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Digam a Satã que o recado foi entendido (Daniel Pellizzari)

Pips

Old School.
É da coleção Amores Expressos? É. Já tiveram livros bons nessa coleção? Com certeza: O filho da mãe, de Bernardo Carvalho; Do fundo do poço se vê a lua, do Joca Terron; e dizem que do Cuenca é bom (de todos os volumes é o único que não tenho). Há os livros ruins? Claro!

Mas se fosse para eleger o melhor dessa coleção eu falaria de Digam a Satã (...). É um dos melhores, senão o melhor, livros lançados no Brasil esse ano. É engraçado, triste, aterrorizante, nonsense e se passa em Dublin. Não flerta com Joyce nem com Beckett. Aliás, é um dos livros de "autores nacionais da moda" que não brinca tanto com linguagem ou metaliteratura ou é um balde de referências - não que seja um problema também, mas dá uma revigorada.

A história é contada por cinco pontos de vista diferentes e todos tem uma ligação grande ou pequena.Cada um com um estilo narrativo - primeira, segunda ou terceira pessoa.

Aí eu penso no sofrimento da jovem mulher feia na Rússia. Aos dezoito anos, uma garota russa que não seja estonteante deve se sentir um paquiderme. Em partes menos afortunadas do planeta a menina até que poderia ser considerada atraente, mas na Mãe Rússia isso não faz a menor diferença.

Em pouco mais de uma década as coisas se invertem. Por volta do aniversário de trinta anos, obedecendo a uma coreografia genética, quase todas as russas incham de uma hora para a outra. Viram matronas amargas embaladas em vestidos floridos, escondem a cabeça com lenços que parecem feitos com trapo de cortina e dedicam o resto da vida a zanzar de um lado para o outro com sacolas abarrotadas de manteiga, vodca e batatas.

Amargas, suspeito que sempre foram. Jovens russas são uma fruta de casca brilhante que atrai a mordida para só então se mostrar venenosa. É uma estratégia desprovida de qualquer sentido em termos evolutivos, mas estamos falando da Rússia. Não fazer sentido algum é o lema nacional. Aposto nesse absurdo entranhado nos cromossomos como origem das propriedades de bomba-relógio das mulheres russas. E talvez por isso todas venham acompanhadas por uma trilha sonora orquestral muito dramática, com direito a gongo e estouro de canhões.

Eu escrevi um pouco sobre ele lá no Posfácio: http://www.posfacio.com.br/2013/07/...que-o-recado-foi-entendido-daniel-pellizzari/


PS: se vocês não gostarem do livro podem fazer trocadilhos: "Digam a Satã que o Pips enlouqueceu", "Digam a Satã que o Pips foi comprado".
 
Eu não sei o livro, mas o título é sensacional. Sempre dou uma risadinha debochada quando invento de pronunciá-lo em voz alta.
 
Talvez eu esteja cometendo um pecado, mas tenho uma preguiça do tamanho do mundo com essa coleção Amores expressos. Até gosto de alguns nomes envolvidos no projeto, e tenho uma curiosidade enorme por outros, tal como o pellizari e o bernardo carvalho. Seila, leio sinopse e resenha de todos e nenhum me atrai muito.
 
Talvez eu esteja cometendo um pecado, mas tenho uma preguiça do tamanho do mundo com essa coleção Amores expressos. Até gosto de alguns nomes envolvidos no projeto, e tenho uma curiosidade enorme por outros, tal como o pellizari e o bernardo carvalho. Seila, leio sinopse e resenha de todos e nenhum me atrai muito.

o meu problema com a série é outro: vão falando do livro e aos poucos vou ficando curiosa e com vontade de ler, mas aí quando estou me animando pra ler um, chega outro e eu deixo um na fila e fico me animando sobre o outro, e então chega um terceiro e pam, pam, pam, tudo pra fila, nunca lido, porque aí o interesse acaba indo embora e eu nem lembro mais pq diabos queria ler o livro. deve ser a coleção com mais volumes empacados na minha lista de "livros pra ler" no kindle. acho que comecei isso com o cuenca. no pellizzari quando tava me animando, chegou o barreira do bettega. e assim vai. resumindo: nunca li nada do amores expressos.

(mas preciso dizer que seguindo meu padrão completamente aleatório de escolha de leituras, é bem provável que esses dois últimos eu acabe lendo logo. o pellizzari por eu ter gostado do título, o bettega por ter o mesmo sobrenome que o fábio :grinlove: )
 
Foi por causa de títulos maravilhosos que li "O Paraíso é Bem Bacana" (a.k.a. melhor livro brasileiro das últimas décadas).
 
Foi por causa de títulos maravilhosos que li "O Paraíso é Bem Bacana" (a.k.a. melhor livro brasileiro das últimas décadas).
Como diria a minha sobrinha mais nova, "O Paraíso é Bem Bacana" é lind'imais!
 
Não sei direito o que sentir com esse livro ainda... Acho que vou precisar ruminá-lo por um mês no mínimo. Mas de início eu, quatro anos depois, não sei se concordo com o Pips que ele não deve nada a Joyce/Beckett ou que não brinca tanto com a linguagem. Há muito experimentalismo nele, e em algumas passagens o negócio fica bem feito pra caramba, por exemplo o capítulo narrado em segunda pessoa, que é um espetáculo à parte. Só que não é aquele experimentalismo triunfal das vanguardas ou daqueles escritores que pareciam ter como propósito alargar os limites da linguagem. Eu acho que é algo muito mais relacionado a uma atrofia ou, como o autor fala numa outra passagem, uma espécie de inadequação.
 

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