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Posso afirmar que é um daqueles livros que você nunca mais se esquece dele.
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-Arnie- disse:Tenho uma cena muito forte gravada na memóriaGregor delicadamente vai para frente da porta do quarto, para sinalizar que não quer confusão, então o pai joga maçãs nele. Uma acerta, fica alojada, e Gregor, duplamente ferido, volta para o seu canto, para ficar quieto e não ofender ninguém...
Sil disse:Muito interessantes as observações aqui colocadas. Mas me ocorreu algo novo: quem está fora do contexto da realidade humana, Gregor ou sua família? O genial autor nos mostra de forma extrema o "kitch" citado em "A insustentável leveza do ser" de Milan Kundera que nos faz sentir tão bonzinhos... Como ficamos horrorizados diante do comportamento dos Samsa!!! Mas, como cada um de nós trataríamos a questão caso ocorresse conosco? Infelizmente tive em minha família um exemplo de máscaras caindo. Minha mãe sempre ficou horrorizada com a maneira desumana que sua irmã tratava meus avós já idosos e com pouca autonomia para realizar atividades vitais. Porém bastou meu pai ficar por poucos dias sob seus cuidados com limitações parecidas para o "monstro dos outros" começar a aflorar também nela. Quando nos apiedamos diante da miséria alheia nos sentimos pessoas melhores, a questão é se estando na pele dos algozes nos manteríamos tão elevados. Sempre achei repugnante o modo como são tratados os valores e conceitos sociais, como a crueldade humana pode levar pessoas fora dos padrões aceitos como normais à execração e infelicidade.
Mas, infelizmente já paguei a língua algumas vezes e resolvi nunca julgar alguém sem saber seus motivos, dores e dissabores. Se consegui? Não, mas tenho me esforçado. Abrarços
-Arnie- disse:Tenho uma cena muito forte gravada na memóriaGregor delicadamente vai para frente da porta do quarto, para sinalizar que não quer confusão, então o pai joga maçãs nele. Uma acerta, fica alojada, e Gregor, duplamente ferido, volta para o seu canto, para ficar quieto e não ofender ninguém...
Gregor delicadamente vai para frente da porta do quarto, para sinalizar que não quer confusão, então o pai joga maçãs nele. Uma acerta, fica alojada, e Gregor, duplamente ferido, volta para o seu canto, para ficar quieto e não ofender ninguém...
Lucas_Deschain disse:Deixa eu só ligar o modo mimimi um pouco para tirar uma dúvida que está me incomodando um pouquito aqui Mavericco, sobre o uso da expressão pós-moderna: sou obrigado a concordar que de acordo com o que você expôs a reação a Samsa tenha rasgos pós-modernos, mas não é anacrônico falar em pós-modernismo na época de Kafka? Afinal, até onde sei, pós-modernismo, na acepção mais usual da palavra, é algo que remonta a década de 60 mais ou menos, não?
Lucas_Deschain disse:Mavericco, viagem por viagem vamos chegando mais longe (ou não!), então é minha vez:
me chamou a atenção que Samsa despendeu pensando sobre as implicações de sua nova condição "entomológica", ele pensou sobre as aparências, as implicações financeiras, a reação de sua família etc., mas queimou muitos neurônios pensando sobre seu trabalho, sua carreira, sua condição de acordo com as convenções sociais etc. Pensei em algo como a burocratização incômoda em que ele estava enquadrado e as convenções acabrunhantes (ou é acabrunhadoras? não sei) em que ele e sua família estavam enredados. Será que é isso?
Lucas_Deschain disse:Pensando nisso ainda, será que esse "parecer inseto-ser humano" não seria resquício de uma noção de Kafka acerca da realidade burocratizada e superficial, que usa critérios insuficientes para saber o que é ou não-humano?