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[Cthulhu Dark] A Hospedaria - ON

Jeff Donizetti

Quid est veritas?
Uma casa de hóspedes na década de 30

As hospedarias americanas dos anos de 1930 eram geralmente grandes casas com vários quartos em desuso que os proprietários dividiam tornando-as habitações baratas. Havia quartos para uma pessoa (bem mais caros), mas geralmente cada um tinha pelo menos duas camas. Nos tempos de crise como aquele, eram saída para turistas de curta duração (poucos dias) ou inquilinos habituais, estes que passavam meses ou anos alugando o mesmo quarto (estudantes, trabalhadores etc.).

Além do quarto, os hóspedes tinham direito ao café da manhã e ao jantar (almoço não estava incluído). Na pensão em que estão seus personagens, de propriedade da Sra. Petula Woliwski, a comida é de boa qualidade, mas ela não admite desperdícios nem exageros. Além de pagar o aluguel, os clientes costumam ter a obrigação de ajudar em parte do trabalho doméstico (pequena manutenção, limpeza de suas camas, tirar e levar os pratos, aparar o gramado, ...); quem faz isso, tem desconto no aluguel.

A intimidade dos hóspedes é limitada, pois há poucos banheiros para o número de inquilinos e não se tem a opção de fechar seus quartos quando quando não se está neles. Obviamente estão proibidos encontros amorosos... Se alguém recebe visitantes, precisam ficar na sala de visitas ou na varanda, não sendo permitido que estranhos entrem nos quartos comunitários.

A porta da entrada é fechada às 22:00, mas inquilinos que trabalham até mais tarde têm uma cópia da chave dessa porta. São permitidas reuniões depois desse horário (até as 24:00), desde que não sejam barulhentas e não incomodem o sono dos demais moradores. Depois disso, a energia é desligada.
A pensão da Sra. Woliski fica na rua Arkham, nº 666, em Boston.

No momento, além de vocês e da proprietária, há mais três hóspedes: Dolores Aguirre, jovem e bela bailarina cubana que ocupa um quarto separado (até por conta de seus horários noturnos); o Prof. Charles Szymczak, docente aposentado mas que ainda dá uma ou outra aula particular; e o imigrante irlandês John O´Keffee, jovem forte e calado que trabalha como carregador no porto. A divisão dos quartos é a seguinte: Dolores, Szymczak e a advogada Angelina Delaware dormem em quartos privativos; o escritor Isaac Purpose e o ex-professor Edward Asimov dividem um quarto; o veterano Walker Evans e O´Keffee, dividem outro.

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Prólogo
Boston, 14 de março de 1933, ~ 18:30
Sala de Jantar da hospedaria
Investigadores:
Todos

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Vocês e os outros moradores da hospedaria estão todos na sala de jantar da casa. São quase 18:30 e a senhoria, Sra. Koliwski, já colocou a mesa e começa a servir o prato da noite: ensopado com couve-de-bruxelas, nada especial, mas pelo menos uma boa refeição pelo que ela lhes cobra.

A dançarina cubana, Dolores Aguirre, começa a comer com pressa, como é seu hábito, preparando-se para deixar rapidamente a casa e ir trabalhar em alguma boate, de onde só volta depois das 23:00. O estivador irlandês, O´Keefee, olha meio desconfiado para a comida, vendo que não lhe servirá para se manter em seu trabalho pesado, ele sabe que terá que descer de madrugada e “assaltar” o armário para conseguir algo com mais sustença para o dia duro que vai ter quando amanhecer. O último a aparecer é o velho professor aposentado de matemática, o Sr. Charles Szymczak , cujo nome poucos conseguem pronunciar corretamente, apesar dele viver sempre a corrigi-los: "- meu nome se pronuncia 'Shém-chak', como um “xiii” ao se pedir silêncio, SHEM-CHÁK!"

Quando estão todos aí, ao redor das mesas, algumas conversas surgem sobre os mais variados assuntos: o preço dos alimentos; o dia de trabalho de cada um; as eleições para o Congresso e até mesmo a situação política na Europa, onde a subida do novo chanceler alemão, Adolf Hitler, prenuncia uma nova guerra entre as potências do Velho Continente.

