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Livros de Youtubers

Ana Lovejoy

Administrador
Então, queria a opinião de vocês sobre isso. Para quem não tá sabendo de nada sobre o assunto, algumas notícias:

A youtuber da Paralela
PublishNews - 15/07/2015 - Leonardo Neto

Selo da Companhia das Letras comemora marca recorde de pré-venda de livro que chega às livrarias em setembro

O selo Paralela, da Companhia das Letras, prepara, para setembro, o lançamento do livro Muito mais do que 5inco minutos, da youtuber curitibana Kéfera Buchmann, idealizadora do canal 5inco minutos, que tem mais de cinco milhões de seguidores no YouTube. Em sua conta no Twitter, Kéfera anunciou, na última segunda-feira (13), que o seu livro já estava em pré-venda. Como resultado, nas 24 horas seguintes, o livro saiu feito pãozinho quente: dez mil exemplares vendidos, segundo informações da editora. O feito é um recorde na história da Paralela. No livro – e no seu canal do YouTube -, Kéfera fala de sua vida pré-fama, da garota super sensível que sofreu bullying em quase toda a infância e que se reinventou e ressurgiu como uma jovem forte e alegre que serve de exemplo para milhares de meninos e meninas.

Jovens bombam na internet e viram best-sellers das livrarias

O tagarela Christian Figueiredo emudeceu ao ver mais ou menos 1 000 seguidores virtuais materializar-se em uma fila de adolescentes animados. A turma extrapolava os limites da Livraria Cultura, estendia-se pela Alameda Santos, pela Rua Padre João Manuel e só acabava na Avenida Paulista. “Sabia que me comunicava com um público considerável, mas não tinha ideia do tamanho real dele ou da cara dessas pessoas”, lembra o rapaz de 20 anos, detentor de mais de 4 milhões de fãs em suas redes sociais. Era noite de 11 de fevereiro, dia do lançamento de seu primeiro livro, Eu Fico Loko. As 160 páginas cheias de fotos e ilustrações receberam o mesmo título de seu vlog (videoblog, espécie de diário no mundo virtual) no YouTube, com quase 2 milhões de inscritos acumulados desde a estreia, em junho de 2010. Os textos narram a adolescência, descrita pelo garoto como uma fase “duuuura” (dita assim mesmo, cheia de vogais e caretas), com situações marcantes e constrangedoras, como amores platônicos, o complexo de magreza e o início da vida sexual. “Lembro quando tentei colocar, na primeira tentativa — sim, foram várias tentativas— a camisinha entrou e pulou para fora”, conta o autor em um dos capítulos

Com suas caras e bocas viralizadas nas principais redes sociais, Chris chamava atenção na rede como um novo porta-voz teen. Agora, experimenta o gostinho do sucesso fora da internet. Durante as quase quatro horas da noite de autógrafos no evento da Cultura, meninas gritaram, meninos se descabelaram e os executivos da editora Novo Conceito vibraram com a venda dos aproximadamente 1 000 exemplares, que saíram em uma só tacada. Na semana de estreia, o livro do vlogueiro foi o principal best-seller do país, segundo ranking do PublishNews, boletim informativo do setor. “É um feito inédito para um autor jovem”, diz Cassia Carrenho, gerente do veículo.

Até agora, Eu Fico Loko vendeu mais de 70 000 exemplares. Acima desse patamar, aparecem apenas blockbusters do porte do romance erótico Cinquenta Tons de Cinza e de Nada a Perder 3, de Edir Macedo, da Igreja Universal. Chris é o exemplo mais bem-sucedido do momento de um novo fenômeno editorial: os autores jovens que nasceram no mundo on-line. A seu favor, contam coma vantagem de abordar um universo com forte apelo comercial. Segundo dados da Nielsen, empresa de pesquisa de mercado, títulos do gênero infantil, juvenil e educacional representam atualmente 30% das vendas totais de livros no país, a maior fatia entre todas as categorias. Trata-se de um negócio que movimenta mais de 1 bilhão de reais no Brasil por ano. Outro fator que facilita a onda é que essa nova safra de escritores já traz um público cativo nos lançamentos. Além de Chris, destacam-se na leva nomes como a blogueira Isabela Freitas, mineira de Juiz de Fora, 24 anos e 300 000 cópias vendidas de seu primeiro título, Não Se Apega, Não. Lançada no ano passado pela editora Intrínseca, a obra revela como e por que a escritora dispensou seu “namorado dos sonhos”.

