Sr. Ramsay
Usuário
Eis aqui meu primeiro tópico feliz e saltitante, já que sou um novato feliz e saltitante que desconhece as agruras da vida e de um novo fórum.
Mas vamos à questão:
Qual livro mudou sua vida? Por que? E como?
Um dos livros que mudou minha vida foi Sidarta do grande tio Hermann Hesse. Na verdade esse livro não foi o que causou a mudança, ou melhor, ele apenas finalizou um processo que já vinha acontecendo há muito. Fez-me perceber algumas coisas das quais eu só desconfiava.
Resumindo, o livro conta a história de Sidarta, que busca a Verdade. Primeiro ele busca essa Verdade entre os brâmanes, mas não a encontra. Depois entre os samanas, um culto que busca a iluminação através do jejum, mas também não a encontra. Então resolve buscar essa verdade por si mesmo, já que ninguém poderia lhe dar a verdade.
Apesar de o livro ter um tom completamente místico, eu dei uma interpretação completamente existencialista a ele (na época eu também estava lendo Sartre), ou seja, nenhum pouco mística. Mas enfim, o que esse livro me ensinou? Primeiro de tudo, que tudo o que faço, depende de mim. Ninguém pode me salvar, ninguém pode me condenar, apenas eu. Por mais que eu busque a aceitação ou a reprovação no olhar do outro, ainda serei eu quem vai decidir o que fazer com essa reprovação ou com essa aceitação. Logo, ninguém, nenhuma doutrina pode me dizer o que fazer, a não ser que eu aceite aquilo como certo. Mas quando eu aceitar tal doutrina, já não será mais a mesma doutrina, mas será sim minha visão de mundo, algo sempre incompartilhável com os outros.
Não adianta fugir de mim. A culpa dos meus atos não são os outros. Isso me dá uma força e uma fraqueza incríveis, já que eu vou realmente pegar minha vida e decidir o que fazer dela, mas justamente por isso, vou ser o único culpado daquilo que eu me tornar.
Mais para a frente no livro (quem não leu o livro pode pular esse parágrafo), Sidarta descobre que a verdade está em tudo, numa simples pedra, em um rio, em uma pessoa. Tudo é a mesma coisa, tudo que existe compartilha essa verdade. Tudo que existe compartilha esse algo de sublime e único que ninguém repara, sente, olha. Ler isso foi incrível. Vou explicar minha visão disso através de uma frase de Fernando Pessoa, que citei em outro tópico: "Deus é o existirmos e não sermos tudo". Tudo aquilo que eu não sou, tudo aquilo que me transcende, o mundo, as pessoas, de algum modo serão sempre incompreensíveis e inacessíveis para mim. Esse mundo, essas pessoas, não devem nada para mim, da mesma maneira que eu não devo nada para eles. Então a partir do momento que não espero nada desse mundo além daquilo que ele queira me mostrar, tudo se mostra muito sublime. É incrível ouvir uma pessoa falar de sua vida, sem ter relação alguma ou utilidade nenhuma para a minha vida. É incrível ver aquela pessoa na tua frente que vai te ser sempre um grande desconhecido falando de coisas que você não é, nunca será e que justamente por isso é belo. Deus é justamente aquilo que está além, por isso é venerado. Não acredito em Deus, mas não nego que o mundo além de mim tenha algo sempre de sublime.
Bem, é isso. Desculpem se viajei muito.
Mas vamos à questão:
Qual livro mudou sua vida? Por que? E como?
Um dos livros que mudou minha vida foi Sidarta do grande tio Hermann Hesse. Na verdade esse livro não foi o que causou a mudança, ou melhor, ele apenas finalizou um processo que já vinha acontecendo há muito. Fez-me perceber algumas coisas das quais eu só desconfiava.
Resumindo, o livro conta a história de Sidarta, que busca a Verdade. Primeiro ele busca essa Verdade entre os brâmanes, mas não a encontra. Depois entre os samanas, um culto que busca a iluminação através do jejum, mas também não a encontra. Então resolve buscar essa verdade por si mesmo, já que ninguém poderia lhe dar a verdade.
Apesar de o livro ter um tom completamente místico, eu dei uma interpretação completamente existencialista a ele (na época eu também estava lendo Sartre), ou seja, nenhum pouco mística. Mas enfim, o que esse livro me ensinou? Primeiro de tudo, que tudo o que faço, depende de mim. Ninguém pode me salvar, ninguém pode me condenar, apenas eu. Por mais que eu busque a aceitação ou a reprovação no olhar do outro, ainda serei eu quem vai decidir o que fazer com essa reprovação ou com essa aceitação. Logo, ninguém, nenhuma doutrina pode me dizer o que fazer, a não ser que eu aceite aquilo como certo. Mas quando eu aceitar tal doutrina, já não será mais a mesma doutrina, mas será sim minha visão de mundo, algo sempre incompartilhável com os outros.
Não adianta fugir de mim. A culpa dos meus atos não são os outros. Isso me dá uma força e uma fraqueza incríveis, já que eu vou realmente pegar minha vida e decidir o que fazer dela, mas justamente por isso, vou ser o único culpado daquilo que eu me tornar.
Mais para a frente no livro (quem não leu o livro pode pular esse parágrafo), Sidarta descobre que a verdade está em tudo, numa simples pedra, em um rio, em uma pessoa. Tudo é a mesma coisa, tudo que existe compartilha essa verdade. Tudo que existe compartilha esse algo de sublime e único que ninguém repara, sente, olha. Ler isso foi incrível. Vou explicar minha visão disso através de uma frase de Fernando Pessoa, que citei em outro tópico: "Deus é o existirmos e não sermos tudo". Tudo aquilo que eu não sou, tudo aquilo que me transcende, o mundo, as pessoas, de algum modo serão sempre incompreensíveis e inacessíveis para mim. Esse mundo, essas pessoas, não devem nada para mim, da mesma maneira que eu não devo nada para eles. Então a partir do momento que não espero nada desse mundo além daquilo que ele queira me mostrar, tudo se mostra muito sublime. É incrível ouvir uma pessoa falar de sua vida, sem ter relação alguma ou utilidade nenhuma para a minha vida. É incrível ver aquela pessoa na tua frente que vai te ser sempre um grande desconhecido falando de coisas que você não é, nunca será e que justamente por isso é belo. Deus é justamente aquilo que está além, por isso é venerado. Não acredito em Deus, mas não nego que o mundo além de mim tenha algo sempre de sublime.
Bem, é isso. Desculpem se viajei muito.