Depois do prato principal, já durante a sobremesa, vocês escutam o som do motor de um carro pela rua (silenciosa a essa hora) e veem pela janela o vizinho em frente à hospedaria, o Sr. Corbitt, estacionar seu automóvel dentro de seu quintal, bem próximo de sua casa. Sem muito o que fazer nesse momento e apenas por curiosidade, vocês começam a observá-lo: o elegante senhor de meia-idade, que vocês sabem pela senhoria ser um homem de negócios que veio morar na bela casa defronte à hospedaria há pouco mais de um ano, desce do carro, olhando para todos os lados, e vai até o porta-malas, do qual retira dois pacotes enrolados em tecidos. Um dos pacotes é pequeno e redondo e o outro tem aproximadamente o tamanho e o formato de um bastão de beisebol.

Colocando ambos debaixo do braço, fecha o porta-malas e vai até a porta de entrada de sua casa, que tenta abrir sem largar os pacotes. Nesse movimento, ele não consegue segurar o objeto maior, que cai no chão da varanda provocando um som mais abafado do que se esperaria com a batida de um taco de madeira no piso duro. O tecido que envolve o objeto se desprende e vocês veem rapidamente, apesar da distância e das sombras da noite, alguma coisa alongada e branca que não conseguem definir com clareza o que é.

Antes que tenham tempo de confirmar o que era aquilo, o Sr. Corbitt, visivelmente assustado, se abaixa, recolhe o pacote do chão e o enrola novamente no pano, conseguindo finalmente abrir a porta naquela posição e entrando de supetão dentro de casa e batendo a porta com tudo. Alguns minutos depois, as luzes do porão de sua casa são acesas e se avista sua silhueta pela janela antes que ele feche uma grossa cortina e a residência e a rua voltem a ficar em silêncio.

Off: todos devem rolar 1d6; quanto maior o resultado, melhor. Desse resultado depende o que viram e provavelmente as reações e ações de vocês, mas de toda forma seria interessante narrar suas primeiras impressões sobre a casa, os outros hóspedes, o jantar e as conversas. ]
 
Última edição:
Edward Asimov

- Depois de uma grande crise, nada melhor que um pouco de otimismo. - comentava o "ex" docente entre algumas colheradas do ensopado, o assunto que ouvira de relance e pouco sabia até então. - Vejam só esse tal de Francklin que assumiu, parece ser um senhor promissor, aposto que vai resgatar os velhos valores americanos e nos levar de volta a um caminho de glórias. E o rapaz da Alemanha então, assumiu seu posto com propriedade, são os ares da mudança.

Ele gostava de comentar sua opinião a aqueles com quem possuía maior identificação ali. Como de costuma, estava próximo a seu colega de quarto, da advogada e a uma distância relativamente próxima à dançarina também. Claro que não era a todos que possuía intimidade, havia aqueles como o ex militar e o irlandês que lhe pareciam mais rústicos, de quem evitava um contato mais próximo e outros mais reservados, como o Professor Szymczak.

Gostava da hospedaria, também, pois não era algo que lhe custava caro, visto que aproveitava qualquer tarefa na oportunidade de baixar o aluguel e se tratava de um lugar tranquilo, com pessoas interessantes e apesar de um tanto curiosas, que respeitavam o seu espaço. Enquanto saboreava o prato, o som vindo da rua lhe chamou a atenção, assim como de todos os outros ali presentes. Viu de relance algo, após o baque, fato que somado ao estranho comportamento do vizinho, lhe despertou a curiosidade.

