Rafaela disse:
alrob disse:
Pegue um livro que todo mundo xingou, esculhambou, diz que não presta, que é inútil, e blablabla.
Ele vira clássico daqui uns 50 anos (nos moldes de Moby Dick).
isso é verdade! Não consigo imaginar ninguém gostando de Memórias de um Sargento de Milicias, Primo Basilio, Macunaima em nenhuma época!!
Povo adora citar o exemplo de Moby Dick, porém eu só sei dele como esse exemplo, não lembro de outros livros clássicos. E, naquela época (até os idos de 1950/60, livros que sofriam esse tipo de preconceito eram os que não correspondiam aos preceitos estéticos da época vigente, ou seja, a obra acabava quebrando uma barreira que, até então, existia e era confortável para os produtores da época.
Hoje você não tem esse tipo de coisa.
E digo mais: Primo Basílio sempre foi louvado em Portugal, tal qual seu autor Eça de Queiróz que, realmente, tem melhores obras que esse livro. Memórias de um Sargento de Milícias desagradou não porque é uma obra ruim (apesar de que eu não a acho maravilhosa), mas porque rompeu a barreira do retratamento romântico burguês do Romantismo e mostrou a sociedade como ela realmente é: sacana, deprimente e que não vale um tostão.
Macunaíma a mesma história: foi um dos principais carros-chefe do Modernismo e, por isso, foi escrachado pela crítica da época por ser um livro sem preceitos estéticos nenhum (e, até porque, o movimento escrachava com, principalmente, os Parnasianos), porém ele era muito bem elaborado e com uma estética forte.
Sem contar que, essas obras que eram escrachadas NÃO ERAM CONSUMIDAS pelo público. Geralmente elas eram escrachadas pelo grande público e ficavam na clandestinidade para, depois, renascer dali alguns anos. Garanto que se eu der um conto do Dalton Trevisan para um ou outro daqui ler, vão achar uma porcaria e dizer que aquilo não presta e blá blá blá. Muitas vezes porque não se entendeu o que está escrito. Coisa que geralmente acontece com as obras escrachadas.
Não se tem obras desse tipo, do que me lembro, desde Clarice (divisor de águas e tal). No mundo também não consigo me lembrar de uma obra que realmente mudou os rumos da produção literária de alguma forma desde os Modernistas. Harry Potter, Crepúsculo e obras do tipo virarão, no máximo, clássicos no estilo daquele livro da mina drogada e prostituída que meio mundo leu e depois virou filme até. Madeleine F. Drogada e Prostituída, acho que é isso.
É bom? Pelo que me lembro é só mais um livro. Virou clássico? Não. Marcou uma geração? Sim e é por isso que é falado até hoje. Aí se insere Harry Potter, Crepúsulo, Paulo Coelho, Dan Brown...