salvação fora desse mundo desprovido de razão.

Creio que: 1. não se trata de um mundo desprovido de razão; e 2. o que incomodo Fitzgerald não é a falta de razão, mas sim a 'natureza' dessa razão.

A razão que guiava esse mundo e boa parte dos sujeitos que o habitavam (e sustentavam) era uma mentalidade mais sintonizada com os lucros e com os novos expedientes da economia de especulação do que nunca. Essa mentalidade de conceber e medir as coisas através de seu potencial de lucratividade, essa espécie de 'razão burguesa' (que Max Weber discute tão bem em A ética protestante e o 'espírito' do capitalismo, um verdadeiro clássico da sociologia) é o que incomodava Fitzgerald e boa parte dos escritores dessa época.

Essa mentalidade, alimentada por uma razão diferente da clássica (no sentido artístico e cultural), aparece como uma espécie de 'estreiteza espiritual', uma mesquinhez artística que embotava a sensibilidade pela qual se caracterizava o ofício dos escritores e artistas, de modo que passa a ser parte de sua incumbência pôr em relevo essa mentalidade gananciosa e dinheirista para mostrar-lhe as limitações e problemas. No caso de Fitzgerald esse repúdio de princípios se mistura com uma prática muito mais tolerante, uma vez que o mesmo dinheiro que ele negava em princípios ele gastava em homéricas bebedeiras e festas. Esse é o dilema que serve de combustível para as obras de Fitzgerald, esse é o conflito central de O Grande Gatsby e várias de suas outras obras.

Não sei se me fiz entender, por favor, se manifeste.
 
Eu compreendi Fitzgerald quando li os dois primeiros livros dele, Este lado do Paraído e Os Belos e Malditos, ali ele faz além do exercício da escrita, expõe como ele via o EUA daquele período, além decerto modo mostrar suas leituras através dos personagens que estudam nas Yvi leagues, falam da literatura, muito marcada pelo romantismo [Yeats], um exemplo é em Este lado do paraíso:
"Amory lera enormemente durante toda a primavera, no começo do seu décimo oitavo ano de vida: O cavaleiro de Indiana, As mil e Uma Noites, A ética de Marcus Ordeyne, O homem que era sexta-feira, do qual gostou sem entender; Stover em Yale, que se converteu numa espécie de compêdio; Dombey e filho, porque achava que na verdade , devia ler coisas melhores; Robert Chambers, David Graham Phillips, A Obra completa de Phillips Oppenheim e coisas avulsas de Tonnyson e Kiplin."

Estes contos eu li há muito tempo e minha memória falha, contudo Fitzgerald criou de certo modo a imagem que temos da elite WASP americana moderna, quando vejo um filme do Stillman vejo Fitzgerald, quando leio sobre o delirio da classe média do leste americano vejo Fitzgerald. Até quando vejo Woody Allen hahaha. ]

A minha conclusão de Fitzgerald que tenho é lendo Suave é a noite. ele criou a partir do aristocracismo a classe média intelectualizada americana.
 
Concordo contigo, o Fitzgerald é a "nova classe média" mas é também o próprio fantasma dos natais passados dessa classe, porque ele goza e é atormentado pela riqueza festiva e especulativa que essa classe angariou com as mudanças na economia. Esse dilema constante é travado tanto no espírito do autor quanto nas suas obras. Arrisco dizer que é isso o que ele tem de mais emblemático em sua arte.

O que achas?
 
Ele claramente se entendia como um afamado em meio a pobre dos imigrantes e trabalhadores, contudo ele nunca quis ser um politizado aos moldes de Dos Passos, penso que ele imaginava o homem em uma esfera romântica, ou seja, devia viver o aquilo que ele havia ganho de herança paterna, isso aparece em todos seus livros de algum modo, não apenas no sentido material - herança como no caso de Os Belos e Malditos - mas como moral - O grande Gatsby.

Eu penso que ele defendia assim como Hemingway só que de modo diverso, o ser americano e o jeito político de ser americano. Ainda que Hemingway exale Whitman, Fitzgerald também só que me parece de modo mais sútil, ele mostra uma sociedade que precisa ser aristócratica para não se tornar uma massa consumista , mas também precisava ter vigor. Penso então que seu quase fetish pela classe médias e altas americanas parte disso, através da liberdade cultural europeia junto com o trabalho do emigrante formariam uma grande nação, ainda que ele nunca se enganou, sempre mostra o lado podre da sociedade - as grandes festas, o herdeiro revoltado niilista, etc - em contrapartida ele mostra estudantes que querem expandir a cultura pelo mundo, conhecer a europa, romper o puritanismo, querem ficar ricos -o personagem que narra gatsby.

Talvez para Fitzgerald, formar uma classe média culta era mais válido que esses ricaços do meio-oeste ou magnatas de Nova York. Uma classe média a la europeia. posso estar enganado, por alguma razão as obras dele saem rapidamente da minha memória, ainda que tenha lido seus livros com muito prazer.
 

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