Tem uma outra questão, que acho que vocês estão esquecendo de discutir aqui.
Se algum criminoso mata ou comete alguma atrocidade contra um inocente (ainda mais se for uma pessoa querida para você), é natural sentir ódio e desejo de vingança. Um pai que perde o filho, assassinado, pode até pegar uma arma, ir atrás e meter bala no criminoso - e a sociedade em sua maioria irá aplaudir a reação. Só que isso é a reação de pessoas. Carne, osso e paixão.
Com o Estado é completamente diferente. Não pode haver decisão passional por parte do Estado. A visão de Justiça como "Vingança Pública", já foi superada há muito tempo. Quando você dá uma pena para o criminoso, de nenhuma forma o objetivo é saciar a sede popular por vingança. É meramente o cumprimento das normas necessárias para a convivência em sociedade. É a prevenção, para que outras pessoas se sintam desencorajadas a fazer o mesmo. A ressocialização já vai ter o seu objetivo durante o cumprimento da pena, já almejando quando ela acabar.
Se todos nós tomamos a decisão fria e racional - através do Estado - de que um outro igual, um ser humano, não pode mais continuar vivendo e que deve ser executado, eu só posso enxergar isso como a falência dos direitos humanos. Se a Vida é o maior bem que reconhecemos, pelo menos no ordenamento jurídico, porque diabos iríamos escolher pela Morte a um indivíduo que já foi rendido, preso e que está à mercê da Justiça? Na minha opinião, pena de morte é algo totalmente abominável.
Isso tudo, claro, pensando em um cenário jurídico hipotético em que não haja corrupção e equívocos bizarros. Porque a partir do momento que você passa a considerar essas situações, começa a dar mais medo ainda da pena de morte. Alguém pode ser executado, e anos depois de sua morte se descobre um fato novo na investigação que inocentaria o réu. Se ele estivesse preso já seria terrível... Mas é só abrir a porta da cela, e deixar ele ir embora. Mas e se já estiver morto? Como faz?