Tatarana disse:
Embora sujeito a controvérsias, acho que Blade Runner, o filme, é superior ao livro do Philip K. Dick.
Também, de tons muito diferentes, são o livro e o filme A História sem Fim. O livro é bem melancólico, coisa que não encontramos no filme. Acho que, na avaliação final, prefiro a versão cinematográfica.
Li (há um milhão de anos) que o próprio Dick preferia o roteiro que leu do que sua história. Foi uma de suas últimas entrevistas e ele havia gostado que haviam dado um caráter "humano" maior aos andróides, coisa que não havia no livro... Se me lembro bem do livro, eles eram meio arrogantes no que diziam respeito a si mesmos. Além disso, o "tema" de Dick era "O que é a realidade?" Em Blade Runner, isto fica evidente na discussão de quem pensa ser gente e é andróide. Mas eles agregaram muitas outras coisas, das quais a mais importante, a meu ver, foi a do "Adão" reencontrar "Deus" e o questionar sobre sua mortalidade. Esta cena, particularmente, não vai ser muito mole de repetir poraí não em um outro contexto (Talvez a que mais se aproxime seja a do Monstro encontrar Frankstein e pedir uma noiva)... er... Esta cena não tinha no livro, tinha?
(Uma observação: Dick morreu antes de assistir ao filme)
"Dália Negra" do James Ellroy achei bem melhor no papel do que no filme do Brian de Palma. Já contei que em "Los Angeles - Cidade Proibida" consegui reconhecer o estilo narrativo do Ellroy no filme, sem saber que era uma adaptação... Deve ser um filme bastante próximo ao livro. Um outro filme que a gente assiste e sabe que está muito, muito próximo ao livro é o "Hora da Zona Morta" (Depois vieram outros, mas este foi um dos primeiros "fiéis" a Stephen King e, ao mesmo tempo, é bastante esquecido).
Falando em Stephen King, li Carrie e O Iluminado. Preferi o filme de Brian de Palma sobre Carrie (que tinha um estilo fragmentado. Interessante, mas não me deu "medo") e não me empolguei com O Iluminado de Kubrick. Cerebral demais... e deixou passar a melhor coisa do livro, que era cozinhar o leitor em banho-maria sem saber direito se aquelas coisas estavam acontecendo ou se era loucura do Escritor. Senti mais medo em "De Olhos bem fechados" do que no "Iluminado".
(Sobre Carrie ainda: Stephen King adorava o final do filme e lamentava não tê-lo escrito)
Não gostei da "A Estrada" no cinema. Achei uma adaptação digna, mas faltou algo que realmente fazia A DIFERENÇA no livro: a relação do pai e do filho podiam ser exploradas de uma forma melhor, tornar aquilo mais crível. Tipo: Esquecer algo importante é uma coisa que toda criança já fez.
Assisti ao italiano "Eu não tenho medo", foi candidato a Oscar de filme estrangeiro. O filme é maravilhoso: conta a história de um garoto que descobre um outro menino que vive num buraco. Se eu contar mais, estrago o filme. Ficou pouquíssimas semanas em cartaz aqui em São Paulo. Acho que as pessoas ficaram imaginando alguma coisa fantástica ou similar. Bom, o livro saiu por aqui, folheei um pouco, inclusive o final. Achei um tanto "vazio", "sucinto", direto demais ao ponto.
Ah... O Paciente Inglês. Também não li o livro. Mas... o escritor adorou uma cena particular do filme, na qual se lamentou não tê-la escrito. Quando o soldado hindu leva a enfermeira francesa para conhecer os afrescos de uma Igreja em restauração. É o tipo de cena que explica os personagens de uma forma tão absoluta que tornam desnecessários vários parágrafos de explicações.
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Este tipo de discussão eu já vi em outros fóruns... Vou passar alguma coisa aqui na linha do "Ouvi falar"
Ao filme de "História sem fim", não assisti. Mas me lembro de alguém criticando alguns eventos que no filme ficaram sem explicação clara, como um tal pântano da tristeza (ou algo parecido) que o herói se afogava e o cavalo não.
Dizem que Matadouro5 de Kurt Vonnegut também foi um livro mal adaptado. Há quem diga que Lolita (as duas versões, de Kubrick e a de Adrian Lyne) também passam longe do impacto de Nabokov.