Jeff Donizetti
Quid est veritas?
Uma casa de hóspedes na década de 30
As hospedarias americanas dos anos de 1930 eram geralmente grandes casas com vários quartos em desuso que os proprietários dividiam tornando-as habitações baratas. Havia quartos para uma pessoa (bem mais caros), mas geralmente cada um tinha pelo menos duas camas. Nos tempos de crise como aquele, eram saída para turistas de curta duração (poucos dias) ou inquilinos habituais, estes que passavam meses ou anos alugando o mesmo quarto (estudantes, trabalhadores etc.).
Além do quarto, os hóspedes tinham direito ao café da manhã e ao jantar (almoço não estava incluído). Na pensão em que estão seus personagens, de propriedade da Sra. Petula Woliwski, a comida é de boa qualidade, mas ela não admite desperdícios nem exageros. Além de pagar o aluguel, os clientes costumam ter a obrigação de ajudar em parte do trabalho doméstico (pequena manutenção, limpeza de suas camas, tirar e levar os pratos, aparar o gramado, ...); quem faz isso, tem desconto no aluguel.
A intimidade dos hóspedes é limitada, pois há poucos banheiros para o número de inquilinos e não se tem a opção de fechar seus quartos quando quando não se está neles. Obviamente estão proibidos encontros amorosos... Se alguém recebe visitantes, precisam ficar na sala de visitas ou na varanda, não sendo permitido que estranhos entrem nos quartos comunitários.
A porta da entrada é fechada às 22:00, mas inquilinos que trabalham até mais tarde têm uma cópia da chave dessa porta. São permitidas reuniões depois desse horário (até as 24:00), desde que não sejam barulhentas e não incomodem o sono dos demais moradores. Depois disso, a energia é desligada.
A pensão da Sra. Woliski fica na rua Arkham, nº 666, em Boston.
No momento, além de vocês e da proprietária, há mais três hóspedes: Dolores Aguirre, jovem e bela bailarina cubana que ocupa um quarto separado (até por conta de seus horários noturnos); o Prof. Charles Szymczak, docente aposentado mas que ainda dá uma ou outra aula particular; e o imigrante irlandês John O´Keffee, jovem forte e calado que trabalha como carregador no porto. A divisão dos quartos é a seguinte: Dolores, Szymczak e a advogada Angelina Delaware dormem em quartos privativos; o escritor Isaac Purpose e o ex-professor Edward Asimov dividem um quarto; o veterano Walker Evans e O´Keffee, dividem outro.
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Prólogo
Boston, 14 de março de 1933, ~ 18:30
Sala de Jantar da hospedaria
Investigadores: Todos
Vocês e os outros moradores da hospedaria estão todos na sala de jantar da casa. São quase 18:30 e a senhoria, Sra. Koliwski, já colocou a mesa e começa a servir o prato da noite: ensopado com couve-de-bruxelas, nada especial, mas pelo menos uma boa refeição pelo que ela lhes cobra.
A dançarina cubana, Dolores Aguirre, começa a comer com pressa, como é seu hábito, preparando-se para deixar rapidamente a casa e ir trabalhar em alguma boate, de onde só volta depois das 23:00. O estivador irlandês, O´Keefee, olha meio desconfiado para a comida, vendo que não lhe servirá para se manter em seu trabalho pesado, ele sabe que terá que descer de madrugada e “assaltar” o armário para conseguir algo com mais sustença para o dia duro que vai ter quando amanhecer. O último a aparecer é o velho professor aposentado de matemática, o Sr. Charles Szymczak , cujo nome poucos conseguem pronunciar corretamente, apesar dele viver sempre a corrigi-los: "- meu nome se pronuncia 'Shém-chak', como um “xiii” ao se pedir silêncio, SHEM-CHÁK!"
Quando estão todos aí, ao redor das mesas, algumas conversas surgem sobre os mais variados assuntos: o preço dos alimentos; o dia de trabalho de cada um; as eleições para o Congresso e até mesmo a situação política na Europa, onde a subida do novo chanceler alemão, Adolf Hitler, prenuncia uma nova guerra entre as potências do Velho Continente.
