• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Marcos Ponte, o primeiro astronauta Brasileiro

Fingolfin disse:
Sem dúvida nenhuma é um fato histórico para o Brasil ter um astronauta mas eu não sei se eu quero que meu país invista em um programa espacial enquanto milhões de pessoas passam fome na vida.
Não é bem por aí, e acho que a Prímula rebateu isso muito bem, porém tenho ressalvas. Eu ainda não ví um motivo substancial para se enviar um brasileiro ao espaço, quando esse investimento poderia ser melhor utilizado no próprio programa espacial. O único benefício que eu vejo é o do marketing para o próprio programa, mas acho um benefício bem discutível. E tenho poucas dúvidas que o destaque e importância estão sendo exagerados.

edit:
E além do mais, como já disse o Peregrin, o pagamento de 10 milhões para o envio do astronauta agora em 2006, retrata não um avanço mas um retrocesso no programa espacial, visto que o acordo de investimento que culminaria no envio do astronauta mais à frente e a uma real evolução dentro do campo espacial, não foi honrado. Mais uma vez o Brasil fez feio e isso foi uma maneira fácil de dar a volta.
 
Última edição:
Peregrin disse:
E sim, foram experiências completamente inócuas
As experiências podem ser inócuas, mas por trás delas tem todo um conhecimento que o país adquiriu. Não basta levar a experiência para o espaço, tem que garantir a segurança e agora temos certificação no país para fazer isso, sem depender de outros países. Mesmo que não seja um astronauta brasileiro levando as próximas experiências, nossos pesquisadores podem encaminhar para um laboratório nacional suas pesquisas para que a segurança seja atestada. Isso não é inócuo. Precisamos enxergar além do óbvio.
 
Bruce, o LIT (Laboratório de Integração e Testes) realizou os testes de segurança dos experimentos da missão. É necessário garantir que a segurança da tripulação não seja colocada em risco (os astronautas não podem fugir pela escotilha se alguma coisa vazar ou explodir). Geralmente, os testes de segurança são feitos nos EUA ou em outros laboratórios especializados e o Brasil não tinha conhecimento suficiente. Obviamente, houve participação de uma comitiva russa no Brasil para avaliar os testes (notícia) e posteriormente, revalidados na Rússia (notícia).

Ter um laboratório nacional capaz de realizar esse tipo de teste, com todo o sigilo necessário, é uma conquista para os pesquisadores brasileiros. Isso é um avanço, a despeito de qualquer coisa que os outros possam dizer.
 
Última edição:
Ok, alguma coisa no pacote que valeu a pena. Mas não que para isso o brasileiro tivesse que ir para o espaço, né.


Aliás, a notícia não abriu.
 
Ok, Tisfão. Eu talvez não tenha conhecimentos científicos suficientes pra julgar as experiências do nosso "homem das estrelas". Aliás, talvez não tenha, não... eu não tenho! E por isso mesmo não consigo ver no que vai nos ser útil gastar dezenas de milhões em um monte de experimentos com microgravidade. Na minha visão limitada de ciência, a única que ainda me despertou um certo interesse foi a da radiação.

Me baseio no que li... nos prós e nos contras. Nos contras da SBPC, do Ronaldo Mourão e de mais um bando de gente aí.

Tudo bom, tudo bem.. eu estou errado e as experiências foram válidas, vão representar um grande avanço às pesquisas científicas no Brasil etc etc. Mas sério, fica a minha pergunta: e depois? e aí? Adianta você mandar o cara pro espaço se aqui não há investimento em pesquisas? Adianta o Lula ficar gastando satélite pra bater papo com o starman lá pra não cumprir o que promete e aumentar a porcentagem do PIB em pesquisas pra 2%?

E sem essa de que a ida dele vai gerar um interesse maior, e daí os investimentos vão aumentar. Não é assim que a banda toca. No meu limitado entendimento, o certo seria o contrário... ou não? Você investe, banca a infra-estrutura, e aí começa a dar seus passinhos, não é assim? Ou a gente coloca o filho na faculdade antes de bancar o ensino fundamental dele?
 
Enfim, como o Tisf insistiu bastante, vou dar um pitaco :dente:

Sobre o Astronauta ou Cosmonauta (prefiro esse segundo), o que eu já comentei com o pessoal e repito é o seguinte: Sim, ele é muito bom, é claro, senão não teria chegado até aqui.

Só que desde o começo das crises na "parceria" brasileira com a ISS, ele tomou a frente fazendo lobby, algumas vezes até indo ao congresso, e não nego que pelo menos uma vez ele até defendeu o *resto* do programa (lançadores, satélites e campo), mas no final ele simplesmente deixou de lado o programa espacial brasileiro, e pensou no que era melhor para ele.

Tá certo que se a parceria ainde existe, mesmo que meio capenga, é só pelo trabalho do Pontes.

O problema é que a verba do programa espacial não é, ou pelo menos não deveria ser usada só para satisfazer o ego de uma pessoa. E quem deveria frear isso é a AEB, só que parece que de espaço ela não entende nada. :blah:

________________

Enfim, aí alguém até pode dizer que ele tá aprendendo muita coisa nos EUA, e que voltando para o Brasil ira ajudar o programa.

...senta que lá vem história...

O que eu posso dizer é o seguinte: em agosto/setembro de 2004 o IAE estava realizando as reuniões críticas do projeto do foguete VSB-30, e nelas participavam representantes do CTA, IAE, INPE, DLR (agência espacial alemã) e da Agência Espacial Brasileira... ok, talvez até mais gente, mas os mais importantes eram esses.

Nessas reuniões todo o projeto é revisto por pessoas que não participaram diretamente da concepção, mas que têm experiência na área espacial, para buscar possíveis falhas que ainda não tenham sido vistas, afinal quando você passa muito tempo em cima de um projeto, acaba não vendo mais certos detalhes.

Enfim, o Pontes participou como representante da AEB, e todo mundo tava esperando que ele desse muitos palpites no projeto, levantasse questões polêmicas e etc., pois ele era "O" Astronauta brasileiro, com 6 anos de experiência na Nasa e blá blá blá.

Resultado: As questões polêmicas realmente surgiram, mas o Pontes entrou mudo e saiu calado da reunião.


Bem, eu ainda era um "defensor" dele lá no trampo, mas depois dessa ficou difícil explicar qual era a vantagem para o Programa de termos um astronauta: não ajuda o IAE no desenvolvimento dos foguetes e lançadores, não ajuda o Inpe no desenvolvimento dos Satélites e não ajuda Alcântara e Barreira do Inferno nas melhorias nos campos.

Alguém ainda podia dizer que talvez ele pudesse voltar para o Brasil e montar um tipo de "Escola de Astronautas" mais ou menos como a China fez... só que se você observar o [SIZE=-1]Programa Cruzeiro do Sul, que é o que dita quais caminhos devemos seguir (foguetes), e bate com os objetivos do Inpe com os satélites, ninguém sequer fala em foguetes tripulados.

