Menegroth
Bocó-de-Mola
Sabe... a gente pode enxergar o futebol de duas formas diferentes. Com paixão ou razão. Se você optar pela primeira forma, nada do que eu irei dizer a seguir fará muito sentido, porque o futebol antigo era muito mais charmoso. O futebol semi-amador das décadas de 60 para trás eram uma coisa de encantar os olhos mesmo.
Se você quiser enxergar da segunda forma, nem que seja por um momento, terá que se dispor a abrir a cabeça um pouco além do que é confortável. Todos os esportes evoluem, e só o futebol que não? As condições físicas dos atletas atingem níveis cada vez mais absurdos, e a tática encontra caminhos mais eficientes para agir, e não há evolução? Em um esporte como a natação, por exemplo, é muito mais fácil apontar a evolução... é só marcar o tempo, e ver que os nadadores de hoje são mais rápidos dos que os de antigamente. Mas em um esportivo coletivo, e de contato físico, combate mesmo, como é o caso do futebol, é muito mais complicado. Porque, quando o defensor melhora, você acha que o atacante é pior. E vice-versa.
São três os parâmetros para se avaliar o nível de um futebol que está sendo jogado: Física, Técnica e Tática.
A qualidade técnica é a que menos se sujeitou a evolução desde a década de 50. Aqui o talento é muito mais decisivo. Ou a pessoa nasce com a aptidão para se tornar um gênio, ou ela terá que melhorar de outras formas.
O condicionamento físico, por outro lado, foi o que mais evoluiu. Não há como contestar a evidência de que os atletas de hoje são mais rápidos, fortes e resistentes do que ontem. E amanhã eles vão ser melhores do que hoje. Isso é uma questão que depende muito mais da ciência. E a condição física reduz os espaços no campo... porque se os jogadores correm mais, tem menos espaço para pensar e respirar.
A tática é outro ponto que sofreu algumas revoluções na história do futebol. O futebol nasceu na inglaterra, no início do século XX, como um esportivo muito estranho e muito parado... se pegar vídeo de futebol do início do século, vai até achar que é outro esporte. É até totalmente diferente do que qualquer pelada de fim de semana de hoje em dia. Depois ele evoluiu bastante, e atingiu um nível profissional na década de 50. Mas nessa época os laterais nem passavam do meio-de-campo ainda... Djalma Santos foi um dos pioneiros nesse assunto. Mesmo assim ele atacava muito menos do que qualquer lateral brasileiro de hoje em dia (embora a qualidade técnica dele fosse exuberante). Nem faziam linha de impedimento naquela época!
Daí, na década de 70, o Ajax (e depois a Holanda em 74) mudaram o futebol para sempre. E depois são tantas novidades, que fica até difícil enumerar todas. O Líbero caiu, e foi o Goleiro quem passou a fazer essa função (Veja bem... 1 jogador passou a fazer o papel que antes era desempenhado por 2: de Goleiro e de Líbero; e isso aconteceu em todos os setores do campo).
O Pelé jamais jogou contra nada parecido que marcasse pressão como essa Holanda de 74! E, hoje em dia, se o Messi não joga contra times tão brilhantes quanto a Laranja Mecânica, ele joga contra times que tentam emular essa função... e combinações modificadas, e potencializadas pelo preparo físico de hoje em dia. Esse jogo, Brazil e Holanda (Copa do Mundo de 74) mostra perfeitamente um time da década de 60 jogando contra outro da década de 80. Essa é a diferença que a evolução tática no futebol faz.
A partir daqui os laterais passaram a ir o tempo todo até a linha de fundo! Já pensou como isso alterou o futebol? Antes o marcador marcava o Ponta, e achava que aquele lado estava fechado. Mas aí subia o lateral, ultrapassava pelo lado, e ele ficava sozinho contra 2 jogadores na linha de escanteio. Hoje em dia o Ponta faz papel de Ponta e de Meio-campo pelos lados. O Garrincha, por exemplo, era "Ponta-Direita". Ficava lá na ponta direita só. O Pedro do Barcelona é Ponta Direita e Meia-Direita.
As regras não mudaram (e, na verdade, até mudaram um pouco), mas o jogo mudou completamente!
Filho de Luma de Oliveira, releia o seu post.
Principalmente a parte em que você diz que Pelé nunca enfrentou uma seleção como a Laranja mecânica. (aliás a base atacante da Holanda foi claramente inspirada no Santos de Pelé que, no ataque, ninguém tinha posição).
De resposta, digo que Messi nunca enfrentou um time total ataque como era o Santos de Pelé.
Messi nunca enfrentou nem um Juan Aurich que abdicou de jogar futebol para só dar porrada.
Nem por isso acho que Messi seja ruim. Longe disso. Ele é Realmente Top 5.
Mas ele tem uma vida fácil.
Fez 235 gols outro dia e BATE O RECORDE DE GOLS do Barcelona. A mídia proclamou isso como se fosse 2.980 gols.
Messi não seria primeiro artilheiro em 12 times grandes do Brasil. Em São Paulo – no Santos e no Corinthians – ele não estaria entre os 4 maiores artilheiros.
Só isso me basta.
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