Casos assim estão gerando uma corrida nas editoras em busca de outros valores. “A internet virou porta de entrada para os estreantes. Ficamos de olho nessa produção e nas curtidas que esses autores recebem nas redes sociais”, diz Alessandra Ruiz, publisher da editora Gutenberg, uma das que investem no filão. Desde o fim de 2012, a empresa introduziu no mercado off-line quatro blogueiros. A Paralela, selo popular da Companhia das Letras, tem planos de lançar neste ano o primeiro título da blogueira “desbocada” Kéfera Buchmann (22 anos e quase 3 milhões de fãs no Facebook) e de Vic Ceridono, 28 anos, com 78 000 inscritos em seu canal do YouTube especializado em maquiagem. “Essa turma disputa espaço com gigantes como Rick Riordan (da saga Percy Jackson) e clássicos como O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry”, afirma Ismael Sousa, coordenador da Nielsen.

A migração de autores da internet parao papel começou com Bruna Vieira, de 20 anos. No fim de 2012, ela lançou Depois dos Quinze, pela editora Gutenberg, com mesmo nome e proposta de sua página na internet, que tem média de 1,5 milhão de acessos mensais. Em textos simples, mas com personalidade, ela falava sobre sua timidez, complexos e o bullying sofrido por ser tímida, gordinha e estrábica. Depois, lançou outros três títulos: A Menina que Colecionava Borboletas (espécie de continuação de Depois dos Quinze), além dos romances De Volta aos Quinze e De Volta aos Sonhos. Nascida em Leopoldina, no interior de MinasGerais, ela se mudou para o bairro do Ipiranga,em São Paulo, aos 17 anos para participar de eventos e campanhas publicitárias, e chega a faturar hoje cerca de 60 000 reais por mês, entre direitos autorais e publicidade na internet. No fim do ano passado, seus pais (Mauro, serralheiro, e Luzia, secretária), além do irmão (Mauro, programador, de 23 anos), largaram seu cotidiano e emprego em Minas e se mudaram para Atibaia, para trabalhar com a caçula. “Comecei meu blog como um diário, um desabafo, porque fui esnobada por um garoto. No fim, a internet me deu autoestima e uma profissão”, diz. De quebra, o rapaz ainda lhe pediu desculpa. Neste ano, Bruna lançará dois livros. Um deles será uma revista em quadrinhos. Com o projeto, a jovem pretende virar boneca e faturar ainda mais com produtos licenciados em 2015. O outro plano envolve uma seleção de crônicas junto com dois pesos-pesados de romances juvenis,Thalita Rebouças e Paula Pimenta. “São minhas maiores referências, ao lado de Martha Medeiros e Meg Cabot (de O Diário da Princesa, que virou filme com Anne Hathaway).”

Os ídolos de Bruna apontam o caminho dos jovens best-sellers. Eles são doces,românticos, politicamente corretos e bem-humorados. A rebeldia típica da fase só aparece em um ou outro palavrão. Todos apresentam o sentimento como tema principal de suas obras: a dificuldade de se entrosar com a turma, de acertar no amor e as rusgas com a família. Um exemplo é Fred Elboni, de 24 anos, autor do blog Entenda os Homens, com 5 milhões de acessos mensais, além dos livros Um Sorriso ou Dois e Meu Universo Particular, lançado neste mês. Em seus textos, aborda tabus, como sexo no primeiro encontro, e faz alguns desabafos, como a saudade do pai, o publicitário Fábio Elboni, que morreu de câncer no estômago quando o jovem tinha 14 anos. “Minha mãe, que era divorciada, vivia dizendo para eu ligar mais para ele”, lembra Fred. “Eu acabava sempre deixando para depois. Poderia ter curtido mais a companhiado meu pai. Hoje falo aos meus leitores para aproveitarem melhor os momentos com as pessoas queridas.”

Além da temática de dramas e encanações adolescentes, os autores têm outros pontos em comum. Por viverem grudados no celular (“é um membro do meu corpo”, define Bruna Vieira), trabalham praticamente todos os dias. Postam de segunda a segunda nas redes sociais e usam como trilha sonora de seus vídeos as canções pop que ouvem, de Aerosmith a Katy Perry. Na maioria dos casos, o próprio quarto faz as vezes de cenário. “É uma delícia porque raramente pegamos trânsito e as reuniões acontecem por WhatsApp”, diz Jessica Grecco. Ela e a amiga Ariane Freitas são donas da página do Facebook Indiretas do Bem, com mensagens positivas, e lançaram a primeira obra, O Livro do Bem, em novembro passado. Em maio, colocarão no mercado a segunda, tendo como alvo o Dia dos Namorados. “Nossa única pretensão ao abrir a página no Face era apaziguar um grupo de amigos que se engalfinhava na timeline”, diz Jessica. No início de 2013, as garotas transformaram o hobby em um negócio e planejam aumentar o número de objetos licenciados. A linha atual tem artigos como canecas, almofadas e quadros. Elas querem incrementar o portfólio com uma linha de camisetas. “Nossos projetos são sempre de curto prazo, no tempo da internet, para não virarem algo obsoleto”, explica Ariane.

Manter-se no mercado é uma grande preocupação dessa nova turma. “A permanência deles nas primeiras posições não apresenta a mesma longevidade de outros best-sellers”, observa Ismael Sousa, coordenador da Nielsen. O bom desempenho das vendas depende da presença dos autores nas livrarias. “Os garotos estão mais para ídolos do que para escritores. O público vai aos eventos para ver a personalidade de perto e conseguir uma selfie”, analisa Cassia Carrenho, do PublishNews. Ricardo Azevedo, premiado autor infantojuvenil com maisde cinquenta obras em catálogo, olha o movimento com certa desconfiança.“Comemoro a diversidade de autores, mas me incomoda tratar uma obra de literatura como sabão em pó. Livro é cultura, não produto”, critica. Os escritores teen sabem que ainda estão em fase de amadurecimento. “Não sou lá um Fernando Sabino, mas eu me orgulho de ser a porta de entrada para novos leitores. Quero crescer no mesmo tempo da minhagalera”, planeja Chris.

O autor de O Menino no Espelho inspira o vlogueiro desde a infância. Naquela época, Chris pedia de presente à mãe, Lilian Figueiredo, dona de uma empresa de congelados vegetarianos, cadernos escolares e os transformava em livros caseiros, sempre de suspense ou ação. Na capa dos títulos, como em Os 13 Fantasmas eAssalto Perfeito, já reservava um espaço dedicado ao autógrafo.“Pegava algo para ler, mas abandonava no meio porque vinha uma ideia e queria logo escrever. Ainda sou assim, inquieto, com leitura.” Com o pai, o publicitário e artista plástico Wanderley Caldas, aprendeu a editar vídeos no computador. Aos 17, viu-se sem rumo ao terminar o 3º ano do ensino médio na Escola Waldorf Rudolf Steiner, no Alto da Boa Vista. Tentou um curso técnico de cinema, mas desistiu após um mês.“Achei lento, ritmo de musiquinha de filme argentino, sabe?” Passou três meses praticamente trancado no quarto, só assistindo a seriados, sob o olhar apreensivo dos pais. “Eles não tinham dinheiro, muito menos intenção de sustentar filho ‘vagabundo’.” Seguidor do vlogueiro carioca Felipe Neto, Chris decidiu postar pelo menos dois vídeos semanais em sua conta no YouTube, que andava meio parada desde o fim do colégio. No primeiro mês, teve 400 000 acessos, e o canal depositou1 000 reais em sua conta. “Enquanto Felipe detona ídolos como JustinBieber e a saga Crepúsculo, eu falo do que o adolescente gosta”, afirma.

