Thy Treebeard
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Olá de novo meus caros!
Neste mundo eu odeio poucas coisas. Tento, a toda hora, privar meu coração de pensamentos enraivecidos e de atitudes inconseqüentes. Mas tem uma coisa que, por mais que eu me esforce, não consigo deixar de odiar: os tais intelectualóides!
Sim! São aqueles yuppiezinhos que ou se vestem de preto, ou usam boinas de comunistas de dois séculos atrás, ou só assistem a filmes suecos, ou adoram James Joyce, ou possuem alguma marca que tem o único fim de mostrar à sociedade que eles sim são diferentes, são especiais, que não toleram os ditames dessa sociedade capitalista opressora na qual vivem.
Eles fazem trabalhos voluntários? Não! Porque são muito ocupados para isto.
Eles produzem arte, criam obras ou começam projetos? Não! Eles preferem criticar tudo que já existe.
Eles se refugiam da sociedade, viram ermitões, mobilizam-se para fundar um partido ou se inscrevem em um já existente, montam uma comunidade alternativa regida pelos regramentos utópico-comunistas e combatem o sistema? Não! Eles preferem só criticar a sociedade e seus integrantes, esperando que um dia mudem.
Eles assistem televisão, ouvem rádio, navegam pela internet e lêem os jornais e revistas que tanto criticam? Sim! Porque ninguém é de ferro.
Eles plantam o que comem ou vão ao McDonald's? Bom, você já sabe a resposta.
São eles, fáceis de identificar. Alguns parecem personagens saídos de uma novela de época, outros parecem cem vezes mais velhos do que realmente são, e outros são apenas bichos-grilos.
Você deve estar se perguntando... e daí? Cada um faz o que quer da vida, veste-se da forma que mais gostar e age da forma que melhor lhe aprouver...
Sim, com isso eu concordo. Mas essas pessoas não se limitam a agir de forma diferente, elas querem que você também aja como elas, e se não agir, ah... se você não agir você é um mero produto de interesses econômicos que regem esta sociedade opressora.
E por isto eles te menosprezam, te rejeitam, te difamam e olham com aquele ar de superior detestavelmente cínico e cruel.
Mas o que eles não se apercebem é que eles mesmos são regidos por um padrão, um padrão diferente, é verdade, mas não deixa de ser um padrão.
Eles se vestem conforme o costume de sua tribo. Não ousam, não mudam, não se destacam e nem de longe são originais. Tudo que usam é copiado, tudo que vestem é copiado, a maneira como agem é, descaradamente, copiada.
Qual a originalidade então? Por que são diferentes? Por que teimam em se diferenciar do homem comum?
Respostas: Primeiro, não há originalidade alguma. Segundo, não, nem chegam perto do conceito de "ser diferente". Terceiro, eles querem aparecer e suprir a falta de personalidade que eles têm, e não é por razão outra que se aliam a grupos de pessoas esquisitas.
Mas tudo isto é irrelevante não fosse a hipocrisia que deles emana.
Eles dizem que você é produto do sistema, mas quem come em restaurantes caros, com o dinheiro do papai; ou quem viaja para Cuba, com o mesmo dinheiro do papai (que talvez seja um pobre contador que trabalha 44 horas por semana durante 50 anos em uma transnacional); ou quem estuda em escolas caras, com o mesmo dinheiro do papai; ou quem faz curso de inglês (britânico, para não falar igual aos opressores americanos) são eles.
E o pior: chegam à Cuba, ficam em um hotel caríssimo, nem dão bola pro pobre garçom cubano que os servem e vão à praia, nadar nas lindas águas caribenhas e jogar a garrafa de água e a ponta do cigarro nas areias, poluindo-as.
Cadê a ideologia?
Está na boca deles, não na mente, tampouco em seus corações.
Aí eles voltam de Cuba, dizem a todos como o povo lá é escolarizado (claro, eles só conheceram turistas), dizem que as ruas são limpas (claro, o hotel é limpo o tempo todo) e como ninguém passa fome (claro, no pacote de todo mundo está incluída a meia pensão).
Depois ele começa a comparar: No Brasil todos passam fome, e lá não. (Será que alguma vez ele contribuiu para uma entidade assistencial? Tentando fazer alguma coisa para erradicar a fome? Eu acho que não).
No Brasil a maioria das pessoas são analfabetas, lá não (Será que ele já procurou alguma entidade educacional para poder dar aula de qualquer coisa para crianças carentes como voluntário? Eu acho que não.)