O objetivo máximo do programa é simplesmente ter um foguete nacional que consiga satelizar um satélite geoestacionário nacional a partir de um campo em território nacional. Nada de astronauta.[/SIZE]


E no mais, com a Missão Centenário, o Pontes já tem crédito de sobra pra ou virar Brigadeiro ou ir direto pra reserva. E em ambos os casos ele simplesmente deixaria o programa espacial.


_________________________________


Sobre as experiências, elas são relativamente simples porque o Anúncio de Oportunidades foi feito às pressas, e pouquíssimos cientistas tinham como preparar algo mais complexo pra mandar pra Estação.

Experiências porretas mesmo são feitas no programa de microgravidade da AEB, basicamente com os foguetes do IAE :mrgreen:. Quem quiser ter uma idéia, pode baixar aqui um PDF com os resultados finais do Anúncio de Oportunidades[SIZE=-1] da Operação Cumã, que foi a última feita antes do acidente com o VLS. Eles provavelmente serão repetidos na Cumã-2, em Setembro.

Pra quem não quiser ver o PDF, tá aqui algumas delas com a descrição:

-Avaliação dos mecanismos de reparação do DNA em ambiente de baixa gravidade:
[/SIZE]
[SIZE=-1]-Estudo da reparação do DNA sobre radiação UVA (375 nm) em microgravidade
-Qualificação do Irradiador de UVA. (facilidade)

[/SIZE]
-Desenvolvimento do dispositivo DMLM II e análise da ação da invertase presente em células de Saccharomyces cerevisiae:
-Estudo sobre desempenho de enzimas em microgravidade
-Qualificação do Dispositivo Misturador de Líquidos em Microgravidade (DMLM II). (facilidade)
-Sistema de medidas de acelerações espaciais (SMAE):
-Monitoramente de acelerações em ambiente de microgravidade
-Qualificação do SMAE (facilidade)

-Micro tubos de calor para controle térmico de componentes eletrônicos de satélites:
-Estudo de fenômenos térmicos e de transporte
-Qualificação dos microtubos de calor em microgravidade

Bah, chega, quem quiser lê mais no PDF...

O legal dessas experiências é que além da experiência propriamente dita, a operação ia qualificar muitos equipamentos que, funcionando bem, poderiam ser usados até mesmo na ISS!




Só pra concluir, a "última chance" que eu estava dando pro Pontes era pra que ele pelo menos fizesse uma homenagem para as 21 vítimas do Acidente de Alcântara, já que no final o acidente foi o que fez o Acordo Brasil-Rússia decolar.

Bem, não acompanhei tudo que ele falou para a TV, mas estou esperando a tal homenagem até agora. :think:


Ok, seria isso. :cerva:
 
Até que enfim, tava faltando a opinião de um profissional envolvido diretamente na área... Ou teve mais alguém e eu não sabia?

Bom, Mentor, como você seguiu mais ou menos o que eu pensava sobre o assunto e acrescentou mais algumas informações, tô contigo e não abro. :-P
 
Bem, eu ainda era um "defensor" dele lá no trampo, mas depois dessa ficou difícil explicar qual era a vantagem para o Programa de termos um astronauta: não ajuda o IAE no desenvolvimento dos foguetes e lançadores, não ajuda o Inpe no desenvolvimento dos Satélites e não ajuda Alcântara e Barreira do Inferno nas melhorias nos campos.

Então, se eu entendi direito, o Brasil, ou o programa espacial brasileiro, propriamente, ganharam muito pouco com a viagem? E inclusive teve um certo lado egoísta do Pontes (não que isso seja necessariamente ruim)?
 
O ganho maior foi em marketing.

E sim, na minha opinião o Pontes só pensou no próprio umbigo. Espero que pelo menos a partir de agora ele faça algo de realmente útil... :dente:
 
Mentor disse:
Só que desde o começo das crises na "parceria" brasileira com a ISS, ele tomou a frente fazendo lobby, algumas vezes até indo ao congresso, e não nego que pelo menos uma vez ele até defendeu o *resto* do programa (lançadores, satélites e campo), mas no final ele simplesmente deixou de lado o programa espacial brasileiro, e pensou no que era melhor para ele.

Você pensa que os pesquisadores não fazem a mesma coisa? Para qualquer pesquisador a pesquisa DELE é a mais importante (e não dos outros). Além disso...

Mentor disse:
Tá certo que se a parceria ainde existe, mesmo que meio capenga, é só pelo trabalho do Pontes.

Touché!

E cadê o dedo de todo o resto dos responsáveis pelo programa espacial brasileiro nesse esforço, hm? Tipo, eles tem 437 milhões, devia haver uma porrada de gente preparada para ir para o espaço (outros astronautas) para meter o pau sobre os 10 milhões para pagar a passagem desse cara.

O problema é que a verba do programa espacial não é, ou pelo menos não deveria ser usada só para satisfazer o ego de uma pessoa. E quem deveria frear isso é a AEB, só que parece que de espaço ela não entende nada. :blah:

Você critica a AEB por não ter freado o astronauta, e depois diz que a entidade não entende nada. Esse ponto é importante: não temos muitos entendidos no assunto "foguetes", na verdade dá para contar nos dedos da mão. Menos ainda temos entendidos para andar num foguete, ou seja, astronautas...

Se há apenas esse astronauta, e ele apenas pode julgar se é abusivo ou não seu projeto :roll:

Epa epa epa...! Isso não pode. Temos de ouvir uma opinião imparcial.

Onde você arranjaria um outro astronauta para julgar o caso do astronauta? Olha fiz umas simples gedankenexperiments, nós ia chiar com a opinião de gente de fora. (desconfiaríamos das opiniões "imparciais" fosse de americano, russo, japonês...)

Ou seja, precisamos de outros astronautas aqui.

Mas oras! Só tem o ponte. Provavelmente foi só interesse pessoal para não deixar esse projeto (como se todas as outras pesquisas não fossem isso também: um interesse pessoal em determinado ramo da ciência) morrer.

Então como só temos ele e ele não pode se auto-julgar... então não tenhamos nenhum?

Isso não é meio paradoxal com dois parágrafos acima?

Tem algum outro que teimou como ele? Que possa realmente contestar "porque ele e não eu?!?"

A esta altura do campeonato já devíamos ter achado outro ponte... digo, se você trabalha em jornalismo científico, mentor, você já devia ter achado essa "segunda opinião" este segundo astronauta que podia estar no lugar do pontes, que podia contestar a ida do brasil ao espaço.

O que eu vi, foi no máximo o que vi foram cientistas que não estão interessados em fazer experiências em microgravidade dizendo "mas tinha de haver alguma segunda opinião".

O que eu posso dizer é o seguinte: em agosto/setembro de 2004 o IAE estava realizando as reuniões críticas do projeto do foguete VSB-30, e nelas participavam representantes do CTA, IAE, INPE, DLR (agência espacial alemã) e da Agência Espacial Brasileira... ok, talvez até mais gente, mas os mais importantes eram esses.
(...)
Enfim, o Pontes participou como representante da AEB, e todo mundo tava esperando que ele desse muitos palpites no projeto, levantasse questões polêmicas e etc., pois ele era "O" Astronauta brasileiro, com 6 anos de experiência na Nasa e blá blá blá.

