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Sobre a natureza e mentalidade élfica

Maegil

Algures no Mar Ocidental
A partir dos livros Silmarillin, SdA e Contos inacabados e informações recolhidas na net, estava tentando compreender a natureza da mentalidade dos elfos de Tolkien, e cheguei a alumas conclusões.
Apresento-as sob forma de preposições, gostaria que as comentassem e corrigissem:

- Os elfos são Imortais. Apesar de poderem ser mortos por feridas ou abatidos por tristeza, os seus espíritos sempre reencarnarão após algum tempo "à sombra dos seus pensamentos" nos palácios de Mandos, e os entes amados sempre poderão ser revistos um dia. Assim, apesar de a morte não ser desejada (o processo é extremamente traumático), também não é irreversível (1).
- Da mesma forma, o tempo não tem importância alguma, e só há pressa nas circunstâncias mais extremas. Com o passar dos milênios as coisas vão ficando velhas, até as montanhas encolhem... Mas os elfos não, eles são verdadeiramente imortais, sofrendo perda após perda e anseando pelo mar e pelo Oeste que não envelhece.
- Elfos não são obrigados a (nem impedidos de) dormir, apenas necessitam entrar em profunda meditação por poucas horas (Legolas chega a fazer isto enquanto corre por Rohan). Assim, o seu periodo de atividade é mais longo que o de qualquer outro ser. Este é um dos motivos pelo qual muitos pensam que os elfos são preguiçosos, mas na realidade só têm muito mais tempo livre. Os seus companheiros não elfos e as suas montarias, por outro lado, simplesmente não podem passar as noites sem dormir.
- Os elfos não mudam, só se refinam no que são (2). Segundo Fangorn (SdA, vol2) "os ents são (...) mais adaptáveis que os elfos, mais rápidos para assumir as cores do exterior". Reparem, é uma ÁRVORE que diz isto...
- Apesar de terem criatividade, não introduzem alterações no seu mundo, ou seja, não são capazes de inventar (3); são, no entanto, capazes de modificar, adaptar e aplicar o conhecimento das coisas que já existem.
- Além do poder da fala (tanto que eles se autointitularam "Quendi", "Aqueles que falam com vozes") , Eru concedeu-lhes um outro poder semelhante ao dos ainur: a sua vontade é diretamente efetiva na concretização do desejo.Tudo que um elfo faça ficará com a impressão da sua intenção, e poderá reagir de acordo (4).
- Novamente segundo Fangorn, os elfos são "menos interessados em si próprios que os homens, e melhores para penetrar os outros seres".

Notas:
(1) Há, no entanto, casos em que o espírito não desejava reencarnar. Este foi o caso de Míriel, primeira esposa de Finwë e mãe de Fëanor, que se esgotou e desejou permanecer para sempre em Mandos
(2) Aquando do Ainurlindalë, em que Melkor Introduziu a sua primeira dissonância, Eru respondeu com um tema estabilizador, assim criando os seus Primogénitos. A sua função seria ajudar os Ainur a conter a devastação inicial de Melkor. Para tal, fez os elfos à semelhança dos próprios ainur, ainda que menores em poder e incapazes de vagar sem corpo.
(3) Conforme é dito no Silmarillion, "os poderes dos elfos eram semelhantes aos dos ainur, mas os homens tinham poderes estranhos, e sempre buscavam por algo fora do mundo". Assim, o único elfo a ter realmente inventado (não aplicado, copiado ou melhorado algo aprendido dos ainur) algo teria sido Rúmil -que criou a escrita- mas, mesmo assim, isto pode ser visto apenas como uma ampliação da própria fala.
(4) Veja a corda de Lórien que Sam usa nas Emin Muil, que se desmarra sozinha do topo do penhasco quando, após os Hobbits terem descido, sentiram pena de deixá-la para trás.
 