No Brasil as pessoas carentes são mal atendidas no hospital. (Será que ele já procurou um hospital público para contar histórias para crianças com câncer? Será que ele já se dispôs a alegrar o dia de um enfermo? Que isso! Ele mal vai visitar a pobre da sua própria avó que está internada em um hospital, vocês acham que ele se disporia a isto? Nunca!).
E o pior de tudo, ele ainda te dá lição de moral:
"SENHOR DOS ANÉIS? Você está lendo isso? Que perda de tempo, isto é para crianças, é uma ficção fantástica idiota! Você tem de ler Pablo Neruda!!!!"
"O Físico? Você tá lendo isso? É do Noah Gordon, né? Como você pode ler coisa de americano???"
"Que????? Você vai assistir ao filme do Senhor dos Anéis também? Um emaranhado de efeitos especiais com milhares de batalhas? Não perca seu tempo! Vem comigo assistir a Amélie Poulain!"
Mas o pior de tudo é que o nosso intelectualóide acabou indo assistir o Senhor dos Anéis:
"Ah, eu assisti aquela droga. Cara, não tem final! Que filme ridículo! E tem implicitamente uma mensagem gay velada entre os dois `duendes' principais. Um lixo!"
E não adianta dizer que a história é totalmente assexuada, que não há qualquer mensagem homossexual no filme. E se você explicar que o filme não tem final porque é uma trilogia, ele diz:
"Trilogia é igual a Poderoso Chefão, cada filme tem um término, esse só termina no terceiro! Por que diabos filmaram isso".
Mas aí, do alto de sua razão, você retruca:
"Hei, você disse ontem que não assistia a besteiróis americanos e, se não me engano, o Poderoso Chefão I, II e III foram feitos pelos americanos!"
Eis senão quando você ouve aquela pérola:
"Não, mas o Poderoso Chefão é diferente, é um filme de arte"
E tudo se resume nisso. Aquilo que ele vê é diferente, foge à regra. O que você vê, desde que ele não tenha visto, é lixo.
Por isto, aí vai o meu desabafo:
1. Arte é subjetiva, tudo que o ser humano faz com o fim de expressar emoções é arte. Senhor dos Anéis é arte, porque te causa emoções e tem uma história repleta de personagens emotivos, que sentem e que fazem os demais sentir.
2. Só porque é americano, não quer dizer que necessariamente é ruim. Se não tudo que eles inventaram seria ruim. E foram eles que inventaram o cocktail anti-aids, só para dar um exemplo.
3. Se comunismo fosse bom já teria sido implantado. Comunismo nunca foi implantado, apenas o socialismo repressor o foi. Comunismo é o regime perfeito e o ser humano é o mais imperfeito dos seres, por isto nunca daria certo.
4. Se você se vestir diferente e não usar Nike ou Reebok, não quer dizer que você é realmente diferente de todos os outros.
5. Se você faz trabalho voluntário, ajuda as pessoas e/ou mobiliza-se concretamente em busca de um ideal, você passa a ser, realmente e com todos os méritos, alguém diferente, mesmo que você coma no McDonald's e goste de usar calça jeans.
6. Ler Pablo Neruda não o torna um intelectual, mas se você ler Pablo Neruda, JRR Tolkien, Eduardo Galeano, Noah Gordon e Marion Zimmer Bradley, entender suficientemente a mensagem de cada autor e o mundo que cada um criou, escrever sobre isso e começar a fazer poesias ou a escrever ensaios, ainda assim você não é um intelectual, mas já entende um pouco mais do significado da palavra "cultura".
7. Se você fala uma coisa e faz outra você é um hipócrita.
8. Se para fugir dos padrões você adota outro padrão, ainda assim você é padronizado.
9. Se você usa energia e mora na casa do papai, você está aceitando os ditames da sociedade, não importa o que você faça para contrariá-los.
10. Se você realmente se acha diferente e quer ser assim, não tente fazer com que os outros ajam igual a você, senão você simplesmente está criando um padrão.
11. Se você se importa com que os outros pensam, você é igual a todos os outros.
12. Deixe de ser um rótulo e passe a se importar com o seu conteúdo.
Era isso que eu queria dizer, me delonguei demais, mas como esse site é de pessoas que leram JRR Tolkien, do que se aduz que todos aqui lêem livros e gostam de pensar e refletir sobre as coisas, achei que seria um ótimo lugar para discutir sobre esses hipócritas pedantes que se acham melhor do que nós.
