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Você é a favor da redução da maioridade penal no Brasil?

Você é a favor da redução da maioridade penal em nosso país?

  • Sim

    Votos: 29 48,3%
  • Não

    Votos: 31 51,7%

  • Total de votantes
    60
Não, eu não sou a favor da redução da maioridade penal. Sou a favor de morar na Suécia, onde presídios são fechados por falta de prisioneiros. Sou a favor de lutar por educação pra que as crianças que me falam que querem ser médicas tenham a chance de ser. Não quero ver menores indo pra cadeia, mas sim pra escolas de qualidade, onde possam aprender conhecimentos fundamentais e cidadania, e pra que depois possam ir pra universidades não por um empurrão humilhante chamado "cota", mas por merecimento e força de vontade, e que então se tornem profissionais úteis à sociedade. Esse não é um discurso meloso e demagogo, todo mundo sabe que eu sou elitista e meritocrata. Só estou enojada do país que não permite tanta gente conquistar um mérito.
 
Cite a fonte dos seus dados. E no jogo da argumentação, qnd vc culpa o capitalismo, vc perde.
Mas será mesmo que o objetivo dessa proposta é reduzir a criminalidade? SEGUNDO O MAPA DA VIOLÊNCIA BRASILEIRA (publicação do governo federal), os jovens não são responsáveis nem por 10% dessa violência, e dentro deste percentual nem 8,46% atenta contra a vida, cerca de 1,09% das infrações violentas registradas no Brasil, contradizendo o discurso equivocado de quem defende que o jovem é "perigoso, é assassino". Sendo que, historicamente, crianças e adolescentes são muito mais vítimas que autores de homicídios (na proporção de 01 homicídio praticado para cada 10 crianças ou adolescentes mortas por adultos). Ocorre que as infrações praticadas por adolescentes ganham grande visibilidade e repercussão na mídia, que nos últimos anos, além de desinformar a população sobre a verdade relacionada ao estatuto da criança e do adolescente, deflagrou verdadeira campanha a favor da redução da idade penal, elegendo de forma absolutamente injusta adolescentes como "bodes expiatórios" da violência no País, para qual comprovadamente os jovens contribuem muito pouco.

Além disto não se pode confundir impunidade com imputabilidade, no nosso país qualquer pessoa a partir dos 12 anos pode ser punida pelas infrações que cometer, e isso é visto como parte do aprendizado do indivíduo. O ECA já prevê punições chamadas medidas-sócio-educativas para as infrações, sendo elas: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semi- liberdade e internação. Todas elas executadas concomitantemente com um trabalho, que como o próprio nome das punições já sugere, sócio-educativo, para readequar o jovem ao convívio social.

Não vejo lógica em dizer que violência é culpa de adolescentes, nem que "se eles souberem que vão ser preso não vão fazer", a punição por si só, ou o tempo de reclusão, não resolve o problema da criminalidade, esta mais do que comprovado que ela não resolve nem mesmo quando se trata de adultos, que mesmo com a severidade das leis (como no caso da lei dos crimes hediondos, que de nada adiantou as penas duras, nunca foram cometidos tantos crimes hediondos quanto se comete hoje), a população carceraria cresce acompanhando o endurecimento das punições. Nos Estados Unidos, onde existe a previsão de penas de morte e prisão perpétua, em 07 anos de recrudescimento de sentenças aplicadas a jovens, o que se verificou foi a triplicação dos crimes praticados entre adolescentes, sendo comuns casos de "chacinas" promovidas por jovens em escolas.

O Brasil tem tantos problemas, tem candidato a presidência que transporta cocaína, tem governos estaduais fechando mais de 3000 escolas, tem um sistema de saúde caótico... e outros tantos mais importantes que a gente já conhece, vamos analisar os fatos e perceber que esse problema, colocado na forma que o colocam, se quer existe??
 
Última edição:
Voltando ao tópico, já que a discussão esquentou de novo, visto os fatos ocorridos nesta semana.

É um tema bastante sensível, especialmente pelo fato de a humanidade não possuir arcabouço filosófico o suficiente para resolver, de forma agradável, o dilema entre responsabilidade individual e consciência sobre os próprios atos.