Resultado: As questões polêmicas realmente surgiram, mas o Pontes entrou mudo e saiu calado da reunião.

Interessante... se queriam opiniões a respeito de mobilidade da tripulação em situação de emergência do tipo "preciso alcançar aquele botão, enquanto estou sendo esmagado com a aceleração do lançamento" realmente é estranho ele não ter dado palpite.

agora, se você (ou os chegados que te convenceram) queria que ele desse palpite no PROJETO dos foguetes...

Imagine você-engenheiro, e depois tivesse sido treinado para ser apenas o motorista. Se você realmente vir um erro de projeto CRASSO (daqueles que até quem não tinha familiaridade com o projeto, assim que bate o olho enxerga), acho que você pode dizer "meu, isso vai explodir!", apesar dos anos sem praticar engenharia.

Agora se você quer que ele dê palpite em detalhe do projeto... tipo, os americanos pediram para Richard P. Feymann ver por que a Challenger explodiu. E só ele percebeu que o problema foi um anel de borracha (!!!) imerso em um copo de água com gelo (borracha não é mais elástica como ante). E isso porque o prêmio Nobel de 1965 tinha uma pista do problema, afinal todo mundo viu que pedaço da challenger explodiu (e havia aquela fumacinha saindo do tanque de gases)

Pois então... seus chegados não tão querendo coisa que na verdade NÃO É DA ALÇADA do cara não? (e MESMO se desse seu palpite não seria o caso de ser sumariamente ignorado?)

Pois você mesmo comenta que os detratores se enfocam nisso: desenvolvimento de foguetes:

Bem, eu ainda era um "defensor" dele lá no trampo, mas depois dessa ficou difícil explicar qual era a vantagem para o Programa de termos um astronauta: não ajuda o IAE no desenvolvimento dos foguetes e lançadores, não ajuda o Inpe no desenvolvimento dos Satélites e não ajuda Alcântara e Barreira do Inferno nas melhorias nos campos.

Espera aí... isso são atribuições de astronauta? Seus chegados te confundiram bem, mentor!

Alguém ainda podia dizer que talvez ele pudesse voltar para o Brasil e montar um tipo de "Escola de Astronautas" mais ou menos como a China fez... só que se você observar o [SIZE=-1]Programa Cruzeiro do Sul, que é o que dita quais caminhos devemos seguir (foguetes), e bate com os objetivos do Inpe com os satélites, ninguém sequer fala em foguetes tripulados.

E isso (de ninguém falar de foguetes tripulados) também é culpa do ponte? :ahn?:

O objetivo máximo do programa é simplesmente ter um foguete nacional que consiga satelizar um satélite geoestacionário nacional a partir de um campo em território nacional. Nada de astronauta.

Que bom que agora quem sabe, pensem um pouco em treinar mais astronautas, não?

Tipo... com tudo isso, você acha estranho ele ter ficado quieto com tanta gente falando de vôos não tripulados, e ele sendo "o idiota que quer" um vôo tripulado? Ainda mais que como você muitos iam só enxergar "ah ele só quer ficar flutuando".

E no mais, com a Missão Centenário, o Pontes já tem crédito de sobra pra ou virar Brigadeiro ou ir direto pra reserva. E em ambos os casos ele simplesmente deixaria o programa espacial.

Agora estamos no reino das conjecturas... Se ele seguir o mesmo caminho de diversos professores pesquisadores que conheço, o problema vai ser convencer ele a parar de trabalhar, mesmo forçando aposentadoria. Mas da mesma forma que tu, eu estou conjecturando que ele morra de ataque cardíaco enquanto trabalha de domingo... (foi o que aconteceu com dois professores meus aposentados, mas dando aula e fazendo pesquisa)

Sobre as experiências, elas são relativamente simples porque o Anúncio de Oportunidades foi feito às pressas, e pouquíssimos cientistas tinham como preparar algo mais complexo pra mandar pra Estação.

E tipo, é culpa do cara que se esforçou para mandarem ele às favas... digo, isso sempre devem ter feito com ele (imagina! que idiotice querer virar astronauta), da incredulidade da comunidade científica de que teríamos mesmo um brasileiro no espaço, etc?

Experiências porretas mesmo são feitas no programa de microgravidade da AEB, basicamente com os foguetes do IAE :mrgreen:.

olha, eu sei que são experiências do caramba.

E eles também esbarraram no mesmo problema do ponte nesses 10 anos: pra que precisamos de foguetes, blablabla... Tipo, há algumas décadas era impensável fazer essas experiências, por causa da "inutilidade" aparente.

Agora, você me diz: já temos tudo isso, para que o astronauta?(?!?)

Simples: eu não duvido que todos esses cientistas quisessem ter a certeza do elemento humano para ajeitar a amostra só no caso ter escorregado. Eu não duvido que eles quisessem ter TEMPO maior que o obtido por esses foguetes fornecem (4 minutos... um pouco maior que os aviões em queda livre de antigamente, claro)

Eu não duvido que esses cientistas queiram mandar outra vez uma segunda amostra para ter certeza dos resultados, e a fila de espera é enorme, mas como tem prioridade só vão pagar um "pouquinho mais" para tentar de novo.

E da mesma forma que qualquer coisa na vida, ajudava muito se tivessemos algumas alternativas além dos foguetes. Principalmente se o tempo de execução da experiência for tão grande quanto o pode ser feito dentro de uma estação espacial... o do feijão (ou de qualquer fenômeno embrionário) seria impossível nesses 4 minutos de microgravidade.

Os resultados obtidos para o gel, das enzimas e do DNA são jogadas na sorte: provavelmente não conseguiram o que queriam (a convecção na Terra impede o arranjo ordenado e o movimento das moléculas é absurdamente rápido). Creio que se encaixam no quesito:

relatório disse:
Devido à falha na Operação Cumã não ter possibilitado a obtenção de resultados científicos a todos os experimentos envolvidos, recomenda-se em curto prazo embarcar novamente os mesmos experimentos em uma nova campanha de lançamento

como disse, a falta do elemento humano para corrigir alguma porta-amostra que escorregou do equipamento gera esse tipo de coisa.

De lá para cá, não duvido que a fila aumentou exponencialmente. Quem realmente mexe com isso não reclamou, e como eu tá torcendo para ter mais uma alternativa.

Como eu disse quem reclamou foram cientistas que não mexem com microgravidade. E isso não é surpresa, já que muitos da elite intelectual também se que esquecem que também usufruem dos satélites, da web, da telecomunicação, da globalização para fazer suas pesquisas. O que me lembra que muitos também são contra a globalização (o que nos deixaria em desvantagem em vários aspectos tecnológicos e científicos!) e alguns nem sabem direito porque é tão ruim a globalização... (apesar de usufruirem dela! 8O)

Só pra concluir, a "última chance" que eu estava dando pro Pontes era pra que ele pelo menos fizesse uma homenagem para as 21 vítimas do Acidente de Alcântara, já que no final o acidente foi o que fez o Acordo Brasil-Rússia decolar.

