• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Futuros clássicos da literatura

Rafaela disse:
Paulo Coelho pode não ter força para ser clássico, mas seria preferivel ele ser leitura obrigátoria p/ vestibular e escolas no futuro. É melhor do que aquelas coisas chatas (desculpem-me os fãs, mas não me descem) de Memórias de um Sargento de Milicias, Macunaíma, O Cortiço e por aí vai.

Memórias de um Sargento de Milícias é bem tosquinho, mesmo, tem coisa melhor. Porém discordo com força do Macunaíma e O Cortiço. É o tipo de obra que não se deve ler na adolescência, são bastante pesadas, mas são fantásticas.

Fiz uns 3 ou 4 trabalhos sobre O Cortiço e dei uma aula de Nivelamento de Estudos Literários pra todos os anos do meu curso sobre esse livro e o acho incrível.

E, se Paulo Coelho não tem força pra ser clássico é porque o cara realmente não é bom (diz a lenda que ele é melhor traduzido que no original). Se ele não é bom, é bem melhor que não seja um exemplo de boa literatura daqui alguns anos.
 
De cabeça assim, cito três:

Reparação, do Ian McEwan
O Africano, do Lé Clezio
O Filho Eterno, do Cristóvão Tezza

(ricorde, eu ia colocar o Kafka a Beira-Mar também, mas ainda não li...)
 
Pegue um livro que todo mundo xingou, esculhambou, diz que não presta, que é inútil, e blablabla.

Ele vira clássico daqui uns 50 anos (nos moldes de Moby Dick).
 
alrob disse:
Pegue um livro que todo mundo xingou, esculhambou, diz que não presta, que é inútil, e blablabla.

Ele vira clássico daqui uns 50 anos (nos moldes de Moby Dick).

:rofl: isso é verdade! Não consigo imaginar ninguém gostando de Memórias de um Sargento de Milicias, Primo Basilio, Macunaima em nenhuma época!!
 
Marcelo,
terminei de ler o Kafka a beira mar e de fato ele é sim um dos livros que eu mais gostei de ler nos ultimos tempos. Quero depois prepar algo sobre este livro e postar aqui.
 
Rafaela disse:
alrob disse:
Pegue um livro que todo mundo xingou, esculhambou, diz que não presta, que é inútil, e blablabla.

Ele vira clássico daqui uns 50 anos (nos moldes de Moby Dick).

:rofl: isso é verdade! Não consigo imaginar ninguém gostando de Memórias de um Sargento de Milicias, Primo Basilio, Macunaima em nenhuma época!!

Povo adora citar o exemplo de Moby Dick, porém eu só sei dele como esse exemplo, não lembro de outros livros clássicos. E, naquela época (até os idos de 1950/60, livros que sofriam esse tipo de preconceito eram os que não correspondiam aos preceitos estéticos da época vigente, ou seja, a obra acabava quebrando uma barreira que, até então, existia e era confortável para os produtores da época.

Hoje você não tem esse tipo de coisa.

E digo mais: Primo Basílio sempre foi louvado em Portugal, tal qual seu autor Eça de Queiróz que, realmente, tem melhores obras que esse livro. Memórias de um Sargento de Milícias desagradou não porque é uma obra ruim (apesar de que eu não a acho maravilhosa), mas porque rompeu a barreira do retratamento romântico burguês do Romantismo e mostrou a sociedade como ela realmente é: sacana, deprimente e que não vale um tostão.

Macunaíma a mesma história: foi um dos principais carros-chefe do Modernismo e, por isso, foi escrachado pela crítica da época por ser um livro sem preceitos estéticos nenhum (e, até porque, o movimento escrachava com, principalmente, os Parnasianos), porém ele era muito bem elaborado e com uma estética forte.

Sem contar que, essas obras que eram escrachadas NÃO ERAM CONSUMIDAS pelo público. Geralmente elas eram escrachadas pelo grande público e ficavam na clandestinidade para, depois, renascer dali alguns anos. Garanto que se eu der um conto do Dalton Trevisan para um ou outro daqui ler, vão achar uma porcaria e dizer que aquilo não presta e blá blá blá. Muitas vezes porque não se entendeu o que está escrito. Coisa que geralmente acontece com as obras escrachadas.

