Calma, então, pessoal. Esse trecho sobre não haver mais um barco que pudesse levar Arwen para o Oeste é metafórico. Ele não significa que nunca mais foi fabricado um barco que navegasse pelo mar até o Oeste. Ora, muitos elfos partiram para Valinor na Quarta Era, incluindo Legolas, Celeborn e Círdan, que foi o último.
Aos filhos de Elrond era dada uma escolha, assim como foi dada também a ele: nasceram meio-elfos, da linhagem de Eärendil, e deveriam optar pelo destino dos Homens na Terra-Média (e além dela), ou dos elfos e viverem eternamente no mundo, enquanto este existir. Há alguns trechos que dão essa pista, entre eles há esse: "Elrond por fim ficou cansado e abandonou a Terra-Média, para nunca mais voltar. Arwen tornou-se uma mulher mortal, mas apesar disso não era seu destino morrer até perder tudo o que ganhara."
Em Lothlórien, há muitos anos dessa época, Arwen havia feito uma escolha, que foi permanecer ao lado de Aragorn, e seguir o destino mortal dos Homens. E aqui entra um dos ideais mais centrais e bonitos de tudo o que J.R.R. Tolkien escreveu: os Homens, originalmente, morreriam e abandonariam o mundo físico livremente, quando sentissem que era o momento exato. Exatamente como vemos que foi com Aragorn no Apêndice A, e com todos os numenoreanos que permaneceram Fiéis. Mas quando Arwen percebeu que haveria de ficar só, sem seu marido, parece ter estremecido e pedido que ele permanecesse, e disse que enfim compreendia a "dádiva do Um concedida aos Homens", e que ela era "uma dádiva amarga de receber".
Essa amargura e "mancha" refletiram-se no comportamente dela, que "se toirnara fria e cinzenta como o cair de uma noite de inverno". Ela passou a morar sozinha em Lothlórien (pois todos os elfos já haviam partido) e ainda amargurada abandonou a vida e seguiu o destino dos homens mortais.