Cantona
Tudo é História
Sinopse: Universidade da República, Uruguai. Em 17 de agosto de 1961, ao término do discurso de Che Guevara – um dos primeiros pós-Revolução Cubana, o professor Arbelio Ramirez é assassinado. A bala que lhe tira a vida tinha como destinatário Guevara, num atentado planejado pela direita uruguaia com a CIA. O crime, encoberto pelos anos de ditatura, passa a ser investigado por Ethel, viúva do professor, quando o governo decide liberar os documentos do período.
Comentário: Uma das consequências do triunfo da Revolução Cubana foi o de construir no imaginário dos povos da América Latina a certeza de realizar a Utopia do justo. O clima era de guinada à esquerda, na arte, no cotidiano. Personificando esse movimento, a figura carismática de Guevara.
Num contexto de Guerra Fria, que não pode ser desprezado, os setores reacionários das burguesias latinas, auxiliadas pelo braço econômico e armado dos EUA, empenhavam-se em manter o status quo, impedindo “novas Cubas”. É nesse embate entre esquerda e direita, que um dedo puxa o gatilho e, uma bala que teria como destino o peito de Che, põe fim à vida do professor de História Arbelio Ramirez, no Uruguai dos anos 60.
E aqui entra a sensibilidade da cineasta Gabriela Guillermo, conduzindo o filme de forma a revelar os desdobramentos históricos–políticos não apenas na sociedade uruguaia como um todo, mas nas alterações provocadas no seio familiar, cujos membros são dilacerados pela perda e passam a conviver com perseguições e violências físicas de membros da extrema-direita, bem como, instalada a ditadura, de seus agentes de repressão.
Na busca pelos culpados, após a liberação dos documentos pelo governo uruguaio, Ethel verá que alguns crimes permanecerão silenciados.
O filme é extremamente interessante: por ele, conhecemos pontos da história recente uruguaia, percebemos o clima de revolução da época e vemos o fascínio que Che exerce sobre os povos latino-americanos, por representar o “inimigo do opressor”, nesse continente espoliado desde que Colombo por aqui se aportou com suas cruzes e canhões, e no qual os EUA, a partir do século XX, passaram a se colocar como senhores.
Uma bala para o Che (Una bala para el Che) [Uruguai, 2012, Dir.: Gabriela Guillermo]
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