Como era costumeiro, já tinha lido esse livro antes de ser abordado em sala-de-aula, nos meus tempos de Ensino Médio. Adorei esse livro, uma das maiores obras-primas da nossa literatura, a meu ver - e a maior do Naturalismo brasileiro. O Aluísio Azevedo foi um genuíno mestre da escola naturalista.
É uma obra com uma ambientação extremamente realista, mas também beirando o animalesco, o selvagem, elementos aliás muito presentes na trama. As passagens em que o autor descreve o amanhecer no cortiço e as ações de seus moradores fervilha de animalidade, de odores, de agitação e barulhos que mais lembra uma selva tropical, é uma profusão de sensações, além de magistral e atípico em termos estilísticos. Os personagens também são definidos não só comparados a animais e plantas, mas também com características e instintos próprios deles. Isso é um aspecto contundente do Naturalismo - um Realismo levado ao extremo na caracterização e explicação das falhas humanas -, exibir seres humanos e cenários conforme a apropriação e a comparação a caracteres típicos da natureza, como se o homem fosse quase que inteiramente domado pelos seus instintos e desejos lascivos, submisso à sensualidade, em detrimento da sua capacidade de raciocínio e do seu livre-arbítrio. Isso é consequência, no Naturalismo, da intensa influência do determinismo de Taine, de cunho biológico e social, uma afirmação calcada em teses científicas da época, de que a hereditariedade e o meio social influem poderosamente no indivíduo a ponto dele não ter independente direito de plena escolha.
Gostaria de comentar mais, contudo faz muito tempo que li a referida obra e, portanto, não me recordo de aspectos mais válidos e importantes a citar.