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A elegia ao fim de um Mundo

  • Criador do tópico Criador do tópico marktl82
  • Data de Criação Data de Criação

marktl82

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Em um de meus momentos de marasmo, resolvi ler um artigo de Martim Vasques da Cunha, na Duvendor.

É intitulado "A elegia ao fim de um Mundo" e parece um desabafo de um crítico sobre uma obra que poucas pessoas realmente entenderam. Incluindo um maior entendimento em seu próprio núcleo.

Deixo aqui o link para todos lerem:

A elegia ao fim de um Mundo

Respeitando a opinião do autor, existem argumentos que concordo e outros que discordo. Porém, ele deixa uma importante mensagem sobre o tema central de Senhor dos Anéis pelas palavras do próprio professor:

"O tema de 'O Senhor dos Anéis' é o que todos as epopéias falam sem exceção: a morte inevitável".

Achei interessantíssima essa análise feita em cima não apenas em cima da obra, mas sim da própria vida de Tolkien. Não sei realmente se já tenha sido postado em algum lugar, mas acredito que valha a pena a leitura.

Algo que me emocionou muito, especialmente por saber que o professor, a anos atrás, já partilhava uma opinião pessoal minha e pouco creditada sobre o significado dos mitos. Inclusive do maior existente na atualidade, Cristo.

Vou me abster sobre possíveis comentários ao texto pois desejo que as pessoas leiam sem uma opinião pré formada. Portanto gostaria de abrir para discussão não apenas o artigo, mas sim os temas ali expostos.
 
Realmente, os comentários sobre a guerra fazem bastante sentido. Principalmente porque durante períodos de guerras as dúvidas sempre parecem mais fortes que as certezas.

Comparando com aquela época, já em nossos dias as guerras mudaram de tática e tendem a ser cada vez mais estratégicas, fazendo com que vivamos um tempo de dúvidas não porque simplesmente a ciência evoluiu, mas porque vivemos um tempo de guerra como ainda não havia sido visto nesse mundo antes. A guerra interior que foi desencadeada com o advento das novas estratégias de batalha tomou o lugar dos combates corporais e o mundo se encontra numa névoa de lutas da qual ainda estamos pouco conscientes e isso é falado durante o diálogo com Lewis sobre não pensar o porque de relacionarmos a palavra "árvore" com a verdade que se encontra por trás daquela forma.

Lembro da afirmação de um músico japonês que disse que o som do sino budista era na verdade uma união de vários sons. O som do badalo, do instrumento, da reverberação nos ambientes, num número tão espetacular de fatores necessários para se definir um único termo que no final o som era "composto" e não "simples" como se poderia imaginar. Esta composição era uma derivação de fatores mais básicos e imperceptíveis e ainda assim extremamente subestimados em sua importância.

Pensando nisso Tolkien empreendeu uma viagem a origem das coisas, para tirar suas dúvidas que cresciam cada vez mais com as incertezas do mundo.

O raciocínio dele me lembra muito o primeiro capítulo do livro "The Fountain of Life" (Fons Vitae), que se chama "DEMONSTRATION OF SIMPLE SUBSTANCES" (Demonstração das Substâncias Simples).

Pois se a origem de cada uma das coisas do mundo foi ofuscada pela poeira das dúvidas, então é preciso voltar novamente nos raciocínios que originaram a construção das coisas desde o princípio. Recomendo a leitura do capítulo do livro acima, está em inglês:lol: (http://www.sacred-texts.com/jud/fons/fons02.htm).

Nele está presente um princípio muito importante da análise de línguas que é o de que as formas desse mundo se encontram em sua maior parte derivadas, e dentre elas, as palavras não fogem a regra. Para poder compreender considera-se que algo com maior potencial para certo objetivo sempre precede algo de menor potencial. Partículas sub-atômicas podem formar qualquer átomo e substância se forem ordenadas da forma apropriada e assim a mitologia pode ser construída. Algo multiforme e básico, dono de poder total, inicia um processo de definição das formas, filtrando e moldando sua vontade.

Dessa manifestação resta algo que apenas se parece com algo óbvio, mas não é. Hoje em dia é muito comum na indústria do entretenimento os fãs deixarem de gostar de uma obra simplesmente porque ela se tornou comum ou óbvia, mas as coisas são sempre mais complicadas que isso.

O ódio contra aquilo que é óbvio de nossos dias é um grito de revolta que tenta aliviar a tensão das dúvidas. Na maioria das vezes são pessoas falando sobre a vida que levam, como os habitantes do Condado de Frodo e Bilbo que ficavam felizes apenas se a conversa fosse sobre algo já conhecido e isso revela um grande despreparo de um povo inteiro para os desafios do mundo.

Fazendo um analogia com a música, os compositores de música popular (brega, funk, etc...) falam da vida que observam todos os dias, uma catarse social que pode dar prazer ou alívio e que pode estar mais relacionada a isso do que ao conceito de música propriamente dito, pois para eles o relato do que vêem pode ser mais importante do que o conceito de música e por isso vemos tantas distorções nas harmonias que chegam aos nossos ouvidos. Curiosamente quando eles praticam mais e estudam mais sobre música as harmonias começam a funcionar melhor justamente porque tiveram tempo de andar um pouco em direção a "origem do conceito de música".

Como é citado no livro do SDA, é possível se trancar dentro do Condado, mas não é possível trancar o mundo do lado de fora. A origem não pode ser subestimada.

De posse de uma origem, Tolkien podia estudar melhor o fim das coisas e fazer previsões em suas histórias. E o método era excelente justamente porque trazia elementos do mecanismo de funcionamento de nosso próprio mundo.
 
Muito bom o artigo, mas na minha visão eu não concordo com o autor (e com o próprio Tolkien talvez) quando este(s) diz(em) que o SDA é sobre a morte.

Pra mim toda a obra de Tolkien na verdade é uma apresentação da Terra-Média. O personagem principal de tudo é o próprio lugar onde os personagens vivem, por isso tanta riqueza de detalhes.

Mas as análises do autor sobre a vida de Tolkien são interessantes por sí só. Acho a profissão de filológo muito interessante. Atrevidamente, vou dizer que o Professor "brincava de Deus" quando criava a TM, suas línguas, seus personagens, sua história.
 

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