Apesar de poderem ser mortos por feridas ou abatidos por tristeza, os seus espíritos sempre reencarnarão após algum tempo "à sombra dos seus pensamentos" nos palácios de Mandos
Uma coisa que eu li sobre isso e achei interessante é que ir para Mandos quando morrem não seria uma obrigação, mas uma convocação (mas no caso de não irem, não poderiam reencarnar)
Para tal, fez os elfos à semelhança dos próprios ainur, ainda que menores em poder e incapazes de vagar sem corpo.
você não fala de semelhança física, né?? Porque Valar e Maiar é que "se fizeram" à semelhança dos filhos de Ilúvatar.
- Apesar de terem criatividade, não introduzem alterações no seu mundo, ou seja, não são capazes de inventar (3)
não posso dizer que eu entendi isso.. :| qual é a sua fonte?
 
O qu eu pretendia era tentar imaginar o que os motivaria e como seria seus pontos de vista. Para tal recorri não só às (poucas) fontes de que disponho, como principalmente tentei relacionar todas as minhas impressões sobre os elfos. Creio que isto responde à sua dúvida sobre (falta de) fontes... :osigh:
Citação:

- Apesar de terem criatividade, não introduzem alterações no seu mundo, ou seja, não são capazes de inventar (3)


não posso dizer que eu entendi isso.. qual é a sua fonte?
Quanto à preposição, quero dizer que os Noldor tiveram acesso a tudo o que os Valar acharam conveniente ensinar, mas não foram capazes de passar do martelo e bigorna à plena industrialização. Dos elfos silvestres, por exemplo, compreende-se a ausência de tecnologia; mas mesmo os Sindar, mais avançados, não passaram das cavernas (os palácios de Thingol, não importa o quão belos fossem, eram cavernas) e cabanas, aprendendo com Melian, e depois com os Anões. Por si, o que realmente CRIARAM?
Só qundo Saruman (do povo de Aulë=Invenção) chegou à terra-media com as limitações físicas dos edain é que vieram a surgir a pólvora e o maquinário (se bem que ele já estava corrompido, e as invenções foram todas para o mal). Certamente essas técnicas seriam mais ecológicas nas mãos dos elfos :D , mas eles, ainda que extremamente inteligentes e hábeis, simplesmente não as inventaram! :o?:

Citação:

Para tal, fez os elfos à semelhança dos próprios ainur, ainda que menores em poder e incapazes de vagar sem corpo.


você não fala de semelhança física, né?? Porque Valar e Maiar é que "se fizeram" à semelhança dos filhos de Ilúvatar.
Refiro-me, naturalmente, aos poderes concedidos por Eru... Lamentavelmente emprestei o meu Silmarillion, mas vê lá no Aniulindalë.
 
ahh sim, a pergunta sobre fontes era só sobre aquela última citação, agora que eu entendi, aqui vai a minha opinião:
Nunca pensei muito sobre isso da falta de tecnologia dos elfos :think: , mas acho que Tolkien procurou retrata-los como um povo que vivia em uma certa harmonia com o ambiente à sua volta.. Mais ou menos assim: os homens seriam criaturas que vivem em um certo desequilíbrio com a natureza: onde nós moramos, alteramos a ordem natural das coisas à nossa volta, prejudicamos a vida dos outros seres. Acho que não é que os elfos não poderiam inventar as coisas que os homens criaram, e sim que eles preferiam viver nesse estado mais "primitivo", para não interfeferir muito no ambiente que os rodiava
Refiro-me, naturalmente, aos poderes concedidos por Eru
eu imaginava, só perguntei para ter certeza :)
 
°Arien° disse:
eles preferiam viver nesse estado mais "primitivo", para não interfeferir muito no ambiente que os rodiava
Poderia ser assim com os elfos silvestres, mas esse certamente não era o caso dos Noldor! Pois assim que eles puseram os olhos em Valimar, mal puderam esperar para construir Tírion-sobre-Tuna. Daí temos Vinyamar, Gondolin, Ost-en-Edhil, etc.. Até para fazer um simples entreposto militar em Imladris construíram uma mansão e centro cultural!
 
Eu já havia pensado essa história de tecnologia com elfos.
Mas parabéns, estão muito bem feitas as conclusões.
 
Os elfos não precisavam de maquinário, eles tinham seu poder sub-criativo, o que substituia (e às vezes melhor) a tecnologia mais avançada.
 