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Era uma noite como outra qualquer. Angelina chegou do trabalho e subiu direto para seu quarto. Por sorte, o banheiro do corredor estava vazio; ela tratou de ir logo tomar banho para nao pegar fila depois. Depois do banho, a jovem advogada colocou roupas mais simples e desceu para jantar. A dona da hospedaria nao gostava que chegassem no meio da janta, entao para evitar confusões com a velha, ela tentava estar sempre no horário. Angelina sentou-se na mesa junto com Edward, ele tinha assuntos interesantes e era engraçado algumas vezes, o que fazia a jovem se desligar de seus problemas pessoais. Os dois conversaram sobre alguns assuntos neutros enquanto saboreavam o ensopado. Nao era nenhuma comida dos Deuses, mas bem melhor do que muita pensão por aí. Todos comiam na paz quando ouviu-se um barulho na rua, que deveria estar silenciosa a essa hora da noite. Todos pararam de comer e olharam para a janela. Angelina observou a cena do Sr. Corbitt abrindo o porta-malas e tirando dois embrulhos lá de dentro. E os acontecimentos que se seguiram só serviram para despertar ainda mais a curiosidade da jovem. Angelina tinha os olhos franzidos, tentando enxergar o objeto que o homem tinha deixado cair.

(1d6) [6]
 
Isaac sentou-se durante a refeição próximo a Edwar Asimov, seu companheiro de quarto, e não tirou por um só momento os olhos da bela dançarina que povoava seus pensamentos.
Comia com sofreguidão, alternando uma colherada com uma puxada de muco nasal.
Quando da movimentação do Sr. Corbitt, Isaac se deteve um pouco, a fim de observar Dolores se levantar, e só então voltou seus olhos mareados para o ocorrido.

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Última edição:
Prólogo
Boston, 14 de março de 1933, ~ 18:30-19:30
Sala de Jantar da hospedaria
Investigadores:
Todos

Terminado o jantar, Dolores nem espera a sobremesa e sai, apressada para se arrumara para seu trabalho como dançarina. O Prof. Szymczak está distraído lendo um jornal, enquanto a Sra. Koliwski vai para a cozinha, lavar a louça, seguida pelo esfomeado O´Keefee, atrás de mais alguma coisa para encher sua barriga.

Enquanto isso, o carro do Sr. Corbitt chega e vocês observam apenas por curiosidade os movimentos afobados do vizinho até o momento em que ele deixa cair um dos pacotes, que se abre. Por conta da distância (a casa fica do outro lado da rua) e da pouca luminosidade, vocês não conseguem distinguir precisamente o que é o objeto enrolado: Edward mal tem tempo de olhar antes que Corbitt recolha o objeto e a enrole de novo no pano; Walker e Isaac tem a impressão desagradável que se trata de um braço, com a mão inclusive; Angelina também, mas para ela é uma certeza que o objeto que o vizinho trazia enrolado era mesmo o braço inteiro de uma criança. Mas seria de verdade?
 
Última edição:
Angelina franziu os olhos para tentar ver o objeto que tinha caído no chão. Era meio redondo, alongado, com pontas no fim... Seu coraçao disparou quando sua mente conectou o que seus olhos viam. Aquilo era um braço! Um braço humano! A jovem levou a mão à boca em puro horror. O homem embrulhou o braço novamente e entrou rápido em casa, fechando a porta. Angelina olhou assustada para Edward, que nao parecia ter visto o mesmo que ela. Seus olhos correram o salão em busca de alguém que estivesse tão horrorizado quanto ela.

Angelina - Isaac.. *falou baixo, tentando nao criar euforia com o comentário que iria fazer* Eu acho que aquilo... *sem coragem de dizer o que estava pensando, era absurdo demais! Mas a certeza dentro dela era bastante para que a jovem acreditasse fielmente no que tinha visto* Isaac, aquilo era um braço. *disse com o olhar aterrorizado, a respiraçao um pouco alterada* Você viu, não viu? Tinha os dedos, o cotovelo... *falando baixo, chegando mais perto dele* E era pequeno... digo... menor do que um braço adulto.. *começando a enrolar as palavras* Você viu, não viu? *procurando uma confirmaçao dele*

Algumas pessoas continuaram a comer o ensopado, mas ela tinha perdido o apetite completamente.
 
Isaac que já tinha uma aparência sofrível armou uma careta horrenda e ficou por algum momento paralisado, com os pêlos dos braços e nuca arrepiados. Uma força estridente e aguda dentro dele (um grito) parecia querer explodir, mas não conseguia extravasar, ou não tinha coragem... e por isso seu rosto tomou a forma estranho que se observou.
Só saiu daquele estado pasmado quando ouviu Angelina chamando-o e suplicando uma confirmação.

