Cavalheiros e damas, permitam-me pretender - junto com o que Maglor disse acima - apontar a "solução" (já que não existe solução definitiva para "o problema Tom"...) para a pergunta:
Na sua Carta 144, para Naomi Mitchison, datada de 25 de abril de 1954, Tolkien diz
“Cara Sra. Mitchison,
“Eu tentarei responder suas perguntas, e posso dizer que elas são muito bem-vindas. Gosto das coisas desenvolvidas em detalhes, e de respostas fornecidas a todas as perguntas razoáveis. (...)
“Existe é claro um conflito entre técnica 'literária', e a fascinação de elaborar uma Era mítica imaginária em detalhes (mítica, não alegórica: minha mente não trabalha alegoricamente). Como uma história, eu penso que seja bom que houvesse muitas coisas inexplicadas (especialmente se uma explicação na verdade existe); e tenho talvez deste ponto de vista errado em tentar explicar demais, e mostrar muita história passada. (...) Tom Bombadil é um (intencionalmente).
...
“Tom Bombadil não é uma pessoa importante - para a narrativa. Eu suponho que ele tenha um pouco de importância como um 'comentário'. Eu quero dizer, eu realmente não escrevo assim: ele é apenas uma invenção (que apareceu primeiro na Revista de Oxford por volta de 1933), ele representa algo que eu sinto ser muito importante, embora não esteja preparado para analisar este sentimento precisamente. Porém, não o teria deixado lá, se ele não tivesse algum tipo de função. Poderia pôr isto deste modo: a história é projetada em termos de um lado bom, e um lado mau, beleza contra feiúra desumana, tirania contra monarquia, liberdade moderada com consentimento contra compulsão que perdeu há muito tempo qualquer objetivo exceto mero poder, e assim por diante; mas ambos os lados em algum grau, conservador ou destrutivo, querem uma medida de controle. Mas se você tem, como isto foi tirado 'um voto de pobreza', controle renunciado, e tira seu encanto em coisas para eles mesmos sem referência para você, assistindo, observando, e até certo ponto sabendo, então a questão dos certos e errados do poder e controle poderia ficar totalmente sem sentido, e os meios de poder bastante sem valor. É uma visão pacifista natural que sempre surge na mente quando há uma guerra. Mas a visão de Valfenda parece ser que esta é uma excelente coisa para se ter representada, mas que há de fato coisas que não se pode enfrentar; e das quais sua existência todavia depende. No final das contas só a vitória do Oeste permitirá a Bombadil continuar, ou até mesmo sobreviver. Nada seria deixado para ele no mundo de Sauron.”
“Tom não tem nenhuma conexão na minha mente com as Entesposas. Qualquer que tenha sido o destino das Entesposas, ele não está resolvido neste livro. Tom é, de certo modo, a resposta para elas no sentido que ele é quase o oposto, sendo digamos, Botânica e Zoologia (como ciências) e Poesia como oposto a prática da Pecuária e Agricultura.”
Seu sinceramente,
J. R. R. Tolkien.”
E então, caríssimos: ajudei?... Ou compliquei?...