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Continuem a história...

Se Freda já estava com medo, nesse momento um calafrio percorreu seu corpo inteiro e, por um momento, Freda sentiu seu coração parar de bater.

- Be...bem - começou ela, receosa - já ouvi algumas histórias a seu respeito quando eu era menor, mas isso já fa...
- Faz tempo, não é Freda? - interrompeu Karof.
Freda perdeu a voz.
- E você acredita nessas histórias, pequena?
 
Neste momento, a garota se lembrou de um dia, há muito tempo, quando tinha apenas 8 anos de idade e estava em seu palácio, brincando com seu pai. Estava uma tarde quente de sol e eles corriam juntos pelos jardins ao redor do palácio.

- Papai, você não vai me alcançar! - gritava, correndo por entre as rosas e margaridas do jardim principal.
- Hahaha, isso é o que você pensa, sua espoleta! - respondia seu pai, já ficando cansado de tanto correr e não conseguindo alcançá-la.
Freda então correu mais ainda e quando viu, já estava nos limites do castelo. Parou para respirar um pouco e ficou esperando pelo pai, já que sabia que não conseguiria mais correr.
Mas, ele não apareceu.
A garota achou estranho, porque ele estava logo atrás dela. Podia ouvir sua voz gritando "sua pequena espoleta" bem ao longe, um pouco antes de parar para descansar.
- Hum, já que você desistiu, eu ganhei! - disse, triunfante de ter despistado seu pai na brincadeira.
Porém, chegando novamente ao jardim, perto de uma pequena moita de espinhos, ela ouve uma conversa. Para não ser vista, se esconde na moita e fica ali, quieta.
- Eu já disse pra você não aparecer aqui, Karof. Você está proibido!
Era a voz de seu pai. Mas não era a voz meiga e calma que ele costumava ter, mas uma voz ríspida, aflita. Parecia estar cochichando.
- Sim, meu senhor, mas eu não tive escolha. Há meses que procuro notícias do senhor e não encontro. E a menina, como está?
- Não interessa como Freda está! E fale baixo, ela pode nos ouvir.- disse seu pai, com uma voz mais baixa e mais ríspida.
- Eu sei que não deveria estar aqui, mas não posso mais esperar. O senhor tem que fazer alguma coisa. - disse o homem chamado Karof com quem seu pai conversava. Era um homem alto, mas muito mal vestido. Passaria por um velho mendigo se não fosse por uma coisa. Uma pedra que ele levava ao pescoço. Uma pedra verde, não muito grande, mas de um brilho intenso que Freda nunca tinha visto antes. Ficou olhando para ela por um tempo, até que foi interrompida por um movimento brusco. Karof agarrou os braços de seu pai com força e falou muito baixo, bem próximo aos ouvidos dele.
- Eu sei que você está com muito medo do que meu povo pode fazer a ela. Então, trate de mantê-la viva até que tenha idade suficiente.
- Solte-me seu ingrato! Depois de tudo que fiz por você e por eles! Agora saia de meu castelo, antes que eu chame os guardas e o prenda na mais profunda masmorra.
- Tudo bem, eu vou. Mas não se esqueça do seu juramento. Não se esqueça!

- E então, minha pequena, acredita ou não nessas histórias?
Freda então acordou de sua lembrança, tentando disfarçar o medo que aumentava ainda mais em seu corpo. Não podia ser aquele mesmo homem. Como poderia, se agora o homem que estava na sua frente era um rei?
 
