Mentor disse:
Só que desde o começo das crises na "parceria" brasileira com a ISS, ele tomou a frente fazendo lobby, algumas vezes até indo ao congresso, e não nego que pelo menos uma vez ele até defendeu o *resto* do programa (lançadores, satélites e campo), mas no final ele simplesmente deixou de lado o programa espacial brasileiro, e pensou no que era melhor para ele.
Você pensa que os pesquisadores não fazem a mesma coisa? Para qualquer pesquisador a pesquisa DELE é a mais importante (e não dos outros). Além disso...
Mentor disse:
Tá certo que se a parceria ainde existe, mesmo que meio capenga, é só pelo trabalho do Pontes.
Touché!
E cadê o dedo de todo o resto dos responsáveis pelo programa espacial brasileiro nesse esforço, hm? Tipo, eles tem 437 milhões, devia haver uma porrada de gente preparada para ir para o espaço (outros astronautas) para meter o pau sobre os 10 milhões para pagar a passagem desse cara.
O problema é que a verba do programa espacial não é, ou pelo menos não deveria ser usada só para satisfazer o ego de uma pessoa. E quem deveria frear isso é a AEB, só que parece que de espaço ela não entende nada.
Você critica a AEB por não ter freado o astronauta, e depois diz que a entidade não entende nada. Esse ponto é importante: não temos muitos entendidos no assunto "foguetes", na verdade dá para contar nos dedos da mão. Menos ainda temos entendidos para andar num foguete, ou seja, astronautas...
Se há apenas esse astronauta, e ele apenas pode julgar se é abusivo ou não seu projeto
Epa epa epa...! Isso não pode. Temos de ouvir uma opinião imparcial.
Onde você arranjaria um outro astronauta para julgar o caso do astronauta? Olha fiz umas simples gedankenexperiments, nós ia chiar com a opinião de gente de fora. (desconfiaríamos das opiniões "imparciais" fosse de americano, russo, japonês...)
Ou seja, precisamos de outros astronautas aqui.
Mas oras! Só tem o ponte. Provavelmente foi só interesse pessoal para não deixar esse projeto (como se todas as outras pesquisas não fossem isso também: um interesse pessoal em determinado ramo da ciência) morrer.
Então como só temos ele e ele não pode se auto-julgar... então não tenhamos nenhum?
Isso não é meio paradoxal com dois parágrafos acima?
Tem algum outro que teimou como ele? Que possa realmente contestar "porque ele e não eu?!?"
A esta altura do campeonato já devíamos ter achado outro ponte... digo, se você trabalha em jornalismo científico, mentor, você já devia ter achado essa "segunda opinião" este segundo astronauta que podia estar no lugar do pontes, que podia contestar a ida do brasil ao espaço.
O que eu vi, foi no máximo o que vi foram cientistas que não estão interessados em fazer experiências em microgravidade dizendo "mas tinha de haver alguma segunda opinião".
O que eu posso dizer é o seguinte: em agosto/setembro de 2004 o IAE estava realizando as reuniões críticas do projeto do foguete VSB-30, e nelas participavam representantes do CTA, IAE, INPE, DLR (agência espacial alemã) e da Agência Espacial Brasileira... ok, talvez até mais gente, mas os mais importantes eram esses.
(...)
Enfim, o Pontes participou como representante da AEB, e todo mundo tava esperando que ele desse muitos palpites no projeto, levantasse questões polêmicas e etc., pois ele era "O" Astronauta brasileiro, com 6 anos de experiência na Nasa e blá blá blá.
Resultado: As questões polêmicas realmente surgiram, mas o Pontes entrou mudo e saiu calado da reunião.
Interessante... se queriam opiniões a respeito de mobilidade da tripulação em situação de emergência do tipo "preciso alcançar aquele botão, enquanto estou sendo esmagado com a aceleração do lançamento" realmente é estranho ele não ter dado palpite.
agora, se você (ou os chegados que te convenceram) queria que ele desse palpite no PROJETO dos foguetes...
Imagine você-engenheiro, e depois tivesse sido treinado para ser apenas o motorista. Se você realmente vir um erro de projeto CRASSO (daqueles que até quem não tinha familiaridade com o projeto, assim que bate o olho enxerga), acho que você pode dizer "meu, isso vai explodir!", apesar dos anos sem praticar engenharia.
Agora se você quer que ele dê palpite em detalhe do projeto... tipo, os americanos pediram para Richard P. Feymann ver por que a Challenger explodiu. E só ele percebeu que o problema foi um anel de borracha (!!!) imerso em um copo de água com gelo (borracha não é mais elástica como ante). E isso porque o prêmio Nobel de 1965 tinha uma pista do problema, afinal todo mundo viu que pedaço da challenger explodiu (e havia aquela fumacinha saindo do tanque de gases)
Pois então... seus chegados não tão querendo coisa que na verdade NÃO É DA ALÇADA do cara não? (e MESMO se desse seu palpite não seria o caso de ser sumariamente ignorado?)
Pois você mesmo comenta que os detratores se enfocam nisso: desenvolvimento de foguetes:
Bem, eu ainda era um "defensor" dele lá no trampo, mas depois dessa ficou difícil explicar qual era a vantagem para o Programa de termos um astronauta: não ajuda o IAE no desenvolvimento dos foguetes e lançadores, não ajuda o Inpe no desenvolvimento dos Satélites e não ajuda Alcântara e Barreira do Inferno nas melhorias nos campos.
Espera aí... isso são atribuições de astronauta? Seus chegados te confundiram bem, mentor!
Alguém ainda podia dizer que talvez ele pudesse voltar para o Brasil e montar um tipo de "Escola de Astronautas" mais ou menos como a China fez... só que se você observar o [SIZE=-1]Programa Cruzeiro do Sul, que é o que dita quais caminhos devemos seguir (foguetes), e bate com os objetivos do Inpe com os satélites, ninguém sequer fala em foguetes tripulados.
E isso (de ninguém falar de foguetes tripulados) também é culpa do ponte?
O objetivo máximo do programa é simplesmente ter um foguete nacional que consiga satelizar um satélite geoestacionário nacional a partir de um campo em território nacional. Nada de astronauta.
Que bom que agora quem sabe, pensem um pouco em treinar mais astronautas, não?
Tipo... com tudo isso, você acha estranho ele ter ficado quieto com tanta gente falando de vôos não tripulados, e ele sendo "o idiota que quer" um vôo tripulado? Ainda mais que como você muitos iam só enxergar "ah ele só quer ficar flutuando".
E no mais, com a Missão Centenário, o Pontes já tem crédito de sobra pra ou virar Brigadeiro ou ir direto pra reserva. E em ambos os casos ele simplesmente deixaria o programa espacial.
Agora estamos no reino das conjecturas... Se ele seguir o mesmo caminho de diversos professores pesquisadores que conheço, o problema vai ser convencer ele a parar de trabalhar, mesmo forçando aposentadoria. Mas da mesma forma que tu, eu estou conjecturando que ele morra de ataque cardíaco enquanto trabalha de domingo... (foi o que aconteceu com dois professores meus aposentados, mas dando aula e fazendo pesquisa)
Sobre as experiências, elas são relativamente simples porque o Anúncio de Oportunidades foi feito às pressas, e pouquíssimos cientistas tinham como preparar algo mais complexo pra mandar pra Estação.
E tipo, é culpa do cara que se esforçou para mandarem ele às favas... digo, isso sempre devem ter feito com ele (imagina! que idiotice querer virar astronauta), da incredulidade da comunidade científica de que teríamos mesmo um brasileiro no espaço, etc?
Experiências porretas mesmo são feitas no programa de microgravidade da AEB, basicamente com os foguetes do IAE
.
olha, eu sei que são experiências do caramba.
E eles também esbarraram no mesmo problema do ponte nesses 10 anos: pra que precisamos de foguetes, blablabla... Tipo, há algumas décadas era impensável fazer essas experiências, por causa da "inutilidade" aparente.
Agora, você me diz: já temos tudo isso, para que o astronauta?(?!?)
Simples: eu não duvido que todos esses cientistas quisessem ter a certeza do elemento humano para ajeitar a amostra só no caso ter escorregado. Eu não duvido que eles quisessem ter TEMPO maior que o obtido por esses foguetes fornecem (4 minutos... um pouco maior que os aviões em queda livre de antigamente, claro)
Eu não duvido que esses cientistas queiram mandar outra vez uma segunda amostra para ter certeza dos resultados, e a fila de espera é enorme, mas como tem prioridade só vão pagar um "pouquinho mais" para tentar de novo.
E da mesma forma que qualquer coisa na vida, ajudava muito se tivessemos algumas alternativas além dos foguetes. Principalmente se o tempo de execução da experiência for tão grande quanto o pode ser feito dentro de uma estação espacial... o do feijão (ou de qualquer fenômeno embrionário) seria impossível nesses 4 minutos de microgravidade.
Os resultados obtidos para o gel, das enzimas e do DNA são jogadas na sorte: provavelmente não conseguiram o que queriam (a convecção na Terra impede o arranjo ordenado e o movimento das moléculas é absurdamente rápido). Creio que se encaixam no quesito:
relatório disse:
Devido à falha na Operação Cumã não ter possibilitado a obtenção de resultados científicos a todos os experimentos envolvidos, recomenda-se em curto prazo embarcar novamente os mesmos experimentos em uma nova campanha de lançamento
como disse, a falta do elemento humano para corrigir alguma porta-amostra que escorregou do equipamento gera esse tipo de coisa.
De lá para cá, não duvido que a fila aumentou exponencialmente. Quem realmente mexe com isso não reclamou, e como eu tá torcendo para ter mais uma alternativa.
Como eu disse quem reclamou foram cientistas que não mexem com microgravidade. E isso não é surpresa, já que muitos da elite intelectual também se que esquecem que também usufruem dos satélites, da web, da telecomunicação, da globalização para fazer suas pesquisas. O que me lembra que muitos também são contra a globalização (o que nos deixaria em desvantagem em vários aspectos tecnológicos e científicos!) e alguns nem sabem direito porque é tão ruim a globalização... (apesar de usufruirem dela!
)
Só pra concluir, a "última chance" que eu estava dando pro Pontes era pra que ele pelo menos fizesse uma homenagem para as 21 vítimas do Acidente de Alcântara, já que no final o acidente foi o que fez o Acordo Brasil-Rússia decolar.
Olha, ele ser simpático por obrigação vá lá (obedecer o chefe, o chefe-mor-Lula, etc.)... mas pedir isso não difere muito daquele recurso da Globo de emocionar a gente a todo custo, novelizando a coisa. Tentaram até usar a família dele!!