Olha, ele ser simpático por obrigação vá lá (obedecer o chefe, o chefe-mor-Lula, etc.)... mas pedir isso não difere muito daquele recurso da Globo de emocionar a gente a todo custo, novelizando a coisa. Tentaram até usar a família dele!!
 
Última edição:
Hoje eu descubro o limite de caracteres dos posts...


Primula disse:
E cadê o dedo de todo o resto dos responsáveis pelo programa espacial brasileiro nesse esforço, hm? Tipo, eles tem 437 milhões, devia haver uma porrada de gente preparada para ir para o espaço (outros astronautas) para meter o pau sobre os 10 milhões para pagar a passagem desse cara.
Responsáveis? Olha, se o acordo pro lançamento do Pontes foi feito nos mesmos moldes daquele acordo feito com a Rússia pra revisar o projeto do VLS, não houve nenhuma pessoa, digamos, técnica pra dizer se aquilo era algo bom ou simplesmente um gasto a mais. Simplesmente foi um acordo político: "Vocês pagam um tanto, a gente lança seu astronauta e todo mundo fica feliz".



Primula disse:
Se há apenas esse astronauta, e ele apenas pode julgar se é abusivo ou não seu projeto

Epa epa epa...! Isso não pode. Temos de ouvir uma opinião imparcial.

Onde você arranjaria um outro astronauta para julgar o caso do astronauta? Olha fiz umas simples gedankenexperiments, nós ia chiar com a opinião de gente de fora. (desconfiaríamos das opiniões "imparciais" fosse de americano, russo, japonês...)

Ou seja, precisamos de outros astronautas aqui.

Mas oras! Só tem o ponte. Provavelmente foi só interesse pessoal para não deixar esse projeto (como se todas as outras pesquisas não fossem isso também: um interesse pessoal em determinado ramo da ciência) morrer.

Então como só temos ele e ele não pode se auto-julgar... então não tenhamos nenhum?

Isso não é meio paradoxal com dois parágrafos acima?

Tem algum outro que teimou como ele? Que possa realmente contestar "porque ele e não eu?!?"

A esta altura do campeonato já devíamos ter achado outro ponte... digo, se você trabalha em jornalismo científico, mentor, você já devia ter achado essa "segunda opinião" este segundo astronauta que podia estar no lugar do pontes, que podia contestar a ida do brasil ao espaço.
Gostei dessa linha, mas só não concordo que somente mais astronautas poderiam discernir se o projeto é abusivo ou não. Você não precisa ser astronauta pra saber o que um astronauta pode fazer. Um astronauta antes de tudo é um engenheiro, um médico, um biólogo, um geólogo ou várias outras coisas.

Sim, treinar só *um* astronauta é uma coisa no mínimo estranha. Aí é que deveria ter entrado uma AEB ou algo do tipo, já que na época que ele começou o treinamento a AEB talvez nem existisse ainda, e mesmo que existisse, ela só ganhou um pouco de poder nos últimos anos.

A pergunta deveria ter sido: "O treinamento de Astronauta vai nos trazer benefícios? Vai? Mas só treinar um é suficiente? O que devemos adicionar ao nosso Programa Espacial para aproveitar os conhecimentos que o astronauta trará? etc., etc., etc."



Primula disse:
O que eu vi, foi no máximo o que vi foram cientistas que não estão interessados em fazer experiências em microgravidade dizendo "mas tinha de haver alguma segunda opinião".
Ah, mas esses pelo menos eram cientistas. Teve muita gente que não tem nada a ver com o negócio e criticou do mesmo jeito.





Primula disse:
agora, se você (ou os chegados que te convenceram) queria que ele desse palpite no PROJETO dos foguetes...
Acho que você mesmo já deu uma pista da resposta:

Primula disse:
não temos muitos entendidos no assunto "foguetes", na verdade dá para contar nos dedos da mão.
Só o IAE constrói foguetes, só que as revisões Críticas precisam ser feitas por pessoas que não estejam envolvidas no projeto, como eu já disse. Então quem foi convidado eram pessoas que pelo menos tivessem alguma ligação com essa área. E vai negar que o Astronauta não tem uma baita ligação?????

E além disso, ele *tem* que ter no mínimo noção de sistemas de segurança de foguetes, de campos de lançamento, situações de emergência e várias outras coisas. Ele *tem* que conhecer normas da Nasa, do Departamento de Defesa, etc.


Mas tudo bem, se ele não podia ajudar na parte técnica, deveria ter sido pelo menos um tipo de "porta-voz" do programa espacial, e mesmo isso ele nunca foi. Espero que pelo menos agora seja.





Primula disse:
Pois então... seus chegados não tão querendo coisa que na verdade NÃO É DA ALÇADA do cara não? (e MESMO se desse seu palpite não seria o caso de ser sumariamente ignorado?)
Prímula: *Revisão Preliminar de Projeto*, *Revisão Crítica de Projeto*, e outras tantas revisões tem regras muito bem definidas por normas. E qualquer palpite, por mais besta que possa parecer *tem* que ser debatido. E acredite, volta e meia um palpite que a primeira vista parece besta se torna uma dor de cabeça imensa.

Nunca ouviu dizerem que ciência de foguetes não é uma ciência exata?



Primula disse:
Espera aí... isso são atribuições de astronauta? Seus chegados te confundiram bem, mentor!
Deixe-me ver... será que é importante a opinião de um cara que estudou 8 anos num dos países líderes no desenvolvimento de tecnologia espacial, que conheceu alguns dos maiores centros de lançamento do mundo, que treinou com os maiores astronautas do mundo, que já estudou num dos melhores Institutos de Engenharia do Brasil e além de tudo ainda é a maior aposta da AEB?

É Prímula, as "forças ocultas" me confundiram mesmo!!!



Primula disse:
E isso (de ninguém falar de foguetes tripulados) também é culpa do ponte?
Ok, dessa culpa ele tá livre.


Agora o problema é explicar como pode ter sido gasto tanto dinheiro em uma coisa que nem tá nas diretrizes do programa espacial. Ou melhor, até dá pra explicar: joga tudo nas costas do Programa de Microgravidade.




Primula disse:
Que bom que agora quem sabe, pensem um pouco em treinar mais astronautas, não?

Tipo... com tudo isso, você acha estranho ele ter ficado quieto com tanta gente falando de vôos não tripulados, e ele sendo "o idiota que quer" um vôo tripulado? Ainda mais que como você muitos iam só enxergar "ah ele só quer ficar flutuando".
Eu ainda não consegui achar uma boa utilidade pra treinarmos mais astronautas, mesmo! O Vôo do Pontes foi ótimo pra gerar debate e como propaganda, mas duvido que um segundo vôo tivesse o mesmo efeito.



Primula disse:
Agora estamos no reino das conjecturas... Se ele seguir o mesmo caminho de diversos professores pesquisadores que conheço, o problema vai ser convencer ele a parar de trabalhar, mesmo forçando aposentadoria. Mas da mesma forma que tu, eu estou conjecturando que ele morra de ataque cardíaco enquanto trabalha de domingo... (foi o que aconteceu com dois professores meus aposentados, mas dando aula e fazendo pesquisa)
Sabe, isso que você disse funciona pra nós civis. Mas quando a gente trata de militares as coisas são um pouquinho diferentes... eu mesmo não entendo como a cabeça deles funciona.

O que acontece é que nem todos os coronéis, tenentes-coronéis e seja lá mais que posto exista, viram Brigadeiros. Na prática isso quer dizer que muita gente chega até o posto de coronel e fica parado por aí, ou seja, estaciona no cargo. É aí que muita gente salta pra iniciativa privada.

No caso dele ser escolhido pra virar brigadeiro, o problema é que provavelmente cairá num cargo burocrático, e aí é que não vai conseguir ajudar mesmo... =/




Primula disse:
Agora, você me diz: já temos tudo isso, para que o astronauta?(?!?)

Simples: eu não duvido que todos esses cientistas quisessem ter a certeza do elemento humano para ajeitar a amostra só no caso ter escorregado. Eu não duvido que eles quisessem ter TEMPO maior que o obtido por esses foguetes fornecem (4 minutos... um pouco maior que os aviões em queda livre de antigamente, claro)

Eu não duvido que esses cientistas queiram mandar outra vez uma segunda amostra para ter certeza dos resultados, e a fila de espera é enorme, mas como tem prioridade só vão pagar um "pouquinho mais" para tentar de novo.
Já que falamos de foguetes de sondagem, o VSB-30 (meu xodó) leva 500kg de carga-útil para 6 minutos de microgravidade, e isso a um custo muitíssimo menor do que 10 milhões de lascas.



Primula disse:
E da mesma forma que qualquer coisa na vida, ajudava muito se tivessemos algumas alternativas além dos foguetes. Principalmente se o tempo de execução da experiência for tão grande quanto o pode ser feito dentro de uma estação espacial... o do feijão (ou de qualquer fenômeno embrionário) seria impossível nesses 4 minutos de microgravidade.
E se eu te contasse que a gente tem um projeto praticamente pronto, e até parcialmente construído, estacionado por motivos que eu nem sei mais, mas que permitiria tempos de microgravidade da ordem de semanas, e ainda com a possibilidade da recuperação do experimento após a reentrada?

Chama-se Projeto Sara, e vai ser lançado com um VS-40. =]



Primula disse:
como disse, a falta do elemento humano para corrigir alguma porta-amostra que escorregou do equipamento gera esse tipo de coisa.
Ó, não conta pra ninguém, mas nem que tivesse um astronauta junto com os experimentos ele ia conseguir dar jeito nisso. Foi um problema na fase propulsada do lançamento, ou seja, se fosse um vôo tripulado, seria naquele momento em que o sistema de segurança entraria em ação lançando a cápsula pra um lugar seguro e bem longe do foguete.

Mas pelo menos não foi erro nosso, mas sim dos alemães...



Primula disse:
De lá para cá, não duvido que a fila aumentou exponencialmente. Quem realmente mexe com isso não reclamou, e como eu tá torcendo para ter mais uma alternativa.
Eu imagino que seja extremamente frustrante pra um cientista ter que ficar esperando esses Anúncios de Oportunidades, mas ao invés de ficar de cara feia, mostrando a língua, todos podiam muito bem encher o saco da AEB, afinal ela foi criada pra isso.

Como é que podemos ter um programa com 400 milhões em verba, mas que não fez nenhum lançamento do programa de microgravidade nos últimos anos?



Primula disse:
Olha, ele ser simpático por obrigação vá lá (obedecer o chefe, o chefe-mor-Lula, etc.)... mas pedir isso não difere muito daquele recurso da Globo de emocionar a gente a todo custo, novelizando a coisa. Tentaram até usar a família dele!!

Putz... Vinte e uma pessoas morrem por causa de um programa espacial capenga, de uma agência espacial inoperante, depois de passar o diabo num campo de lançamento sem condições, tendo que trabalhar em turnos de quase 24 horas, sem os "Responsáveis" nem se preocuparem em preparar comida decente ou ao menos pratos e talheres. Aí três anos depois ninguém nem lembra mais dos caras, e quando citam, ainda vem gente dizer que é novelização.

Ah, me poupe! Falou como cientista pensando no próprio umbigo.
 
Só pra adicionar algumas coisas:

Pra quem estiver interessado em saber mais sobre as diretrizes do Programa Espacil Brasileiro, há no site da AEB o PNAE 2005-2014 (Programa Nacional de Atividades Espaciais). Esse documento é muito bom, pois fala do que já foi feito no Programa, e quais são as metas.

O interessante é notar que em todo o documento fala-se muito em foguetes, satélites, balões, microgravidade e coisas similares. E na página 22 estão listadas as prioridades para o decênio:


1. Continuação do desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites - VLS e seus sucessores, com incremento da participação industrial, e da infra-estrutura de lançamento, incluindo o Centro de Lançamento de Alcântara - CLA​
2. Em todas as missões, sempre que possível, será agregada uma carga útil para manutenção e atualização do Sistema de Coleta de Dados Brasileiro, eliminando a necessidade de satélites específicos
3. Conclusão do projeto da Plataforma Multimissão e suas cargas úteis
4. Continuação do projeto dos satélites CBERS e dos meios de processamento e distribuição de imagens
5. Promoção da comercialização dos meios de acesso ao espaço, pela implantação da infra-estrutura geral do Centro Espacial de Alcântara, que inclui sítios de lançamento comerciais
6. Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento voltados para o domínio de tecnologias críticas, com participação dos setores acadêmico e industrial
7. Condução de projetos mobilizadores, que atendam às demandas nacionais em Observação da Terra, Missões Científicas e Tecnológicas, Telecomunicações e Meteorologia, incluindo o desenvolvimento de satélites geoestacionários, de satélites de observação por radar de abertura sintética - SAR e missões científicas com satélites, balões e foguetes de sondagem
8. Manutenção e industrialização do bem-sucedido programa de foguetes de sondagem
9. Incremento da participação da indústria nacional no desenvolvimento das atividades e projetos contemplados pelo Programa, promovendo, inclusive, a transferência de tecnologias geradas no INPE e no CTA
10. Utilização de instrumentos de cooperação internacional que envolvam transferência de tecnologia e coincidam com os interesses nacionais

Talvez até desse pra tentar encaixar o Astronauta no ítem 10, mas aí teríamos que tirar a parte do "transferência de tecnologia"...


Pra não dizer que o Astronauta foi esquecido, ele é lembrado rapidamente nas páginas 35 e 36, quando é falado da Estação Espacial, na parte da lista de Ações:


Estação Espacial Internacional​



A Estação Espacial Internacional – EEI – conta com a participação de 16 países, dado que envolve as agências espaciais dos Estados Unidos, Rússia, Canadá, Japão, Itália, Brasil, além da Agência Espacial Européia – ESA, e se constituirá no maior laboratório montado em órbita. Em seu ambiente de microgravidade serão realizadas pesquisas nas áreas de física, química, biologia, fisiologia humana e experimentos tecnológicos. A EEI permitirá também pesquisas nas áreas de observação da Terra e ciênciasespaciais. A participação do Brasil na EEI insere o País no contexto das missões tripuladas, com o treinamento e vôo do astronauta brasileiro, e da experimentação científica em microgravidade de longa duração.