Depois do prato principal, já durante a sobremesa, vocês escutam o som do motor de um carro pela rua (silenciosa a essa hora) e veem pela janela o vizinho em frente à hospedaria, o Sr. Corbitt, estacionar seu automóvel dentro de seu quintal, bem próximo de sua casa. Sem muito o que fazer nesse momento e apenas por curiosidade, vocês começam a observá-lo: o elegante senhor de meia-idade, que vocês sabem pela senhoria ser um homem de negócios que veio morar na bela casa defronte à hospedaria há pouco mais de um ano, desce do carro, olhando para todos os lados, e vai até o porta-malas, do qual retira dois pacotes enrolados em tecidos. Um dos pacotes é pequeno e redondo e o outro tem aproximadamente o tamanho e o formato de um bastão de beisebol.
Colocando ambos debaixo do braço, fecha o porta-malas e vai até a porta de entrada de sua casa, que tenta abrir sem largar os pacotes. Nesse movimento, ele não consegue segurar o objeto maior, que cai no chão da varanda provocando um som mais abafado do que se esperaria com a batida de um taco de madeira no piso duro. O tecido que envolve o objeto se desprende e vocês veem rapidamente, apesar da distância e das sombras da noite, alguma coisa alongada e branca que não conseguem definir com clareza o que é.
Antes que tenham tempo de confirmar o que era aquilo, o Sr. Corbitt, visivelmente assustado, se abaixa, recolhe o pacote do chão e o enrola novamente no pano, conseguindo finalmente abrir a porta naquela posição e entrando de supetão dentro de casa e batendo a porta com tudo. Alguns minutos depois, as luzes do porão de sua casa são acesas e se avista sua silhueta pela janela antes que ele feche uma grossa cortina e a residência e a rua voltem a ficar em silêncio.
Off: todos devem rolar 1d6; quanto maior o resultado, melhor. Desse resultado depende o que viram e provavelmente as reações e ações de vocês, mas de toda forma seria interessante narrar suas primeiras impressões sobre a casa, os outros hóspedes, o jantar e as conversas. ]
As hospedarias americanas dos anos de 1930 eram geralmente grandes casas com vários quartos em desuso que os proprietários dividiam tornando-as habitações baratas. Havia quartos para uma pessoa (bem mais caros), mas geralmente cada um tinha pelo menos duas camas. Nos tempos de crise como aquele, eram saída para turistas de curta duração (poucos dias) ou inquilinos habituais, estes que passavam meses ou anos alugando o mesmo quarto (estudantes, trabalhadores etc.).
Além do quarto, os hóspedes tinham direito ao café da manhã e ao jantar (almoço não estava incluído). Na pensão em que estão seus personagens, de propriedade da Sra. Petula Woliwski, a comida é de boa qualidade, mas ela não admite desperdícios nem exageros. Além de pagar o aluguel, os clientes costumam ter a obrigação de ajudar em parte do trabalho doméstico (pequena manutenção, limpeza de suas camas, tirar e levar os pratos, aparar o gramado, ...); quem faz isso, tem desconto no aluguel.
A intimidade dos hóspedes é limitada, pois há poucos banheiros para o número de inquilinos e não se tem a opção de fechar seus quartos quando quando não se está neles. Obviamente estão proibidos encontros amorosos... Se alguém recebe visitantes, precisam ficar na sala de visitas ou na varanda, não sendo permitido que estranhos entrem nos quartos comunitários.
A porta da entrada é fechada às 22:00, mas inquilinos que trabalham até mais tarde têm uma cópia da chave dessa porta. São permitidas reuniões depois desse horário (até as 24:00), desde que não sejam barulhentas e não incomodem o sono dos demais moradores. Depois disso, a energia é desligada.
A pensão da Sra. Woliski fica na rua Arkham, nº 666, em Boston.