Não se tem obras desse tipo, do que me lembro, desde Clarice (divisor de águas e tal). No mundo também não consigo me lembrar de uma obra que realmente mudou os rumos da produção literária de alguma forma desde os Modernistas. Harry Potter, Crepúsculo e obras do tipo virarão, no máximo, clássicos no estilo daquele livro da mina drogada e prostituída que meio mundo leu e depois virou filme até. Madeleine F. Drogada e Prostituída, acho que é isso.

É bom? Pelo que me lembro é só mais um livro. Virou clássico? Não. Marcou uma geração? Sim e é por isso que é falado até hoje. Aí se insere Harry Potter, Crepúsulo, Paulo Coelho, Dan Brown...
 
Pescaldo, vale lembrar que o comentário foi apenas sacaneando a mania dos críticos, Herman Melville (Moby Dick) citei por ser o mais conhecido dessa jubilação.

Edgar Allan Poe (e seus contos de horror), Miguel de Cervantes (e seu Dom Quixote), também estão na lista, inclusive dos mais modernos a própria J.K. Rowling (de Harry Potter) está na lista, teve o livro rejeitado antes de ser publicado e mesmo depois de lançado não fez muito sucesso...

Mas se for por questão de elogiado pela crítica (que não seja Harold Bloom), até Stephen King pode virar um clássico... Mas sinceramente, tenho medo se ele virar. Se Poe que escrevia numa época que o termo "gótico" nem havia nascido tornou-se o "maior escritor gótico de todos os tempos" com seus textos sombrios, então se a moda continuar e surgir um estilo "Super Gótico", tenho medo de como eles vão se vestir... Com madeira de caixão, talvez o_0''

Aliás, vale deixar claro: Não tenho preconceito com os estilos!!
 
acredito q dos autores q curto, o neil gaiman vire clássico daqui alguns anos.
 
alrob disse:
Edgar Allan Poe (e seus contos de horror), Miguel de Cervantes (e seu Dom Quixote), também estão na lista, inclusive dos mais modernos a própria J.K. Rowling (de Harry Potter) está na lista, teve o livro rejeitado antes de ser publicado e mesmo depois de lançado não fez muito sucesso...

Dom Quixote foi um livro a frente de seu tempo. Enquanto o mundo ainda idolatrava novelas de cavalaria e o ideal de herói capitaneado pelo Ciclo Arturiano baseado nos ideais que seriam Jesus Cristo, Cervantes escreveu uma obra sacaneando todos esses ideais medievais e mostrando como a loucura (ou seria lúcido? Não vejo Quixote como louco...) é uma coisa interessante.

Pelo contexto, natural que ele tenha sido rejeitado quando foi feito.

O Poe também. No tom que ele escreveu, se não me engano, ele foi o primeiro. O pioneirismo geralmente vem carregado de preconceito e, por isso, esses autores foram escrachados e não muito bem aceitos. Como bem aconteceu com nossos Modernistas no nosso Brasil baronil. Lembrando que, de acordo com técnica de escrita e figuras e linguagem, assim como significação e possibilidades de intertextualidade tornam o texto bastante rico.

Coisa que não se vê nesses escritores da atualidade como os que eu já citei (incluindo a Rowling).

alrob disse:
Mas se for por questão de elogiado pela crítica (que não seja Harold Bloom), até Stephen King pode virar um clássico... Mas sinceramente, tenho medo se ele virar. Se Poe que escrevia numa época que o termo "gótico" nem havia nascido tornou-se o "maior escritor gótico de todos os tempos" com seus textos sombrios, então se a moda continuar e surgir um estilo "Super Gótico", tenho medo de como eles vão se vestir... Com madeira de caixão, talvez o_0''

Se um crítico forçar bastante, ele pode até fazer uma análise literária elogiativa de Eguinha Pocotó. Não é dificil falar que a alternância dos sons "pocotó" colocados rapidamente em seguida remetem aos Simbolistas e mostram que isso é a tal da égua cavalgando pelo asfalto levados pelos seus companheiros de aventuras Jumento e Cavalinho que, aí, como são três, podemos nos lembrar dos Três Mosqueteiros e por aí vai.

O Stephen King é razoável. Ele tem uma ou outra coisa realmente boa, mas de resto, acho que nada. Mas eu não vejo um livro dele virando clássico... talvez um ou dois. A lacuna dele já é preenchida por Poe e Lovecraft, sabe? Não acho que tenha espaço pra ele ali.

Mas enfim, tem muita coisa que é exaltada ao nível de clássico, mas que na verdade é uma imensa porcaria.
 
