Não!!! E vc falar que servo e vassalo são a mesmo coisa só posso presumir que vc nunca teve aulas de história (não precisa nem ser de faculdade, no ensino médio jpa se aprende isso). Não tem absolutamente nada a ver um com outro.
Não me importa o que o Houaiss diz ou qualquer outro dicionário... não se estuda história pelos dicionários, as palavras vão mudando de significado ou agregando novos significados... pegar um dicionário atual pra tentar explicar um sistema de séculos atrás é completamente anacrônico...
Pegue qualquer tese de história pra ler (to falando tese, nada de livrinho de colégio) ou então algum debate historiográfico sério sobre o assunto.
Concordo. Mas a questão não é semântica e sim histórica. Palavras soltas num dicionário não são nada. Tem que ser contextualizadas em espaço e tempo.
Já dei várias explicações sobre o que caracteriza o sistema então não vou repetir tudo e nem diferenciar vassalo de servo... o único ponto que deixei meio de lado foi a questão tributária.
O vassalo pagava sim tributos ao suserano, eram as chamadas homenagens. Porém, não existia uma regra para esses impostos, isso dependia do acordo, e estaria selado pelo juramento. Poderiam ser tributos em formas de alimentos, moedas, animais, armamentos, etc... mas o suserano podia exigir apenas a aliança dos dois senhores (isso implica obrigações militares), mas claro que existiriam acordos econômicos posteriores, e é muita ingenuidade achar que não existia isso entre Rohan e Gondor.
Mas esse acordo econômico estava fora do juramento. A única vantagem que eu vejo aí foi a ocupação de Rohan ao invés de ser ocupada por inimigos, o que não é bem um compromisso ou obrigação de Rohan, e sim uma conseqüência da ocupação. Compromisso não vejo nenhum, o tratado de amizade não fazia com que Rohan teria obrigatoriamente ir ajudar Gondor e vice-versa. Vejo-o mais como um tratado amistoso entre os dois reinos, para que no futuro não se virem um como o outro e que se ajudem. Não como obrigação, e sim uma relação de gratidão e boa vontade, de ambas as partes.
Além disso, acho que o maior problema que temos em aceitar a vassalagem/suserania é que nesta há um superior e outro inferior, mesmo o vassalo sendo um rei ele seguia certas ordens, o que não acontece em Rohan e Gondor. É como se o vassalo estivesse recebendo um favor ou uma ajuda do suserano, o que não foi o caso de Eorl e Cirion.
Quanto ao trecho que Alcarinollo postou, bom, é verdade, Cirion fala que eles iriam "habitar em liberdade enquanto durar a autoridade dos Regentes". Mas será mesmo que isso foi levado a sério? Será que o rei de Gondor poderia chegar lá e expulsar os moradores de Rohan, ou subjugá-los? Será, por exemplo, que com essa frase ele se referia mesmo ao retorno do rei? Pois a autoridade dos regentes durou mesmo após o retorno do rei, se você for ler ao pé da letra. Pode ser que ele se referia enquanto o reino perdurasse, já que nessa época, se não me engano, se duvidasse que o rei retornaria. Bom, sei lá, tenho dúvidas quanto a isso.
Deixo aqui um trecho sobre o assunto de meu livro de história:
"Os senhores feudais ligavam-se entre si travando relações de suserania e vassalagem. Tais relações eram estabelecidas quando um nobre concedia, por exemplo, terras a outro nobre menos poderoso em troca de ajuda em guerras e outras obrigações, como tributos. Mas a concessão poderia ser também de exploração de direitos de pedágio em pontes ou estradas, de recolhimento de taxas numa aldeia ou região, etc. Para marcar essa relação de dependência, realizava-se uma cerimônia, a homenagem, durante a qual o senhor que recebia o benefício - por exemplo, a concessão de uma área territorial - realizava um juramento de fidelidade diante de uma relíquia religiosa ou perante os evangelhos.
O senhor que doava o feudo tornava-se suserano, comprometendo-se a proteger militarmente o nobre que recebera a terra. Esse passava a ser vassalo daquele, obrigado a prestar, principalmente, ajuda militar ao primeiro. Um suserano poderia ter diversos vassalos, e cada vassalo outros tantos, de forma que diversos senhores feudais, nobres guerreiros de uma determinada região, assumiam um compromisso mútuo de defesa".
(História para o Ensino Médio - História geral e do Brasil; Cláudio Vicentino, Gianpaolo Dorigo; Capítulo 7 - O feudalismo na Europa Ocidental; pág. 101)