Apesar da bela resposta dada pelo Vilya nesse
post, eu pesquisei por aí em busca de algo que pudesse esclarecer melhor essa questão e acabei achando esse
tópico de 2004, no qual um usuário sueriu uma conversa entre Ilúvatar e Ulmo relatada em O Silmarillion, na qual eles falavam sobre a Água. Fui atrás da fonte e acabei por desenvolver uma teoria bem viajada.
O Silmarillion - A Música dos Ainur disse:
E dizem os eldar que na água ainda vive o eco da Música dos Ainur mais do que em qualquer outra substância existente na Terra; e muitos dos Filhos de Ilúvatar escutam, ainda insaciados, as vozes do Oceano, sem contudo saber por que o fazem.
Ora, foi para a água que aquele Ainu que os elfos chamam de Ulmo voltou seu pensamento, e de todos foi ele quem recebeu de Ilúvatar noções mais profundas de música.
Meu primeiro ponto vem do trecho acima: Ulmo era, dentre os Valar, segundo em poder, ficando atrás apenas de Manwë. Porém, ainda dentre eles, foi quem mais recebeu de Ilúvatar o conhecimento de música. Assumindo que o fato de a Água, aqui em maiúsculo para representar a substância como um todo, ser o eco da Música dos Ainur seja verdadeiro e juntando à
isso o profundo conhecimento de música por parte de Ulmo, logo teríamos que Ulmo e seus domínios seriam os maiores detentores de conhecimento sobre a Canção que criou o mundo. A Água poderia ser chamada, por assim dizer, de uma biblioteca onde estavam todos os acontecimentos passados, presentes e futuros do mundo.
Mais para frente, ainda n'O Silmarillion é dito que Ulmo ia até o litoral da Terra-média ou mais além adentrando o continente através dos rios para criar música com suas trompas. Aqueles que as ouvissem passavam a levá-las sempre no coração e, na maioria das vezes, Ulmo falava aos habitantes da Terra-média através das músicas das águas.
O Silmarillion - Valaquenta disse:
Às vezes, ele (Ulmo) vem despercebido ao litoral da Terra-média, ou entra terra adentro, subindo por braços de mar para aí criar música com suas grandes trompas, as Ulumúri, que são feitas de concha branca; e aqueles que a escutam, passam a ouvi-la para sempre em seu coração, e o anseio pelo mar nunca mais os abandona. Na maioria das vezes, porém, Ulmo fala àqueles que moram na Terra-média com vozes que são ouvidas apenas
como a música das águas.
O segundo ponto: Ulmo era, por assim dizer, a principal fonte de conhecimento da Música e em algumas ocasiões ele ia até a Terra-média criar canções com suas trompas. É possível que ele criasse material novo com base em seu conhecimento da Música, porém apenas os que escutassem com atenção e tivessem conhecimento prévio sobre essa base poderiam reconhecer nela algo de beleza e poder.
Como Ulmo tinha em grande estima os Eldar e Edain, é bem provavel que para alguns seres dessas raças ele dispusesse de mais tempo e paciência em suas músicas. Dentre esses seres estaria Galadriel; a mais bela de todos os da Casa de Finwë, que nasceu nas Terras Imortais e cresceu em contato com os Valar; viveu um tempo em Doriath em contato com Melian, a Maia, com quem adquiriu enorme conhecimento e sabedoria sobre a Terra-média; provavelmente viveu em Lindon, nas margens do Lago Evendim; morou por um tempo em Eregion e por último se estabeleceu em Lothlórien.
O Silmarillion - Da Volta dos Noldor disse:
Por isso, ela permaneceu no Reino Oculto, residindo com Melian; e com ela adquiriu enorme conhecimento e sabedoria a respeito da Terra-média.
Thains Book - Galadriel disse:
Galadriel and Celeborn probably lived for a time in Lindon, a coastal region west of the Blue Mountains. Early in the Second Age they are said to have crossed the Blue Mountains into Eriador. A number of Elves followed Galadriel and Celeborn, including Noldor, Sindar, and Green-elves, and they were joined by wandering Elves who dwelled in
Eriador. They may have settled for a time around the shores of Lake Evendim, north of the land that later became the Shire.
Galadriel e Celeborn provavelmente viveram por um tempo em Lindon, uma região costeira a oeste das Montanhas Azuis. Logo no começo da Segunda Era foi dito que eles cruzaram as Montanhas Azuis em direção de Eriador. Um número de Elfos seguiram Galadriel e Celeborn, incluindo Noldor, Sinda e Elfos Verdes, e se juntaram à eles também Elfos nômades que viviam em Eriador. Podem ter se assentado por um tempo nas margens do Lago Evendim, ao norte da terra que viria a se tornar O Condado.
O terceiro ponto: Todos os locais nos quais Galadriel viveu, mesmo que por pouco tempo, eram próximos à fontes, nascentes, lagos e até mesmo grandes rios como o Sirion na Beleriand de Doriath e o Anduin na Lothlórien da Terra-média. Esse seria o ponto onde ela poderia ter ouvido a música de Ulmo e tirado grande conhecimento de quaisquer ensinamentos que Ulmo viesse a lhe passar.
Tomando como base o caráter determinado, assumindo que uma das fontes da enorme sabedoria de Galadriel tenha sido Ulmo e que por ser Portadora de Nenya, um dos Três Anéis, seu poder sobre as águas das nascentes e fontes de Lothlórien lhe permitiria algumas manipulações, como por exemplo as imagens geradas pelo reflexo da água do Espelho de Galadriel e também a água contida no Frasco:
A Música em sí era a "narrativa" de toda a história do mundo, desde o começo até o fim. Como a Água era um eco da Música, ela poderia muito bem ser uma espécie de biblioteca na qual estavam armazenados os fatos que ocorreram, ocorriam e ocorreriam, bastava apenas que o espectador olhasse para ele.
O Silmarillion - A Música dos Ainur disse:
Estavam, porém, apaixonados pela beleza da visão e fascinados pela evolução do Mundo que nela ganhava existência, e suas mentes estavam totalmente voltadas para isso; pois a história estava incompleta, e os círculos do tempo, ainda não totalmente elaborados quando a visão foi retirada. E alguns disseram que a visão cessou antes da realização do Domínio dos Homens e do desaparecimento gradual dos Primogênitos; motivo pelo qual, embora a Música estivesse sobre todos, os Valar não viram com o dom da visão as Eras Posteriores ou o final do Mundo.
Quanto ao Frasco com a Luz de Eärendil, poderia ser mais uma dessas manipulações em relação ao seu domínio sobre a Água: Da Biblioteca-Água ela poderia ter retirado o brilho da Silmaril de Eärendil e armazenado em um frasco para que tivesse uma outra forma de se lembrar das luzes das Árvores, dos tempos quando era ainda jovem.