- Ora, não sei se acredito! Aliás, nem me lembro bem delas. Eu era muito pequena, e...
- Não me venha com desculpas! – o homem caminhava agora de um lado para outro. – Estou farto de pessoas à minha volta dando desculpas o tempo todo...
Freda tremia cada vez mais e mais. Foi quando percebeu que o druida já não estava mais ali com ela. Ao seu lado não havia ninguém, apenas uma porta fechada. Ela estava sozinha com aquele homem agora... começava a suar frio.
- Será que existe alguém nesse mundo que ainda diz a verdade, sem hesitar? Honestidade, sinceridade, caráter... tudo isto é pura utopia! E foi exatamente por confiar demais nas pessoas, por acreditar que ainda havia alguma verdade nos homens que eu sofri tanto a minha vida toda. Perdi minha família, meus amigos... fracassei ao tentar proteger o meu povo, e hoje não tenho ninguém! Sou rei desse vilarejo, assim como das terras vizinhas... mas de que adianta tudo isso, se eu perdi tudo aquilo que eu mais amava? Há um vazio no meu peito, que nunca é preenchido... e por mais que eu tenha tudo, é como se ao mesmo tempo eu não tivesse nada!
- Perdoe-me, senhor, mas eu não entendo...
O homem baixou o olhar, soltou um longo suspiro e sem seguida disse:
- E realmente não deveria entender. Na verdade, eu nem sei por que lhe disse tudo isso... Eu é que lhe peço perdão. Faça-me um favor: esqueça tudo o que eu lhe disse! Retire-se, por gentileza, e peça Lothar para vir até mim.
- Lothar?
- Sim, Lothar. Seu acompanhante.
- Oh, o druida? Não sabia que seu nome era esse...
Dizendo isso, virou-se para a porta, abrindo-a. Antes de sair, deu uma última olhada para Karof, agora de costas, mas que ainda olhava para o chão, pensativo. Quando saiu, encontrou o druida sentado a uma poltrona próxima à porta.
- Ele solicita sua presença.... Lothar.
 
- Obrigada, Freda.
O druida, que agora chamaremos pelo nome, Lothar, entrou então na sala e deixou Freda sozinha, de novo, lá fora. Sozinha com seus pensamentos.
- Feche a porta Lothar-disse Karof.
- Então é essa a menina?
-Sim Karof.
-Achei que ela fosse mais esperta...
- Como assim? Você a deixou assustada, não é qualquer um que se sai bem quando...
- Não interessa, se a menina realmente é quem você diz ser, pelo menos ela teria que ser mais corajosa.
- Karof, você está sendo irracional, se acalme, é essa a menina e você verá do que ela é capaz.
- Pois bem, mais uma vez eu vou confiar em você. Saia agora, preciso ficar sozinho.
Lothar então se retirou e foi ter com Freda.
-Está ná hora de irmos, pequena, vamos começar seu treinamento.
 
- Treinamento? Que quer dizer com isso?
- Quero dizer que você deve me acompanhar até a floresta agora mesmo.
- Agora? Mas está escuro!
- Exatamente por isso... Não se preocupe, eu estarei com você.
Lothar e Freda caminharam até o coração da floresta. Alguns animais tentaram atacá-los mas, sempre que era necessário, o druida transformava-se na coruja gigante, fazendo-os fugir. No centro da floresta havia uma clareira, onde os dois se acomodaram. Estava frio, então fizeram uma fogueira para se aquecerem.
- Está com fome, Freda?
- Um pouco.
- Espere aqui, vou procurar algo para comermos.
- Vai me deixar aqui sozinha?
- Fique tranquila, o fogo não deixará nenhum animal se aproximar. - dizendo isso, Lothar se levantou e sumiu em meio às densas árvores.
Freda estava sozinha agora e muito assustada. Sempre viveu trancafiada dentro do castelo e nunca pôde aprender a enfrentar seus medos. Pensava ver criaturas por todos os lados, até que resolveu fechar os olhos e tentar esquecer de tudo. Lembrou-se do sonho que tinha quase todas as noites: sua mãe bincava com ela nos jardins do castelo, cantando com sua linda voz uma canção muito feliz. Começou a cantarolar a música e a pensar na mãe. Não demorou muito, e adormeceu.

Quando acordou, já era dia e não havia nem sinal do druida. Freda sentia fome, e resolveu sair em busca de algum alimento. Mal começou a caminhar e encontrou um homem na beirada de um rio, juntando alguns pedaços de lenha. Freda não pôde acreditar:
- Lothar! Onde você esteve? Quase morri de medo sozinha na floresta! - Freda suava de tanta raiva.
- Acalme-se, minha pequena. Eu estive com você o tempo todo. Quando voltei com algumas frutas para você, a encontrei dormindo e preferi não acordá-la. Acabei comendo tudo e hoje acordei bem cedo para pegar alguns peixes; você precisa se alimentar, pois hoje teremos um longo dia.
Refizeram a fogueira e prepararam os peixes. Quando terminaram, o druida tirou duas espadas da bolsa que levava consigo:
- Vou lhe ensinar algumas técnicas de luta. Espero que você aprenda rápido, pois nosso tempo é curto!
Freda não levava o mínimo jeito para esgrima. Foi um treino duro; Lothar era sempre muito grosseiro e ela teve vontade de chorar diversas vezes.
- Por que eu tenho que fazer isso? - perguntou, com os olhos cheios de lágrimas.
- Você logo saberá...
- É para retribuir o favor que eu lhe devo? O que terei de fazer?
- Já lhe disse que descobrirá na hora certa. Agora faça mais e fale menos.
Treinaram até o cair da noite. Freda era mesmo um desastre. Essa cansativa rotina perdurou durante uma semana. Ao cair da noite do último dia, o druida veio até Freda e disse:
- Amanhã bem cedo voltaremos ao castelo. Você terá agora sua última tarefa: vencer seus medos. Hoje é você quem vai procurar comida!
- O que disse? Espera que eu saia sozinha pela floresta nesta escuridão?
- Sim, e é exatamente o que você vai fazer. Eu vou estar bem aqui te esperando. E vá depressa, pois tenho fome!
Freda sentiu suas veias pulsando de raiva. Mais uma vez teve vontade de chorar, mas engoliu as lágrimas e pôs-se a andar. "Vou mostrar para ele com quem está lidando!", pensou. Mas sabia que eram pensamentos vazios; estava apavorada e naquele momento, tudo o que ela queria era nunca ter fugido do castelo.
Andou pela floresta durante um bom tempo, mas não conseguiu encontrar nada para comer. As árvores que tinham frutos eram muito altas, e ela não conseguia subir nelas. Não conseguiria pescar naquela escuridão e muito menos matar algum animal. Assim, tudo o que lhe restou fazer foi sentar-se e chorar, perguntando-se por que tudo aquilo estava acontecendo e arrependendo-se amargamente de ter fugido.
De repente, ouviu alguma coisa se mexer em meio às árvores. Aparovada, Freda levantou-se e olhou em volta. Não via nada. Mas logo em seguida ouviu de novo. Seu coração estava disparado. Inconscientemente, começou a correr pela floresta, de volta ao local onde deveria estar o druida. Porém, ao chegar lá, não encontrou ninguém. Olhou para trás e viu que alguma coisa bem grande a seguia. Não tinha mais para onde fugir! A criatura estava se aproximando e, por mais que ela corresse, a qualquer momento seria pega. Ajoelhou-se no chão, desesperada. A gigantesca criatura estava agora muito perto. Freda fechou os olhos e colocou as mãos na frente do rosto, impulsivamente. Soltou um grito desesperado e um jato de luz saiu da ponta dos seus dedos, em direção à criatura. Neste exato momento, Lothar acabava de chegar ao castelo de Karof.

- Como foi, Lothar?
- Ela está na floresta sozinha, agora. Deve estar apavorada.
- Será que só isso é suficiente para fazer a magia despertar?
- Ora, ela foi mimada naquele castelo durante toda a sua vida; nunca correu perigo algum! Qualquer coisa que aparecer na sua frente já é mais do que suficiente para deixá-la morta de medo. Mas mesmo assim, eu preferi não arriscar. Garanto que desta noite não passa.
- É bom mesmo! Se essa garota realmente for uma feiticeira, será o fim de todos os nossos problemas!

Enquanto isso, na floresta, Freda acabava de acordar. Já era de manhã e ela não se lembrava muito bem dos últimos acontecimentos. Abriu lentamente os olhos e olhou em volta, demorando alguns segundos para se situar. De repente, viu ao seu lado algo inexplicável. Soltou um grito agudo ao se deparar com aquela coisa imensa tão próximo dela:
- Deus... que coisa é esta?
 
Última edição:
Um enorme dragão, completamente negro, apenas com os chifres prateados, estava a encará-la.

Freda recuava engatinhando, para trás de uma árvore.
Antes porém de se esconder, o dragão levantou-se e soltou vigoroso urro.
Freda apavorou-se, e pos-se de pé.
O dragão não se moveu. Estavam frente a frente, ela tremendo, ele altivo.

Ela não sabia se corria ou ficava. O tempo voava e nada acontecia. Não se aguentava mais em pé. As pernas estavam completamente frouxas. O dragão, por outro lado, impassível. Estava exausta. Suava frio.
Caiu.

O dragão finalmente se moveu. Freda viu do chão o enorme animal levantar-se e vir em sua direção. Era meio dia. Dragão. Fogo. Calor. Energia. Luz. Apagou.
Quando Freda voltou a si, tentou entender o que havia acontecido: O dragão vinha em sua direção; lançou uma rajada de fogo; ela sentiu algo percorrer seu corpo, mas não era o fogo; lembrou-se de ter apontado os braços para o dragão, ter visto uma grande luz; e mais nada.

O dragão não estava mais lá.
Não havia nenhum sinal de que ele houvesse passado por ali algum dia. Teria sido um sonho? Definitivamente não.

Esforçou-se para lembrar do que pensou ao apontar para o dragão.
Não conseguiu lembrar de nada, mas teve uma sensação de calor intenso novamente. Uma ávore que estava perto caiu com o raio que saiu de sua mão.
 
Um velho esquilo de barbas compridas, usando um manto azul de mago, segurando um cajado, sai de dentro da árvore caída e se aproxima, zangado:

- Sua maluca! Você destruiu a minha casa!!!
 
Aff...
(sim, eu jogo RPG. Logo, falo "aff" e "Lol".)
Mas vamos em frente.

Freda igorou por completo a presença do esquilo.
Estava tão atônita com toda a confuzão em sua cabeça, dragões, raios, calor, e luz, que nem sequer ouviu o que o esquilo que berrara.
Na verdade, quase pisou nele. Mas por sorte do esquilo....
 
Usou o cajado de forma que o pé de Freda não chegasse a atingilo o que acarretou ainda mais a raiva do esquilo, que com seu cajado...
 
Né por nada não, mas au acho que estamos fugindo um pouco do contexto...
Vou continuar de:
Sir Modrain disse:
uma árvore que estava perto caiu com o raio que saiu de sua mão...
Freda estava sentindo todos os ossos, membros, cada parte de seu corpo ardendo, quiemando. Estava tão atordoada que demorou um momento para perceber que o que derrubara a árvore havia saido de si.
Sentou-se e tentou organizar as idéias, que jorravam em sua mente.
Aos poucos foi se aclamando e percebeu que o dragão havia sumido porque se uniu a ela.
_Mas como isso é possível?
Freda pensou mais alto do que gostaria.
_Isso o que pequena? Era Lothar, que aparecera, para alívio e confusão de Freda
 
Os olhos dela se encheram de raiva. Ela se levantou bruscamente e foi andando com passos fortes na direção de Lothar:
- PRA QUE É QUE VOCÊ ESTÁ ME USANDO, AFINAL??
Lothar riu de canto...olhou profundamente nos olhos de Freda e veio andando lentamente em sua direção:
- Parabéns, Freda. Acaba de completar sua missão.
 
- Você finalmente liberou seu poder.
Ela não entendia do que Lothar estava falando. Poder? Freda nunca pôde imaginar que pudesse existir corujas gigantes, dragões pretos com chifres prateados, druidas ou quaisquer tipo de vida que ela já não tivesse visto pelos arredores do castelo de seu pai. Realmente. Ela se sentia nesse momento extremamente frágil. Muitas coisas tinham acontecido nos últimos dias. O mundo agora renascera para ela. Não estava mais presa e protegida pelos imponentes muros do castelo. Agora estava como sempre quis. Livre! Mas alguma coisa dizia a ela que as coisas não seguiriam o rumo que ela esperava. Ele disse como uma embargada, mas ao mesmo tempo ríspida e gélida:
- Existem muitas coisas sobre você e seus antepassados que você mesma não sabe. E algumas delas que ninguém nunca soube... :hanhan:
 
- Você finalmente liberou seu poder.
Ela não entendia do que Lothar estava falando. Poder? Freda nunca pôde imaginar que pudesse existir corujas gigantes, dragões pretos com chifres prateados, druidas ou quaisquer tipo de vida que ela já não tivesse visto pelos arredores do castelo de seu pai. Realmente. Ela se sentia nesse momento extremamente frágil. Muitas coisas tinham acontecido nos últimos dias. O mundo agora renascera para ela. Não estava mais presa e protegida pelos imponentes muros do castelo. Agora estava como sempre quis. Livre! Mas alguma coisa dizia a ela que as coisas não seguiriam o rumo que ela esperava. Ele disse como uma embargada, mas ao mesmo tempo ríspida e gélida:
- Existem muitas coisas sobre você e seus antepassados que você mesma não sabe. E algumas delas que ninguém nunca soube... :hanhan:

Como que vai ser?! Ninguém vai continuar história?!

Não posso acreditar nisso. Estamos no Clube dos Bardos ou não? Onde mais eu acharia pessoas gabaritadas e animadas em continuar a história?
 
Calma. Essa história anda a passos lentos. =]

Sério? Eu pensei que todo dia tinha gente postando e esperando outro postar pra poder contrubuir com mais uma parte própria na história.

Tudo bem. Mas imaginando o tanto de integrantes temos no Clube, talvez o rítimo fosse menos lento.

Assim a animação deminui pra começar a história.

Tudo bem, aguardarei por mentes brilhantes porém vagarosas pela continuação da história. Pra tudo tem seu tempo. :tsc:
 
[Continuando...e acho que nunca escrevi tanto.....:lol:]

- Vamos, mais rápido com isso!
- Mas estamos o mais rápido que podemos, meu senhor! Não adianta, nunca chegaremos nessa velocidade!
- NÃO ME IMPORTA! QUERO MAIS RÁPIDO!
- Hã....sim, Senhor....vamos tentar....
A carruagem de Khorzus seguia rumo ao norte, direção que um de seus servos disse ter visto uma águia gigante carregando alguém em suas garras. O servo parecia atordoado. Nunca tinha visto uma ave daquele tamanho. O rei sabia que não era uma águia comum e quem ela estava levando era Freda, sua filha.
Continuava sério, ansioso e muito apreenssivo. Tinha esperanças que o velho druida e seu senhor Karof tivessem se esquecido da promessa que fez, há 16 anos atrás, assim que Freda nasceu. Mas não foi isso que aconteceu. Khorzus não o perdoará se acontecer algo a ela.

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Caía uma imensa tempestade no reino naquele dia, há 16 anos atrás.
Khorzus andava de um lado para outro no corredor. Sua mulher estava dando à luz em um dos quartos. Seus gritos o deixavam muito preocupado e assustado: "Será que está tudo bem?". Ouvia a parteira dizer para fazer mais força, que a criança já estava nascendo. Um último grito. O pior de todos. Depois, um leve choro de criança invadiu o quarto. Um choro leve, que o rei nunca mais se esqueceu. Alguém saiu correndo até a porta.
- Nasceu, meu senhor! É uma menina! - disse uma das criadas, com um grande sorriso no rosto.
- Uma....uma menina? Uma menina, você disse?
- Sim, meu senhor, uma linda menina saudável!
- Deixe-me passar!
O rei entrou no quarto e viu sua esposa já descansando do duro parto, com a menina nos braços, muito feliz.
- Olhe, Khorzus, meu senhor. Nossa filha não é linda?
- Fi..filha? Eu....confesso que esperava um menino....mas....deixe-me vê-la.
A rainha mostrou o bebê ao rei. A criança ainda estava suja, mas agora calma. Era mesmo uma menina. Uma linda menina, com os olhos idênticos aos do pai, mas com um olhar distante, como o da mãe. Mesmo um tanto decepcionado por não ter um herdeiro para seu reino, Khorzus estava muito feliz. Sua primeira filha nascera, a futura rainha de seus domínios.
- Qual nome daremos a ela? - perguntou a rainha.
- Não sei ainda. O que sugere?
- Estava pensando no nome de minha mãe, Freda, mas.....
A rainha não teve tempo de completar sua frase. Uma rajada de vento abriu a janela do quarto que dava para a sacada e um som parecido com um grunhido alto foi ouvido lá fora. Nessa momento um raio muito forte caiu em algum lugar bem perto do castelo e iluminou o que estava fazendo o barulho: uma águia gigante, carregando um ser emcapuzado que lembrava um homem.
A rainha soltou um grito de horror e tentou proteger como pôde a menina que, com o raio, começara a chorar e a gritar. Porém, estava muito fraca e não conseguia se mexer da cama.
Khorzus, assustado, desembanhou a espada que sempre levava na cintura e foi até a porta para ver a tal águia. Qual foi sua surpresa quando a águia transformou-se em um homem. O encapuzado se dirigiu ao rei e disse:
- Boa noite, rei Khorzus.
- Como...como sabes meu nome?? QUEM É VOCÊ E O QUE FAZES EM MEU CASTELO?? - gritou o rei ao homem, em parte pelo barulho da tempestade, e outra por estar totalmente perdido com o que acabara de ver. "Como um homem pode se transformar num animal?"
O homem-águia permaneceu na sacada enquanto o outro foi se aproximando do rei e entrando no quarto onde estava a rainha e sua filha.
- Você certamente não me conhece, mas creio que sua adorada rainha, sim.
Nesse momento, ele tirou o capuz da cabeça, revelando um homem austero, da mesma idade do rei e carregava uma pedra verde, muito brilhante, ao pescoço. Khorzus nunca tinha visto uma pedra tão bela em toda a sua. Mas estava mais com medo do próprio homem, que cada vez mais se aproximava e ele não conseguia impedir.
- Não....não pode ser.....Karof! - disse a rainha, para o espanto de Khorzus.
- Você conhece este homem?? - perguntou.
- O que fazes aqui?? O QUE QUERES AQUI, SEU VERME?? - a rainha gritou para o homem, com um olhar de extremo espanto.
- Ora, só vim garantir que o futuro do meu povo está a salvo. - disse Karof, cheio de cinismo em sua voz.
- Já não fizeste mal o suficiente para a MINHA FAMÍLIA no passado, agora quer destruir o futuro??
- Minha cara, não seja tão injusta comigo. Só fiz o que estou destinado a fazer. E continuarei fazendo até a minha morte!
- DIANA, O QUE SIGNIFICA ISSO?? - totalmente perdido, o rei urrou para sua esposa. Exigia uma explicação para tudo aquilo. Quem era esse homem? Como sua esposa o conhecia tão bem? O que será que tinha feito?
- Nunca contei isto, meu Senhor, mas....não sou uma humana normal.
- O QUÊ??
- Isso mesmo. Minha família é descendente de um povo que vive bem ao norte do nosso reino. Quando nos conhecemos, estava fujindo deles. Não queria que minha família tivesse o mesmo fim que meus antepassados tiveram. Mas.....vejo que será impossível....
- Como assim?? Quem é este homem??
- Ele.....é meu irmão.
- O QUEEE??? Mas como isso é possível??? Você nunca me disse nada sobre ele!!
- Eu sei....eu lhe peço perdão por isso.....Mas eu queria proteger você e à nossa Freda!
- Freda?? É uma menina?? - disse Karof, parecendo repentinamente feliz - Há, então vejo que a Profecia era mesmo verdadeira.
- Qual profecia? - perguntou Khorzus, ainda com a espada nas mãos.
- "Uma menina, descendente direta da Grande Feiticeira, trará equilíbrio às forças do bem e do mal." - disse Diana, como se tivesse decorado o texto e o tivesse lembrado de súbito. - Sim...realmente é verdadeira. Por isso queria poupá-la de todo o sofrimento!
- Mas nós dois sabemos que ela não tem escolha. Por isso, viemos aqui para buscá-la.
- NÃÃÃÃÃOOOO!! - Khorzus ergueu sua espada para atingir Karof, mas neste momento, uma luz muito forte saiu das mãos de Karof, atingindo o rei e o derrubando a alguns metros longe.
- Hahaha, até que seu rei é corajoso, Diana. Não esperava isso de um simples mortal.
- SAIA DAQUI!! NÃO DEIXAREI QUE LEVEM MINHA FILHA!! - gritou Diana para Karof.
- É, está certo. Vejo que não terei chances de levá-la hoje com esta tempestade. Mas, se ela for realmente descendente da Grande Feiticeira, não passará muito tempo e ela não aguentará mais ficar dentro dos muros deste castelo. E então, estaremos aqui para levá-la conosco.
- Isso....hum.....não vai.....acontecer.... - Khorzus se levantara, ainda tonto. - Saia do meu castelo, AGORA!
- Eu vou embora. Mas antes, quero que me prometa que a deixará livre para escolher ficar ou ir conosco.
- Não vou prometer NADA! - urrou Khorzus, ainda com a espada na mão, indo em direção a Karof.
- Sim, nós prometemos - disse Diana. Khorzus a olhou e não podia acreditar em tudo o que estava acontecendo. Sua rainha o desafiando???
- Pois bem, está selado. - dizendo isso, Karof tocou levemente na pedra verde que carregava no pescoço e ela brilhou mais intensamente do que antes. Esse era o sinal de que uma promessa tinha sido feita. - Adeus, Diana. E que sua filha traga mais esperanças a nós do que você.
Dizendo isso, Karof foi para a sacada e o homem que esperava novamente transformou-se em águia e os dois saíram pela tempestade.
Daquele dia em diante, Khorzus não dirigiu mais uma palavra à sua rainha. Meses depois, Diana morreu. Nunca se soube ao certo o porquê. Mas muitos diziam que foi por desespero e desgosto por ter feito a tal promessa. E toda a verdade sobre sua esposa, Khorzus nunca soube.
Porém, agora, estava perto de saber tudo.

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- Senhor? - disse um dos guardas ao rei.
- O que foi agora?
- Mais dois dias de estradas e creio que chegaremos.
- Muito bem, então. Estou ansioso para rever minha filha e Karof mais uma vez. Pela última vez.
 
Já passavam umas três horas do crepúsculo, Khorzus repousava em sua confortável carruagem quando um de seus guardas lhe chamou a atenção:
- Senhor, dizem que as terras adiante não são seguras depois desse horário, sugiro que acampemos aqui essa noite.
- Nada disso!Vociferou o rei – Não temos tempo para ceder á lendas estúpidas!Continue andando, e mais rápido de preferência.
O guarda engoliu em seco e ordenou que os cavalos continuassem.
A escuridão já tomava conta da estrada quando o rei acorda com um solavanco.
- O que é isso?
- Os cavalos recusam-se a continuar.Responde-lhe o guia.
- Como assim?Esses cavalos são devidamente treinados, isso nunca lhes ocorreu.
- Não sei meu senhor, eles simplesmente pararam.
- Bahh!Tente fazer com que eles se mexam – E, falando isso se virou e foi andando em direção á floresta.Foi quando viu entre as árvores, uma luz esverdeada, ele se aproximou mais um pouco e pode ver...
 
Khorzus ficou paralisado com a luz e quando foi se aproximando a figura de Karof apareceu nitidamente na escuridão. O rei desceu da carruagem e foi de encontro a ele.
- Onde ela está?!
- Não pode mais contê-la, Khorzus. Ela decidiu partir, ninguém a forçou a nada.
- MENTIRA!!! Minha filha nunca me abandonaria!
- Engana-se nesse ponto. Eu não posso quebrar uma promessa, meu caro rei, não tenho índole de humano. Mas se não acredita em mim, talvez queira me acompanhar ao meu castelo e pergunta-la pessoalmente.
- Não...não pode ser...ela nunca...
- Venha ouvir da boca de Freda. Vamos, mande de volta seus guardas, eu mesmo o levarei até lá.
O rei então ordenou que seus servos voltassem e aguardassem ordens suas. Karof conduziu Khorzus por entre as árvores chegando a outra estrada onde uma carruagem esperava.

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Há dois dias, no entanto, Freda já tinha retornado ao castelo de Karof após seu treinamento na floresta. Quando chegou ao castelo...
 

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