Infelizmente, sendo essa uma crítica a visão de Nietzsche acerca da moral, ela encontra alguns entraves.
Primeiro: a moral a qual coloca em pauta é religiosa. Como poderia aplica-la num ambiente não crente? Ela simplesmente deixaria de existir, por não haver "duas visões", e a questão benéfica ser simplesmente o "melhor para cada indivíduo"; isso por sua vez não leva ao caos, sendo que, temos um Sistema no qual um milionário se mantém assim através de equivalentes numéricos a sua fortuna tranformados em miseráveis.
Como para criticar algo, deve-se ter ciência do mesmo, vou citar trechos de Nietzsche para que possa elaborar um novo argumento, caso seja isso possível, sem balizar-se fora de um contexto analítico:
"O sinal decisivo no qual se revela que o sacerdote ( - inclusive os sacerdotes mascarados, os filósofos - ) tornou-se o senhor absoluto de tudo e não apenas de uma determinada comunidade religiosa, de que a moral da décadence, a vontade para o fim, vale como moral em si, é o valor incondicional daquilo que é atribuído em todo o lugar àquilo que é altruísta, e a hostilidade àquilo que é egoísta. Quem está em desacordo comigo acerca desse ponto, esse eu considero infectado...Mas o mundo inteiro está em desacordo comigo...Para um fisiólogo, tal antinomia de valores não deixa a menor dúvida. Quando, no interior do organismo, o mais ínfimo dos orgãos deixa de impor por um instante que seja a sua autoconservação, a sua renovação de forças, o seu egoísmo com absoluta certeza, o todo degenera. O fisiólogo exige a extirpação da parte degenerada, renega qualquer solidariedade com o degenerado, é quem está mais distante de mostrar piedade com ele. Mas o sacerdote quer justamente a degeneração do todo, da humanidade: por isso ele conserva o degenerado - e a esse preço ele a domina (domina a humanidade)...Que sentido têm aqueles conceitos mentirosos, os conceitos auxiliares da moral, da alma, do espírito, do livre arbítrio, de Deus, se não o de arruinar fisiologicamente a humanidade?...Quando se desvia a seriedade da autoconservação, da fortificação do corpo, quer dizer, da vida, quando se faz da anemia um ideal, quando se constrói a salvação da alma sobre o desprezo do corpo, o que é isso se não uma receita para a décadence? - A perda do equilíbrio, a resistência contra os instintos naturais, em uma palavra, a ausência de-si - tudo isso foi chamado de moral até agora...". (Ecce Homo; Nietzsche)
Claro, não podemos retirar (mesmo estando "a frente de seu tempo") a crítica de Nietzsche de seu contexto, fim do século XIX, no entanto, essa crítica se liga ao Sistema capitalista em si, o qual perdura até hoje.
E contra essa concepção de moral, não pode-se afirmar que não seja um instrumento de dominação, nem de alienação, a não ser que sejas alienado.