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A vegetariana (Hang Kang)

Molly Bloom

Vadí? Nevadí.
Quero compartilhar com você um romance que li este ano: A vegetariana, da escritora sul-coreana Han Kang.

A publicação original, em 2007, baseada em um conto de 1997, The fruit of my woman, pelo que se diz, não teve muitos leitores inicialmente. Alguns atribuem isso ao choque que a história teria causado. Esse cenário mudou com a tradução do romance para o inglês, em 2016, e a conquista do Booker Prize pelo trabalho (tradução premiada mas criticada aqui). O livro, então, passou a ser um best-seller e foi traduzido pela Todavia, em 2018, versão que eu li.

A autora nasceu em 1970 e é professora de escrita criativa na Universidade de Seul, além de ser escritora e trabalhar com artes visuais.

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A protagonista da história é Yeonghye, que, devido a um sonho, resolve deixar de comer, cozinhar e servir carne. Isso implica uma mudança mais profunda na sua vida, porque, até aquele momento, ela era uma mulher que seguia as tradições da família, cumprindo o que esta (e o marido) lhe pedia.

Primeira frase do romance: Nunca tinha me ocorrido que minha esposa era uma pessoa especial até ela adotar o estilo de vida vegetariano.

Ninguém entende como uma pessoa tão comum quanto ela poderia ter essa mudança radical. Mas esse não é o principal (ou único) tema do livro. O que acaba ganhando força é o enigma que perpassa as ações dessa personagem, que vão envolver questões de libertação e erotismo. Como leitora, andei com a narrativa, tentando entender quem é essa mulher (junto com ela, possivelmente).

O romance é dividido em três partes, cada uma com um foco narrativo próprio. A minha parte preferida é, sem dúvida, a segunda, "A mancha mongólica", tanto pela descrição das imagens quanto pela ambiguidade do personagem que narra esse trecho.
Essa parte quem narra é o cunhado de Yeonghye, um artista plástico que a convida para participar de um projeto seu: um vídeo de pessoas com seus corpos pintados fazendo sexo. A ideia surge a partir de um fascínio a respeito da mancha de nascença da protagonista. No entanto, esse convite não é totalmente transparente de imediato e não sabemos quais são as reais condições cognitivas para que a protagonista decida por si. Fica, ainda, uma questão ambígua sobre as intenções desse artista: é mesmo arte o seu desejo último ou passa também por ali um desejo carnal de usar da cunhada? Tensiona-se, assim, a ideia artística e um possível abuso sexual.

Acho que a primeira parte, principalmente, tem alguns problemas por conta do narrador, um personagem que aparece totalmente chapado, mas, de forma geral, gostei de ler o romance.

Alguém aí conhece o texto?
 

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