“Eu... eu... vi! Pe-pe-pelas barbas do pro-pro-profeta, Angelina! São tantas im-m-magens em mi-mi-inha cabeça... não estou conseguindo pensar direito.” – falou em sussurros e guaguejos, como se o vizinho pudesse ouvir e vir arrancar o seu próprio braço na frente de todos presentes.
 
Walker Evans


- Santo Deus! exclama o veterano sem conseguir se conter. A impressão que tivera era clara, mas não ousaria acreditar não fosse a confirmação de Angelina. Havia visto algo que lembrava um pequeno braço, mas não podia afirmar se era verdadeiro ou não. A julgar pela reação assustada do vizinho, era levado a crer no pior.

- Vou pegar minha arma! Vamos lá colocar tudo em pratos limpos!

Mesmo dizendo isso, as pernas de Evans ainda não haviam se mexido, e seus olhos fitavam a porta da casa em frente, agora fechada.
 
Quando vocês começam a demonstrar o espanto com o que viram (ou acham que viram) cair das mãos do vizinho, o professor O Prof. Szymczak larga o jornal, se levanta e vem até a janela, olhando para a casa defronte à pensão e pergunta:

- O que foi, o que há com vocês?!

Nesse mesmo instante a senhoria vem da cozinha, talvez atraída pelas palavras de Walker Evans, e se alarma:

- Ei, Walker, que estória é essa de arma? O que está acontecendo aqui, alguém pode me dizer? E Angelina, que cara é essa de quem viu um fantasma?

O´Keefee apenas põe a cabeça para fora da cozinha, olhando para a sala de jantar curioso entre uma mordida e outra no sanduíche que conseguiu descolar com a Sra. Koliwski. Dolores já subiu para seu quarto e pouco depois vocês escutam a porta da frente batendo, provavelmente indicando que a dançarina acabou de sair para seu trabalho noturno...
 
Última edição:
Issac parecia ter pensando o mesmo que Angelina, e logo ficou confuso e debilitado com seus próprios pensamentos e sentimentos. Pobre Issac, Angelina tinha um misto de pena e cuidado pelo rapaz. Mas no momento, tudo o que ela conseguia pensar era naquele braço com dedos que tinha caído no chão. Será que era algum enfeite de halloween? Mas a época de trick or treat já havia passado há bastante tempo... eles já estavam em Março! Antes que a moça pudesse pensar em mais argumentos para desfazer aquela imagem grotesca de sua mente, o circo se armou na pensão. O veterano de guerra Walker Evans se levantou de sua cadeira e foi para a janela. O homem falou em armas e confusão, chamando a atenção da dona da pensão; que logo veio da cozinha para investigar o que estava acontecendo.

Angelina se encolhe mais na cadeira, já prevendo que aquilo ia dar confusão. Ela nao queria involver violencia, muito menos armas, nessa história. Sua carreira como advogada podia ser prejudicada se por algum motivo alguém resolvesse chamar a policia. Nao cai bem para uma advogada ter passado por uma delegacia.. Angelina logo se levantou de seu cadeira e foi para a janela onde Walker parecia furioso e pronto a quebrar algo ou alguem.

Angelina - Nada de armas. Você quer ser preso, Walker? Seu título de veterano de guerra pode ter te rendido várias regalias no passado, mas agora te garanto que voce ficaria um bom tempo na prisão por perturbação da paz e invasão de domicilio. *fechou as cortinas da janela com rapidez. Ela tinha usado seus palavreados de advogada, junto com sua inata capacidade de convencer as pessoas a fazer, ou nao fazer, algo*

Neste momento, todos ouvem a porta da frente batendo; Dolores devia ter acabado de sair para seus afazeres noturnos. Angelina saiu de perto da janela e voltou para seu acento, vendo Issac mais pálido do que nunca. Ele parecia tao perturbado com o que viu, que provavelmente nao teria forças para fazer escândalos. E se Walker fosse um pouquinho inteligente, também deixaria o assunto morrer. Ele realmente podia acabar na cadeia se aquilo saísse pela culatra. Angelina se forçou a comer mais uma colherada da sopa, mas seu estomago logo apontou que nao tinha gostado muito. O que será que aquele homem estava fazendo com aquele braço? Ela tinha certeza de que aquilo era um braço humano... só podia ser! Seus instintos de advogada estavam aflorados, sua curiosidade tinha sido aguçada...
 