Não havendo bases de pensamento sólidas o bastante, apelamos, comumente, para uma saída que, até então, nos parece a mais simples: a maturidade biológica. Aos 18 anos, o corpo já está quase completamente maduro, e, do ponto de vista neuronal-cognitivo, já houve as quedas características da plasticidade cerebral que caracterizam as transições etárias até a idade adulta. A partir da maturidade física define-se, de maneira um pouco arbitrária, a maturidade social, representada juridicamente pelas maioridades civil e penal.

Pelo mesmo motivo, supondo-se que os erros cometidos por um menor de idade provenham, probabilisticamente, de uma debilidade de julgamento, torna-se conveniente puni-lo e tratá-lo de forma separada dos adultos, de forma a potencializar sua já teoricamente mais alta capacidade de reabilitação. Penas menores (ou, ao menos, tempo menor de reclusão) justificam-se pela constatação simples de que conviver na grande sociedade é igual a matemática, português, lutar karatê, andar de bicicleta, respeitar os pais: aprende-se fazendo.

Por outro lado, o princípio de assegurar prioritariamente o direito à vida, à liberdade e à propriedade de quem não transgrediu os direitos de outrem deve ser observado. Quem comete um crime tende a cometer um segundo, e não partir deste pressuposto - mesmo que este careça de prova rigorosa - é descolar os pés do chão e viver no mundo insano da fantasia especulativa. Assim sendo, em caso de infração violenta, o jovem deve sim, ser internado por tempo determinado e de forma compulsória - isto é, não havendo liberdade de escolha quanto a este procedimento, tanto por parte dele próprio quando de seus responsáveis.

Há também o caráter coercitivo da punição, que tem caráter coercitivo no consciente coletivo: a existência de punições funciona como incentivo negativo ao cometimento de crimes. Segundo este princípio, com a reclusão e as outras punições não só haveria menos crimes sendo ocorridos, mas também menos criminosos.

À luz de tudo isso, só consigo achar a proposta tramitante de reforma da maioridade penal equivocada.

Primeiro, parece-me muito mais uma disputa por domínios semânticos do que a realização de algo concreto. Se já existe uma responsabilidade penal sem maioridade, por que, havendo uma legislação específica para pessoas entre 12 e 18 anos, não se reforma o ECA, ao invés de fazer uma gambiarra dessas, que só arrisca atirar o jovem numa penitenciária de adultos, onde não há o tratamento especializado de seu caso? A reabilitação de criminosos não só diminui a criminalidade, a longo prazo, como também adiciona mais um participante ativo da sociedade, do ponto de vista econômico, político e cultural. Ademais, havendo, como os juristas fazem crer, medidas coercitivas previstas contra adolescentes infratores, fico com a impressão de que o verdadeiro problema está no cumprimento das mesmas de forma adequada, mais do que no rigor previsto legalmente.

Em segundo lugar, e tendo em vista esse caráter quase que meramente lexical da proposta, todo este debate parece-me ter um pano de fundo demasiado demagógico e populista. Os políticos querem diminuir a maioridade penal para realmente reduzirem a violência ou para, atendendo formalmente a um anseio popular pela redução da impunidade (que é a grande questão), aliviarem-se de um peso nas costas, que é o crescente questionamento da população sobre o seu desempenho? O mau estado da segurança pública do Brasil é obviamente fruto da incompetência dos governantes, dado que eles são os responsáveis pela organização e execução do serviço policial. Vivemos num Estado que é imperfeito, sob a ótica weberiana: o monopólio estatal da violência não é plenamente assegurado por aqui, tanto que em algumas regiões você tem verdadeiros Estados paralelos, com suas próprias leis e até coleta de tributos (traficantes, milícias, grileiros, etc).

Eu, enfim, posso me posicionar como sendo contra o aumento da maioridade penal, do jeito que está sendo discutido na rua ou no Congresso. Mas, de verdade mesmo, acho o debate da maneira como está sendo feito extremamente raso, demagógico e até, eu diria, desinformante.
 
Mesmo que aprovem a lei, a única alteração visível será o aumento de adolescentes em delegacias; sendo possível prever o resultado: a cadeia para os mais pobres ou saindo no mesmo instante graças aos recursos do advogado amigo da família abastada que consideram a lei inconstitucional.

