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Moby Dick (Herman Melville)

Anica

Usuário
E lá vem a Cosac Naify com mais um objeto de desejo caro (preço sugerido por enquanto é de 100 reais, a saber). Lançamento previsto para 15 de maio.

Esta nova tradução se vale da longa experiência acadêmica da tradutora Irene Hirsch com a obra do autor (mestrado na USP sobre traduções de Moby Dick (1851) no Brasil; tradutora de Bartleby, O Escrivão) e de um minucioso trabalho de cotejos e pesquisa de vocabulário náutico por parte do tradutor Alexandre Barbosa de Souza.
A edição traz ainda um valioso apêndice, elaborado pelo pesquisador Bruno Gambarotto, com três textos fundamentais para a compreensão da obra:
· resenha de Evert Duyckinck, amigo de Melville que acompanhou de perto todas as etapas do romance, publicada em 1851;
· clássico ensaio de D.H. Lawrence, um dos responsáveis pela retomada modernista de Melville, que morreu esquecido (1819-1891), incluído em Studies in Classic American Literature, de 1923;
· trecho do célebre estudo de F.O. Mathiessen, American Renaissance, de 1941, o maior especialista no chamado Renascimento Americano, que incluía Edgar Allan Poe, Walt Whitman e Herman Melville;
· Glossário Náutico ilustrado e uma vasta Bibliografia selecionada e atualizada. O Glossário eliminou a necessidade de muitas notas de tradução para termos técnicos - o que deu destaque às saborosas notas do próprio Melville, que raramente eram reproduzidas integralmente em edições fora dos Estados Unidos.
 
Depois reclamam que brasileiro não lê. Pudera, com preços como esses. :mrpurple:

Anyway, paguei menos de R$10 no pocket com o texto original do livro. Pagar 10x mais por uma tradução seria... insano. Fora que obviamente daria para tirar uns bons R$40 do preço se o livro não fosse de capa dura (como é costume da CN).

Me importa o que está dentro, não a embalagem.
 
Reinhard, mas se fosse um dvd poderíamos falar: Recheado de extras, edição para colecionador.
 
Não é a mesma coisa. Mas, de qualquer forma, o que importa é o filme.

Mas eu estava falando da capa, que encarece demais o livro, não dos ensaios - que, de qualquer forma, podem ser encontrados facilmente por aí também, inclusive na rede, devido às suas datas de composição... e de graça.

E, ainda assim, o que realmente mais interessa aí é o texto do Melville.
 
Eu concordo com você totalmente, Gabriel. Tanto que uns tempos atrás mandei e-mail para um punhado de editoras perguntando por que eles não disponibilizam mass market paperback de títulos famosos (que seja lá O Caçador de Pipas, A Menina que Roubava Livros, etc.). Um livro desses chegaria por menos de 10 reais na livraria e atingiria um outro público, que até então não tinha comprado o título.

O esquema funciona lá fora, acho que só não funciona aqui por uma absoluta descrença das editoras no fato de que brasileiros se importam com o conteúdo. Provavelmente acham que todos os compradores de livros por aqui são fãs da Cosac que ficam esperando quando sairá um novo mimo para enfeitar (literalmente) a estante.

BTW, nenhuma editora me respondeu.
 
Não acho que livro na Brasil seja caro. Isso é um erro que as pessoas cometem e infelizmente será difícil de mudar.

O problema é que para as pessoasgastar dinheiro com livro não vale a pena.
 
Dada a renda per capita daqui, os livros são caros, sim. Vale a pena gastar dinheiro com livro desde que o próprio livro valha a pena. Mas também não dá pra esperar que se pague qualquer preço que colocam porque "é a única opção".

E esse mesmo livro do Melville, com capa dura, no original sairia mais barato que a versão nacional. Claro que uma das diferenças é que aqui é preciso pagar a tradução, mas do jeito como a profissão de tradutor é pouco valorizada e mal-paga, duvido que o que tenha encarecido o livro tenha sido o pagamento do tradutor. Continuo apostando na capa.

Será que é tão complicado fazer edições mais baratas? As pessoas que reclamam da vendagem de livros de R$100 não tem noção da condição financeira da maioria da população. É óbvio que livros assim não vão vender feito água aqui. Nem nos EUA e na Europa livros que custam isso vendem desse jeito, imagina aqui. Se querem vender mais, que se barateiem os livros. E não adianta fazer livro pocket com preço de brochura (como a L&PM faz): tem que ser pocket com preço de pocket, papel jornal, etc. Vide a Penguin Classics e a Wordsworth: as edições mais baratas do mercado, e isso que a Wordsworth ainda tem uma introdução e notas feitas por especialistas nas suas edições. E tudo isso pelo equivalente de R$10 aqui!

