Só pra constar, ainda não li todos os posts, e se tiver algum repetindo algo que digo agora, peço desculpas e depois edito.
E o que eu vou colocar é com experiência de professora de Química da rede estadual de SP e que participou de reunião pra discutir essa
PROPOSTA, que é somente para ENSINO MÉDIO.
Um detalhe MUITO importante: a maioria de nós aqui fez ou faz faculdade, ou tem grandes intenções de cursar num futuro próximo. Mas essa não é a realidade da escola pública estadual, em que eu tenho uns 5 alunos de terceiro ano, por turma (de uns 35), que realmente tem interesse em prestar vestibular logo esse ano. Não quero dizer que não devemos pensar em vestibular e ignorar essas exceções, mas vamos levar em consideração a realidade da maioria.
E também, nos argumentos, não nos esqueçamos dos alunos do noturno (minhas turmas, no caso), com realidades distintas e com tempo de aula bem mais reduzido.
hum.
Não querendo repetir o que algum de vocês já tenham comentado, mas que espécie de governo retira o aprendizado da PRÓPRIA língua do sistema de ensino, e fora, qualquer ensino básico precisa de matemática. Uma cidade de São Paulo, com o tamanho e a importância que já adquiriu nacionalmente fazer uma ação destas chega a levar a pensar se realmente no governo alguém pensa!!!
Português não é importante só porque é a língua oficial (o que deveria ser suficiente), mas porque, eu acredito (na minha compreensão) que sem entender a própria língua não se entendo que há ao seu redor.
E matemática além de estar tão presente quanto português, ainda necessita que a pessoa saiba português para entender matemática, como vai interpretar um cálculo?!
Ahhhh
Isso é um ultraje!!! E dizem que o Brasil está investindo em Educação!
Não entendi, o governo de São Paulo está presumindo que o aluno do Ensino Médio chega a Faculdade lendo, entendendo e recitando Machado de Assis de trás pra frente e que sabe tudo de equações de 2º Grau? Por isso não precisa das matérias?
Nunca vi isso em país algum.
Primeiro de tudo pessoal, o Gov. do Estado de SP REDUZIU a carga horária dessas disciplinas em UMA aula por semana. De 4 passou para 3 aulas, no período da manhã. Se não me engano, no noturno nem mudou. Ninguém é louco de cortar fora essas disciplinas da grade. Vamos ler com mais atenção/interpretar antes de esculhambar.
Os brasileiros já tem um ótimo nível de português e matemática para se permitir reduzir as aulas, né? Claro que outras disciplinas são importantes, mas português e matemática são mais ainda.
Eu concordo e acho que foi isso que quase todo mundo colocou aqui: sem português e matemática nenhuma das outras disciplinas se sustenta. Mas temos alguns poréns, que acho que são pontos positivos da proposta:
- inserção do ensino de espanhol: já está em lei faz tempo a obrigatoriedade do ensino (ou ao menos oferecimento facultativo) dessa outra língua, que é absurdamente importante hoje em dia, especialmente no Brasil. SP demorou a vida pra se organizar e começar a colocá-la na grade. Ainda não concordo com os moldes da proposta, que, se não me engano, deixa pro noturno 2 aulas de inglês pro 1º ano e 2 de espanhol pro 2º e pro 3º. Não conseguiram viabilizar oferecimento de ambas em todos os anos, o que pra mim não serve de muita coisa.
- aumento da carga de história, filosofia e sociologia, de 1 pra 2 aulas semanais: professores dessas disciplinas sofrem MUITO hoje, em que cada turma tem UMA aula por semana. Geralmente não nos lembramos, mas para esses professores conseguirem suas 40 horas de trabalho semanais, precisam pegar 40 turmas diferentes. O que implica em elaborar e corrigir provas de 40 turmas, preencher diários de classe de 40 turmas (é tudo na mão, viu?), etc. São os professores mais desgastados, sempre.
- possibilidade do aluno de terceiro ano escolher qual carga maior prefere ter: linguagens e códigos (português, língua estrangeira, artes, ed. física), matemática e ciências da natureza (mat., química, física e biologia) e ciências humanas (história, geografia, sociologia e filosofia). É altamente discutível se ele tem maturidade para uma escolha dessas tão cedo, mas a idéia não é descartável. E, que fique claro, a carga maior em uma das 3 áreas é bem pequena. Ninguém que prefira exatas vai ficar sem aulas de humanas.
Em resumo: algumas mudanças eram sim necessárias, como inserir o espanhol e aumentar a carga das humanas. Se diminuir a carga de português e matemática foi a melhor escolha, eu acho pouco provável, pelos motivos que todo mundo já elencou. Mas foi a opção que a Secretaria de Educação viabilizou. Eu gostaria de ressaltar que quando o aluno chega no Ensino Médio, muitas vezes já com mais de 16-17 anos, é complicado conseguir consertar o que o Ens. Fundamental já mandou estragado. Eu falo em termos de ensinar o básico de leitura, raciocínio, escrita, operações elementares. Essa proposta não fica tão ruim se imaginarmos um Ens. Fundamental utópico em que as criaturas desenvolvem tudo o que precisam para "se especializarem" no Médio. Aí sim funcionaria direito.
E adicionalmente, pra mim, ao menos o Médio noturno tinha que ser de 3,5 anos, pra tentarmos dar conta de todo o conteúdo necessário. A Ana mencionou os PCN's, e imaginem como é para dar conta disso com 1 aula de 35-40 min por semana (caso de filosofia e sociologia hoje, de noite). Sem condições.
Eu realmente acho que estão tentando melhorar sim. Mas continua com infinitos problemas, entre os quais é nos dar essa proposta em setembro pra ser viabilizada já pro ano que vem (só pros primeiros anos), sem maiores instruções ou estrutura.