Eu só li a primeira parte do primeiro livro (basicamente metade rs) e adorei, na época estava pra sair (em inglês) o sexto volume, e fiquei naquele afã de ler tudo de uma vez só - já dá pra ver que falhei, mas não por culpa do livro...
Enfim, li também dele o Outono que a cia. logo vai publicar, e adoro a escrita dele, ela é econômica, vibrante, com uma riqueza de detalhes reconstruídos a partir da memória tão vívida que até hoje lembro de várias cenas (motivo, além da primeira parte ter fechado bem em um momento e a segunda pular significantemente no tempo, que eu não penso precisar reler do início pra continuar a leitura rs).
Outra coisa que gostei é que ele escrutina a si mesmo tão a fundo sem medo de julgamentos ou pudor, e isso dá uma sensação de estarmos lendo sobre uma pessoa de verdade, com seus acertos e erros (erros que ele não justifica, com anseio de ser aceito, mas apenas os apresenta).
Já vi gente comparando-o a Proust, mas seria um erro. Dá pra ver a tentação da comparação - escrita memorialista etc. Mas ela para por aí, e exigir que Knausgaard entregue o que Proust entrega não é justo, os projetos de ambos são diferentes, se esse serve-se de uma linguagem convoluta cheia de digressões para representar a mutabilidade da memória, aquele usa construções simples, com a ideia de demonstrar um ser humano simples como qualquer outro, com suas pequenas lutas internas, mas que expostas com precisão eloquente, elas são justificadas como dificuldades e sentimentos reais.
É um projeto muito interessante, que tenho grande vontade de continuar acompanhando, com esperança da qualidade se sustentar. Por enquanto recomendo