Charlie Brown disse:
Os elfos não precisavam de maquinário, eles tinham seu poder sub-criativo, o que substituia (e às vezes melhor) a tecnologia mais avançada.
O que quer dizer com poder sub-criativo e onde posso encontrar mais informação sobre isso?
Será mais ou menos o que eu tento descrever no texto inicial?
a sua vontade é diretamente efetiva na concretização do desejo.Tudo que um elfo faça ficará com a impressão da sua intenção, e poderá reagir de acordo
 
Maegil disse:
Poderia ser assim com os elfos silvestres, mas esse certamente não era o caso dos Noldor! Pois assim que eles puseram os olhos em Valimar, mal puderam esperar para construir Tírion-sobre-Tuna. Daí temos Vinyamar, Gondolin, Ost-en-Edhil, etc.. Até para fazer um simples entreposto militar em Imladris construíram uma mansão e centro cultural!
É, isso é verdade... É que eu tenho essa impressão que eles não faziam mais nesse sentido porque estavam satisfeitos com a maioria das coisas que tinham :? mas eu posso estar errada..
 
Diria que eles foram feitos para apreciarem aquilo que conheciam. Os elfos silvestres conheciam a floresta e a amavam, mas Noldor foram introduzidos a padrões mais civilizados. Ainda assim, eram elfos, portanto acomodados pela própria natureza.
A natureza humana, essa sim, foi feita com "permanente insatisfação e sempre buscando algo fora do mundo", ou qualquer coisa assim :roll: , ela teria a capacidade criativa necessária à sua missão de "completar Arda até aos últimos detalhes" (mais ou menos, não tenho o Silmarillion comigo :wall: ).
 
Curufinwë disse:
Enviada: Dom Mar 21, 2004 11:59 am Assunto:

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aqui vai um relato de tolkien tirado do textos e ensaios da valinor sobre os costumes dos eldar! (...)
Caramba 8O !... Acho que quero mais... :D :clap:
Onde foi buscar esse material? Pode passar os links relativos aos temas abordados no início :amem: ?
 
"Leis e Costumes entre os Eldar" faz parte de um dos HoME e tb está na Valinor (aqui - eh igualzinho ao texto que o 'Curufinwë' postou... aliás, 'Curufinwë', da prox vez vc podia postar um link, né?), mas eu realmente naum conheço outros links pra textos semelhantes...

Maegil disse:
O que quer dizer com poder sub-criativo e onde posso encontrar mais informação sobre isso?
Será mais ou menos o que eu tento descrever no texto inicial?
Pra sua segunda pergunta: acho que sim.
Para a primeira: eu li hj mesmo em algum tópico uma explicação bem satisfatória, mas eu naum to conseguindo achar :roll: :mrgreen: Amanhã eu procuro direito (e sem estar caindo em cima do teclado de tanto sono) e coloco aqui, direitinhu...
 
Encontrei num outro tópico um texto que esclarece muita coisa a respeito da minha dúvida, vejam em Comentário sobre o Athrabeth Finrod ah Andreth.

Elentari R* disse:
Para a primeira: eu li hj mesmo em algum tópico uma explicação bem satisfatória, mas eu naum to conseguindo achar Amanhã eu procuro direito (e sem estar caindo em cima do teclado de tanto sono) e coloco aqui, direitinhu...
Bem, onde está, bela adormecida? :wink:
 
Oh, foi malz, Maegil... eu esqueci desse tópico... :oops:
Mas eu achei a explicação (na verdade, duas explicações). Elas estavam num tópico do Diga Amigo e Entre (Made in...) em que se discutia sobre os cajados dos magos. São esses dois posts:


