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pacifismo x literatura fantástica / ficcional

Arner the Brave

Apenas um humano curioso.
Para mim é fácil observar como pessoas que atravessaram as Guerras Mundiais a guerra fria tinham como perspectiva a luta armada como resolução final de conflitos (para o bem ou para o mal). Não escaparam disso Tolkien, Frank Herbert (Duna), Roddenberry (Star Trek), George Lucas e os demais. Mesmo que possam ter construídos personagens complexos, nem sempre 100% "bons" ou "éticos", o resultado final de todos os épicos é resumível na batalha do bem contra o mal.

Essas produções (sejam literárias, sejam cinematográficas) me empurram para sentimentos que já considerei valiosos, mas cada vez mais estou convencido de que não me ajudam a pensar em soluções pacíficas para o mundo.

Então eu me pergunto se vocês conhecem (e poderiam me indicar) boa literatura que aponte para caminhos pacíficos de resolução de conflitos, pois o tema me interessa, e em diálogo com o mundo em que vivemos hoje, acho que faz falta termos mais combustível para pensarmos em soluções planetárias sem base em armas e morte.

PS: Enquanto escrevia, me lembrei de um texto do Herman Hesse: "o jogo das contas de vidro".
 
O interesse por assuntos em livros pode mudar com o tempo.

Uma definição de passagem de tempo na física é quando um objeto no espaço muda a posição/disposição recalibrando-se constantemente. Em utopias, distopias, fantasias, ideologias, etc... o observador está num ambiente artificial que podem impedi-lo de se recalibrar ou distorcer a recalibragem em relação ao espaço/ambiente.

A propósito do gênero de fantasia (literatura fantástica) as grandes questões densas a exemplo da reflexão do "bem versus mal ou vida e morte" são abordadas com roupagem lúdica, para "abrir o apetite", por meio de recursos e impressões.

A conclusão é que por conta da natureza da ferramenta (fantasia), dentro do gênero, não há aprofundamentos maiores do que aqueles já realizados por autores consagrados de alta-fantasia do mesmo calibre de Tolkien (que foi um reformador/restaurador do interesse por um estilo que estava perdendo o impacto antes dele).

De sorte que para se conseguir maior satisfação intelectual a partir desse nível é preciso buscar em outras áreas, na filosofia, religião, história, etc...

Do ponto de vista existencial, que é outra questão filosófica, o "problema em oposição a solução" é uma versão do conflito "bem versus mal", e que em gêneros aparentemente inócuos como dramas e comédias sempre existirão tipos específicos de batalhas e guerras que são de interesse se a pessoa for fã. Afinal a luta pela vida é acima de tudo luta. E a primeira luta para poder crescer é a luta para conseguir liberdade suficiente de buscar.

Pessoalmente eu não acredito em "domesticação de visão ecológica", apenas na tentativa do homem de domar o abismo do conhecimento e buscar alguma visão ecológica. É da condição do homem desde que foi criado lutar contra as forças da natureza, é uma sina obrigatória nesse plano mortal pelo menos. Mesmo na Bíblia Deus teve vários profetas porque a verdade total era grande demais para ser colocada nas costas de uma única fonte.

Sou da opinião que na literatura podem variar as intensidades das lutas e batalhas, mas nunca chegar a zero, mesmo Buda, Ghandi, Jesus... eram lutadores com armas específicas. E é como se diz na série "Legend of The Galactic Heroes", a guerra normalmente ocorre entre "aqueles que valorizam a vida mais do que qualquer coisa e aqueles que possuem algo mais valioso do que a própria vida para proteger". Sempre tem uma separação, um atraso entre cada coisa no universo que os coloca em campos rivais.

O guru indiano Osho diria, paz mesmo nesse mundo só a paz do cemitério. O primeiro passo é fugir da armadilha do "merecimento". Em psicologia estão cheios de profissionais psicologicamente doentes "merecedores", as fábricas de alimentos saudáveis fake estão lotadas de enfermos "merecedores". E o mundo tem muitos idealistas que buscam distopias e utopias.

Então se houver espaço para algum conflito que leve ao crescimento, e não a um deserto sem forma e significado, só posso recomendar a porta estreita e difícil.