É tanta merda acontecendo que fica difícil até de argumentar algo decente.
 
Só pra jogar lenha na fogueira.


10 argumentos desonestos contra a redução da maioridade penal
Com a validade da proposta de redução da maioridade penal sendo discutida no congresso, a mídia caiu em cima do assunto e alguns poucos gatos pingados começaram a se esforçar para arranjar argumentos contrários a tal proposta. Nesse post, separo 10 argumentos utilizados por essa pequena parcela de 17% da população que infelizmente levaram a dialética erística a um novo nível, apresentando argumentos que apesar de serem bastante convincentes numa primeira olhada, carecem de honestidade intelectual.

1 – Adolescentes cometem apenas 1% dos crimes
Já ouviu falar aquelas frases do tipo “todo macho é homem mas nem todo homem é macho”? O mesmo se aplica aqui. Dos jovens a minoria comete crimes, cerca de 1%. Mas entre os adultos também é a minoria comete crimes. Se pegarmos a população geral em 2012 (aprox. 200 milhões), subtrairmos dela o número de adolescentes (21 milhões), e estimarmos quantos por cento dessa galera estava atrás das grades (514.582), chegaríamos a um número de 0,28%. Então o que? Vamos parar de prender adultos por isso? Entre os adolescentes, mas também entre os adultos, menos 1% de cada um dos grupos comete crimes. Isso é a relação adolescente por crime. E a relação crime por adolescente? Como fica? Não, os adolescentes não são responsáveis por apenas 1% dos crimes e sim, por baixo, 16% deles, o que é no mínimo probabilisticamente esperável, uma vez que eles representam apenas 11% da população, mas não para por aí! O número de jovens cumprindo medidas socioeducativas cresceu o triplo entre 2010 e 2012 (30%) se comparado ao quanto cresceu a população carcerária (18 anos pra cima) (10%).

2 – Os menores não estão impunes no Brasil
Verdade quando você chama apenas os adolescentes (entre 12 e 17 anos) de menores. Entretanto é necessário ressaltar que nossas penas para esses são irrisórias se comparadas a países como Costa Rica, Paraguai, Inglaterra ou Estados Unidos. Em alguns países os menores podem receber penas de 8 ou 15 anos e em outros eles podem ser julgados como adultos de acordo com o crime, como na França. Enquanto aqui no Brasil o menor fica preso por no máximo 3 anos. Isso é punição?

3 – A média mundial é 18 anos
Esse argumento se refere a idade de responsabilidade penal adulta, onde independente do crime que a pessoa cometeu ela vai ser julgada como adulta em todas as instâncias. Sim, é verdade, a média mundial de responsabilidade penal adulta é mesmo 18 anos. Mas por 2 motivos esse argumento fraqueja. O primeiro é que tentar defender o status-quo baseado nessa premissa qualifica falácia ad populum. Ou seja, devemos adotar essa idade apenas porque a maioria adota. Isso é uma falácia lógica. Se a maioria dissesse que a partir dos 2 anos de idade todos são adultos estaríamos agora jogando criancinhas nas cadeias? O segundo ponto é que muitos dos países que adotam a responsabilidade penal adulta em 18 anos não são tão inflexíveis quanto a nossa legislação com essa idade. Como já citei antes, além de possuírem para os jovens penas análogas as penas adultas brasileiras, muitos países abrem mão da responsabilidade penal juvenil dependendo do crime.

4 – Cadeia não é solução
As pessoas que utilizam esse argumento se baseiam em 2 dados. O primeiro é que o índice de reincidência das instituições socioeducativas é de apenas 20% e o segundo é que o índice de reincidência nas cadeias é de 70%. Se você levar em conta que só ficam nessas “casas” uma população entre 12 e 17 anos de idade (6% da expectativa de vida de um brasileiro) e também o período de reclusão, impossibilitando a reincidência, não era de se esperar que realmente houvesse mais reincidência no regime responsável por prender as pessoas num período de 75% de suas vidas do que num que as prende num período de 6%? Parece bem mais lógico atribuir a pouca quantidade de tempo que passamos na adolescência a baixa reincidência do que a qualidade do sistema. Até porque rebeliões e desordens são frequentes nos sistemas socioeducativos e em alguns deles os menores já estão utilizando regras do PCC para dominar as fundações. Se as cadeias não são a solução, tão menos é o sistema socioeducativo. E se as cadeias são tão ruins, devemos melhorar as cadeias e não descartá-las, não queremos soltar todos os bandidos, certo?

