Pips
Old School.
É da coleção Amores Expressos? É. Já tiveram livros bons nessa coleção? Com certeza: O filho da mãe, de Bernardo Carvalho; Do fundo do poço se vê a lua, do Joca Terron; e dizem que do Cuenca é bom (de todos os volumes é o único que não tenho). Há os livros ruins? Claro!
Mas se fosse para eleger o melhor dessa coleção eu falaria de Digam a Satã (...). É um dos melhores, senão o melhor, livros lançados no Brasil esse ano. É engraçado, triste, aterrorizante, nonsense e se passa em Dublin. Não flerta com Joyce nem com Beckett. Aliás, é um dos livros de "autores nacionais da moda" que não brinca tanto com linguagem ou metaliteratura ou é um balde de referências - não que seja um problema também, mas dá uma revigorada.
A história é contada por cinco pontos de vista diferentes e todos tem uma ligação grande ou pequena.Cada um com um estilo narrativo - primeira, segunda ou terceira pessoa.
Eu escrevi um pouco sobre ele lá no Posfácio: http://www.posfacio.com.br/2013/07/...que-o-recado-foi-entendido-daniel-pellizzari/
PS: se vocês não gostarem do livro podem fazer trocadilhos: "Digam a Satã que o Pips enlouqueceu", "Digam a Satã que o Pips foi comprado".
Mas se fosse para eleger o melhor dessa coleção eu falaria de Digam a Satã (...). É um dos melhores, senão o melhor, livros lançados no Brasil esse ano. É engraçado, triste, aterrorizante, nonsense e se passa em Dublin. Não flerta com Joyce nem com Beckett. Aliás, é um dos livros de "autores nacionais da moda" que não brinca tanto com linguagem ou metaliteratura ou é um balde de referências - não que seja um problema também, mas dá uma revigorada.
A história é contada por cinco pontos de vista diferentes e todos tem uma ligação grande ou pequena.Cada um com um estilo narrativo - primeira, segunda ou terceira pessoa.
Aí eu penso no sofrimento da jovem mulher feia na Rússia. Aos dezoito anos, uma garota russa que não seja estonteante deve se sentir um paquiderme. Em partes menos afortunadas do planeta a menina até que poderia ser considerada atraente, mas na Mãe Rússia isso não faz a menor diferença.
Em pouco mais de uma década as coisas se invertem. Por volta do aniversário de trinta anos, obedecendo a uma coreografia genética, quase todas as russas incham de uma hora para a outra. Viram matronas amargas embaladas em vestidos floridos, escondem a cabeça com lenços que parecem feitos com trapo de cortina e dedicam o resto da vida a zanzar de um lado para o outro com sacolas abarrotadas de manteiga, vodca e batatas.
Amargas, suspeito que sempre foram. Jovens russas são uma fruta de casca brilhante que atrai a mordida para só então se mostrar venenosa. É uma estratégia desprovida de qualquer sentido em termos evolutivos, mas estamos falando da Rússia. Não fazer sentido algum é o lema nacional. Aposto nesse absurdo entranhado nos cromossomos como origem das propriedades de bomba-relógio das mulheres russas. E talvez por isso todas venham acompanhadas por uma trilha sonora orquestral muito dramática, com direito a gongo e estouro de canhões.
Em pouco mais de uma década as coisas se invertem. Por volta do aniversário de trinta anos, obedecendo a uma coreografia genética, quase todas as russas incham de uma hora para a outra. Viram matronas amargas embaladas em vestidos floridos, escondem a cabeça com lenços que parecem feitos com trapo de cortina e dedicam o resto da vida a zanzar de um lado para o outro com sacolas abarrotadas de manteiga, vodca e batatas.
Amargas, suspeito que sempre foram. Jovens russas são uma fruta de casca brilhante que atrai a mordida para só então se mostrar venenosa. É uma estratégia desprovida de qualquer sentido em termos evolutivos, mas estamos falando da Rússia. Não fazer sentido algum é o lema nacional. Aposto nesse absurdo entranhado nos cromossomos como origem das propriedades de bomba-relógio das mulheres russas. E talvez por isso todas venham acompanhadas por uma trilha sonora orquestral muito dramática, com direito a gongo e estouro de canhões.
Eu escrevi um pouco sobre ele lá no Posfácio: http://www.posfacio.com.br/2013/07/...que-o-recado-foi-entendido-daniel-pellizzari/
PS: se vocês não gostarem do livro podem fazer trocadilhos: "Digam a Satã que o Pips enlouqueceu", "Digam a Satã que o Pips foi comprado".