Edward Asimov

O professor não havia distinguido com clareza o objeto trazido pelo vizinho, mas a julgar pelo formato do embrulho, era evidente que tratava-se de um objeto grande e alongado. Podia muito bem ser uma simples baguete por exemplo, trazida pelo vizinho para ser o seu jantar e por estar quente, não poderia deixar que a mesma esfriasse. Essa era apenas uma das muitas teorias que Edward levantava em seus pensamentos à medida que voltava a comer o seu ensopado. Era um ser naturalmente curioso e esses pensamentos o detiveram por alguns segundos. Seu comportamento fora o principal fator que o instigara, fora um tanto quanto estranho, talvez estivesse faminto ou constipado, nunca se sabe, mas havia sido peculiar o suficiente para mantê-lo em seu mundinho levantando possíveis teorias para tal acontecido.

Seu devaneio fora interrompido, assim como o silêncio no cômodo, pelas palavras da advogada e, principalmente, pela atitude exaltada do veterano de guerra. Logo estava de novo atento a situação e logo percebera, não apenas pelas atitudes dos integrantes da sala, mas como também por suas feições, que havia algo errado. Era evidente que eles viram algo além de um simples objeto alongado, coisa que despertou ainda mais a sua curiosidade. Mas ele sabia que ali não era o melhor lugar para situar-se, tendo em vista que alguns dos presentes poderiam agir muito mais com as mãos do que com a sua cabeça. Logo, resolveu ser apenas um espectador na situação, tentando captar quaisquer pistas que pudessem ajudá-lo a entender tamanho nervosismo entre seu companheiro de quarto, a advogada e o veterano.

Ouviu a pergunta da Sra. Koliwski, seguido da batida da porta, fato que com certeza se tratava da saída de Dolores e que, á priori, parecia não ter nenhuma importância no momento. Variava o seu olhar entre Walker e Angelina, ávido por respostas, absorto em sua curiosidade.
 
Walker Evans, veterano

A expressão de surpresa dá lugar à ação. Só quem viveu uma guerra sabia o valor da ação ao invés de palavras. As mulheres logo tratavam de repudiar a atitude de Evans, mas portar uma arma era preciso, ao menos para garantir a segurança de todos. Não havia intenção de invadir a casa vizinha, e muito menos matar alguém. Até o momento.

- Não me digam o que fazer, faço o que é preciso.

O veterano sai correndo em direção ao quarto, retornando minutos depois. Seu ar era resoluto e sua paciência, inexistente. Se estava armado, não era possível observar.

- Quem vem comigo?, diz, já saindo pela porta da frente.
 
De uma hora pra outra, a tranquila sala de jantar na pensão da Sra. Koliwski estava se transformando num hospício!

A reação de vocês, amontoados perto da janela, suando frio ou com os olhos arregalados, incrédulos com o que tinham (ou achavam que) visto nas mãos do vizinho; a fleuma do professor polonês; a saída apressada da dançarina; o desconcerto da senhoria, irritada com a confusão e o irlandês O´Keefee que chegava da cozinha terminando de devorar um sanduíche de rosbife, tudo contribuía para tornar a cena quase burlesca.

Percebendo isso, Angelina se afasta da janela, calada, fingindo dar mais uma colherada na sobremesa. Edward também tenta se manter calmo e volta a se sentar perto da advogada. O Prof. Szymczak aproveita a deixa quando o veterano sobe atabalhadoamente para seu quarto e também deixa a sala de jantar, sacando um grande cachimbo do bolso e indo fumá-lo na sala de estar, apenas balançando a cabeça negativamente, sem dizer nada.

A Sra. Koliwski parecia mais branca do que de costume, não acreditando no que estava ocorrendo ali. Não tentou impedir Walker de ir ao seu quarto, mas quando ele voltou (armado ou não, ninguém poderia dizer), a mulher tem um momento de descontrole e grita:

- CALMA LÁ! NINGUÉM SAI DAQUI ATÉ ME CONTAREM PORQUE ESTÃO AGINDO COMO LOUCOS!!! Onde é que você vai, Walker, o que está acontecendo na minha casa?

O irlandês dá um sorriso de aprovação para o veterano, meio que dizendo que iria atrás dele, já que O´Keefee sempre estava atrás de alguma nova confusão em que se meter...
 
Edward Asimov

O professor ficava em seu lugar, numa quietude raciocinando e se divertindo com a situação, à medida em que a cena que observava desenrolava-se de modo a tomar um formato peculiar que parecia rumar à saída do veterano em direção à casa vizinha, talvez numa tentativa de reviver as glórias de seu passado bélico, como uma espécie de herói do hospedaria. Ele mantinha distância do velho justamente por seu modo agressivo e impetuoso, mas não acreditava que o mesmo estivesse armado. caso fosse necessário julgar a cena, acreditava ter uma atitude parecida com a do Professor, que deixou a sala em meio a um gesto condenatório à situação.

Ele acabara por perder o interesse no senhor e na dona da hospedaria, que parecia estar realmente nervosa, talvez devido a inexperiência em lidar com uma situação assim. Em seu passado de aula ele havia lidado com os mais diferentes tipos de alunos e todos esses comportamentos já não eram mais novidade para ele. Ao ver a advogada próximo a si, percebeu uma oportunidade em tentar entender melhor o que acontecia, enquanto todos pareciam distraídos com o veterano. Dessa forma inclinou o corpo vagarosamente para ela, pigarreou para chamar-lhe a atenção e lhe dirigiu a palavra, em uma voz audível somente a eles.

- Ei, Angelina, o que está acontecendo, o que foi que viu lá que a espantou tanto. - Ele falava pausadamente, para também não deixar de perder uma só palavra da discussão entre os anciões da casa. - Eu não vi nada, o que era aquilo?
 
Walker - Não me digam o que fazer, faço o que é preciso. Quem vem comigo?

Sra. Koliwski - CALMA LÁ! NINGUÉM SAI DAQUI ATÉ ME CONTAREM PORQUE ESTÃO AGINDO COMO LOUCOS!!! Onde é que você vai, Walker, o que está acontecendo na minha casa?

E o barraco estava armado. Angelina suspirou vendo o veterano descendo as escadas pronto para atacar. Logo depois, a dona da pensão começa a gritar desesperadamente, querendo saber o que estava acontecendo. A confusão estava afastando as pessoas do que realmente importava: o vizinho estava perambulando por aí com um braço humano no porta-malas do carro. Isso era caso sério de polícia; ele podia ser um criminoso, um psicopata que gostava de cortar suas vitmas em pedaços para facilitar o transporte... eram inúmeras hipóteses! Mas as pessoas pareciam ocupadas demais em brigar e arranjar confusões desnecessárias ao invés de tentar resolver o caso. Angelina suspirou mais uma vez, não tinha mais estômago para comer o que quer que fosse.

Edward - Ei, Angelina, o que está acontecendo, o que foi que viu lá que a espantou tanto. - Ele falava pausadamente, para também não deixar de perder uma só palavra da discussão entre os anciões da casa. - Eu não vi nada, o que era aquilo?

Ela remexia a sopa, fazendo um redemoinho lento no prato, quando ouviu seu nome bem baixo. Angelina levantou os olhos e viu Edward chegando mais perto, como quem quer falar algo discretamente. Ela foi de encontro à ele, inclinando o corpo levemente para frente. Então ele nao tinha visto? Mas tinha sido tão real! Tão nítido! E ele estava sentado bem ao lado dela... como podia nao ter visto o braço?? Angelina olhou em volta discretamente, certificando-se de que ninguém mais escutaria o que ela iria dizer. A ultima coisa que ela queria no momento, era jogar mais lenha naquela fogueira.

