Da Frigideira: Beowulf - Prévia especial da Comic-Con 2007
Vimos trechos do filme ao lado de Neil Gaiman e Roger Avary
26/07/2007
Marcelo Forlani
Oficialmente, a Comic-Con começa hoje, 26 de julho. Mas ontem rolou a preview night, uma abertura extra-oficial para quem garantiu o passaporte para os quatro dias de evento, incluindo nós, da imprensa. Tudo isso você já deve ter lido no diário que o Érico escreveu aqui.
Mas isso não é tudo. Aproveitando que já estávamos na cidade, fomos convidados para um preview exclusivo de Beowulf, animação digital roteirizada por Neil Gaiman e Roger Avary e dirigida por Robert Zemeckis. O melhor é que entre os pedaços do filme que já estão prontos, os dois roteiristas falavam ao público sobre como foi escrever o script, qual cena veríamos a seguir e outras curiosidades.
Foi assim que ficamos sabendo que Avary e Gaiman se conheceram na época em que o primeiro tentava levar adiante um filme da série Sandman, que até agora não vingou, mas criou entre os dois um forte laço de amizade. Quando já tinha em suas mãos o projeto para escrever um roteiro que adaptaria Beowulf para as telas, Avary ligou para Gaiman, que veio com uma solução para um dos grandes dilemas que ele carregava. Depois disso veio o convite para passar umas semanas no México escrevendo o roteiro a quatro mãos "e tomando uma cerveja mexicana barata", como lembrou Gaiman, arrancando risos da platéia.
O resultado, porém, não tem nada de engraçado. Os dois trailers e a seqüência de aproximadamente 15 minutos que nós vimos mostram o demônio Grendel em carne viva, matando pessoas e deixando-as penduradas. Em uma batalha completamente desnudo, Beowulf o derrota e ganha a condição de um rei. Seu problema, agora, é que a mãe do demônio morto está atrás dele.
"Este será o maior lançamento em 3D atual", disse Gaiman à animada platéia que colocava e tirava os óculos a cada novo trecho da exibição. Mas além da ótima trimidensionalidade, o que mais chama a atenção é a perfeição de detalhamento nos personagens. Não vemos mais na tela aqueles pixels que formam personagens duros. Cada ruga, cada pêlo, têm um realismo fora do comum. "Este filme não poderia ser feito antes. É a história mais antiga da língua inglesa contada com a mais nova tecnologia", diz Avary. Cortesia da Sony Pictures Imagework, que gravou as performances dos atores usando aqueles macacões cheios de pontinhos e depois deu a eles uma nova textura humana. "Eles pareciam o elenco do Tron", brinca Gaiman.
"Quando o roteiro ficou pronto, liguei para o meu agente e pedi para apresentá-lo ao Robert Zemekis, que adorou", conta o escritor britânico. "Bobby vivia nos encorajando a ir além, mergulhar cada vez mais na idéia", completa Avery. E agora, depois deste bate-papo, todos os presentes mal podem esperar pela batalha final, que assim foi descrito pelo criador de Sandman: "Antes era uma grande batalha de dragão com muitas falas. Daí Bobby falou 'se vocês colocarem no roteiro um cara sentado numa cadeira ou dragões quebrando tudo, o custo pra mim vai ser o mesmo' e foi aí que começamos a pirar".
"Estamos criando um tipo de filme que as pessoas não têm como ver em casa. Vamos levar as pessoas para o cinema", arrebata Gaiman.