Poderia recomendar fazer um curso de diplomacia ou entrar num mosteiro (dois lugares com bons materiais em livros no assunto), mas isso só resolve se a vontade da pessoa estiver apontando naquela direção, porque de fato é um sacrifício que a pessoa faz da própria vida pra conseguir respostas.

Eu costumo defender que alguns conhecimentos (incluindo o assunto sobre paz) a pessoa só consegue fazendo o cérebro dela percorrer certos caminhos, de maneira intransferível e individual, e não apenas lendo texto mas experimentando.

Porque, novamente, o abismo infinito do conhecimento tem perigos respeitáveis, a pessoa pode morrer, pode perder tudo que tinha por desvio em uma obsessão. Eu poderia chegar aqui e falar pega um livro sobre paz de espírito "Os Fantoches de Deus" (do mesmo autor de Advogado do Diabo). Mas conforme mencionei antes, não adianta muito hoje em dia fazer uma coisa na base da força. Viver a experiência é exclusivo, a pessoa vai criar a paz em volta dela servindo de exemplo. Em Tolkien tem muito disso, em especial nas parte de abnegação, mas tem que ler o livro tendo de antemão uma bagagem de conhecimento cristão.

É nessa base que vejo o assunto.
 
Então eu me pergunto se vocês conhecem (e poderiam me indicar) boa literatura que aponte para caminhos pacíficos de resolução de conflitos, pois o tema me interessa, e em diálogo com o mundo em que vivemos hoje, acho que faz falta termos mais combustível para pensarmos em soluções planetárias sem base em armas e morte.
A primeira parte acho que é mais fácil; mas que seja "em diálogo com o mundo em que vivemos hoje" pode dificultar no achamento dos livros. Pensando só em soluções não-bélicas, acho que daria pra incluir aí a trilogia da Fundação (Asimov) e mesmo a Mão Esquerda da Escuridão (LeGuin). São ambos livros de ficção científica. Não sei se satisfazem o que você pediu. Os livros de fantasia, até por se basearam muito no nosso passado medieval/antigo, não fogem daquela cosmovisão e das soluções encontradas por nós mesmos em tal período. Acho que só começaram a pensar numa "paz mundial" lá pelo Iluminismo, não? E mesmo assim tivemos as maiores guerras da história muito tempo depois de se pensar nisso.
 
Lembrou bem de Asimov! Vou voltar para ele depois de minha releitura de Tolkien! LeGuin nunca li. Recomenda?
 
Cara, esse da LeGuin é tipo um clássico absoluto do sci-fi também, ainda que eu particularmente tenha achado o ritmo mais lento do que me agrada. Mas foi uma boa leitura, sem dúvida. É sobre uma espécie de emissário de uma organização intergalática que desce num planeta gelado habitado por uma raça de pessoas intersexo (?) e tenta convencer um rei local a aderir a essa organização e fazer comércio e troca de conhecimento com outros mundos, etc., enquanto a autora desenvolve ideias de como seria uma sociedade que não estivesse continuamente motivada pelo sexo (esses homens/mulheres são andróginos em tempo integral e só adquirem um sexo definido num período específico, para acasalamento, etc.). Fazendo um resumão bem porco, acho que é por aí.
 
O interesse por assuntos em livros pode mudar com o tempo.

Uma definição de passagem de tempo na física é quando um objeto no espaço muda a posição/disposição recalibrando-se constantemente. Em utopias, distopias, fantasias, ideologias, etc... o observador está num ambiente artificial que podem impedi-lo de se recalibrar ou distorcer a recalibragem em relação ao espaço/ambiente.

A propósito do gênero de fantasia (literatura fantástica) as grandes questões densas a exemplo da reflexão do "bem versus mal ou vida e morte" são abordadas com roupagem lúdica, para "abrir o apetite", por meio de recursos e impressões.

A conclusão é que por conta da natureza da ferramenta (fantasia), dentro do gênero, não há aprofundamentos maiores do que aqueles já realizados por autores consagrados de alta-fantasia do mesmo calibre de Tolkien (que foi um reformador/restaurador do interesse por um estilo que estava perdendo o impacto antes dele).

De sorte que para se conseguir maior satisfação intelectual a partir desse nível é preciso buscar em outras áreas, na filosofia, religião, história, etc...

Do ponto de vista existencial, que é outra questão filosófica, o "problema em oposição a solução" é uma versão do conflito "bem versus mal", e que em gêneros aparentemente inócuos como dramas e comédias sempre existirão tipos específicos de batalhas e guerras que são de interesse se a pessoa for fã. Afinal a luta pela vida é acima de tudo luta. E a primeira luta para poder crescer é a luta para conseguir liberdade suficiente de buscar.

Pessoalmente eu não acredito em "domesticação de visão ecológica", apenas na tentativa do homem de domar o abismo do conhecimento e buscar alguma visão ecológica. É da condição do homem desde que foi criado lutar contra as forças da natureza, é uma sina obrigatória nesse plano mortal pelo menos. Mesmo na Bíblia Deus teve vários profetas porque a verdade total era grande demais para ser colocada nas costas de uma única fonte.

Sou da opinião que na literatura podem variar as intensidades das lutas e batalhas, mas nunca chegar a zero, mesmo Buda, Ghandi, Jesus... eram lutadores com armas específicas. E é como se diz na série "Legend of The Galactic Heroes", a guerra normalmente ocorre entre "aqueles que valorizam a vida mais do que qualquer coisa e aqueles que possuem algo mais valioso do que a própria vida para proteger". Sempre tem uma separação, um atraso entre cada coisa no universo que os coloca em campos rivais.

O guru indiano Osho diria, paz mesmo nesse mundo só a paz do cemitério. O primeiro passo é fugir da armadilha do "merecimento". Em psicologia estão cheios de profissionais psicologicamente doentes "merecedores", as fábricas de alimentos saudáveis fake estão lotadas de enfermos "merecedores". E o mundo tem muitos idealistas que buscam distopias e utopias.

Então se houver espaço para algum conflito que leve ao crescimento, e não a um deserto sem forma e significado, só posso recomendar a porta estreita e difícil.

Poderia recomendar fazer um curso de diplomacia ou entrar num mosteiro (dois lugares com bons materiais em livros no assunto), mas isso só resolve se a vontade da pessoa estiver apontando naquela direção, porque de fato é um sacrifício que a pessoa faz da própria vida pra conseguir respostas.

Eu costumo defender que alguns conhecimentos (incluindo o assunto sobre paz) a pessoa só consegue fazendo o cérebro dela percorrer certos caminhos, de maneira intransferível e individual, e não apenas lendo texto mas experimentando.

Porque, novamente, o abismo infinito do conhecimento tem perigos respeitáveis, a pessoa pode morrer, pode perder tudo que tinha por desvio em uma obsessão. Eu poderia chegar aqui e falar pega um livro sobre paz de espírito "Os Fantoches de Deus" (do mesmo autor de Advogado do Diabo). Mas conforme mencionei antes, não adianta muito hoje em dia fazer uma coisa na base da força. Viver a experiência é exclusivo, a pessoa vai criar a paz em volta dela servindo de exemplo. Em Tolkien tem muito disso, em especial nas parte de abnegação, mas tem que ler o livro tendo de antemão uma bagagem de conhecimento cristão.

É nessa base que vejo o assunto.
Interessantes pontos. Vou precisar refletir, obrigado!
 
Cara, esse da LeGuin é tipo um clássico absoluto do sci-fi também, ainda que eu particularmente tenha achado o ritmo mais lento do que me agrada. Mas foi uma boa leitura, sem dúvida. É sobre uma espécie de emissário de uma organização intergalática que desce num planeta gelado habitado por uma raça de pessoas intersexo (?) e tenta convencer um rei local a aderir a essa organização e fazer comércio e troca de conhecimento com outros mundos, etc., enquanto a autora desenvolve ideias de como seria uma sociedade que não estivesse continuamente motivada pelo sexo (esses homens/mulheres são andróginos em tempo integral e só adquirem um sexo definido num período específico, para acasalamento, etc.). Fazendo um resumão bem porco, acho que é por aí.
interessante hein! vou procurar! super obrigado!
 

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