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‘O Senhor dos Anéis’: pandemia relembrou grandeza da franquia amada por fãs

Deriel

Administrador
Matéria muito bem escrita da CNN:



Não era para eles serem heróis. Frodo Bolseiro, seu fiel amigo, Samwise Gamgee, e seus outros companheiros de jornada, os primos Merry e Pippin, poderiam ter se contentado em passar todos os seus dias com os hobbits, comendo, bebendo e fumando no conforto do Condado.

Mas quando receberam uma missão que mudaria o destino de seu pequeno mundo e de outros ainda maiores, eles atenderam ao chamado. Por anos, eles cruzaram os terrenos mais traiçoeiros da Terra Média com base nas palavras de um mago e se juntaram a um bando de estranhos que se tornaram seus irmãos. Encararam o mal mais de uma vez, cometeram erros perigosos e testemunharam inúmeras tragédias.

Mas eles perseveraram e, por fim, cumpriram sua promessa. Voltaram para casa, para sempre mudados pelo que viram e fizeram.

“O Senhor dos Anéis” é a história de heróis improváveis que se mostram à altura de uma situação, que abrem mão dos prazeres do primeiro e segundo café da manhã para fazer o que é certo. O mundo deles é habitado por hobbits, elfos, orcs, Ents, Nazgûl e humanos, que fazem coisas belas e terríveis.

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Aragorn, Gandalf, Legolas, Boromir, Gimli, Samwise, Frodo, Merry e Pippin – heróis e amigos. / Reprodução
Mas também é a nossa história. Nós vivemos uma pandemia que alterou irreversivelmente o mundo como o conhecíamos, forçando-nos a fazer escolhas e a mudar nossas vidas de maneiras que provavelmente nunca imaginamos. Sam e Aragorn, personagens que queríamos que fossem nossos amigos, viraram nossos avatares. E esse é o poder de “O Senhor dos Anéis” : a história nunca muda, mas o significado se transforma naquilo que precisamos que ele seja, para então nos transformar.

A adaptação de Peter Jackson de “A Sociedade do Anel” para o cinema completa 20 anos neste dezembro, apenas três meses após os ataques de 11 de setembro. Foi uma luz para os norte-americanos, e também para os cinéfilos do mundo, uma representação vitoriosa da amizade e de pessoas boas fazendo coisas impossíveis que levariam até mesmo o espectador mais cético às lágrimas.


Ela também tem sido uma luz para os telespectadores durante a pandemia, um lugar tranquilo para descansar quando a dor da realidade se impõe, uma fonte para buscar forças para continuar.

“A história e os personagens contam a verdade sobre o que significa ser humano”, afirmou em e-mail enviado à CNN Sean Astin, que interpreta Sam, o coração heroico dos filmes. “A trilogia é uma jornada imersiva pelo espectro de ideias e emoções que todos sentimos”.

Nem sempre podemos controlar a escuridão que enfrentamos. Mas é como Gandalf diz em “A Sociedade do Anel”, quando Frodo lamenta ter encontrado o anel e colocado seus amigos em perigo: “Assim como todos os que vivem para ver tempos como esses. Mas não temos escolha. Tudo o que temos de decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado”. E, como um guia fictício de como viver em tempos sem precedentes, “O Senhor dos Anéis” é um que vai perdurar.

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Nos bastidores de como “O Senhor dos Anéis” torna o cinema mágico / Getty Images

‘O Senhor dos Anéis’: escapismo com propósito​

Embora J.R.R. Tolkien, a mente por trás da Terra Média, levasse seus mundos e personagens a sério, ele também entendia as inclinações escapistas de seus leitores e o poder de suas histórias para transportar, inspirar e salvar.

Tolkien defendeu a fantasia escapista em seu “Sobre Histórias de Fadas“. Nesse ensaio, Tolkien afirmou que o escapismo é “muito prático e pode até ser heroico”: os leitores e espectadores que se envolvem com histórias fantásticas não estão abandonando o mundo real, mas se preparando para enfrentá-lo.

“Por que um homem deveria ser desprezado se, ao se ver na prisão, ele tenta escapar e ir para casa?” escreveu. “Ou por que, na impossibilidade de fugir, ele pensa e fala sobre outros assuntos que não guardas nem muros de prisão? O mundo exterior não ficou menos real porque o prisioneiro não pode vê-lo. Ao usar a fuga dessa forma, os críticos escolheram a palavra errada e, além disso, estão confundindo, nem sempre sem querer, a Fuga do Prisioneiro com a Fuga do Desertor”.

