BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters), 13 de setembro - A frustração da sociedade com a atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante das denúncias de corrupção derrubou sua aprovação pessoal para o pior resultado desde sua posse, mostrou pesquisa Sensus nesta terça-feira.
A aprovação do desempenho pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caiu para 50% dos entrevistados em setembro, contra 59,9%, em julho, segundo pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). A reprovação subiu para 39,4%, contra 30,2% em julho.
"A sociedade acha que o presidente tinha conhecimento do processo de corrupção e não está usando sua autoridade para a redução da mesma", disse o cientista político Ricardo Guedes, diretor do instituto Sensus, a jornalistas.
De acordo com a pesquisa, 49,5% acham que o presidente Lula "tinha conhecimento das denúncias do mensalão e da corrupção no país", contra 38% que discordam. Em julho, 33,6% acreditavam que Lula sabia, contra 45,7% que achavam que não.
A pesquisa realizada entre 6 e 8 de setembro mostrou que, para 45,1%, Lula "não tem agido adequadamente" diante das denúncias. Em julho, essa era a avaliação de 31,9%. A parcela dos que aprovam o comportamento de Lula no episódio caiu de 47,8% para 44,8% no período.
A corrupção no país, durante o governo Lula, "aumentou muito", para 35,9% (contra 20,2% em julho) e "é maior do que no governo anterior" para 48,9% (26,7% em julho).
Para 39,1% dos entrevistados, a corrupção está mais vinculada ao PT, seguido pelo Congresso (senadores e deputados), segundo 24,2% das pessoas ouvidas.
"Todos os números da pesquisa sobre corrupção são preocupantes para o governo", disse Ricardo Guedes.
QUEDA DE CONFIANÇA
Antes dessa rodada, a pior avaliação pessoal de Lula havia sido registrada em junho de 2004, na marca de 54,1%. O presidente iniciou o mandato com o desempenho pessoal aprovado por 83,6%, segundo pesquisa Sensus de janeiro de 2003.
A desaprovação recorde do presidente vem acompanhada de uma piora na avaliação do governo, que caiu para 35,8% positivos, contra 40,3% em julho. A parcela dos que avaliam negativamente o governo aumentou, no período, de 20% para 24% dos entrevistados. A avaliação regular oscilou de 37,1% para 38,2%.
Embora em queda, a avaliação positiva do governo já foi pior. Ela teve seu índice mais baixo (29,4%) em junho de 2004 e vinha se recuperando até ser interrompida nessa pesquisa.
Também caíram as expectativas em relação ao futuro, embora haja uma percepção geral de melhoria em relação à saúde, educação, combate à pobreza e à violência. Para 27,3%, a oferta de emprego aumentou nos últimos seis meses (contra 12% que tinham essa percepção em julho).
Mas a avaliação de que a política econômica está sendo conduzida de forma adequada caiu de 40,2% em julho para 34,9% em setembro. Também caiu, de 45,6 para 41,2%, a parcela dos que confiam no desempenho da economia nos próximos seis meses, enquanto a parcela dos que não confiam passou de 46,8% para 48,6%.
"Isso significa que o governo precisa fazer mais do que blindar a economia, precisa voltar a conquistar a confiança do brasileiro", advertiu Guedes.
Em relação à eleição de 2006, o número de eleitores que não votaria em Lula subiu para 39,3% em setembro contra 30,8% em julho.
Para 42,1% Lula nem deveria disputar a reeleição, enquanto 10,6% acham que ele deveria indicar um candidato do PT para sucedê-lo. Lula só deve disputar as eleições na opinião de 40,3% dos entrevistados.
A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais para cima ou para baixo. O Instituto Sensus entrevistou 2.000 pessoas entre os dias 6 e 8 de setembro, em 195 municípios do país.
Por Andrew Hay e Ricardo Amaral