Não sei se chamaremos alguns escritores de hoje em clássicos, devido a volatilidade da informação é cada vez mais raro olharmos para uma obra ou autor como icone de uma geração...

Mas é claro que Stephen King, Neil Gaiman (citado pelo JLM) e alguns outros vão ser lembrados... mas duvido que virem clássicos.
 
O Stephen King é razoável. Ele tem uma ou outra coisa realmente boa, mas de resto, acho que nada. Mas eu não vejo um livro dele virando clássico... talvez um ou dois. A lacuna dele já é preenchida por Poe e Lovecraft, sabe? Não acho que tenha espaço pra ele ali.

Eu acho que você tocou num ponto interessante ao citar essa ideia de "lacuna preenchida". Até porque eu acredito que muito do que faz um livro clássico é o fator inovação, é abrir uma nova lacuna, digamos assim. Se você faz o feijão com arroz, com o tempo você será misturado com todos os outros que faziam feijão com arroz, não importa se seu livro foi sucesso na época da publicação ou não.

Com Dom Quixote (já que foi citado) Cervantes, nadou contra a maré e garantiu um lugar no cânone, quando muitos dos escritores de seu tempo, por escreverem todos as mesmas coisas, foram esquecidos. Eram ruins? Não dá para saber. Muito provavelmente alguns poderiam ser até tão bons quantos Cervantes.

O tempo é cruel com a mediocridade.
 
Nosso tempo, como será visto, com um olhar de uma brasileira que é quase fluente em uma só língua?
— É um risco. :rofl:

Penso que depois de um período de censura religiosa infame, depois da queima de inúmeros livros muito importantes, além da ilha que é a língua portuguesa, esse período é de resgate da história real, resgate do prazer de ler, resgate do charme na forma de expressão, resgate da função da escrita como deve ser realmente registrada. Depois de fugirmos da realidade que detestávamos para a ficção científica, voltamos e agradecendo aos realistas que deixaram pistas, estamos resgatando a história verdadeira, ainda adolescentes em discernimento procuramos no mar de informações atualmente disponível, descobrir alguma identidade própria, algum estilo que gostaríamos de manter.

Acredito, que será uma época primeiro de resgate, distribuição de informação e formação, logo após negaremos todo o valor aos críticos, como o fizemos com as obras de Tolkien, um autor que considero ter feito uma maravilhosa ponte entre a negação do contato com qualquer leitura e fala inteligível e os estudos em que hoje nos aprofundamos.

Os resgates ainda não estão todos definidos pois ainda é recente a baixa no preconceito sobre autores alemães, judeus, comunistas, autores religiosos, até na leitura que busca apenas a satisfação e não a formação.

É para mim, um período de experimentação, transição, quanto a Saramago não acho que entrará para história da literatura, pois ele escreve como os antigos escreviam, faz ensaios sobre temas batidos. Para mim, o mérito é que os adolescentes conseguiram vencer as dificuldades desse modo de escrita e isso pode ajudá-los a ler autores antigos, que escreveram da mesma forma.
 
Estou lendo A Menina que Roubava Livros e estou achando esse livro muito acima das espectativas. É original, conta uma história simples mas com uma "magia" que o torna algo surreal, não só pq é a Morte quem conta a história, mas a beleza com que é escrito. Merece ser lembrado para sempre!
 
Anica disse:
O tempo é cruel com a mediocridade.

:sim: :sim: :sim: :sim: :sim:

Anica e nem é preciso muito tempo, eu mesma quando leio algo mediocre logo, me esqueço, agora me pergunte se esqueço de Saramago, de Gaiman e tantos outros.. :nao: esses estão sempre comigo.

Acho que este debate é um tanto interessante, no entanto me senti tão pequena diante da postagem perfeita da kuinzytao, que comecei a pensar na limitação de minha visão sobre a grandiosidade que é a literatura, vou pensar um pouco mais antes de contribuir efetivamente!


kuinzytao disse:
Nosso tempo, como será visto, com um olhar de uma brasileira que é quase fluente em uma só língua?
— É um risco. :rofl:
 
Ah poxa, como grande fã de Harry Potter acho que eles serão clássicos no futuro. Acredito que os livros marcaram uma "geração" de novos leitores e mostrou ao mundo uma nova forma de ver a fantasia na leitura Infanto-Juvenil.

Agora não lembro de outros livros recentes que colocaria na lista de futuros clássicos...
 