Os fãs de “O Senhor dos Anéis”, ao se envolverem com a história, “escapam por um tempo de nosso mundo e de nossos problemas, mas também podem voltar melhor preparados para lidar com eles; fortalecidos pelo descanso e talvez até mesmo inspirados para enfrentar as dificuldades e males que nos confrontam”, argumentou Corey Olsen, um pesquisador conhecido como o “Professor Tolkien“, por conta de seu profundo estudo das obras de Tolkien, e presidente da Signum University, instituição educacional sem fins lucrativos.

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Corey Olsen analisa os trabalhos de Tolkien com alunos da Signum University / Cortesia de Corey Olsen
Tolkien começou a escrever enquanto se recuperava no hospital de uma doença que contraiu durante a Batalha do Somme, na Primeira Guerra Mundial. O mundo estava encurralado entre guerras quando o primeiro volume de “O Senhor dos Anéis” foi publicado em 1954, e as repercussões do 11 de setembro estavam em alta quando sua adaptação, “A Sociedade do Anel”, chegou aos cinemas.

O que faz Olsen voltar sempre à história, tanto em livros quanto em filmes, é o que aprendeu sobre si mesmo e sobre o mundo ao longo da vida. As lições que os personagens transmitem, contou, têm sido “uma parte importante de minha visão de mundo desde muito antes de eu entender o que isso significava”.

“Aprendi mais sobre a vida, sobre fazer a coisa certa, sobre enfrentar adversidades e interagir com as pessoas com Tolkien do que com qualquer outra fonte”, comentou.


Pessoas descobriram ‘O Senhor dos Anéis’ durante a pandemia, ou se encantaram ainda mais​

Apesar de todo o sucesso da franquia, foi necessária uma pandemia para alguns futuros fãs finalmente entrarem no mundo fantástico que há muito queriam visitar.

Olivia Simone, leitora voraz que tem um canal no YouTube chamado iLivieSimone, passou parte da pandemia tirando a poeira dos livros não lidos, inclusive das obras de Tolkien, e depois assistindo as adaptações para comparar.

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Olivia Simone finalmente leu e assistiu à trilogia “O Senhor dos Anéis” completa este ano e amou o que encontrou /

Ela queria finalmente entender os memes que ela via em todo o lugar – lembram-se quando era impossível escapar das variações de Boromir dizendo: “Ninguém simplesmente entra em Mordor”? Ela leu “O Hobbit”, que conta a história do tio de Frodo, Bilbo, e sua própria aventura com o Anel (e Gandalf!), “O Senhor dos Anéis”, e em seguida assistiu a todos os seis filmes baseados nos livros. Ela e a irmã se jogaram no sofá e maratonaram as versões estendidas dos filmes, filmaram suas reações e postaram tudo em seu canal.

O veredito? Ela amou. Os personagens e locais que ela imaginou enquanto lia ganharam vida perfeitamente no filme, garantiu em sua crítica no YouTube. Mas o que mais a impactou foi a amizade inabalável entre Sam e Frodo. Mesmo quando o poder corrosivo do anel começa a consumir seu querido “Sr. Frodo”, Sam é seu maior defensor, salvando sua vida e restaurando sua fé para finalmente destruir o Anel.

“Achei comovente ver que os dois tinham sofrido muito, mas mesmo assim perseveravam, apesar da dificuldade de dar um simples passo à frente”, contou ela à CNN. “No contexto da pandemia, questões como a amizade e colocar um pé na frente do outro mesmo quando as coisas estão difíceis parecem ainda mais verdadeiras, com certeza”.

A pandemia também acabou dando tempo – suficiente – para os devotos de Tolkien mergulharem ainda mais em seu mundo. Gente como Matt Graf, por exemplo, que se apaixonou perdidamente pelo mundo de Tolkien quando assistiu “A Sociedade” em DVD, em 2002. Em janeiro de 2020, num impulso, ele começou um canal no YouTube – “Nerd dos Anéis” – onde explora elementos esotéricos de “O Senhor dos Anéis” e do mundo da Terra Média.

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Matt Graf encontrou uma comunidade de fãs de Tolkien por meio de seu canal no YouTube, “Nerd of the Rings” /

Dois meses depois da criação do canal, “Nerd dos Anéis” se transformou numa referência social, conectando Graf a outros aficionados por Tolkien que devoravam suas análises.

“Como alguém preocupado por natureza, não tenho dúvidas de que passar um tempo a mais na Terra Média durante aqueles dias difíceis foi um alívio em meio a tudo isso – não apenas para mim e meus espectadores, mas para milhões de pessoas ao redor do mundo”, comentou.

Durante anos, disse Graf, ele encontrou conforto para problemas de saúde e perdas pessoais em “O Senhor dos Anéis”. Agora, ele compartilha histórias de personagens coadjuvantes como Laracna, a aranha gigante, e até entrevista membros do elenco como John Rhys-Davies, que interpretou o teimoso e leal anão Gimli nos filmes.

“Apesar de todas as probabilidades e sabendo que só existe um fio de esperança, nossos heróis decidem fazer o que podem – e se perderem, vão perder tentando“, comentou, citando uma mensagem que ele carrega para fora das páginas e das telas.


A conexão dos fãs muda à medida que crescem​

Como os fãs e estrelas de “O Senhor dos Anéis” vivem a história e retornam a ela ao longo de suas vidas, seu entendimento muda com o tempo.

Astin comentou que grandes eventos, como a invasão do Capitólio em 6 de janeiro, a pandemia de Covid-19 e o crescimento de seus filhos “transformam cada passagem da história ou momentos do filme em uma espécie de talismã… uma varinha que se mexe de maneira diferente em diferentes momentos”.

“Continuo a aprender coisas novas sobre o Sam”, contou, dizendo ainda que pensa sobre o que significaria para o hobbit ser o Portador do Anel. “Minha percepção dessa jornada e o que ela significa para ele, e o que a morte significa para mim, são reavaliadas em minha vida diariamente”.

Para Graf, o personagem de Théoden, o rei de Rohan, tem mais impacto agora do que quando ele se apaixonou pela série.

“Como um pai que passou pelo sofrimento de abortos espontâneos, a dor de Théoden pela perda de seu filho e sua fala de que ‘nenhum pai deveria ter de enterrar seu filho’ me atingem diretamente”, admitiu Graf. “Como pai de uma filha recém-adotada, me identifico com o relacionamento de Théoden com Éowyn de uma maneira muito diferente. Hoje entendo perfeitamente o que Théoden quer dizer nos livros quando chama Éowyn de ‘mais querida do que filha'”.

A aventura atemporal de ‘O Senhor dos Anéis’​

Convivemos com os filmes de “O Senhor dos Anéis” há 20 anos, e com os livros, há quase 70. É uma prova da força da história – e de que novos membros continuam a ser atraídos para sua sociedade. Em breve, a série “O Senhor dos Anéis”, da Amazon, terá novas histórias para contar.

Graf fundou uma comunidade de fãs de Tolkien com o “Nerd dos Anéis”, que agora possui mais de 400 mil inscritos. Ele tem usado esse sucesso para inspirar outros jovens a gostar de Tolkien, pedindo para seus espectadores doarem cópias de “O Hobbit” para hospitais infantis.

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Graf entrevistou o próprio Gimli, John Rhys-Davies, em seu canal no YouTube / Matt Graf
Dominic Monaghan e Billy Boyd, que interpretam Merry e Pippin nos filmes, têm uma relação que reflete a de seus personagens. Neste ano, a dupla lançou um podcast chamado “The Friendship Onion”, onde relembram seus momentos nos sets de filmagem, contam histórias e conversam com colegas de elenco (incluindo Astin). O resultado é delicioso: em um episódio, Astin, Monaghan e Boyd caíram na gargalhada, lembrando como Jackson estava animado para mostrar uma prévia dos efeitos especiais da folhagem da Terra Média quando o elenco pousou pela primeira vez na Nova Zelândia – todos com jetlag.

Olsen, por sua vez, tem ministrado aulas sobre os trabalhos de Tolkien na Signum University e apresentado programas semanais que exploram os livros. Ele disse que seu modelo de liderança é inspirado nos personagens que ele conhece há anos: o confiante Aragorn, o bem-humorado Gandalf, o fiel e humilde Sam.

“Se ao final de minha carreira eu for considerado um bom líder ou empresário, devo muito à influência de Tolkien”, afirmou.

Astin está embarcando em sua quarta “jornada de capa a capa” pela Terra Média, desta vez com membros de seu clube do livro no app Fable. Os livros são um compromisso, comentou, mas algo que está disposto a assumir com os leitores que amam a série tanto quanto ele.

“Vamos sentir, pensar e sonhar ao longo do caminho”, concluiu.
 

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