Saindo da monotonia... A CARTA...
A Carta
Caro Samaro. Não escrevo aqui pois quero perder tempo, senhor. Escrevo aqui para que entendas toda esta história e não aches que quero te matar por apenas diversão. Pois sim, conheço pessoas que matam por diversão.
Matar não é divertido. E não gosto de faze-lo muito. Embora, á as vezes em que sinto me perfeitamente disposto a matar alguém. Alguém inoportuno. Alguém como você, Samaro, que é uma verdadeira pedra no meu sapato. A mais pontuda delas.
Sei que não deves estar entendendo naga. Rio de pensar nisso... Mas, vou lhe explicar brevemente todo o jogo. Tudo o que ocorre.
Não conseguirás lembrar-te da maioria dos fatos. Pois tu ainda eras um pequeno bebê na época.
Tudo começa, na verdade, num século distante, numa idade que vós acostumais a chamar de “Idade Média”, ou “Idade das Trevas”. Pois era um tempo em que camponeses saíam de suas casas e íam matar dragões, para conseguir peças de ouro. Uma época em que não tínhamos mosquetes, e a arma mais eficiente era a magia.
Então, uma nova ordem surgiu. Invejosos guerreiros, fundaram a ordem de Caçadores. Os Caçadores, treinavam durante anos para tornar inúteis nossas técnicas. Conseguiram sim, matar muitos magos. Apenas pela inveja.
Mas precisavam de muitos. Dez homens, para matar um mago, apenas. Então, vimo-nos encurralados. Eu era um mago. Comecei então, com medo dos Caçadores, a criar alianças com outros magos. Não confiei em guerreiros, pois com alguma lábia os Caçadores os fariam nos trair. Então, começamos a formar aldeias de magos. As Maeris.
De repente, com o poderoso Gustaf, conseguimos nos unificar numa só capital, que ficaria bem isolada da sede dos Caçadores. Fomos para uma ilha que ficava pouco próxima a Grã Betanha.
Aquele foi nosso melhor tempo. Se formou uma aliança de magos. Mais de dois mil magos em apenas uma ilha. Nós demos a ela o nome de Autumn Leaf. Pensamos é claro num nome em inglês, pois éramos próximos ao império Britânico.
Os Caçadores, por muito tempo, não nos viram. Ficamos quase quinze anos sem sermos perturbados. Quinze anos, e a ordem dos Caçadores não se desfez. Alguns magos que não pertenciam a ordem, ou alguns que nos traíram, ainda não sei, localizaram-nos pela forte concentração de mana numa ilha.
Certo dia, como todo outro, uma caravela chegou próximo ao nosso porto. Nosso porto era o Elludo. Um porto aparente, apenas, pois, não esperávamos nem queríamos visitas. Avistamos Fernão, o líder dos Caçadores, na caravela. Eu e Laerte, tratamos de avisar aos outros magos, aos berros.
Enquanto Laerte continuava a gritar, parei e preparei-me para lançar neles uma bola de fogo. O barco apenas a absorveu, tornando-se vermelho. Com certeza, seria uma caravela com magias para anulação de magias. Fernão, o líder dos invejosos, tinha cérebro.
Os outros chegaram. Pedi a eles que lançassem mais magias. Principalmente neles, pois a caravela era mais que um amontoado de madeira. Era um amontoado de madeira com uma magia para anulação de magias.
Lançamos, então. Revelou-se uma cúpula invisível. Com certeza, em vinte minutos estariam em terra, com uma muralha.
Pensamos se seria possível utilizar uma contra-magia contra a própria contra-magia. Tentamos. Não podemos dizer que tivemos um grande êxito. A caravela continuava totalmente resistente a magia. Mas nós vimos a cúpula que protegia os homens de Fernão se desfazer, totalmente.
Isso já era o bastante. Nós os bombardeamos com magias. Nos sentimos poderosos, superiores, e formamos nossa ordem, também. A ordem dos Iluminados, que se estendeu novamente pela Europa, mas já não é a mesma...
Para falar a verdade, não é nada parecida com a nossa ordem. Nós, pensamos no caso de Fernão. Se fossem um pouco mais espertos, e tivessem um mago entre eles, com certeza nos seria um perigo. Mas, ainda naquela época, não existia nem um flug* (* flug é um avião-a-vapor que foi feito pelos anões para voar curtas distâncias), não existia nada que se movesse através dos céus. Analisando, existia sim: a magia. Com magia, levantamos Autumn Leaf e construímos o Reino dos Iluminados, que acabou sendo o nome de nossa ilha por algum tempo.
O Reino dos Iluminados, foi coletando mana das redondezas. Pedimos isso a Lissani, a deusa da magia. Ela nos cedeu isso, em troca de vários itens mágicos.
Então, nos nossos reinos aéreos, nasce ti, Samaro. Teus verdadeiros pais são Nataniel e Cecily.
Samaro, agora vais compreender. Vais compreender porque quero acabar com tua vida. Surgiram desavenças entre mim e o que dizia chefe dos iluminados, Gustaf. Eu e Laerte nos rebelamos ao mesmo tempo. Então, planejamos antes de mata-lo – como disse, mato apenas as pedras mais pontiagudas do meu sapato -, drenar a energia mágica do local. Drenamos.
Estávamos com poucos itens de natureza mágica, pois não foi barata a benção da deusa da magia. Com o tempo, observando as áreas de maior acúmulo de mana, notamos que na clareira de Daltumn havia uma grande quantidade da energia que procurávamos. Drenando aquilo, mataríamos com total certeza o nosso líder, Gustaf.
Nos encaminhamos até lá. Encontramos uma esfera azul. Peguei-a e comentei com Laerte, que sentia um mana absurdo ali. Após um curto debate, percebemos que com certeza aquilo mantinha Autumn Leaf em pé.
Roubamos a esfera e começamos a drenar o mana dela. Após alguns dias, começou.
Terremotos. Autumn Leaf caiu novamente no mar. Fizemos questão de matar os outros iluminados. Se não, nos matariam. Entandai-me, jovem, que se não os matasse, eles o fazeriam, mas com minha pessoa.
Num combate contra Gustaf, então, Laerte morreu. Fiz questão de mata-lo.
Observei ao redor. Aquela terra agora era uma ilha comum. Mana comum. Não havia um grande mana, exceto na esfera azul, que ainda carrego.
E olho pra ti jovem. De algum jeito, tu absorvera todo o mana! Drenara tudo, enquanto eu e Larte demoramos muito para drenar uma parcela! Não lhe matei, pois era um bebê, porém, Nataniel e Cecily foram mortos. Lhe teleportei para qualquer lugar. Sonhei para que estivesse num inferno, e fosse obra do acaso, não minha.
Te perguntas agora o que aconteceu com a esfera azul. Fiz-me dela medalhão para tornar-me um lich. O segredo é absorver muito mana e matar pelo menos cinco mil inocentes. Então, tornei-me um lich.
De dez em dez anos, precisava absorver mana na esfera. Agora, Samaro, o que resta do mana do Reino dos Iluminados, está em teu sangue. Está em tua alma.
Não te assustas, então, se perderes tua vida. Te prepare, pois terá de ser grandioso para sobreviver ao tanto que vou lhe fazer. E se sobreviveres a tudo Samaro, não te assustas se aparecer aí um homem alto e de cabelos negros com um mosquete. E, se ele te matar, lembre-se de minha história, e veja que precisei.
Adeus.
Hlaf Dreadnor.