Petra disse:
Ah poxa, como grande fã de Harry Potter acho que eles serão clássicos no futuro. Acredito que os livros marcaram uma "geração" de novos leitores e mostrou ao mundo uma nova forma de ver a fantasia na leitura Infanto-Juvenil.

Agora não lembro de outros livros recentes que colocaria na lista de futuros clássicos...

Assim como as histórias dos Irmãos Grimm são clássicos, não vejo porque HP não poderia ser um clássico também, daqui a muitos anos. Lembro de ter lido um conto (não me lembro onde, agora. Acho que no Clube de Leitura), em que um homem trabalhava resgatando livros clássicos em um mundo apocalíptico. E a Pedra Filosofal estava entre eles hauahuahua



Autores que já chamamos de clássicos agora, como Umberto Eco, García Marques e Saramago, serão os grandes clássicos daqui a 50 anos. Vão ser estudados assim como estudam Dostoievski, Machadão, sascoisa. Pelo menos torço para que assim seja. Não creio que algum livro de auto-ajuda chegará a ser clássico. Como alguns escritores dizem, quem dita o que é clássico é a "academia". E eu não vejo especialistas em literatura exaltando a auto-ajuda. E a não ser que haja uma grande mudança dentro da academia, isso não vai acontecer.


E engraçado eu ter visto esse tópico agora, porque to fazendo uma reportagem para a aula sobre clássicos. E esse é um dos assuntos abordados xD
 
Eu creio que esta época lembrada pela ficção (pelo amor de deus, que não seja pelos de auto-ajuda!). Esses livros como Harry Potter, Percy Jackson e até mesmo Crepúsculo, pelos recordes quebrados, com certeza serão lembrados, e por que não podem ser clássicos?

Claro que não possuem realmente nenhum conteúdo significativo, mas são ótimos para entreter. Me parece que as pessoas de hoje (grande maioria talvez) não estão preocupadas com a profundidade de seus livros, músicas e filmes (uma triste realidade).
 
Harry Potter e Crepúsculo só sobreviverão em um mondo pós-apocalíptico porque existem mais desses livros circulando por aí do que os de Saramago. ;~
 
O perfil do leitor atual é bastante diferente do perfil do leitor de 50 anos atrás, quem dirá a diferença entre o leitor do século XXI e o leitor dos séculos XIX, XVIII!

É algo que muita gente esquece de levar em consideração quando tentam argumentar que obras como Crepúsculo, Harry Potter, Paulo Coelho e afins, por venderem muito e irem contra a opinião da crítica especializada (mais por incompetência dos escritores do que por opção), sejam elevados ao nível de clássico literário.

É desnecessário dizer que o perfil do leitor atual, em que a leitura é apenas uma forma dentre trocentas de entretenimento, é bem diferente do leitor de 50 anos atrás que tinha uma gama bem menor de opções, quem dirá os leitores da era pré-rádio.

Além do mais, mesmo que um movimento literário negasse completamente o anterior, as obras antes produzidas não eram descartadas, eram lidas e buscavam uma forma diferente de se narrar, explanar, entreter e outros verbos. Muitas das obras eram mantidas como cânones na época, como foi com Dom Quixote, Homero, Dante entre outros: exemplos da boa literatura.

O que eu quero dizer é que a literatura já foi marcada pela popularidade de um livro dentre os leitores, algo que desde o Romantismo ficou duvidoso e hoje se acentuou pela postura de descarte que a sociedade moderna tem. Arte não é rápida, é demorada e contemplativa.

E tem mais uma coisa também: Cristiane F. Drogada e Prostituída é um clássico, mas não é estudado. Brumas de Ávalon tem um status melhor, mas mesmo assim também não é um livro que permite muitos estudos. O tanto de estudos e desdobramentos que uma obra permite também determina a perpetuação de sua estrutura, os grandes clássicos não se esgotam, enquanto que a maioria dos outros livros ficam pelo caminho.

Acho que ficaria melhor diferenciar com a maiúscula alegorizante: Clássicos e clássicos. Uma definição rápida:

Clássicos: excelência no uso da linguagem para a estrutura poética de uma obra literária e suas significações diversas que podem ocorrer. Exemplo atual e antigo: Saramago e Álvares de Azevedo.

clássicos: livros que marcaram uma geração, mas não são detentores de uma grande perícia técnica. Exemplo atual e antigo: Harry Potter e A Moreninha (ô cocozinho esse livro, puta merda).
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo