.:Manwë_Súlimo:. disse:
Boa parte das obras literárias já clássicas seguiram tendências, muitas vezes comerciais, e isso não as diminui nem as justifica ou qualifica como boas ou não. Você é que estará se limitando e cerceando o seu julgamento ao fazê-lo preconceituosamente dessa forma.
Da uma olhada no periodo da literatura Classica antes de falar que ela seguia um modelo comercial...
Ou você não entende nada ou se faz de desentendido. Então vou explicar por partes, vamos ver se você entende. Eu disse que "Boa parte das obras literárias já clássicas seguiram tendências, muitas vezes comerciais". Certo? Veja bem MUITAS VEZES é DIFERENTE de SEMPRE. Camões seguia o modelo de Petrarca à risca. Há sonetos, inclusive, que são plágio descarado. Na época, porém, isso era uma questão até de homenagem e não tinha a mesma conotação que tem nos dias hoje. De qualquer forma, era um modelo que ele utilizava. Isso diminui a obra de Camões? De forma alguma. Bem, Camões tem alguns problemas em relação à sua lírica, com obras de autoria duvidosa e atribuições erradas, mas isso é outra discussão.
De qualquer forma, ficou claro agora o que eu quis dizer? Vou repetir, de forma direta e resumida: muitas obras, mesmo clássicas, seguiram modelos (que podem ser comerciais ou não) e isso não as diminui. Entendeu agora?
.:Manwë_Súlimo:. disse:
Uma coisa é você ter um modelo lirico. Livre ou não tal modelo ou a negação por tal (como pode ser vista no Romantismo), não impede de forma alguma e não desvaloriza em momento algum a criação artistica.
Agora se não percebe ainda estou falando de formulas magicas que deturpam a obra negativamente apenas para atender um demanda comercial
Errado. Por que muitos seguem um determinado modelo, uma determinada onda? Qual é a diferença, eticamente falando, em seguir um modelo para ser aceito na comunidade artística e com as escolas vigentes do que seguir um modelo para ganhar dinheiro? As intenções são as mesmas.
O fato de seguir um modelo (seja por dinheiro seja por aceitação) não invalida DE FORMA ALGUMA a obra. Ela pode ser ruim, pode. Mas também pode ser boa. Menosprezar algo só por seguir modelo (seja ele qual for) é preconceito.
.:Manwë_Súlimo:. disse:
Deste modo é ridiculo querer comparar modelos liricos com modelos comerciais da atulidade, e mais ridiculo ainda é querer discutir influencia comercial no periodo classico, perido do qual a literatura não tinha um foco comercial e era de carater puramente erudito e nobre não sendo nem um pouco popular.
Errado novamente. Em primeiro lugar, em nenhum momento eu falei de influência comercial no período clássico (espero que vc tenha entendido a explicação acima). Em segundo lugar, uma obra "clássica" não necessariamente se refere ao período clássico. Em terceiro lugar, sua afirmação está errada. O "modelo lírico" a que vc se refere parece apenas explicar a adequação de um verso ao número de sílabas. Isso é meramente uma questão técnica. Há uma grande questão temática. Camões, por exemplo, constantemente faz uso da dualidade (meu/teu, corpo/alma, vida/morte etc.) e isso tb é uma adequação de sua obra a um modelo dualista. Mais além disso, Camões constantemente faz uso da comparação do amor com o desejo, embora não explicitamente, mas diversos poemas tratam desse dilema. Isso tb é uma adequação a um modelo. Ou seja, não só quanto à técnica, mas também quanto à temática um autor pode se adeuqar. E não interessa se ele faz isso porque é o modelo vigente ou porque ele quer ganhar dinheiro, a intenção é a mesma. E eu sou um dos grandes fãs de Camões que você pode encontrar por aí, o que significa que eu acho irrelevante o fato de ele seguir um modelo e de chegar a plagiar o Petrarca (outro fabuloso poeta).
Quanto ao foco comercial, o que isso diminui uma obra? Muitos autores fazem isso desde o século XIX e isso não os exclui, em momento algum, de uma análise justa. Eu não gosto do estilo de livro do Paulo Coelho, mas isso não me impede de achar qualquer livro que ele escreveu ruim sem ao menos ter tentado ler.
O fato de existirem fórmulas para best-sellers, filmes etc. é meramente um reflexo da nossa sociedade. Ora, se isso faz sucesso, a culpa é de quem faz uso dessas fórmulas ou de quem as compra? Por outro lado, se no século XV os artistas se adequavam a determinados modelos (formais E semânticos) por outras questões também não os salva de sua ira. Seguir modelos é uma constante na arte. E mesmo os artistas das vanguardas do início do século XX que pregavam a "liberdade" artística seguiam modelos, mesmo que fossem contra isso. Os futuristas, que estavam entre os mais radicais, acabaram paradoxalmente seguindo um modelo criado por eles sem querer, que ditava o que era arte ou não e, por isso, dentro do seu próprio modelo a sua arte não era arte por seguir o modelo.
Em resumo, e concluindo, não interessa se a intenção é ganhar dinheiro ou não, modelos são usados desde sempre na arte, e julgar uma obra prematuramente pelo fato de ela ser comercial ou não é um erro. Ela pode ser boa, mesmo sendo comercial. Por outro lado, se ela não tiver nada demais, a não ser o apelo comercial, tudo bem, então esculhamba. Mas esse preconceito é infundado e prepotente.