O negrito é meu.

Mas o mais legal disso é que dois ítens antes disso eles falam do Sara:


Plataformas Orbitais Recuperáveis​



Dentre as alternativas inovadoras para a realização de experimentos em ambiente de microgravidade, destacam-se as plataformas orbitais (ou satélites) recuperáveis. Durante o período decenal será executado o Projeto de Satélite de Reentrada Atmosférica - SARA, que consiste no desenvolvimento de uma plataforma desse tipo, capaz de levar até 55 kg de carga útil e de propiciar até dez dias de microgravidade, com a vantagem de ser reutilizável em outras missões.​






Muito bem, escrevi tudo isso pra agora podder colocar aqui a opinião de um dos "chegados", como disse a Prímula, pra gente poder ver outra opinião sobre o assunto:

JC e-mail 2989 disse:
Quanto vale um sonho?, artigo de Danton José Fortes Villas Boas

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]No mundo atual, a ciência e a tecnologia são as grandes riquezas das nações. Ao despertar essas vocações e alimentar os seus sonhos, estaremos garantindo uma chance de sucesso do Brasil no panorama mundial do futuro

Danton José Fortes Villas Boas é tecnologista do Centro Técnico Aeroespacial. Artigo enviado pelo autor ao “JC e-mail”:

O vôo do astronauta brasileiro não deve ser visto apenas como a realização de oito experimentos na órbita da Terra, mas também como um investimento em nossos jovens e crianças, no despertar de novos cientistas e técnicos que construirão o futuro de nossa nação.

Não custa lembrar que foram os adolescentes do Sputnik (1957) que doze anos depois colocaram o Homem na Lua. Chamá-lo de turismo espacial é no mínimo deselegante e uma falta de respeito aos alunos, professores e pesquisadores que elaboraram os experimentos em centros de pesquisa, universidades e escolas brasileiras.

Demonstra, ainda, falta de compreensão de que um programa espacial coerente é composto de vários segmentos, dentre os quais se destacam: meios de acesso ao espaço por meio de foguetes; infra-estrutura para lançamento de foguetes, satélites de telecomunicações, observação da Terra, sensoriamento remoto e meteorologia.

Inclui também missões científicas e tecnológicas, incluindo vôos tripulados. Fundamental também que se lembre que o vôo do astronauta brasileiro está previsto Programa Nacional de Atividades Espaciais, na sua edição 2005-2014.

O PNAE resultou de um debate aberto à sociedade, ocorrido em dezembro de 2004, no Congresso Nacional. Da sua elaboração participaram o Governo e representantes de segmentos científicos, acadêmicos e empresariais. Como reconheceu o nosso astronauta em entrevista concedida do espaço, as críticas são saudáveis e, por certo, ajudarão a melhorar o nosso programa espacial.

Contudo, não deve prevalecer a opinião apenas de alguns setores, por mais qualificados e representativos que sejam. Afinal, o livre debate de idéias constitui a essência do regime democrático.

No dia 29 de março, no auditório do ITA, acompanhei o lançamento da nave Soyuz. Lá vi crianças e adultos se emocionarem. Como disse um dos professores: “ela leva um pedaço de nós.”

No dia 1. de abril, horas após a chegada de nosso astronauta à ISS, acompanhei o início de um dos experimentos educacionais na Escola Municipal de Ensino Fundamental Profa Lúcia Pereira, no Bairro do Putim, em São José dos Campos-SP.

Pude sentir a vibração dos alunos, ainda crianças, em realizar aquelas experiências que, embora simples, têm um significado extraordinário em suas vidas constituindo motivo de orgulho e jubilo não somente para esses jovens, mas para as comunidades em que vivem.

A área espacial desperta o fascínio e o interesse do Homem há séculos. Que o diga Júlio Verne que no século XIX, muito antes do homem dominar a arte do vôo, escreveu duas obras primas: Da Terra à Lua e Viagem ao Redor da Lua.

Quem não conhece uma criança que tenha desenhado um foguete, a Lua, o Sol e a Terra? Que criança não sonhou em ser um astronauta? Esse fascínio será reforçado pela presença de nosso astronauta no espaço.

O sentimento de que o sonho pode tornar-se realidade provocará um despertar de talentos e vocações para as áreas técnicas e de ciências.

No mundo atual, a ciência e a tecnologia são as grandes riquezas das nações. Ao despertar essas vocações e alimentar os seus sonhos, estaremos garantindo uma chance de sucesso do Brasil no panorama mundial do futuro.
[/FONT]
 
Flutua, astronauta, flutua
Roberto Pompeu de Toledo


Pouco antes de o programa entrar no ar, o coordenador técnico-científico da Agência Espacial Brasileira, Raimundo Mussi, informou: "Recomendei ao Pontes para flutuar o máximo possível". Era o começo da noite de quarta-feira, e dali a instantes o astronauta brasileiro Marcos Pontes iria aparecer no vídeo, para uma conversa com o presidente Lula. A recomendação do coordenador técnico-científico, transformado naquele momento em diretor de cena, conferiu chancela oficial ao que já se desconfiava: que o objetivo verdadeiro da missão de Marcos Pontes era encenar um showzinho para impressionar os habitantes do trecho do planeta Terra situado entre o Monte Roraima, nas vizinhanças da linha do Equador, e a curva mais meridional do arroio chamado Chuí. Que graça teria, se ele não flutuasse? Se a "videoconferência" do presidente, como foi chamada, com boa dose de licença poética, fosse com Robinho, o diretor de cena recomendaria: "Não se esqueça de pedalar". Se fosse com Carmen Miranda: "Não se esqueça do abacaxi na cabeça". A fala de Mussi vazou pelos microfones esquecidos abertos. O astronauta não poderia se esquecer de flutuar, bambo como palmeira ao vento, instável como bêbado no caminho de volta a casa.
Duda Mendonça foi embora, mas a marca marqueteira continua a impregnar o Brasil da era Lula. O tenente-coronel Marcos Pontes até que é um bom sujeito, simpático, e o menos culpado de tudo, mas o fato é que foi escalado para o papel de café-com-leite, na brincadeira de gente grande montada na Estação Espacial Internacional. O trabalho para valer ficou com os russos e americanos. Para ele, sobrou plantar feijão. Nas poses em conjunto, os outros astronautas olhavam entre condescendentes e atônitos para o brasileiro, que, como modelo que se esfalfa para expor o mais possível sua grife, apontava para a bandeirinha gravada na roupa, quando não desfraldava a bandeira que trazia sempre à mão. O que a missão do astronauta brasileiro teve de mais científico foi a tentativa de plantar a semente do ufanismo no coração dos compatriotas. Lula disse que ao ver Marcos Pontes com a bandeira na mão lembrou de Ayrton Senna. Só faltou a locução, inebriante de amor à pátria, de Galvão Bueno.
Mas não faltou a Rede Globo. Os apresentadores dos telejornais foram possuídos da euforia das jornadas épicas. Tal como o desfile das escolas de samba e a Copa do Mundo, o astronauta era da Globo. E assim se sucederam as entrevistas exclusivas, anunciadas entre os sorrisos que, como se sabe, são obrigatórios na emissora, para ajudar os distraídos a se convencer de que a notícia é boa. Numa delas, o titular do Jornal Nacional, William Bonner, aventurou-se pelo delicado caminho da "modificação na forma de enxergar a vida, a mudança na espiritualidade", que "muitos astronautas" contrairiam ao enxergar o planeta lá do alto, "girando devagar", e perguntou se Pontes já fora tocado por algo parecido. Foi uma tentativa de acrescentar à história um toque à Paulo Coelho. Noutra ocasião, a irmã e o irmão do astronauta foram postos em contato com ele para dizer do orgulho da família, inclusive do pai octogenário. A Paulo Coelho, somava-se a tentativa de produzir confissões em voz embargada e, se possível, lágrimas.
Marcos Pontes saiu-se de tais armadilhas com dignidade. À questão da espiritualidade, respondeu que andava com a cabeça muito tomada de outras coisas para pensar no assunto. Para seu crédito, não ousou dizer que vira o dedo de Deus a fazer girar o planeta nem que vislumbrara a sombra de um anjo a cruzar a galáxia. Com os irmãos, manteve diálogo sóbrio e econômico. Esteve longe do choro, aquele momento que a Globo preza tanto quanto o sorriso dos apresentadores – momento em que a câmera se fecha sobre o rosto do entrevistado, numa apoteose de jornalismo impregnado de telenovela. A brincadeira de mandar um astronauta ao espaço custou ao Brasil 10 milhões de dólares. Foi uma "carona paga", segundo o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Ennio Candotti. Nos meios científicos, o ufanismo não pegou. "O vôo de Marcos Pontes é na realidade uma grande jogada eleitoreira do governo", escreveu o astrônomo Ronaldo Rogério de Freiras Mourão. O biólogo Fernando Reinach, em artigo no jornal O Estado de S. Paulo, calculou que, com 10 milhões de dólares, o Brasil poderia formar 290 novos doutores, em universidades do país, ou 150, em universidades estrangeiras. "Cento e cinqüenta doutores foram para o espaço", era o título do artigo. Em acréscimo à constatação de que feijão pode crescer no espaço, da mesma forma como num algodão embebido em água, como sabem as crianças, o Brasil colheu dois resultados com a aventura espacial do coronel Pontes. Primeiro, a fama de otário que paga 10 milhões para fazer figuração num foguete. Segundo, o show caipira e fraudulento em que a mera presença de um simpático brasileiro no programa espacial dos outros era apresentada como grande conquista da pátria.
 
Peregrin disse:
Um passeio de 10 milhões de dólares
RONALDO ROGÉRIO DE FREITAS MOURÃO

Como um dos parceiros no projeto de construção da ISS (Estação Espacial Internacional), o Brasil assumiu o compromisso de construir algumas peças -ao custo de US$ 120 milhões. Além de dar treinamento, a Nasa se encarregaria de enviar Marcos Cesar Pontes ao espaço; tudo sem custo adicional.


--------------------------------------------------------------------------------
Sob o ponto de vista político, a Missão Centenário só terá repercussão no Brasil nas classes menos esclarecidas
--------------------------------------------------------------------------------



Entretanto, o Brasil não tem honrado o compromisso de arcar com os custos das peças, enquanto outros países fazem suas contribuições para a montagem da estação. Em conseqüência, os astronautas dessas nações têm prioridade para voar, e Pontes acabava sendo preterido, ficando sempre para o fim da fila. A situação se agravou com o acidente do Columbia, em 2003, quando a frota norte-americana de veículos espaciais foi desativada.
O transporte para a ISS passou a ser feito com a espaçonave russa Soyuz. Esta, porém, tem tripulação de só três astronautas, enquanto a lançadeira comportava sete. A redução do número de assentos fez com que a fila de espera em que estava Pontes aumentasse.
O vôo de Marcos Pontes (444º astronauta ao espaço) é, na realidade, uma grande jogada eleitoreira do governo. Ela não irá contribuir em nada para reafirmar o programa espacial brasileiro.
Na realidade, Pontes poderia ir ao espaço em 2009, de graça, sem pagar os US$ 10 milhões, se o Brasil tivesse cumprido o acordo de construir algumas peças para a ISS. É mais importante cumprir essa tarefa do que enviar um brasileiro ao espaço, pois ela irá gerar um desenvolvimento tecnológico no Brasil.
Muito mais importante é destinar recursos para tornar realidade nosso programa espacial. Há mais de 10 anos, o nosso veículo lançador de satélites, o VLS, está sofrendo uma "sabotagem governamental", pois as verbas foram reduzidas no fim do governo Sarney, que estabeleceu o acordo de colaboração espacial durante visita à China.
Nosso programa espacial não será beneficiado com o vôo do astronauta brasileiro. Convém salientar que as críticas relativas à Missão Centenário não atingem Pontes, que, competente, vai levar a bom termo as oito experiências programadas. No entanto, os ganhos científicos serão muito reduzidos. Não são experiências prioritárias. Elas poderiam ser realizadas em 2009.
Sob o ponto de vista político, a Missão Centenário só terá repercussão no Brasil nas classes menos esclarecidas. Aliás, a associação do envio do astronauta brasileiro com o vôo do 14 Bis vai colocar em evidência que o Brasil, em cem anos, sofreu um grande atraso.
Naquela época, fomos os primeiros a controlar a dirigibilidade dos balões e a levantar vôo com um veículo mais pesado que o ar, graças à iniciativa de Santos Dumont. No presente, o governo gasta US$ 10 milhões para colocarmos um astronauta no espaço -sendo que mais de 30 países já o fizeram-, usando lançadores de outros países.
Talvez seja por causa disso que não existe em relação ao astronauta o mesmo senso de patriotismo que envolve o feito de Santos Dumont. Na realidade, o que existe é certa euforia, e não patriotismo. É esse espírito que o governo atual quer captar para a sua reeleição.
Criticar o gasto desnecessário não é falta de patriotismo. Ao contrário, é um ato de patriotismo -e até mesmo de coragem, durante determinados regimes. Na verdade, a falta de sensibilidade dos governos em relação à pesquisa científica e tecnológica no Brasil constitui um ato de desrespeito dos políticos com o futuro de nossa pátria.
A Índia e a China já têm os seus lançadores há mais de dois decênios. Começaram seus programas na mesma época que o Brasil. A Índia vem lançando os seus satélites por meios próprios. A China foi o terceiro país a colocar um astronauta no espaço com seus lançadores. Não lançou nenhum homem no espaço com o auxílio de outro país.
O importante é que as autoridades do governo do Brasil compreendam que o programa espacial é fundamental para a economia (o transporte de satélites é um comércio muito lucrativo) e para a segurança nacional, assim como para o progresso cientifico e tecnológico, tendo em vista o seu efeito nas mais diferentes indústrias, como na eletrônica.
O atraso do nosso programa espacial já deveria ter provocado uma CPI sobre o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro. Quando a URSS colocou o primeiro satélite artificial em órbita, houve um questionamento por parte dos políticos norte-americanos para saber a razão pela qual os EUA não conseguiram fazê-lo com sucesso antes dos russos. Até o sistema de ensino foi questionado. No Brasil, se perdermos a Copa do Mundo, será uma verdadeira crise...