Abraços,
Neste mundo eu odeio poucas coisas. Tento, a toda hora, privar meu coração de pensamentos enraivecidos e de atitudes inconseqüentes. Mas tem uma coisa que, por mais que eu me esforce, não consigo deixar de odiar: os tais intelectualóides!
Sim! São aqueles yuppiezinhos que ou se vestem de preto, ou usam boinas de comunistas de dois séculos atrás, ou só assistem a filmes suecos, ou adoram James Joyce, ou possuem alguma marca que tem o único fim de mostrar à sociedade que eles sim são diferentes, são especiais, que não toleram os ditames dessa sociedade capitalista opressora na qual vivem.
Eles fazem trabalhos voluntários? Não! Porque são muito ocupados para isto.
Eles produzem arte, criam obras ou começam projetos? Não! Eles preferem criticar tudo que já existe.
Eles se refugiam da sociedade, viram ermitões, mobilizam-se para fundar um partido ou se inscrevem em um já existente, montam uma comunidade alternativa regida pelos regramentos utópico-comunistas e combatem o sistema? Não! Eles preferem só criticar a sociedade e seus integrantes, esperando que um dia mudem.
Eles assistem televisão, ouvem rádio, navegam pela internet e lêem os jornais e revistas que tanto criticam? Sim! Porque ninguém é de ferro.
Eles plantam o que comem ou vão ao McDonald's? Bom, você já sabe a resposta.
São eles, fáceis de identificar. Alguns parecem personagens saídos de uma novela de época, outros parecem cem vezes mais velhos do que realmente são, e outros são apenas bichos-grilos.
Você deve estar se perguntando... e daí? Cada um faz o que quer da vida, veste-se da forma que mais gostar e age da forma que melhor lhe aprouver...
Sim, com isso eu concordo. Mas essas pessoas não se limitam a agir de forma diferente, elas querem que você também aja como elas, e se não agir, ah... se você não agir você é um mero produto de interesses econômicos que regem esta sociedade opressora.
E por isto eles te menosprezam, te rejeitam, te difamam e olham com aquele ar de superior detestavelmente cínico e cruel.
Mas o que eles não se apercebem é que eles mesmos são regidos por um padrão, um padrão diferente, é verdade, mas não deixa de ser um padrão.
Eles se vestem conforme o costume de sua tribo. Não ousam, não mudam, não se destacam e nem de longe são originais. Tudo que usam é copiado, tudo que vestem é copiado, a maneira como agem é, descaradamente, copiada.
Qual a originalidade então? Por que são diferentes? Por que teimam em se diferenciar do homem comum?
Respostas: Primeiro, não há originalidade alguma. Segundo, não, nem chegam perto do conceito de "ser diferente". Terceiro, eles querem aparecer e suprir a falta de personalidade que eles têm, e não é por razão outra que se aliam a grupos de pessoas esquisitas.
Mas tudo isto é irrelevante não fosse a hipocrisia que deles emana.
Eles dizem que você é produto do sistema, mas quem come em restaurantes caros, com o dinheiro do papai; ou quem viaja para Cuba, com o mesmo dinheiro do papai (que talvez seja um pobre contador que trabalha 44 horas por semana durante 50 anos em uma transnacional); ou quem estuda em escolas caras, com o mesmo dinheiro do papai; ou quem faz curso de inglês (britânico, para não falar igual aos opressores americanos) são eles.
E o pior: chegam à Cuba, ficam em um hotel caríssimo, nem dão bola pro pobre garçom cubano que os servem e vão à praia, nadar nas lindas águas caribenhas e jogar a garrafa de água e a ponta do cigarro nas areias, poluindo-as.
Cadê a ideologia?
Está na boca deles, não na mente, tampouco em seus corações.
Aí eles voltam de Cuba, dizem a todos como o povo lá é escolarizado (claro, eles só conheceram turistas), dizem que as ruas são limpas (claro, o hotel é limpo o tempo todo) e como ninguém passa fome (claro, no pacote de todo mundo está incluída a meia pensão).
Depois ele começa a comparar: No Brasil todos passam fome, e lá não. (Será que alguma vez ele contribuiu para uma entidade assistencial? Tentando fazer alguma coisa para erradicar a fome? Eu acho que não).
No Brasil a maioria das pessoas são analfabetas, lá não (Será que ele já procurou alguma entidade educacional para poder dar aula de qualquer coisa para crianças carentes como voluntário? Eu acho que não.)