5 – Melhor investir em educação do que em presídios
Não se resolve um problema de curto prazo tomando uma ação de longo prazo. Da mesma forma que não se socorre um acidentado no meio da rua planejando campanhas de publicidade a favor do cinto de segurança, não é nem um pouco coerente deixar de prender marginais para investir em educação. Devemos fazer ambas as coisas ao mesmo tempo. O fato de ser mais barato para o estado manter um aluno do que um detento só mostra a inversão de valores que estamos enfrentando e explicita a necessidade de uma reforma no nosso sistema penal, seja colocando o preso pra trabalhar, seja privatizando as cadeias ou seja diminuindo o gasto do estado com os presos. E não, os adolescentes não vão aprender muita coisa na fundação casa, no máximo vão aprender química com os coleguinhas, química aplicada ao narcotráfico. Melhor seria mandarem os infratores pra cadeia e transformarem todas as fundações casa em escolas.

6 – Os EUA não são um exemplo a ser seguido.
Apesar de possuir a maior população carcerária do mundo, ele está 32 posições inferiores ao Brasil no índice de criminalidade mundial. Teve decrescimento dos crimes violentos de 4,4% entre 2012 e 2013 e consegue em uma megalópole como Nova York, comemorar 11 dias consecutivos sem homicídios, mais fácil chover hambúrguer do que isso ocorrer em São Paulo ou no Rio de Janeiro. O Brasil aumentou entre 2011 e 2012 7,6% em crimes violentos. Por que não seguiríamos os EUA?

7 – Não vai diminuir os crimes
A cadeia serve para conter os crimes e não diminuir os crimes, isso porque a cadeia é uma medida pós-crime e não preventiva. A única forma da cadeia diminuir os crimes é através do medo, o que talvez seja o caso dos EUA (que possui até pena de morte), e isso acontece porque a maioria dos crimes não são atos consequentes realizados na melhor parte do dia, mas medidas impulsivas tomadas por pessoas descontroladas que não pensam muito nas consequências futuras, tão menos na pena que irão receber. No que se trata de impor medo como fator preventivo ao crime, está claro que as cadeias do Brasil são ineficientes, mas não tão ineficientes quanto o sistema socioeducativo, onde você só passa 3 anos. A maior prova disso é o aumento gradativamente maior de adolescentes entrando em medidas socioeducativas comparado aos adultos entrando em penitenciárias (já citado)

8 – Convenção com a ONU/Cláusula Pétrea
Artigo 1 da constituição federal de 1988, parágrafo único: ” Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente” 83% da população concordam com a redução da maioridade penal (IBOPE), isso por baixo, segundo o CNT/MDA são 92,7% de pessoas. Sendo um estado democrático de direito, a democracia deveria falar mais alto que qualquer convenção ou cláusula.

9 – As cadeias estão lotadas
Os sistemas socioeducativos também. Em termos de economia, ampliar ambos os sistemas e ampliar duplamente um sistema apenas é equivalente. Talvez seja até mais lucrativo.

