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MARCELINO FREIRE, Contos Negreiros

Silas Correa Leite

Silas e suas "siladas"
Contos Negreiros do Marcelino Freire (Resenha Critica)
Silas Corrêa Leite
“Palavras que falam e não agem
de acordo com o que dizem, são
cheques sem fundo...”

Marisa Raja Gabaglia
- Marcelino Freire pega um estilete cego e enferrujado, e vai desossando o conto-narrativa feito um açougueiro de almas. Santo Deus! Fica só o sangue, o lodo, o visceral, ai de nós!
- E até atiça o fogo-fáctuo-brasil na fuça da gente. Dói como uma parede. Passa, moleque, quem quer canibalismo do palavrear duras realidades?
- Ao ler alguns contos, confesso que chorei como se atravessado por um gume narrativo seco, hepatite c que fosse ali no cromo náutico da lacrima.
Contos-quase-cantos. Contracontos. Banzos proseados a golpes de palavras. Farinha em caótico angu de caroço, cacos de vidros em farinhas de ausências. Ei-los quase pretos, quase brancos, quase seres, do Haiti que Caetano cantou. Marcelino Freire sabe essa dor salteada, no machado da história injusta, dívidas impagas desde uma libertação que não indenizou e nem puniu escravocratas.
- Dolorosamente contos negreiros. A ferida aberta da brasilindia. Enquanto o lia livro livre, vinha-me à memória aquela enorme mão sulamérica sangrando que o Niemayer plantou no Memorial da América Latina lá na Barra funda.
- Era um caldo grosso, bizarras sombras, garraios, dessa gentalhada afrobrasilis, afrodescendentes, quilombos metropolitanos-periféricos, suburbanos colhendo o açúcar amargo das palavras caboclas, matutas, costuradas com o arame farpado de apartados no morro, sofridos na fome, negreiros de violências apátridas e crenças misturadas, o olho do autor ferido e cru desossando os contos mínimos, gigantes, mágicos, máximos, teares de sofrências, badames, agulhas – a faca é cega mais ainda corta – carvoeiros-canoeiros.
- Deu-me uma tristice brasileirinha, candonga. O que mantém o ser? O que nutre o ser? O que arma o bote do ser que registra ácaros e fungos?
- Catei feridas. Senti firmeza, sangue bom, sangue ruim. Pés descalços. Mãos de calos. Olhos murchos. Bocas no pito carito do desdém de tantos noiteadeiros. Esses Brasis. Sociedade Anônima. Espremido banzo pau-brasil. Como cantou Cazuza em verso de Gil: “Depois dos Navios Negreiros/Outras correntezas”. É isso: Contos Negreiros do Marcelino Freire também. Sacrosânscrito.
- Saravá, compadre. Diálogos-balas-perdidas. Bocas de pretos. Palavras-torresmos, espremendo cracas humanas, sociais. Fins infelizes. Fins intuídos. Fins indizíveis. Ou sem fins. Começo, meio e fim, tudo ali mesmo. Ele o craque Marcelino-Garrincha, fintando, comendo pelas beiradas, já entrando no miolo zona da cal da storie. Crendospadre.
- Sapeca sal nas carnes vivas que resgata de cativeiros, diásporas em sulamérica utrópica. Herranças. Almas penadas? Correntes insanas.
- Procissões de lazarentos. Ele dá vida, dá diálogo, coloca monólogos que dizem tanto em tantos desdizeres, alusões. Todos, nosotros ali, arapongas com carapuças, o redil, o confinamento. Mais valia. Miseráveis. A banda pobre da banda podre. A narrativa anti-rap, sem rima, sem ritmo, a poesia dura na prosa-dor.
- Becos. Escambos. Guetos e cortiços. Trabalhadores do Brasil. Nação Zumbi. Caderno de coloridos negros de estimação.
- Sai torcido da leitura. A alma-lenço, a lágrima-sabença. Um livro assim escreve no espírito da gente, repertório de utopias, insensibilidades remixadas, os cantos negreiro que ainda soam pelai. Lê-los é ouvir-ler.
- Núcleos de escombros, espectros. Todos respirando, enlivrados. A voz do morro, sim senhor.
- Xangô sangra?
Sobre o autor:
Silas Corrêa Leite, Teórico de Educação, Crítico Social e Jornalista Comunitário – Estância Boêmia de Itararé-SP/Brasil
E-mail: poesilas@terra.com.br
Site pessoal: www.itarare.com.br/silas.htm
Autor de Porta-Lapsos, Poemas. Especialista em Educação, pós-graduado em Inteligência Emocional e Literatura na Comunicação (USP). Autor do e-book O RINOCERONTE DE CLARICE, no site www.itarare.com.br
 

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