Lucas_Deschain
Biblionauta
[align=justify]Talvez essas considerações de Melville sejam indícios de que ao falar sobre as viagens marítimas propriamente ditas, o autor estaria não só as celebrando em seu valor material de obtenção de riquezas e de aventuras; mas que "fazer-se ao mar" era literalmente produzir-se enquanto indivíduo e enquanto ser de carne e com alma através das experiências que o mar proporcionava. Viajar era a forma de sentir-se vivo, de sentir-se humano, de manter-se vigilante sobre as armadilhas da modorrenta vida em terra, da monotonia protocolar e de mentalidade estreita do puritanismo que infestava as terras onde Melville pisava. A vida do autor está impregnada dessa necessidade de trabalho monótono para obtenção de renda que ameça seus planos de fuga marítima.
"Fazer-se ao mar" talvez pudesse ser modificado de leve na sua gramática mas profundamente na sua semântica por "Fazer-se no mar", ou seja, constituir-se por meio das experiências, privações, promissoras manhãs, ameaçadores noites, desafiadoras tempestades, pelo fazer-se contínuo da atividade baleeira. Romper com a terra não era simplesmente deixar de pisá-la, mas desligar-se de um mundo impregnado de valores, modos de vida, hábitos, regras, costumes, condutas, sistemas morais e de valores diversos que desagradava profundamente Melville, vide Bartleby. Viajar era resistir ao enquadramento monótono de tornar-se mais um em meio a multidão.
Engraçado é que, pensando desse modo, Ahab seria não um destino fatalista de condenção praticamente iminente, mas o arauto de um universo a parte, onde as regras são outras. Ahab seria um libertador!
Bá, cada vez que penetramos mais nas camadas e camadas de referências de Moby Dick, mais nos tornamos Ahab's em torno do propósito obssessivo de capturar a nossa Moby: a compreensão profunda do livro.[/align]
"Fazer-se ao mar" talvez pudesse ser modificado de leve na sua gramática mas profundamente na sua semântica por "Fazer-se no mar", ou seja, constituir-se por meio das experiências, privações, promissoras manhãs, ameaçadores noites, desafiadoras tempestades, pelo fazer-se contínuo da atividade baleeira. Romper com a terra não era simplesmente deixar de pisá-la, mas desligar-se de um mundo impregnado de valores, modos de vida, hábitos, regras, costumes, condutas, sistemas morais e de valores diversos que desagradava profundamente Melville, vide Bartleby. Viajar era resistir ao enquadramento monótono de tornar-se mais um em meio a multidão.
Engraçado é que, pensando desse modo, Ahab seria não um destino fatalista de condenção praticamente iminente, mas o arauto de um universo a parte, onde as regras são outras. Ahab seria um libertador!
Bá, cada vez que penetramos mais nas camadas e camadas de referências de Moby Dick, mais nos tornamos Ahab's em torno do propósito obssessivo de capturar a nossa Moby: a compreensão profunda do livro.[/align]