Essa segunda temporada de PERDIDOS tá até divertida na minha opinião, eu só gostaria que eles parassem de tratar os espectadores como retardados.
Digo, todo mundo já entendeu (eu espero) que Jack = Ciência e Locke = Fé. Todo mundo já sacou isso desde a primeira temporada. Então pra quê ficar ilustrando a coisa das formas mais óbvias possíveis? Eu tava até engolindo a unidimensionalidade totalmente forçada com que eles apresentam esse contraste (o Jack sempre quer contestar tudo e o Locke nunca quer contestar nada, não importa o que esteja em risco), mas aí os roteiristas querem tornar a coisa "emocionante" e de repente aquela babaquice de fazer uma conexão com os flashbacks domina qualquer possibilidade de narrativa decente e os personagens começam a falar em coisas como "salto de fé", o que torna quase impossível a tarefa de se envolver com um conflito que já é absurdo por natureza (todo aquele lance de apertar-o-botão-antes-que-alguma-merda-aconteça-mas-quem-garante-que-algo-vai-acontecer-etc que eles esticam por três episódios, mostrando os mesmos eventos por diferentes pontos de vista (o que foi até legal mas acabou se tornando totalmente irrelevante (jesus, essa deve ter sido a frase mais longa que eu já escrevi))).
Os flahsbacks ainda são de longe o maior problema -- quanto mais eles tentam torná-los "significativos", mais inúteis eles são. Um bom exemplo desse paradoxo é o Episódio 05, "... and Found". Neste episódio nós vemos mais um flashback...
Por outro lado, este mesmo espisódio teve a melhor cena de LOST até agora:
Isso foi foda. Parece até que o Stephen Williams (que dirigiu esse episódio, segundo o IMDB) andou assistindo MAL DOS TRÓPICOS ou sei lá.
Anyway, o lance do botão é interessante de um jeito meio "Twilight Zone", e serve tanto em termos de drama, adicionando mistério (adorei a fita em "Orientation"), quanto em termos simbólicos (aparentemente o ato de apertar o botão a cada 180 minutos representa duas coisas: (a) o homem como "escravo da máquina", preso na rotina do trabalho, apenas uma pequena engrenagem em um processo que ele mesmo não compreende totalmente; e (b) a Fé; ou seja, fazer as coisas apenas por acreditar ser o certo, sem ter uma explicação "lógica", etc. Eu só não sei até que ponto (a) e (b) se encaixam).
Digo, todo mundo já entendeu (eu espero) que Jack = Ciência e Locke = Fé. Todo mundo já sacou isso desde a primeira temporada. Então pra quê ficar ilustrando a coisa das formas mais óbvias possíveis? Eu tava até engolindo a unidimensionalidade totalmente forçada com que eles apresentam esse contraste (o Jack sempre quer contestar tudo e o Locke nunca quer contestar nada, não importa o que esteja em risco), mas aí os roteiristas querem tornar a coisa "emocionante" e de repente aquela babaquice de fazer uma conexão com os flashbacks domina qualquer possibilidade de narrativa decente e os personagens começam a falar em coisas como "salto de fé", o que torna quase impossível a tarefa de se envolver com um conflito que já é absurdo por natureza (todo aquele lance de apertar-o-botão-antes-que-alguma-merda-aconteça-mas-quem-garante-que-algo-vai-acontecer-etc que eles esticam por três episódios, mostrando os mesmos eventos por diferentes pontos de vista (o que foi até legal mas acabou se tornando totalmente irrelevante (jesus, essa deve ter sido a frase mais longa que eu já escrevi))).
Os flahsbacks ainda são de longe o maior problema -- quanto mais eles tentam torná-los "significativos", mais inúteis eles são. Um bom exemplo desse paradoxo é o Episódio 05, "... and Found". Neste episódio nós vemos mais um flashback...
...envolvendo Jin e Sun, mostrando os eventos que precederam o primeiro encontro dos dois. A parte da Sun só serve para dar uma desculpa para ela estar geograficamente próxima ao Jin quando ele pede demissão no final, mas a parte do Jim é supostamente "irônica", já que mostra ele preocupado com status profissional e tentando fugir do estigma de filho de pescador no passado, enquanto no presente (i.e. na ilha), pescar é basicamente uma das coisas mais úteis que você pode saber. O problema é que esse contraste é totalmente desperdiçado -- o personagem tem a epifania no próprio flashback, então nada disso é realmente irônico, certo? A coisa realmente funcionaria se ele não deixasse o garoto pobre usar o banheiro do hotel. Seria corajoso e interessante, mostrando um lado do personagem com o qual o público certamente não simpatizaria, etc. Do jeito que eles fizeram, foi inútil.
Por outro lado, este mesmo espisódio teve a melhor cena de LOST até agora:
Aquela em que o Jin e o Mr. Eko têm que se esconder dos "outros" -- começa com um plano longo (sem música, só com os sons da selva), câmera baixa se movendo lentamente pelo mato até que nós vemos os dois escondidos no meio de uns arbustos. Aí de repente os "outros" aparecem e passam por eles, mas tudo que nós vemos são pernas.
Isso foi foda. Parece até que o Stephen Williams (que dirigiu esse episódio, segundo o IMDB) andou assistindo MAL DOS TRÓPICOS ou sei lá.
Anyway, o lance do botão é interessante de um jeito meio "Twilight Zone", e serve tanto em termos de drama, adicionando mistério (adorei a fita em "Orientation"), quanto em termos simbólicos (aparentemente o ato de apertar o botão a cada 180 minutos representa duas coisas: (a) o homem como "escravo da máquina", preso na rotina do trabalho, apenas uma pequena engrenagem em um processo que ele mesmo não compreende totalmente; e (b) a Fé; ou seja, fazer as coisas apenas por acreditar ser o certo, sem ter uma explicação "lógica", etc. Eu só não sei até que ponto (a) e (b) se encaixam).
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