Há um ano, Chris alcançou mais de 1 milhão de seguidores e começou a ganhar dinheiro como “gente grande” (uns 30 000 reais por mês, segundo seus cálculos). Na época, saiu do apartamento dos pais. Banca o aluguel de 2 500 reais mensais e investe para comprar um imóvel também em Moema, onde vive e foi criado. Em abril do ano passado, teve a primeira experiência como popstar. Levou a namorada, a estudante Aline Becker, de 18 anos, para ver o filme Noé no Shopping Market Place e passou em frente a um evento da banda teen Fly. Acabou reconhecido e “choveu menina”em torno dele. “O segurança me escoltou até a saída do shopping, quase perdi o filme e meu namoro, mas foi um sinal de que estava no caminho certo.

O convite para estrear nas prateleiras veio em agosto do ano passado. Ele foi acompanhar o vlogueiro Rafael Moreira, seu amigo, em uma reunião na editora durante a Bienal do Livro de São Paulo. Chris anunciou o passeio no Twitter e dezenasde fãs apareceram no estande, gritando pelo garoto. “Lançamos os dois amigos, e eles seguem em turnê nacional juntos, mas a tiragem de Eu Fico Loko é bem maior do que a de Diário de um Adolescente Apaixonado”, diz Thiago Mlaker, editor da Novo Conceito. Como sua página no Facebook e no canal do YouTube, as duas nomeadas de Me Apaixonei, a obra traz as impressões de Rafa: um garoto sensível, ex-gordinho, que virou blogueiro-galã da revista CAPRICHO em 2012 e é bem romântico. “Acredito na castidade. Por que vou trocar experiências tão importantes se não for como amor da minha vida?”, prega o rapaz, filho de pastores. Christian e Rafael se conheceram por meio da internet e viraramos melhores amigos. “Não há disputa entre nós. Ele é um sucesso, e ajudo a organizar a fila de autógrafos quando a minha termina”, conta Rafa.

E lá fora um caso que chamou a atenção foi o da vlogueira zoella, que lançou um livro - de ficção, vale dizer - vendeu mais de 80000 cópias na primeira semana e... então descobriram que ela teve "ajuda" de uma ghostwriter (sobre isso tem link em inglês aqui: http://www.independent.co.uk/voices...stwriter-as-long-as-you-admit-it-9910453.html , http://www.theguardian.com/books/20...er-sioban-curham-controversy-childrens-author, http://www.telegraph.co.uk/women/wo...riter-I-didnt-want-to-get-rich-or-famous.html, http://www.buzzfeed.com/jimwaterson/zoella-used-a-ghostwriter-on-her-fast-selling-debut-novel )

Acho que com isso já dá para se situar no assunto. Logo mais volto com minha opinião :dance:
 
Oh boy... Subcelebridades internéticas. :-| Vendem livro a rodo por conta desse fator extraliterário, que é ter criado um público fanático por outras razões quaisquer. Um público disposto a consumir qualquer bosta que eles escrevam (estou supondo que seja tudo bosta; botem na conta do preconceito se quiserem). É tipo como se um Luciano Huck resolvesse lançar um romance: vocês duvidam que venderia muito?

E essa Kéfera aí, fui googlear e achei bem bonitinha :rolleyes:.
 
então. quando vejo um caso como o da kéfera, que está fazendo uma biografia ou algo que o valha, aí acho até válido: se tem (um monte de) fã interessado, por que não? não tem biografia de atriz/ator? é meio que para satisfazer aquela curiosidade sobre a figura que admiram e blablabla. eu não compraria, mas entendo que com o sucesso cada vez maior desses youtubers, era meio questão de tempo.

o que me deixou de verdade com a pulga atrás da orelha foi esse livro da tal da zoella. é ficção. é um romance ya, pelo que eu entendi. eu sei que isso não é novidade, sei que tem muito romance assinado por fulano de tal que foi escrito por outra pessoa. mas depois de todo o bafafá ainda assim ficou elas por elas, o livro assinado por zoella, as pessoas se referindo ao livro como "o livro da zoella" e ela vai lançar uma continuação. wth?
 