10 – O adolescente não tem capacidade cerebral pra decidir as coisas
A capacidade de decisão não é resultado apenas da maturação cerebral, mas uma síntese entre a cultura, os aprendizados, a compreensão e os fatores físico-biológicos. Além disso, não existe uma idade mágica em que todas as funções cerebrais estão devidamente desenvolvidas, algumas só terminam de se desenvolver lá pros 30 anos de idade. “Para a neurociência, é fantasia supor que, ao completar um certo número de anos de vida, o cérebro, literalmente da noite para o dia, se torne capaz de raciocínio consequente, e portanto criminalmente imputável –e ainda esqueça todo o mal causado anteriormente.” diz a neurocientista Suzana Herculano-Houzel em um artigo pra FOLHA. Por mais que existam pesquisas demonstrando que a área responsável pela tomada de decisões só esteja completamente desenvolvida por volta dos 21 anos, segundo o governo Australiano “isso não sugere que adolescentes são incapazes de fazer decisões por conta própria. Os resultados das pesquisas são consistentes, entretanto, com a abordagem que diz que a capacidade individual de fazer decisão não pode ser determinada pela idade sozinha. Isso também depende: da maturidade do indivíduo; o desenvolvimento social dele ou dela, incluindo o tipo de relacionamento com autoridades e fatores culturais e religiosos; e o senso próprio dele ou dela.”. No que se trata em ter conhecimento do mundo que nos cerca e saber o que é ou não correto em determinada sociedade, nunca os adolescentes foram tão bem informados quanto hoje. “Hoje, o mundo é absolutamente permeado pela comunicação, por tecnologias avançadas, por estímulos intensos desde cedo e a gente percebe claramente que o desenvolvimento acelera também, ainda que a maturidade seja um processo longo, que pode durar uma vida inteira” diz a psiquiatra forense Kátia Meckler da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Fonte:
https://willianpabloo.wordpress.com...onestos-contra-a-reducao-da-maioridade-penal/

:coxinha:
 
Sou a favor simplesmente porq existe um principio chamado de principio coercitivo. Ou seja existem leis e se a pessoa descumprir será punida. Os menores não se sentem punidos por isso voltam a cometer crimes. Esse é o mundo real, é assim que funciona.
 
Pra mim não é apenas reduzindo que tudo vai melhorar, ainda mais se quando atingir a maioridade sua ficha criminal continuar praticamente "limpa", se forem ignoradas todas as atrocidades que cometeu caso tenha cometido crimes hediondos antes disso.

mas olhando no que é aplicado no exterior o modelo de punição a menores aplicado no Reino Unido é o que melhor me agrada a principio.
 
Última edição:
Sobre esse texto que o @Calib postou, eu retificaria os pontos 4 e 8:

O 4 pois a reincidência não conta pra vida toda:

Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.

Art. 64 - Para efeito de reincidência:

I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;

Então essa conta aí que ele fez tem que ser corrigida... Embora não negue que o raciocínio dele é interessante. Nunca tinha parado pra pensar nesse prisma.

(Também tem que ver de onde exatamente vêm esses dados de 80% e 20%... Pois aí seria preciso ver como eles fizeram o cálculo.)

E o ponto 8 pois não é bem assim: "a maioria decidiu e tá decidido". O povo tá discutindo, tá discutindo... Mas a verdade é que por enquanto está nas mãos do STF. Se o STF derrubar, amém: aí voltaríamos pro que eu e o @Eriadan havíamos dito, de que a maioridade penal é uma cláusula pétrea. Se quiserem mudar a maioridade penal, então façam outra Constituição.

PORÉM... Na época em que escrevi o post passado, tinha que o entendimento doutrinário era certo modo unânime em ver na maioridade penal uma cláusula pétrea. Inclusive tem um precedente judicial do próprio STF que considera como cláusula pétrea o princípio da anterioridade tributária, incluso no art. 150, III, b da Constituição: ou seja, fora do rol do artigo 5º. Mas hoje tem surgido outras interpretações também interessantes que têm apontado pro contrário. A ideia é a de que o rol de garantias individuais seria só mesmo o que está listado no art. 5º, e que a interpretação extensiva de que existem outras garantias individuais ao longo da Constituição (como por exemplo a maioridade penal) não seria válida. Ela poderia, segundo o argumento, maleabilizar em demasia o cerne imutável do texto constitucional...

Como estamos numa área tão delicada do nosso Ordenamento Jurídico, é uma discussão jurídica que merece ser acompanhada. Os argumentos que forem usados poderão mudar e muito o rumo de coisas -- não só dessa PEC, mas de muitas outras que poderão vir.
 
Putz, vou ler c calma depois, mas desanimei logo no primeirp ponto, @Calib.

Dizer que 1% dos crimes são de autoria de jovens é totalmente diferente de dizer que 1% dos jovens cometem crimes.
 