No Brasil as pessoas carentes são mal atendidas no hospital. (Será que ele já procurou um hospital público para contar histórias para crianças com câncer? Será que ele já se dispôs a alegrar o dia de um enfermo? Que isso! Ele mal vai visitar a pobre da sua própria avó que está internada em um hospital, vocês acham que ele se disporia a isto? Nunca!).
E o pior de tudo, ele ainda te dá lição de moral:
"SENHOR DOS ANÉIS? Você está lendo isso? Que perda de tempo, isto é para crianças, é uma ficção fantástica idiota! Você tem de ler Pablo Neruda!!!!"
"O Físico? Você tá lendo isso? É do Noah Gordon, né? Como você pode ler coisa de americano???"
"Que????? Você vai assistir ao filme do Senhor dos Anéis também? Um emaranhado de efeitos especiais com milhares de batalhas? Não perca seu tempo! Vem comigo assistir a Amélie Poulain!"
Mas o pior de tudo é que o nosso intelectualóide acabou indo assistir o Senhor dos Anéis:
"Ah, eu assisti aquela droga. Cara, não tem final! Que filme ridículo! E tem implicitamente uma mensagem gay velada entre os dois `duendes' principais. Um lixo!"
E não adianta dizer que a história é totalmente assexuada, que não há qualquer mensagem homossexual no filme. E se você explicar que o filme não tem final porque é uma trilogia, ele diz:
"Trilogia é igual a Poderoso Chefão, cada filme tem um término, esse só termina no terceiro! Por que diabos filmaram isso".
Mas aí, do alto de sua razão, você retruca:
"Hei, você disse ontem que não assistia a besteiróis americanos e, se não me engano, o Poderoso Chefão I, II e III foram feitos pelos americanos!"
Eis senão quando você ouve aquela pérola:
"Não, mas o Poderoso Chefão é diferente, é um filme de arte"
E tudo se resume nisso. Aquilo que ele vê é diferente, foge à regra. O que você vê, desde que ele não tenha visto, é lixo.
Por isto, aí vai o meu desabafo:
1. Arte é subjetiva, tudo que o ser humano faz com o fim de expressar emoções é arte. Senhor dos Anéis é arte, porque te causa emoções e tem uma história repleta de personagens emotivos, que sentem e que fazem os demais sentir.
2. Só porque é americano, não quer dizer que necessariamente é ruim. Se não tudo que eles inventaram seria ruim. E foram eles que inventaram o cocktail anti-aids, só para dar um exemplo.
3. Se comunismo fosse bom já teria sido implantado. Comunismo nunca foi implantado, apenas o socialismo repressor o foi. Comunismo é o regime perfeito e o ser humano é o mais imperfeito dos seres, por isto nunca daria certo.
4. Se você se vestir diferente e não usar Nike ou Reebok, não quer dizer que você é realmente diferente de todos os outros.
5. Se você faz trabalho voluntário, ajuda as pessoas e/ou mobiliza-se concretamente em busca de um ideal, você passa a ser, realmente e com todos os méritos, alguém diferente, mesmo que você coma no McDonald's e goste de usar calça jeans.
6. Ler Pablo Neruda não o torna um intelectual, mas se você ler Pablo Neruda, JRR Tolkien, Eduardo Galeano, Noah Gordon e Marion Zimmer Bradley, entender suficientemente a mensagem de cada autor e o mundo que cada um criou, escrever sobre isso e começar a fazer poesias ou a escrever ensaios, ainda assim você não é um intelectual, mas já entende um pouco mais do significado da palavra "cultura".
7. Se você fala uma coisa e faz outra você é um hipócrita.
8. Se para fugir dos padrões você adota outro padrão, ainda assim você é padronizado.
9. Se você usa energia e mora na casa do papai, você está aceitando os ditames da sociedade, não importa o que você faça para contrariá-los.
10. Se você realmente se acha diferente e quer ser assim, não tente fazer com que os outros ajam igual a você, senão você simplesmente está criando um padrão.
11. Se você se importa com que os outros pensam, você é igual a todos os outros.
12. Deixe de ser um rótulo e passe a se importar com o seu conteúdo.
Era isso que eu queria dizer, me delonguei demais, mas como esse site é de pessoas que leram JRR Tolkien, do que se aduz que todos aqui lêem livros e gostam de pensar e refletir sobre as coisas, achei que seria um ótimo lugar para discutir sobre esses hipócritas pedantes que se acham melhor do que nós.
Abraços,