Angelina - Aquilo, Edward, aquilo era um braço. *disse bem baixo, quase sussurrando* Um braço humano. Um braço de verdade. *sentindo um arrepio subir pela espinha* Eu tenho certeza, vi claramente... tinha 5 dedos.. e até o cotovelo. *respirou fundo tentando tirar aquela imagem da mente* Acho melhor irmos lá pra cima... nao sei do que o Walker é capaz. *olhou de relance para o ex veterano que já estava a caminho da porta com cara de poucos amigos*
 
Walker Evans, veterano de guerra

O veterano parecia decidido em avançar sobre o campo inimigo. Ele sabia o que havia visto e era tudo que lhe importava. Para ele as mulheres falavam demais e os velhos não reagiriam nem se uma granada estivesse para explodir em seus traseiros. Agir era sobreviver!

- Irlandês! À postos!

Irrompendo pela porta da frente, Evans avança a passos largos na direção da casa vizinha, sem mesmo ainda ter um plano. Uma das lições que aprendera na guerra era que planos não funcionavam.
 
A Sra. Koliwski, quase tendo um colapso nervoso, vê o veterano passar por ela decidido. Logo atrás dele, sai o irlandês, curioso e sorridente, querendo ver no que daria aquilo tudo. A senhoria continua olhando para os outros, sem entender nada, quando se senta numa poltrona e começa a chorar.

O restante de vocês permanece na casa, quase que sem acreditar no que estava ocorrendo, e vê pela janela Walker Evans e O´Keefee atravessarem a rua a passos rápidos, abrirem o portão da propriedade do Sr. Corbitt e chegarem até a porta de entrada do vizinho.

FIM DO PRÓLOGO

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Cena 1
Boston, 14 de março de 1933, ~ 19:30
Casa do Sr. corbitt
Investigadores:
Walker Evans (+ O´Keefee)

O veterano atravessa resoluto a rua, com o irlandês em sua cola, sem dizer nada, e chega até a casa do vizinho. É uma propriedade de classe média-alta, com dois andares, e muito bem cuidada. Nesses dois meses em que mora na pensão, Walker não conhece muito sobre o tal Sr. Corbitt, apenas que ele parece ser um homem de negócios bem sucedido, que vive sozinho nessa casa, sem receber visitas, e que que tem hábitos reservados: sai cedo de casa, volta à noite e não conversa com a vizinhança nada além dos cumprimentos habituais, sendo sempre muito educado. Evans nunca tinha observado nada estranho com relação ao comportamento dele até essa noite.

Pecis-house.gif

Quando chega defronte à porta principal, o veterano da WWI vê que as luzes do andar de baixo estão apagadas e que não há nenhum som que indique movimentação dentro da casa. As janelas todas estão com as cortinas fechadas.

Do outro lado, o restante do grupo apenas observa a cena de dentro da pensão, enquanto a senhoria parece começar a passar mal...

O que vocês fazem?
 
Última edição:
Cena 1
Boston, 14 de março de 1933, ~ 19:30
Casa do Sr. corbitt
Investigadores:
Walker Evans (+ O´Keefee) defronte à casa; os demais na pensão


Um vento frio de final de inverno corta a rua Arkham enquanto o veterano de guerra e seu companheiro irlandês permanecem parados em frente à porta do Sr. Corbitt, ainda decidindo o que fazer. Dentro da casa, o mais completo silêncio.

O restante do grupo observa curioso o desenrolar da cena enquanto o professor Szymczak traz da cozinha um copo de água com açúcar para tentar acalmar a Sra. Koliwski, que continua sentada na poltrona, sem acreditar que aquilo está acontecendo em sua pensão!

O QUE VOCÊS FAZEM?
 
Walker Evans

Walker caminha resoluto, atravessando a rua e parando defronte a porta da casa vizinha. Logo no seu encalço o irlandês, que agora recebia ordens do veterano:

- Vou cobrir a porta dos fundos. Tu bate na porta. Vamos ver como ele se comporta!

E começa a contornar a casa, devagar e silencioso.

Furtividade
[roll0]

Observar
[roll1]

Ouvir
[roll2]

Estou no serviço sem a ficha. Não lembro os valores.
 

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