Não entendi a sua queixa, @Grimnir .
Os argumentos numerados são aqueles que ele considera "desonestos". E depois o autor desenvolve o raciocínio de por que ele acha isso. Ele não pega o 1% e simplesmente o inverte, apenas como ponto de partida. No final ele concluir que os adolescentes não cometem apenas 1% dos crimes, como alegado por quem é contra a redução, mas que cometem 16% dos crimes (e só representam 11% da população).

Mas enfim. Pode-se discordar à vontade, como o Mavericco fez.

Há quem prefira só dar fail pra quem traz o texto aqui rsrs.
 
Calibão, de onde o autor tirou que os jovens seriam responsáveis por no minino 16% dos crimes? Não tem fonte nenhuma.
 
Só pra jogar lenha na fogueira.


10 argumentos desonestos contra a redução da maioridade penal
Com a validade da proposta de redução da maioridade penal sendo discutida no congresso, a mídia caiu em cima do assunto e alguns poucos gatos pingados começaram a se esforçar para arranjar argumentos contrários a tal proposta. Nesse post, separo 10 argumentos utilizados por essa pequena parcela de 17% da população que infelizmente levaram a dialética erística a um novo nível, apresentando argumentos que apesar de serem bastante convincentes numa primeira olhada, carecem de honestidade intelectual.

1 – Adolescentes cometem apenas 1% dos crimes
Já ouviu falar aquelas frases do tipo “todo macho é homem mas nem todo homem é macho”? O mesmo se aplica aqui. Dos jovens a minoria comete crimes, cerca de 1%. Mas entre os adultos também é a minoria comete crimes. Se pegarmos a população geral em 2012 (aprox. 200 milhões), subtrairmos dela o número de adolescentes (21 milhões), e estimarmos quantos por cento dessa galera estava atrás das grades (514.582), chegaríamos a um número de 0,28%. Então o que? Vamos parar de prender adultos por isso? Entre os adolescentes, mas também entre os adultos, menos 1% de cada um dos grupos comete crimes. Isso é a relação adolescente por crime. E a relação crime por adolescente? Como fica? Não, os adolescentes não são responsáveis por apenas 1% dos crimes e sim, por baixo, 16% deles, o que é no mínimo probabilisticamente esperável, uma vez que eles representam apenas 11% da população, mas não para por aí! O número de jovens cumprindo medidas socioeducativas cresceu o triplo entre 2010 e 2012 (30%) se comparado ao quanto cresceu a população carcerária (18 anos pra cima) (10%).

2 – Os menores não estão impunes no Brasil
Verdade quando você chama apenas os adolescentes (entre 12 e 17 anos) de menores. Entretanto é necessário ressaltar que nossas penas para esses são irrisórias se comparadas a países como Costa Rica, Paraguai, Inglaterra ou Estados Unidos. Em alguns países os menores podem receber penas de 8 ou 15 anos e em outros eles podem ser julgados como adultos de acordo com o crime, como na França. Enquanto aqui no Brasil o menor fica preso por no máximo 3 anos. Isso é punição?

3 – A média mundial é 18 anos
Esse argumento se refere a idade de responsabilidade penal adulta, onde independente do crime que a pessoa cometeu ela vai ser julgada como adulta em todas as instâncias. Sim, é verdade, a média mundial de responsabilidade penal adulta é mesmo 18 anos. Mas por 2 motivos esse argumento fraqueja. O primeiro é que tentar defender o status-quo baseado nessa premissa qualifica falácia ad populum. Ou seja, devemos adotar essa idade apenas porque a maioria adota. Isso é uma falácia lógica. Se a maioria dissesse que a partir dos 2 anos de idade todos são adultos estaríamos agora jogando criancinhas nas cadeias? O segundo ponto é que muitos dos países que adotam a responsabilidade penal adulta em 18 anos não são tão inflexíveis quanto a nossa legislação com essa idade. Como já citei antes, além de possuírem para os jovens penas análogas as penas adultas brasileiras, muitos países abrem mão da responsabilidade penal juvenil dependendo do crime.