--------------------------------------------------------------------------------
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, 70, astrônomo, doutor pela Universidade de Paris, é criador e primeiro diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins (RJ). É autor de mais de 70 livros, dentre os quais "Anuário de Astronomia 2006".

Basicamente o que o presidente da Sociedade Brasileira de Progresso da Ciencia (SBPC) falou foi isso (tirando a CPI e a copa). A questão é ainda mais profunda: de que adiantou a transbrasil? que divisas trouxe esse investimento de 10 milhões? quando seria essa proxima missão, para ser formada uma efetiva pesquisa cientifica de longo prazo?

Existe a possibilidade de abandonarmos sim outros programas espaciais e vivermos dependentes de tecnologia estrangeira... Assim é com o carro, assim é com o remédio, assim é com programas de computador e o proprio computador... Entretanto essa missão não pode ser apenas baluarte histórico. A questão não é fidedigna de uma CPI (pelo que se saiba o congresso ou o governo não executaram decoro para precisar de uma investigação), mas a justificativa de "instigar a ciencia no brasil" não colou...
 
Vejamos bem: a ida do Marcos Pontes para o espaço, em termos de melhoria para o aprendizado brasileiro não pode ser considerado de todo verdadeiro. Diversos centros de pesquisa no Brasil, fora a AEB, tem um conhecimento avançado sobre o funcionamentode foguetes, microgravidade, saúde, e demais aspectos já relatados nos posts anteriores.
Eu mesma já participei de pesquisas, como farmacêutica, na área da saúde, no JSC - NASA, pela minha faculdade (PUCRS) através de uma bolsa do CNPq. Nesta ocasião fui apresentada a alguns programas da ISS, que como todos sabem, o Brasil integra o grupo de países que ajudaram na construção da ISS e tem alguns "direitos", por assim dizer, na sua utilização para projetos de pesquisa. Acredito que a ida do Marcos foi realmente mais uma vontade própria de após tantos anos de treinamento e dedicação, fazer o que ele foi treinado para fazer.
 
ASTRONAUTA VAI PARA A RESERVA E DEIXA GOVERNO PERPLEXO

Menos de um mes depois de voltar da Estacao Espacial Internacional e
ser recebido no Brasil como heroi nacional, o primeiro astronauta
brasileiro, tenente-coronel Marcos Pontes, pediu para entrar na
reserva. Isso permitira' que ele cobre por palestras e se dedique a
atividades na iniciativa privada. O afastamento da carreira militar
foi comunicado ao comandante da Aeronautica, brigadeiro Luiz Carlos
Bueno, numa reuniao na semana passada. A decisao caiu como um balde
de agua fria entre os defensores da viagem de Pontes ao espaco,
principalmente a Agencia Espacial Brasileira (AEB) e o Ministerio da
Ciencia e Tecnologia (MCT). Todos imaginavam que, depois da missao
que custou US$ 10 milhoes ao Pais, o astronauta atuaria como garoto
propaganda do programa espacial e em favor da divulgacao cientifica.
Uma das especulacoes e' de que Pontes, com o afastamento, passara' a
prestar servicos para a Federacao das Industrias do Estado de Sao
Paulo (Fiesp). A entidade nao confirma a informacao. Numa entrevista
no site do Ministerio da Defesa, Pontes diz que pretende "trabalhar
pelo Brasil num sentido de juventude" e que espera a colaboracao "da
industria nacional e do governo. Em seu site - no qual nao faltam
informacoes para a contratacao de palestras - o astronauta afirma
estar disposto a criar um instituto destinado a incentivar a educacao
para criancas de baixa renda. No texto ele reforca sua esperanca em
contar com o apoio da Forca Aerea e do Senai para o projeto. A
decisao de Pontes frustrou os planos divulgados pelo presidente da
AEB, Sergio Gaudenzi. No retorno do astronauta ao Brasil, ele
afirmara ao Estado que Pontes teria carta branca para decidir qual
seria seu destino na agencia. Ele foi convidado, por exemplo, a
participar de uma viagem que a AEB faria para os Estados Unidos, para
discutir a parceria do Brasil com a Nasa. Outra possibilidade seria a
de Pontes trabalhar na formacao de novos astronautas. Agora, com sua
saida da carreira militar, qualquer participacao na AEB tera' de ser
negociada - e remunerada. O unico vinculo que Pontes mantem com a
AEB, no momento, e' o compromisso de proferir - gratuitamente -
palestras que ja' estavam agendadas. Procurado nesta terca-feira,
Gaudenzi se limitou a dizer, por meio de sua assessoria de
Comunicacao, que Pontes "cumpriu sua missao com a Agencia Espacial
Brasileira, que era levar o Programa de Microgravidade ao espaco".
Outras informacoes, segundo ele, deveriam ser solicitadas `a
Aeronautica. Dentro do MCT, a saida de Pontes causou perplexidade.
Ja' corria a informacao de que, num periodo nao muito distante, ele
deixaria a carreira militar. Mas ninguem imaginava que tal decisao
seria tomada ainda na ressaca das comemoracoes da viagem `a Estacao
Espacial Internacional. O presidente da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciencia (SBPC), Ennio Candotti, que sempre criticou a
missao do astronauta, reagiu com ironia ao afastamento de
Pontes. "Agora ele deve vender bonequinhos", disse. Em abril,
denuncias de que o astronauta lucraria com a venda de lembrancas com
seu nome e com a realizacao de palestras - algo proibido pelo Codigo
Militar - passaram a ser investigadas. "Tudo foi publicidade, algo
muito parecido com fogos de artificio, que explodem e logo acabam",
disse Candotti. Para a ciencia, segundo ele, nao havera' prejuizo. "A
Aeronautica e' que pode perder um piloto, um operador. O Procurador-
Geral do Ministerio Publico do Tribunal de Contas da Uniao, Lucas
Furtado, disse que a saida de Pontes, logo apos o alto investimento
feito pelo Pais em sua formacao, nao e' ilegal. "Ja' em termos
morais, e' outra historia", disse. Pela lei, servidores publicos ou
funcionarios que se afastam para fazer cursos tem o dever de
permanecer um periodo no servico publico, tao logo retornem. "Se isso
nao e' cumprido, e' possivel ate' mesmo fazer a cobranca do que foi
investido no funcionario", afirma Furtado. No caso de Pontes, no
entanto, isso nao se aplica. "Ele nao estava afastado do servico. A
funcao dele era aquela. ( Fonte: Ligia Formenti e Tania Monteiro,
Estado de SP )
Ed: CE
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo