O olheiros.net fez uma matéria sobre o Piazon.
A história se repete
Gabriel Seixas - 10/07/2011
O rendimento individual abaixo das expectativas de Lucas Piazon no Sul-Americano Sub-17, disputado entre março e abril deste ano, esteve longe de abalar sua reputação para o Mundial da categoria. Não apenas pela conquista do título, que acabou mascarando seu futebol pouquíssimo convincente no Equador. Vendido ao Chelsea por uma quantia considerável no primeiro trimestre de 2011, apontado como o ‘novo Kaká’ pela imprensa nacional e até internacional e convivendo com a ‘tietagem’ fora dos campos, o atacante do São Paulo foi apontado por muitos como a grande esperança brasileira para a conquista do tetracampeonato mundial sub-17.
Entretanto, tal como no torneio continental, Piazon se mostrou incapaz de assumir o papel de protagonista da equipe. Indolente, pouco participativo e sem facilidade de chegada ao gol adversário, o atacante não ultrapassou a pífia marca de um gol marcado em cinco jogos (ou 435 minutos) disputados e passou despercebido até mesmo nas melhores atuações do Brasil no torneio. Na goleada por 3 a 0 sobre a Dinamarca, por exemplo, Piazon foi o pior brasileiro em campo. Já no triunfo por 3 a 2 sobre o Japão, onde a equipe abriu 3 a 0 e desempenhou um futebol convincente por pelo menos 70 minutos, o atacante cumpriu suspensão automática.
Primeiramente, cabe questionar a função tática de Piazon no esquema de Ávila. Entre a composição da terceira linha do 4-2-3-1 e a aproximação com Ademilson na frente, o jovem se mostrou perdido em ambas as funções. Não obstante, mesmo longe de ser um protagonista, Piazon jamais deixou de ser tratado como tal até mesmo por Emerson Ávila. Isso ficou muito claro diante das atitudes do treinador durante as partidas, que ao buscar alternativas para melhorar o rendimento ofensivo da equipe, jamais abriu mão da presença de Piazon, mesmo quando este destoava negativamente do restante do time. Talvez estivesse à espera de uma genialidade esporádica que, desde o Sul-Americano, jamais apareceu.
Em seu melhor momento com a ‘amarelinha’, no Sul-Americano Sub-15 de 2009, Lucas Piazon anotou dez gols em sete partidas desempenhando o papel de segundo atacante. Talvez fosse o caso de repensar o aproveitamento do são-paulino na seleção, ainda que o principal caminho para o reaparecimento do seu futebol pareça ser um “choque de realidade”, ou seja, a compreensão de que seu potencial deve ser reafirmado a cada momento. Não se trata de uma busca de um bode expiatório pela eliminação do Brasil, mas sim o questionamento do rumo que a carreira de uma das grandes promessas do nosso futebol está tomando.
Obviamente, até pela idade que tem, o momento de instabilidade é natural. Piazon alcançou o estrelato muito cedo e sabe que pode sair dos holofotes com a mesma velocidade com que os atraiu. Essa é uma questão recorrente na carreira de muitos “juvenis”, valorizados com contratos e transferências milionárias e pressionados a conviver com a fama desde cedo. Mas sem disposição e entrega, nem mesmo sua capacidade técnica o tornará em um jogador de sucesso quando profissional.
Não se pode dizer que Piazon se despediu do Mundial de forma despercebida, afinal, o assédio feminino concentrado pelo atacante em sua estadia no México foi digno de ‘popstars’ como Kaká e Neymar. Mais do que a necessidade de conviver com o tratamento de uma estrela dentro e fora dos campos, o jovem necessita principalmente rever seu comportamento dentro das quatro linhas, reclamando menos dos companheiros e aperfeiçoando seus recursos. Do contrário, certamente presenciaremos em breve o fracasso de um dos símbolos da geração /94 do futebol brasileiro.
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