4 – Cadeia não é solução
As pessoas que utilizam esse argumento se baseiam em 2 dados. O primeiro é que o índice de reincidência das instituições socioeducativas é de apenas 20% e o segundo é que o índice de reincidência nas cadeias é de 70%. Se você levar em conta que só ficam nessas “casas” uma população entre 12 e 17 anos de idade (6% da expectativa de vida de um brasileiro) e também o período de reclusão, impossibilitando a reincidência, não era de se esperar que realmente houvesse mais reincidência no regime responsável por prender as pessoas num período de 75% de suas vidas do que num que as prende num período de 6%? Parece bem mais lógico atribuir a pouca quantidade de tempo que passamos na adolescência a baixa reincidência do que a qualidade do sistema. Até porque rebeliões e desordens são frequentes nos sistemas socioeducativos e em alguns deles os menores já estão utilizando regras do PCC para dominar as fundações. Se as cadeias não são a solução, tão menos é o sistema socioeducativo. E se as cadeias são tão ruins, devemos melhorar as cadeias e não descartá-las, não queremos soltar todos os bandidos, certo?

5 – Melhor investir em educação do que em presídios
Não se resolve um problema de curto prazo tomando uma ação de longo prazo. Da mesma forma que não se socorre um acidentado no meio da rua planejando campanhas de publicidade a favor do cinto de segurança, não é nem um pouco coerente deixar de prender marginais para investir em educação. Devemos fazer ambas as coisas ao mesmo tempo. O fato de ser mais barato para o estado manter um aluno do que um detento só mostra a inversão de valores que estamos enfrentando e explicita a necessidade de uma reforma no nosso sistema penal, seja colocando o preso pra trabalhar, seja privatizando as cadeias ou seja diminuindo o gasto do estado com os presos. E não, os adolescentes não vão aprender muita coisa na fundação casa, no máximo vão aprender química com os coleguinhas, química aplicada ao narcotráfico. Melhor seria mandarem os infratores pra cadeia e transformarem todas as fundações casa em escolas.

6 – Os EUA não são um exemplo a ser seguido.
Apesar de possuir a maior população carcerária do mundo, ele está 32 posições inferiores ao Brasil no índice de criminalidade mundial. Teve decrescimento dos crimes violentos de 4,4% entre 2012 e 2013 e consegue em uma megalópole como Nova York, comemorar 11 dias consecutivos sem homicídios, mais fácil chover hambúrguer do que isso ocorrer em São Paulo ou no Rio de Janeiro. O Brasil aumentou entre 2011 e 2012 7,6% em crimes violentos. Por que não seguiríamos os EUA?

7 – Não vai diminuir os crimes
A cadeia serve para conter os crimes e não diminuir os crimes, isso porque a cadeia é uma medida pós-crime e não preventiva. A única forma da cadeia diminuir os crimes é através do medo, o que talvez seja o caso dos EUA (que possui até pena de morte), e isso acontece porque a maioria dos crimes não são atos consequentes realizados na melhor parte do dia, mas medidas impulsivas tomadas por pessoas descontroladas que não pensam muito nas consequências futuras, tão menos na pena que irão receber. No que se trata de impor medo como fator preventivo ao crime, está claro que as cadeias do Brasil são ineficientes, mas não tão ineficientes quanto o sistema socioeducativo, onde você só passa 3 anos. A maior prova disso é o aumento gradativamente maior de adolescentes entrando em medidas socioeducativas comparado aos adultos entrando em penitenciárias (já citado)

8 – Convenção com a ONU/Cláusula Pétrea
Artigo 1 da constituição federal de 1988, parágrafo único: ” Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente” 83% da população concordam com a redução da maioridade penal (IBOPE), isso por baixo, segundo o CNT/MDA são 92,7% de pessoas. Sendo um estado democrático de direito, a democracia deveria falar mais alto que qualquer convenção ou cláusula.

9 – As cadeias estão lotadas
Os sistemas socioeducativos também. Em termos de economia, ampliar ambos os sistemas e ampliar duplamente um sistema apenas é equivalente. Talvez seja até mais lucrativo.

