Isso não é tipo trabalho escravo?
"Disfarçadamente" principalmente no passado, até pode ter sido, mas foi a forma que eles encontraram pra punir (lá tradicionalmente o foco é mais punição do que ressocialização), sem que cada preso não custasse tão caro para a nação, pelo contrário, até revertendo positivamente no desenvolvimento do país. É claro que não quero que o Brasil copie integralmente esse modelo, pois tá longe de ser perfeito e tem pontos negativos, mas é algo que sem dúvida merece reflexão.
Abaixo um artigo interessante de como eles aproveitam esta mão-de-obra atualmente:
Trabalho de presos nos EUA está mais forte e controverso do que nunca
Por João Ozorio de Melo
Nos filmes de Hollywood, os presos americanos, com seus uniformes listrados de azul e branco, quebram pedras com marretas, constroem estradas e ferrovias e trabalham nas lavouras. Na mente da maioria dos americanos, os presos produzem placas de carro. Também produzem artigos de cama e mesa e continuam, até hoje, trabalhando em lavouras – notadamente as mulheres. Mas na verdade a mão de obra presidiária se tornou a mais requisitada por grandes corporações, desde que o Congresso criou o Programa da Indústria Prisional.
Hoje, os presidiários produzem de tudo, por quase nada. Por exemplo, eles produzem 100% da maioria do material usado pelos militares: capacetes, uniformes completos, cinturões de munição, veste à prova de balas, crachás, bolsas e cantis. E equipamentos mais sofisticados, como óculos de segurança com visão noturna, armaduras, dispositivos de rádio e comunicações, componentes para canhões antiaéreos, caça-minas e equipamentos eletro-ópticos.
De acordo com os sites das organizações
Global Research e
Ella Baker Center for Human Rights, o nível de sofisticação cresceu ultimamente. Os prisioneiros já montam, por exemplo, componentes eletrônicos de alta tecnologia para sistemas de mísseis dirigidos, para a produção de mísseis Patriotas avançados e projéteis antitanque. E também montam componentes complexos, usados em caças F-15 e helicópteros Cobra.
Além disso, os prisioneiros fornecem, para todo o mercado, 98% dos serviços de montagem de equipamentos, 92% da montagem de fogões, 46% das armaduras fabricadas, 36% dos aparelhos domésticos, 30% dos fones de ouvido, microfones e alto-falantes e 21% dos móveis para escritório. Também fabricam peças para avião, suprimentos médicos e até mesmo treinam cães para cegos.
Muitas das grandes corporações americanas usam a mão de obra prisioneira, como se fossem os melhores trabalhadores do mundo: eles não fazem greves, trabalham mais de oito horas por dia, sem receber horas extras, não chegam tarde ao trabalho, nem saem mais cedo, não faltam ao trabalho por doença de algum membro da família. Além disso, não têm férias, seguro-desemprego, custo de assistência social, licença para tratamento de saúde remunerada, pensão ou aposentadoria e não são sindicalizados. Em suma, não têm qualquer direito trabalhista.
Não se recusam a trabalhar, porque, se o fazem, perdem alguns dos poucos privilégios concedidos aos presos, podem ser trancados em celas de isolamento e sofrer coação física e mental. E o salário é de apenas US$ 0,25 por hora, em média – ou seja, US$ 2 por dia.
Na realidade, o salário, por hora, varia de US$ 0,13 a US$ 0.,50 – este para mão-de-obra qualificada – nas prisões privadas. Os prisioneiros que trabalham em algumas prisões federais, não em todas, se consideram com mais sorte: podem ganhar de US$ 1,25 a US$ 8 por hora – o salário mínimo nos EUA varia de US$ 8 por hora a US$ 15 por hora, dependendo do estado.
Pelo menos 37 dos 50 estados americanos legalizaram a contratação de mão-de-obra prisional por empresas privadas, nos últimos anos. A lista de corporações que montaram operações dentro das prisões estaduais incluem: IBM, Boeing, Motorola, Microsoft, AT&T, Wireless, Texas Instrument, Dell, Compaq, Honeywell, Hewlett-Packard, Nortel, Lucent Technologies, 3Com, Intel, Northern Telecom, TWA, Nordstrom’s, Revlon, Macy’s, Pierre Cardin, Target Stores, Eddie Bauer, Victoria’s Secret e muitas outras, de acordo com as fontes citadas.
Empresas de armamento também mantêm operações nas prisões – é claro que peças ou componentes, apeans. Mas a empresa que está à frente de todas as outras, na exploração da mão-de-obra prisional, é a UNICOR. A empresa, que antes se chamava “Federal Prison Industries”, é uma organização com fins lucrativos e a 39ª maior fornecedora do governo dos EUA.
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