No momento, além de vocês e da proprietária, há mais três hóspedes: Dolores Aguirre, jovem e bela bailarina cubana que ocupa um quarto separado (até por conta de seus horários noturnos); o Prof. Charles Szymczak, docente aposentado mas que ainda dá uma ou outra aula particular; e o imigrante irlandês John O´Keffee, jovem forte e calado que trabalha como carregador no porto. A divisão dos quartos é a seguinte: Dolores, Szymczak e a advogada Angelina Delaware dormem em quartos privativos; o escritor Isaac Purpose e o ex-professor Edward Asimov dividem um quarto; o veterano Walker Evans e O´Keffee, dividem outro.
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Prólogo
Boston, 14 de março de 1933, ~ 18:30
Sala de Jantar da hospedaria
Investigadores: Todos
Vocês e os outros moradores da hospedaria estão todos na sala de jantar da casa. São quase 18:30 e a senhoria, Sra. Koliwski, já colocou a mesa e começa a servir o prato da noite: ensopado com couve-de-bruxelas, nada especial, mas pelo menos uma boa refeição pelo que ela lhes cobra.
A dançarina cubana, Dolores Aguirre, começa a comer com pressa, como é seu hábito, preparando-se para deixar rapidamente a casa e ir trabalhar em alguma boate, de onde só volta depois das 23:00. O estivador irlandês, O´Keefee, olha meio desconfiado para a comida, vendo que não lhe servirá para se manter em seu trabalho pesado, ele sabe que terá que descer de madrugada e “assaltar” o armário para conseguir algo com mais sustença para o dia duro que vai ter quando amanhecer. O último a aparecer é o velho professor aposentado de matemática, o Sr. Charles Szymczak , cujo nome poucos conseguem pronunciar corretamente, apesar dele viver sempre a corrigi-los: "- meu nome se pronuncia 'Shém-chak', como um “xiii” ao se pedir silêncio, SHEM-CHÁK!"
Quando estão todos aí, ao redor das mesas, algumas conversas surgem sobre os mais variados assuntos: o preço dos alimentos; o dia de trabalho de cada um; as eleições para o Congresso e até mesmo a situação política na Europa, onde a subida do novo chanceler alemão, Adolf Hitler, prenuncia uma nova guerra entre as potências do Velho Continente.
Depois do prato principal, já durante a sobremesa, vocês escutam o som do motor de um carro pela rua (silenciosa a essa hora) e veem pela janela o vizinho em frente à hospedaria, o Sr. Corbitt, estacionar seu automóvel dentro de seu quintal, bem próximo de sua casa. Sem muito o que fazer nesse momento e apenas por curiosidade, vocês começam a observá-lo: o elegante senhor de meia-idade, que vocês sabem pela senhoria ser um homem de negócios que veio morar na bela casa defronte à hospedaria há pouco mais de um ano, desce do carro, olhando para todos os lados, e vai até o porta-malas, do qual retira dois pacotes enrolados em tecidos. Um dos pacotes é pequeno e redondo e o outro tem aproximadamente o tamanho e o formato de um bastão de beisebol.
Colocando ambos debaixo do braço, fecha o porta-malas e vai até a porta de entrada de sua casa, que tenta abrir sem largar os pacotes. Nesse movimento, ele não consegue segurar o objeto maior, que cai no chão da varanda provocando um som mais abafado do que se esperaria com a batida de um taco de madeira no piso duro. O tecido que envolve o objeto se desprende e vocês veem rapidamente, apesar da distância e das sombras da noite, alguma coisa alongada e branca que não conseguem definir com clareza o que é.
Antes que tenham tempo de confirmar o que era aquilo, o Sr. Corbitt, visivelmente assustado, se abaixa, recolhe o pacote do chão e o enrola novamente no pano, conseguindo finalmente abrir a porta naquela posição e entrando de supetão dentro de casa e batendo a porta com tudo. Alguns minutos depois, as luzes do porão de sua casa são acesas e se avista sua silhueta pela janela antes que ele feche uma grossa cortina e a residência e a rua voltem a ficar em silêncio.
Off: todos devem rolar 1d6; quanto maior o resultado, melhor. Desse resultado depende o que viram e provavelmente as reações e ações de vocês, mas de toda forma seria interessante narrar suas primeiras impressões sobre a casa, os outros hóspedes, o jantar e as conversas. ]
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