10 – O adolescente não tem capacidade cerebral pra decidir as coisas
A capacidade de decisão não é resultado apenas da maturação cerebral, mas uma síntese entre a cultura, os aprendizados, a compreensão e os fatores físico-biológicos. Além disso, não existe uma idade mágica em que todas as funções cerebrais estão devidamente desenvolvidas, algumas só terminam de se desenvolver lá pros 30 anos de idade. “Para a neurociência, é fantasia supor que, ao completar um certo número de anos de vida, o cérebro, literalmente da noite para o dia, se torne capaz de raciocínio consequente, e portanto criminalmente imputável –e ainda esqueça todo o mal causado anteriormente.” diz a neurocientista Suzana Herculano-Houzel em um artigo pra FOLHA. Por mais que existam pesquisas demonstrando que a área responsável pela tomada de decisões só esteja completamente desenvolvida por volta dos 21 anos, segundo o governo Australiano “isso não sugere que adolescentes são incapazes de fazer decisões por conta própria. Os resultados das pesquisas são consistentes, entretanto, com a abordagem que diz que a capacidade individual de fazer decisão não pode ser determinada pela idade sozinha. Isso também depende: da maturidade do indivíduo; o desenvolvimento social dele ou dela, incluindo o tipo de relacionamento com autoridades e fatores culturais e religiosos; e o senso próprio dele ou dela.”. No que se trata em ter conhecimento do mundo que nos cerca e saber o que é ou não correto em determinada sociedade, nunca os adolescentes foram tão bem informados quanto hoje. “Hoje, o mundo é absolutamente permeado pela comunicação, por tecnologias avançadas, por estímulos intensos desde cedo e a gente percebe claramente que o desenvolvimento acelera também, ainda que a maturidade seja um processo longo, que pode durar uma vida inteira” diz a psiquiatra forense Kátia Meckler da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Fonte:
https://willianpabloo.wordpress.com...onestos-contra-a-reducao-da-maioridade-penal/

:coxinha:
Eu não vi nenhum argumento "desonesto" nisso ai. Podem até dizer que alguns desses argumentos podem ou não condizer com a realidade, mas desonestidade é um termo um tanto mais pesado e tá sendo usado com muita frequência e pouco critério ultimamente.
 
Em tese, as fontes estão lá no link da página.
Só postei aqui os argumentos.
 
Eu não vi nenhum argumento "desonesto" nisso ai. Podem até dizer que alguns desses argumentos podem ou não condizer com a realidade, mas desonestidade é um termo um tanto mais pesado e tá sendo usado com muita frequência e pouco critério ultimamente.

Achei desonesto da sua parte falar isso.
** Posts duplicados combinados **
Em tese, as fontes estão lá no link da página.
Só postei aqui os argumentos.

Eu sei, cara. Olhei os links e não achei nada muito evidente sobre os tais 1% dos crimes cometidos por jovens. Achei desonesto, isso sim, o autor distorcer o argumento, que é bem objetivo. Os relatórios de segurança apontam que 1% dos homicídios são cometidos por jovens. A participação dos jovens em crimes sem morte, no entanto, costuma ser muito maior.

Volto a dizer que na minha opinião o autor distorceu o problema, transformando a afirmação de "1% dos crimes graves são cometidos por jovens" em "1% dos jovens cometem crimes graves".
 
Deveria né
Se reduzir, então com 16 anos pode beber, dirigir, fumar, votar e ser preso.
Provavelmente não poderá, mas seria menos hipócrita diminuir pra tudo de uma vez só.

Qual a diferença entre votar aos 16 e responder criminalmente aos 16? Há duas leis divergentes no Brasil? Até agora não entendi essa parte que separa os dois casos.
 
Qual a diferença entre votar aos 16 e responder criminalmente aos 16? Há duas leis divergentes no Brasil? Até agora não entendi essa parte que separa os dois casos.
Sim, existe diferença. Tanto é que, com 16 anos caso vc não queira votar vc não é obrigado, diferente dos maiores de 18. Acho que a possibilidade de votar a partir dos 16 anos é mais uma medida socioeducativa ou algo do tipo do que uma premissa democrática de direito.

Agora, se formos mandar prender jovens de 16 anos, é simplesmente tosco proibir eles de beberem e fumarem. Se acreditamos que jovens de 16 anos já são maduros o suficiente para viver em presídios, onde drogas rolam abertamente, então eles são igualmente maduros para decidir se deve ou não beber, fumar e dirigir.
 

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