Bah, sei lá. Biografia de uma pessoa com 20 anos? Passo.
Só leria se fosse de um poeta ultrarromântico que morreu aos 20 anos, daí eu sei que a vida dele é aquilo ali e só. Mas também porque sei que naquela curta vida ele foi além do comum das gentes e produziu uma obra literária de algum valor.

Sobre o assunto (mais ou menos), acho que vem a calhar a coluna do Paulo Scott de hoje:

Tietar pode ser admirar incondicionalmente, colocar-se num espaço de (a partir de uma convicção) aceitação completa de tudo que advenha da identidade objeto do nosso admirar, tende a ser a admissão de um esvaziamento crítico absoluto e até, a partir desse esvaziamento, a sedimentação natural e o estaqueamento de posição subalterna. Essa perspectiva — que acaba mesmo circunscrevendo um lugar que se poderia chamar, em termos ainda mais pragmáticos, o lugar do bobo — não seria (em seu acontecimento) demais se fosse apenas oca, fruto da convicção de quem, à certa altura, e em determinada experiência real/concreta, identificou elementos reais/concretos na obra, na produção, nas consequências geradas pela identidade admirada, se não fosse — aqui está o detalhe importante — farsa e combustível nocivo de algo que nada tem a ver com literatura, se não fosse nada além de mero deslumbramento.

Lembro, por conta disso, da situação aquela do sujeito que se aproxima do autor em alguma festividade literária e, descuidado, projeta um empolgadíssimo (e inusitado) “sou seu fã desde sempre, fã número um”, recebendo como resposta um “obrigado, mas, então, me diga aí: qual dos meus livros você leu?” e replicando, o dito fã, despeja um “eu te sigo no Twitter, leio o que você posta” ou “leio os seus textões no Facebook” ou “leio a sua coluna” ou até um “leio de vez em quando o seu blog”.

Não me agrada tietagem literária, tietagem vazia, casuística, a que adquire o livro, mas não lê o livro (e não se abala ao lidar com o fato de que jamais lerá o livro). Não vou entrar em detalhes, sobretudo por saber que estamos longe, eternamente longe, dos mundos ideais, apenas vou registrar: o universo literário brasileiro contemporâneo precisa de leitores, leitores de verdade, não de tietes. E isso, até onde eu sei, se consegue com educação fundamental de qualidade, educação de verdade.

Fonte: http://www.blogdacompanhia.com.br/2015/07/tietagem-literaria-1/
 
80 mil exemplares... Eita. Não, é sério: EITA. Tô acostumado a acompanhar tiragem de poesia onde se o cara imprimir 200 exemplares ele já é considerado maluco de pedra.

Concordo com a Anica: era meio questão de tempo. Nem sei dizer se essas pessoas que compram um livro assim significariam um ganho palpável para o número de leitores no país... Acho que muito certamente não. Então fica sendo aquele tipo de lançamento pra captar pessoas que não querem bem um livro, mas um produto relacionado a uma celebridade (mas isso num sentido bem superficial; não é como vc comprar um livro de cartas do João Cabral pq é relacionado ao Cabral, por exemplo).

Agora já o lance dessa Zoella aí... (Zoella é tipo o Cebolinha tentando falar "Zoeira"?) É, aí fica realmente complicado. Pq, segundo o que eu presumo, se a maior parte das pessoas tá comprando nem tanto por ser um livro, mas por ser um produto relacionado à celebridade, aí pipocar a notícia de que ela teve ajuda de um Ghost Writter fica feio. Eu sinceramente não vejo lá tanto estardalhaço pois acho normal que ela tenha ajuda. É um negócio econômico importante, e editoras precisam desse tipo de coisa. São oportunidades. Editar um livro é uma profissão de risco; quando vc vê uma coisa mais ou menos segura como lançar um livro de uma web-celebridade, é claro que vc vai investir. Só que essa web-celebridade pode muito bem não saber como escrever um livro. Mas eu falo assim: algo publicável, algo que tenha um mínimo de decência narrativa, algo que consiga captar o leitor, que saiba pelo menos um pouquinho dos paranauês literários. É normal.

Claro que uma coisa é vc ter ajuda de um Ghost Writter no caso de uma biografia ou de um texto de não-ficção. No caso de um texto ficcional fica realmente muito complicado. Não li todos os links que a Anica postou, mas parece que ainda tá por definir que tipo de ajuda a Zoella recebeu, né? Até aqui eu vejo graus de diferença, pois se for uma ajuda estilística, é possível que as pessoas não se incomodem tanto pois no geral elas querem saber mais da história. Agora se foi uma ajuda da história...

No link do Telegraph a Ghost Writter fala que não queria ficar rica ou famosa e que inclusive acompanhava a Zoella. Então era alguém que tinha uma sintonia com ela. Imagino que nada disso, é claro, vá interessar pra quem comprou o livro esperando algo 100% Zoella, mas, de todo modo, acho que podemos voltar ao ponto que propus: nós estamos falando de pessoas que não necessariamente possuam um conhecimento mínimo dos paranauês literários. Mas eu falo tipo assim: às vezes essa pessoa não lê tanto, ou, mesmo que ela leia muito, simplesmente NUNCA passou pela cabeça dela publicar algo. E a gente sabe que a gestação de um livro não é da noite pro dia. Gestar um livro é também gestar um escritor. E quando vc põe na cabeça que quer ser um escritor, vc passa até mesmo a ler de maneira diferente. Então esse pulo dessa etapa de gestar o escritor pode demandar um Ghost Writter. O povo vai chiar, e imagino que com razão. Saia justa. Mas fica aquela pulga: será que nos livros dessas outras celebridades não aconteceu o mesmo? Não digo isso nem tanto pq são burras ou coisa do gênero; podem ser inteligentes, mas com outras coisas que não escrever um livro. Afinal de contas, estamos falando do caso limite de um Ghost Writter, mas às vezes pode ter por trás de um livro desses de celebridades um editor mãos-de-tesoura. Vai saber.
 
Parece haver dois casos, né? O dos livros de ficção e os de não-ficção dos blogueiros. No caso dos não-ficção, fui dar uma olhada nos canais e parecem ser meio cópias de Porta do Fundos e outros do gênero. Achei o humor forçado (aliás, nem gosto do Porta dos Fundos também). Imagino que os livros sigam na mesma trilha e sejam alguma espécie de crônica "humorada" sobre problemas pessoais. Se forem do mesmo nível dos vídeos não vejo muita qualidade... Mas fica fácil fisgar público a partir da identificação ou proximidade de problemas e parte dele já é cativo também.

Sobre estarem mais interessados na celebridade que na obra, parece que é um fenômeno recente na literatura, a"celebrização" do escritor, mas que em outras artes já é mais "antigo". Talvez pelas especificidades da literatura, uma arte em que o artista não precisa de contato direto com o público e de exposição, por exemplo. Um exemplo que me surpreendeu foi o do John Green, que veio fazer propaganda do filme do livro. Mas há certa glamorização desde os românticos, né? Talvez a diferença é que os escritores glamorizados até aqui juntassem alguma qualidade literária com o exibicionismo da própria vida e que isso tenha diminuído? (A ideia da "estrelização" nas artes tirei de Gilles Lipovetsky).

Já no caso das obras de ficção aí acho mais complicado. A não ser que o blog ou canal tenham feito sucesso como obras de ficção e a partir daí tenham sido publicados, desconfiaria da qualidade do autor (se bem que a autora de 50 Tons virou escritora assim mesmo, a partir de blog de ficção), embora possa ser um preconceito. Basta lembrar os autores (ou alguns deles) da "nova literatura fantástica brasileira" que tinham lá seu podcast sobre "cultura nerd" e se meteram a escrever ficção. Uma boa medida da "autoridade" da pessoa seria lançar algo depois de um primeiro livro baseado no conteúdo do blog.
 
Nem vejo porque comentar sobre livros sobre youtubers, não sou o público-alvo e duvido que alguém aqui desse subfórum o seja, então pra que se preocupar em opinar a respeito?

Agora livros de youtubers sobre outros assuntos, aí também não há o que comentar, não é diferente de livros de usuários do fórum, por exemplo - depende do autor (provavelmente um iniciante) e da proposta do livro, cada caso é um caso.
 
Acho um desenvolvimento natural da situação. Não é de hoje que se aproveita de um público pré-existente pra comercializar um produto derivado. Já teve blogueiro e blogueira indo pra MTV, e imagino que as editoras já estivessem atentas há tempos a essas figuras (que, provavelmente, só demoraram tanto a lançar livros porque, convenhamos, mó mão ter que escrever e tal).

Antes do final do ano, vai ter livro de colorir de algum youtuber (caso a moda não morra antes).
 
Antes do final do ano, vai ter livro de colorir de algum youtuber (caso a moda não morra antes).

meio que já saiu um. quando esse aqui foi publicado >> http://www.saraiva.com.br/the-pointless-book-um-livro-sem-nocao-8715409.html a moda ainda eram os livros de ~~atividades~~ tipo o destrua este diário e o uma página por dia.

****

fui procurar o título do livro em questão e achei esse texto aqui sobre o assunto: http://www.xojane.com/issues/zoella-girl-online-youtube-authors acho que a guria conseguiu captar bem o incômodo que sinto com o caso do livro escrito pela zoella. os de não-ficção eu realmente não ligo, vejo como consequência inevitável do sucesso dos canais e blablabla, mas opa, calma aí com a ficção. citando o texto, grifei o trecho em questão.

If I had a dollar for every time I’ve read an article about Zoella’s newest book, "Girl Online," I still wouldn’t have as much money as she made during its first week on sale. She’s slated to make more money than J.K Rowling and, as someone who dressed up as Hermione for three consecutive World Book Days, I’m distressed about it.

If you’re just now hearing the name “Zoella,” it’s probably because you’ve seen her in the news these past few days. Almost as soon as her book was released, it came under fire for being, as most people suspected, not a product of her own writing and in fact just a ghostwritten story with her name on the cover.

It’s probably important to step back and talk about why having her name on the cover even matters. Zoe Sugg, or “Zoella” to her viewers, is a part of a growing number of celebrity YouTubers who are finding their place alongside singers and movies stars in terms of how loudly people scream when they see them. These YouTubers range from comedy “vloggers” to make-up gurus and now, apparently, authors.

Girl Online is not the only YouTube “authored” book to come out recently. Her boyfriend, Alfie Deyes, published "The Pointless Book" earlier this year, Grace Helbig came out with "Grace’s Guide" in October, and Tanya Burr is set to release "Love Tanya" sometime in the future.

While none of the other YouTubers have received any backlash, both Deyes and Burr are under the same management as Sugg: Gleam Futures. So it’s safe to assume they may have undergone a similar process with their books. What’s different is that Deyes and Burr don’t claim to be novelists, and their books certainly don’t hint to any such title. When the news of her book was announced, Sugg said that this was a dream of hers. She had always wanted to write a novel. I wonder if anyone has told her that she still hasn’t.

But I don’t blame these YouTubers! I think the rise of content creation on the Internet is an important and awesome new part of pop culture. I indulge in YouTube binges as much as the next person, and it’s the people like Zoella and Grace who make this possible. They’ve developed their brands, curated an audience, and created content that is successfully geared towards their demographic. Every subscriber they gain is deserved, and so is the subsequent money they make off of these clicks. YouTube is their job and we keep giving them promotions.

However, YouTube culture and literary culture have very little crossover. The only common denominator can be found in the niche genre of “booktubers.” These are people whose channels tend to focus on book reviews, book-related tags, attending book events, and just generally creating videos with some kind of literary theme.

One example would be their collaboration with Books Are My Bag, a British campaign specifically for local and independent bookstores. Last year, a host of YouTubers were a part of Books Are My Bag’s “Secret Santa,” in which they exchanged books with one another to promote the campaign. Earlier this year on National Books Are My Bag Day, the company sent “Survival Kits” to all participating channels.

These YouTubers are usually in school, recent grads with English degrees or even a part of the publishing industry themselves. They have an appreciation for the craft of writing as well as the knowledge of what makes it good. But these aren’t the people getting book deals.

It's the people whose large followings, six million subscribers and counting, will eat up anything they come out with. This means that no matter how bad the book is, it's going to make money. Video upon video of tags and challenges does a not a writer make, and while I love these YouTubers' content as a fun distraction, it's an entirely different medium that does not transfer to the page.

Take Alfie Deyes’s book, for instance. Aside from being a rip off of "Wreck This Journal," there’s nothing much else of note about it. And that’s because there’s nothing much else of note about Alfie. His channel, “PointlessBlog,” does what it says on the tin. It’s mindless fun, with Q&As and collaborations and something called “POO FACIAL!” that I refuse to investigate further. In terms of the literary world, he has nothing to offer, especially when it’s already been done.

And this is why I blame the publishers. This is why I blame the people whose alleged passion for the craft of writing got them the positions they have today, and who don’t seem to hold a handful of famous twenty-somethings to the standards to which they hold talented but normal writers sending in submission after submission. Books and stories are an art that takes soul and passion and effort. By churning out ghostwritten stories and slapping a famous face on them, publishers are doing a disservice to the industry, authors and readers.

When this happens, this shows that it’s all about the money, which is a realization I know many people will tell me I should have had by now. I guess I’m just holding onto that childlike belief that what makes an editor’s job worth it is the knowledge that they might stumble upon the next great writer, and that lives will be changed because of their words. When emphasis is placed on marketing and celebrity, publishing companies are supporting the name, not the writing, and consumers are buying the novelty, not the words -- and this isn't something we should be celebrating.

The one thing to be said for this is that the influx of money allows publishers the flex to support their more struggling authors, but if that’s the case, I’d like to see it in action. I’d like to hear about the latest and greatest masterpiece just as much as I see Zoe Sugg’s face on my Twitter feed. I’d like there to be five "Half of a Yellow Suns" for every one "Pointless Book." I’d like to see publishers put faith in the talent they produce, and not just the ones they know will make easy money. If you really support the craft of writing, then thewriters should be your first priority. End of story.

***

edit:

@-Jorge- o 50 shades era uma fanfic, é um tico diferente, mas também é um negócio que tem saído bastante por aí. Só de fanfic de crepúsculo eu lembro de pelo menos mais um título além do 50 shades (o que já é muito, haahaha). a paralela lançou tem pouco tempo um que era fanfic de one direction (O_o). to só esperando a fanfic da dilma e do aécio agora

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:dente:
 
Última edição:
Mas é uma velha história. É sempre difícil diferenciar uma figura de um trabalho a ela atribuído. E é comum que pessoas usem suas imagens pra passar mensagens pensadas/estruturadas/escritas por outras. Isso sempre acontece na política (nos EUA, inclusive, que idolatram figuras políticas por discursos que eles não escreveram). E a figura do ghost writer também não é nova. Além disso, a fronteira entre ficção e não ficção é bem porosa; inclusive, acho que escrever não ficção acaba sendo uma atividade que pede bem mais seriedade do que escrever ficção e que, quando essa seriedade tá ausente, o livro que se vende como ficção é até mais honesto. Na verdade, não conhecia as figuras citadas aqui, então vou tomar um café.

(Tentei ver um vídeo da tal Kéfera. Não nasci pra isso.)
 

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