É de se pensar o porquê, não?
 
É bem por aí. Não só não arriscam nesse tipo de formato, como ainda reclamam que o problema é que brasileiro não compra livro. O problema não é que não compramos livros, a questão é que mais e mais as editoras têm transformado os livros em objeto de desejo (puro fetiche) deixando de lado que as pessoas que lêem de fato (ou seja, que comprarão os livros) comprariam o livro xumbrega.

Edições estilo Cosac são para colecionadores, antes de tudo. Não para leitores de fato. E eu sei disso porque me encaixo nos dois grupos, e às vezes compro livros que já tenho/li só porque saiu uma edição bonitona. Mas eu fico aqui pensando: se grandes títulos chegassem ao mercado por um preço mais baixo (por ter um material inferior), eu teria oportunidade de comprar MAIS livros.

Não digo que toda editora deveria lançar só paperbacks, mas pelo menos ter uma edição dos mais vendidos em brochura/capa dura E em paperback seria legal. Eu sempre cito o caso do Anansi Boys, que acabei comprando importado em paperback mesmo: a Conrad vende o livro por algo em torno de 40-50 reais, e é uma brochura básica, inclusive nem é com aquele papel mais amareladinho (pólen, né?) que eu gosto. Comprando o paperback importado eu gastei menos de 10 reais.

E faz diferença para mim que meu Anansi seja em papel jornal? Nenhuma. Até porque ao contrário de um monte de gente que ficou esperando o preço do livro baixar um tanto, ou que simplesmente abriu mão do livro porque 40 reais era muito, eu comprei e já li o meu. Voltando para o ponto inicial que o Gabriel colocou: o texto é SEMPRE o mais importante em um livro.
 
Primeiro que livro realmente não é caro. Uma pessoa gasta mais em crédito de celular do que em livro. Gasta mais na pipoca do cinema do que em livro. É tudo uma questão de escolha. Não estou falando deste livro específico do Melville, esse tá caro mesmo.

A Cosac não é ponto de referência. Eles não precisam ganhar dinheiro. Os livros deles são para serem uma obra de arte, não só pela qualidade do texto, mas pele edição, capa, papel. Fetiche mesmo.

Se fosse fácil eu já teria feito. Mas é dificil encontrar papel jornal, as gráficas cobram caro, tem o gasto com tradução, revisão, distribuição e a porcentagem da livraria e distribuidora. Somando tudo, não tem como baixar o valor, pelo menos não a Arte & Letra que é uma editora pequena. Ainda não descobri qual é a solução.

Sem dúvida o texto é sempre mais importante, mas quando fiz o Cartas de Tolkien em papel branco para ficar mais em conta, muita gente reclamou que não era naquele "amarelinho". Enfim, a coisa não é tão simples assim.
 
Claro que a Cosac é um caso à parte e concordo contigo, Thiago, já que a meta dela é fazer só livros de luxo. Mas mesmo em outras editoras, sem essa meta e sem produtos com essa embalagem, os preços ficam quase no mesmo patamar.

Dá pra entender quando isso ocorre com uma obra cujos os direitos autorais devem ser comprados e devem ser consideravelmente caros, mas não dá pra entender quando é com obras de domínio público. Já é um gasto considerável a menos, as edições não são tão luxuosas como as da Cosac e ainda assim os preços são elevados. Insisto de novo que duvido que tenha a ver com o preço da tradução. Papel de gramatura maior, então?

Seja como for, o que me parece é que a grande maioria das editoras (e editoras grandes, hein?) simplesmente não tem muita noção do próprio mercado editorial brasileiro e depois ainda vêm reclamar do mesmo. Mas pudera, né?

Essas editoras, justamente por serem grandes, teoricamente teriam condições de investir em um plano de tal forma que acabasse resultando em livros com preços menores (= pockets com papel jornal) e ainda dessem lucro (= tiragens maiores): os livros seriam mais baratos, mas com tiragens maiores, a editora recuperaria o investimento logo. Falta vontade de inovar, falta de conhecimento do mercado ou é simples tosquice dos responsáveis? Ou um pouco de tudo?

Claro que a publicação de livros é antes de tudo um negócio e ninguém quer sair por aí se aventurando de qualquer jeito nesse meio com o risco de perder dinheiro. Mas, alôu? A coisa já não tá ruim das pernas na situação atual? Se inovar demais é arriscado, também o é sentar sobre a própria estagnação e reclamar dessa "gente que não compra livros e não lê". Deviam estar pensando por que essa gente não os compra, não? Nenhum problema de mercado vai se resolver sozinho, não adianta.

Mas uma ou outra editora parece já ter se tocado disso. Veja a Companhia das Letras, por exemplo. Os livros normais dela costumam custar um preço considerável, na faixa de uns R$40 a R$50 em média; o acabamento é bom assim como o papel, que é o amarelo. A qualidade das traduções também é boa. E o que ela resolveu fazer? Lançou uma linha com vários dos mesmos livros já lançados nesse formato normal em formato de "bolso", numa roupagem mais enxuta, capa e papel mais simples (mas esse último ainda amarelo, apenas de uma gramatura menor). Como exemplo, o livro Além do Bem e do Mal, do Nietzsche, custa R$42 na edição normal da Cia. das Letras e o mesmo livro, na edição de bolso, custa R$19,50! É uma diferença considerável. E é simplesmente o mesmo conteúdo nos dois livros. Só não comprei esse e o Humano, Demasiado Humano porque já havia comprado as edições normais quando saíram pela primeira vez, anos atrás, e eram mais baratas, cerca de R$25 na época. Mas tem a inflação, etc, etc. Porém, comprei O Nascimento da Tragédia em edição de bolso e economizei belos R$18. E se lançaram o resto das obras de Nietzsche nesse formato, comprarei também, mesmo as outras que já tenho de outras editoras, pois além do preço compensar, a tradução é um primor.

Quem dera outras seguissem esse exemplo.
 
Poisé, Thiago, quando falo das opções é seguindo essa linha que o Gabriel comentou. Tem editora que tem lá uma penca de títulos no catálogo que garantiriam uma arriscada ou outra (aliás, jamais incluiria a Arte&Letra na minha crítica às editoras, primeiro porque sei que ainda não é uma das grandes que dominam o mercado, assim como o esforço para agradar o público - vide o caso da capa d'As Cartas), investindo em formatos/qualidade diferentes que talvez baixassem o valor do livro (como no caso da Companhia das Letras, tinha esquecido do Companhia de Bolso, bem lembrado, Gabriel).

Só que se você for ver, a maioria lança o livro e fica por isso mesmo. Só de considerar que lá fora eles têm uma lista de mais vendidos só para paperbacks dá para entender como é importante ter essa opção por aqui também. Até porque lançar em paperback um título que já caiu no esquecimento é um jeito de "re"lançar a obra (na minha opinião, é o que explicaria O Alquimista na lista dos mais paperbacks mais vendidos lá nos Estados Unidos, hehe).

Mas enfim, essa do papel jornal ser mais caro quebrou minhas pernas. Por razões óbvias sempre achei que o papel seria mais barato. Você poderia nos contar em média quão mais caro sai o papel jornal (e qual a explicação que dão para sair mais caro? o_O)?
 
A não ser, claro, que o papel jornal seja mais caro aqui no Brasil. Aí não teria mesmo o que se fazer. Mas ainda assim continuaria valendo o exemplo da Companhia de Bolso, onde o papel não é jornal mas é bom, apenas mais fino que os das edições normais. E o preço cai.

Porém, a Companhia das Letras também é uma editora grande, o que pode explicar certa facilidade para algumas iniciativas. Mas acho que nada impede que outras editoras grandes sigam o exemplo dela.
 
Na verdade não estava discordando de vocês. (só no ponto que livro é caro e também não vi nenhuma crítica a Arte & Letra) Acho que se as grande editoras fizessem um esforço, seria possível livros preços melhores. Outra coisa que atrapalha bastante são as grandes redes de livraria. Elas acabam ditando o preço através da porcentagem que exigem das editoras.

A Cia das Letras é uma grande contradição. Ela começou com os livros de Bolso (com títulos ainda em catálogo na "versão normal"), mas seus livros são os mais caros do mercado. Semana passada a Rocco fechou um acordo com a LP&M para fazerem juntos livros dos títulos da Rocco em formato de Bolso. Acho que a coisa está começando a melhorar nesse sentido.

Sobre o papel jornal, é uma loucura o que acontece. Na verdade as gráficas não trabalham com esse papel (provavelmente a demanda não é suficiente e ninguém produz em quantidade) já tentei usá-lo mas não consegui. O papel reciclado é mais caro que o papel normal. Loucura.
 
Mas o grande lance da Companhia das Letras é justamente dar a opção de se comprar um mesmo livro mais barato. Quem quiser e puder comprar as edições normais, vai comprar essas, quem não puder, fica com as de bolso. O problema é quando nem há essa opção, como acontece nas outras editoras: ou compra a única opção cara que tem, ou fica sem livro.

Quanto ao papel... é, o que dizer, né? Estando onde estamos, não me surpreende nada essa atitude. Contudo, talvez as gráficas mudassem essa política se houvesse a demanda - e aí voltamos justamente a toda a discussão do tópico e à iniciativa das editoras grandes.
 
O preço sugerido é de 100??? Eitaaa...ainda que é sugerido,
abaixar não vai rsrs...olha não é caro se formos ver, eles estão retraduzindo um clássico, e pelo o que vejo dessa vez terá uma série outras coisas, pra quem é fã isso é um prato cheio, eu confesso que sou muito fã de Moby Dick, desde suas adaptações pra filme e tdo mais!!! =D
 
Na saraiva já está por 66 royals, nesse caso já é um preço justo (pelo menos para a quantidade de coisa extra que o livro apresenta). Enfim, para quem ficou curioso, a cosac disponibilizou a leitura do capítulo 85 em pdf -> http://www.cosacnaify.com.br/capitulos/mobydick_cap85.pdf
 
Mesmo sendo cara pacas, o trato que essa edição teve e o prazer da leitura compensão. A tradução é perfeita, cada linha combina perfeitamente com o original em inglês. Se alguém quiser juntar uma grana para adquiri-lo, recomendo 100%.

PS. Comprei pela Siciliano, saiu por R$ 65 e frete grátis.
 
Eu comprei um (não com essa tradução, claro :g: ) por cinco reais. Ó, nem é pocket ou resumão.
 
Não to aqui nem pra falar sobre o livro em si, mas pra concordar com o que a Anica disse. Isso faria ela comprar mais livros, e faria eu comprar livros pra mim.=B
Pois os que eu quero pra minha pura diversão, geralmente, acabam sendo comprados pra dar de presente pra alguém.

E sobre esses livros de luxo: realmente são lindos e coisa de colecionador MESMO. Espero nesse ano dar de Natal pro meu namorado o livro do Dom Quixote com ilustrações do Salvador Dalí, que custa uns R$ 250, e não me importo de pagar esse valor por um livro desse "naipe".

Provavelmente, eu só vou parar de reclamar do valor dos livros "normais", quando eu tiver dinheiro pra poder comprá-los, porque nem tenho esperança que alguma editora faça essas edições mais baratas ou que baixem o preço de seus livros.
 
Sei que o tópico é sobre Moby Dick, mas a discussão lateral parece ter dado mais frutos. Achei essa notícia (de 2005!), elucidando alguns pontos:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/noticias/gd140405a.htm

14/04/2005
Editoras líderes investem em livros de bolso para ampliar público

Fique de olho no seu bolso. A nova é que desta vez não querem tirar nada dele. Tem muita gente, e agora é gente grande, querendo é colocar algo aí.

Pela primeira vez em décadas, editoras líderes de mercado se movimentam para investir pesado em um segmento consolidado há mais de meio século em países como os Estados Unidos, a Inglaterra e a França: livros de bolso.

A Companhia das Letras lança no final deste mês os cinco primeiros títulos de seu selo, o Companhia de Bolso, a primeira investida maciça da editora no formato clássico de livros baratos.

Outro projeto, ainda sem data concreta, marcará em breve a entrada da maior editora de livros não-didáticos do país no mesmo segmento. Em parceria com uma das principais empresas do mundo no gênero, a Harlequin Books, a editora Record também entrará dentro dos bolsos.

As duas não serão as pioneiras no Brasil, que teve suas primeiras ações na área com a "Coleção Globo", lançada nos mesmos anos 30 em que o formato "pocket" nasceu nos Estados Unidos empobrecidos pelo Crash de 29. As duas não serão "pioneiras" hoje, já que nos últimos anos ao menos uma editora de médio porte trabalha com sucesso especificamente nesse formato, a gaúcha L&PM, que já ultrapassa os 400 títulos lançados. Mas a entrada de mais duas grandes no jogo aponta para a consolidação do modelo "bom e barato".

A avaliação é de um dos dirigentes da Câmara Brasileira do Livro Marino Lobello. "Quando duas empresas que conhecem tudo de marketing editorial entram nesse segmento, que já vinha apresentando resultados excelentes com a L&PM, é sinal de que o livro de bolso finalmente veio para ficar no Brasil", expressa o vice-presidente da CBL.

Tanto ele quanto editores como Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras, Sérgio Machado, da Record, e Carlos Augusto Lacerda, da Nova Fronteira, que também tem algumas experiências na área, relacionam a cristalização do bolso ao verbete "amadurecimento" do mercado nacional.

"Historicamente, o livreiro não recepcionava bem o livro de bolso. Como os exemplares eram mais baratos ele não demonstrava interesse em receber margens menores por produto. A experiência da L&PM mostra que isso mudou", diz Schwarcz, citando a sua concorrente gaúcha, como faz no folheto que distribui para os livreiros anunciado o novo selo.

O editor da Companhia diz que sentiu o boicote dos livreiros aos "pockets" no seu próprio bolso. Em 1993 a editora chegou a tentar implementar o formato com o lançamento de edições baratas de "Agosto", de Rubem Fonseca.

O livro não chegou a encalhar, mas a editora embolsou o projeto de seguir adiante com os "pocket books" (palavra que apesar da pouca tradição do livro de bolso no Brasil está há tempos no "Dicionário Aurélio").

O mesmo "Agosto" é um dos que devem voltar ao bolso no novo selo da Companhia. O título está entre os "sete ou oito" que a editora pretende lançar ainda neste ano no formato.

Rubem Fonseca também faz parte de outra iniciativa da editora de "barateamento" de seus livros. Um volume com 64 contos do mestre do policial brasileiro está na coleção de contos lançados pela Companhia em 2004.

Assim como nessa série, que inclui, entre outros, seletas de contos feitas por Italo Calvino, os exemplares da Companhia de Bolso não têm orelhas, são impressos em papel de gramatura um pouco mais baixa e têm direitos autorais negociados com porcentagens menores. Outra familiaridade das coleções é que suas capas são obras do mesmo designer, o australiano Jeff Fischer.

Se na sua coleção a empresa está incluindo alguns de seus maiores sucessos editoriais, como "Estação Carandiru", de Drauzio Varella, na aparelhagem de bolso da Record entrarão títulos inéditos.

A editora HR, nome da joint venture da empresa com a americana Harlequin, também se diferenciará da Companhia de Bolso pela faixa de preço em que pretende atuar: de R$ 4,90 a R$ 9,90 (a concorrente começa operando entre R$ 16 e R$ 22).

Tanto Record quanto Companhia pretendem fazer com que seus pockets não fiquem restritos às livrarias. Seguindo a experiência da L&PM, que tem mais de 1.500 displays com seus títulos à venda em pontos como bancas de jornal e supermercados, as duas gigantes deverão buscar pontos-de-venda alternativos.

"Queremos fazer livros a preços atraentes com distribuição de massa", diz Sergio Machado, da Record. Segundo ele, o mercado de livros de bolso "depende da renda da classe média para florescer". "No Brasil, devido aos impostos e compromissos fixos, como celular, internet e TV a cabo, a renda disponível da classe média anda muito comprimida. Antes era a inflação, agora é a renda."

Carlos Augusto Lacerda, da Nova Fronteira, que publica títulos do policial Georges Simenon em bolso em parceria com a L&PM e que tem coleções pocket de peças de Nelson Rodrigues e de Antonio Callado, acredita que o mercado está pronto para o desafio.

"A grande virtude do pocket é o potencial de massificação. Ele atende a demanda contingenciada por poder aquisitivo, que não se importa em ler livro que já saiu há tempos, mas está em edição digna e barata. A massificação passará pelo pocket."

A massificação não é vista por todos como empobrecimento editorial. Fernando Gasparian, da Paz e Terra, diz que a editora tentou fazer livros "o mais barato possível" quando começou neste segmento, em 1995, mas que o público não aprovou experiências como o papel jornal. "As pessoas não gostam de coisa muito barata", afirma o editor.

CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo
 

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