Ringil disse:
Qual seria a função "real" de um cajado na Magia eu não sei (e nem me interessa, na verdade). Mas Gandalf não era um místico ou estudioso de artes ocultas (que são próprias de Sauron), e sim um Espírito primordial que não realizava "magia" e sim moldava o mundo de acordo com seu poder e autoridade sobre Ea. Esse poder não necessitava de nada para ser usado, além do próprio corpo do ser.
Ringil disse:
Sub-criatividade não é uma energia, e sim a capacidade de realizar. É óbvio que não se canaliza realização. Mas essa capacidade está condicionada ao físico, de forma que um fea desabitado é completamente impotente. Portanto é necessário alguma base material para que a realização se efetue (isso deve ser considerado como inerente à natureza de transformação de matéria pré-existente da sub-criação), seja ele o corpo, os dedos ou a ponta de um cajado. Mas isso em nada muda a importância ou natureza do cajado.
Não é nada específico sobre sub-criatividade, mas dá pra pegar o sentido da coisa. :mrgreen: Mas se não for suficiente pra te satisfazer (parece que vc tem fome de informação... :D ), então faz um tópico perguntando sobre isso. Com certeza vão chover explicações.... :wink:
 
Elentari R* disse:
parece que vc tem fome de informação
Quem? Eeeeeu??? Imagina! (se ainda não reparou, dá uma olhada na assinatura... Eu sou um Noldo Nerd! 8-) )
Obrigado pela dica, agora também estou vigiando o outro tópico. Se for preciso abrir tópicos, além desta questão acho que também ainda não ficou muito bem esclarecida a ausência de tecnologia própria.
 
Pra ver a discussão do cajado eu acho melhor ir no tópico original - O Cajado de Gandalf

Lá vc vai ver pq não há diferença nenhuma entre o cajado do gandalf e um palito de picolé :P

Se não encontrar as informações que procura, abra um tópico no Obras :mrgreen:
 
Maegil disse:
além desta questão acho que também ainda não ficou muito bem esclarecida a ausência de tecnologia própria.
É verdade... bem, quanto a isso, eu não acho que os elfos - qualquer um deles - quisesse criar ou usar algo que prejudicasse a natureza. Eles amavam a natureza e sabiam apreciar e aproveitar tudo que ela pudesse oferecer. Eles simplesmente não sentiam necessidade de inventar objetos que facilitassem seu convívio com a natureza, pois esse convívio já era o mais harmonioso possível. Isso não implica que eles não tivessem capacidade de inventar, apenas que não quisessem.
 
Achei outro texto muito elucidativo, esclareceu mais algumas coisas que não tinha bem cientes, e dá informações completamente inusitadas sobre elfos e homens, bem como pistas a respeito dos elfos que creio que corroboram a minha opinião inicial sobre a ausência de tecnologia, leiam e comentem.
Aqui está um aperitivo
Nós, os Eldar, não negamos que amais Arda e tudo que está nela [na medida em que estejais livres da Sombra] talvez tão grandemente quanto nós. Mas de outra maneira. Cada uma de nossas famílias percebe Arda diferentemente, e se regozija em suas belezas em modo e grau diversos. Como dizê-lo? Para mim a diferença é como a que existe entre aquele que visita um país estranho, e lá habita por algum tempo [mas não precisa fazê-lo], e aquele que sempre viveu nessa terra [e precisa viver ali]. Para o primeiro todas as coisas que vê são novas e estranhas, e nesse grau adoráveis. Para o outro todas as coisas lhe são familiares, as únicas coisas que existem, suas, e nesse grau preciosas".

"Se quereis dizer que os Homens são os Estrangeiros", disse Andreth.

"Dissestes a palavra", disse Finrod, "esse nome o demos a vós".

"Altivamente, como sempre", disse Andreth. "Mas se somos apenas estrangeiros numa terra em que tudo é vosso, meus senhores, como afirmais, dizei-me: que outra terra ou coisas conhecemos?"

"Não, dizei-me!", disse Finrod. "Pois se não o sabeis, como podemos sabê-lo? Mas sabeis que os Eldar dizem dos Homens que estes não olham para coisa alguma pelo que ela é; que se eles a estudam, é para descobrir algo mais; que se eles a amam, é somente [assim parece] por que ela lhes lembra de outra coisa mais cara? Mas com o que fazem tal comparação? Onde estão essas outras coisas?
Recomendo veementissimamente que o leiam, por longo que seja, pois realmente vale a pena:Da Morte e dos Filhos de Eru, e da Desfiguração dos Homens - O Diálogo de Finrod e Andreth . Estou abrindo um outro tópico, Poder sub-criativo, obrigado pela sugestão!
 

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