Re: Tropa de Elite (Brasil, 2007)
Eu justifico isso de forma simplista,
Lembrando que "simples"= geralmente bom; "simplista"= geralmente ruim.
Shazan disse:
afinal não sou crítico de cinema
Nem eu. Você acha que alguém tá me pagando pra postar no Fórum Valinor? Quem dera.
(Btw, essa postura defensiva anti-analítica é o jeito mais fácil de fugir de argumentações, mas enfim...)
Shazan disse:
Pra mim, o foco do filme era a visão de um capitão no olho do furacão, que indiretamente mostrava a realidade do BOPE e mais uma vez do conflito entre "polícia e criminosos" nas favelas do Rio. Eu não concordo com as opiniões desse capitão, mas eu entendo ele. Aprendi, com os argumentos dele, a me colocar em seu lugar. Dei uma chance a ele. Não acho que ele não esteja errado ou não seja redundante, mas, enfim, entendo a causa dele.
Ou seja, o voice-over fez você simpatizar com um fascista.
Eu sinto a sua dor.
Shazan disse:
Sem contar no fato dele acumular transtornos de personalidade anti-sociais e de dependência. Who gives a shit? É um personagem, e no lugar dele, com o trabalho dele, sabendo o que ele sabe e vivendo o que ele vive eu não acharia nem um pouco difícil isso acontecer.
Eu não tenho absolutamente nenhum problema com o personagem. (Leia meus posts anteriores para mais informações.)
Shazan disse:
E, enfim, se ele é o protagonista e eu incorporei a vida dele no filme,
Você "incorporou a vida dele no filme"? Eu achei que ela já estava incorporada.
Shazan disse:
nada mais justo do que o voice-over dele me ajudar a compreender sua história =p
Eis um senso de justiça maleável o suficiente pros padrões do Bope.
Falando sério agora, a questão é: você realmente precisava dessa "ajuda"? Cinema é um meio visual. Drama é um meio de ações e diálogos.
Esse filme me fez sentir a mesma sensação que eu sinto vendo filmes do Rob Schnider. Filmes do Rob Schinder têm piadas imbecis, esse tem voice-overs imbecis... no final tudo se resume a cinema incompetente que insulta a minha inteligência, e eu não consigo não ter um problema com isso.
Shazan disse:
Até porque especialmente na primeira vez que eu assisto um filme eu não me apego à parte técnica e crítica... eu me apego à história e aos personagens.
Lá vem a "parte técnica", presença freqüente na ladainha defensiva dos pró-simplismos. Já tá ficando meio frustrante. "Parte técnica e crítica"?
Não existe isso de "parte técnica". Parte técnica é edição de som (ou sei lá), e ninguém tá discutindo isso aqui. Estamos falando de roteiro e direção, i.e.
O Filme, que no fim das contas se resume a
atores fazendo (e falando) coisas.
E "se apegar à crítica"? Isso nem fez sentido. A crítica mais relevante é a sua impressão enquanto está vendo o filme. Não existe isso de "primeiro eu assisto pra me divertir, depois eu critico". A sua apreciação do filme obviamente vai refletir o seu nível de diversão ao assisti-lo. (Duh)
Shazan disse:
So what? Estamos falando de opções narrativas, não de gênero ou algo parecido.
Não, nós estamos falando de responsabilidade moral. Eu acho que...
Shazan disse:
Isso foi muito aleatório. Você dizer que Max Payne é um jogo e que Sin City vem de uma história em quadrinhos teria o mesmo efeito. Eu estou falando da importância do personagem principal explicar mais profundamente suas impressões e opiniões acerca de algo.
... você não entendeu muito bem o lance.
É o seguinte: Tropa de Elite é um
docudrama, i.e. ele tem ambições de denúncia social e, portanto, deveria apresentar o assunto sob uma ótica imparcial, deixando a platéia tirar suas próprias conclusões.
Max Payne e Sin City não têm qualquer ambição de relevância além do seu valor como entretenimento pop, e portanto podem ter protagonistas malucos falando merda o tempo todo; está implícito que você não deve levar a sério.
Shazan disse:
Por mais que você acha que conheça alguém nunca saberá exatamente como essa pessoa encara algo... ele dizendo ajuda um bocado, não?
No caso não, não ajuda nem um pouco. Inclusive atrapalha, porque o filme até faz um trabalho decente em estabelecer as coisas através de situações e diálogos. Os voice-overs realmente não são necessários.
Agora, se eles
fossem necessários, isso também seria um problema, porque filmes não têm que precisar de voice-overs pra explicar o que está acontecendo e o que seus personagens estão sentindo. Isso é escrita preguiçosa.
Shazan disse:
Nesse aspecto eu me senti muito mais na pele do Capitão do que se ele não dissesse nada no tão criticado voice-over.
Que bom que funcionou dessa forma pra você, porque era exatamente esse o objetivo, fazer você se sentir "na pele" do Capitão, dando um clima de "depoimento" ao filme, para constantemente te lembrar que aquilo é
baseado numa história real que aconteceu.
O que é um problema (ver: acima; posts anteriores).
Shazan disse:
Exemplo: na parte em que ele diz no meio de uma operação, em voice-over, que "operação papa era uma burrice"
Ele
fala isso em voz alta para outros personagens naquela cena da reunião que tinha a maquete e o etc. Jesus, Shazan.
Shazan disse:
e logo depois justifica, por seu apego à sua família como único laço válido fora do Bope que "como seu filho ia nascer, ele não podia fazer merda". Eu fiquei muito satisfeito com aquela adição.
Inútil. O diretor tem que (a) confiar na capacidade da platéia de lembrar que o personagem tem uma família e carregar esse peso pras cenas onde o personagem pode acabar "fazendo merda" e (b) usar recursos cinemáticos para enfatizar o ponto (exemplo: o trecho onde o Capitão atende um telefonema da esposa no meio de uma operação --
aquilo foi foda).
Shazan disse:
Inclusive me poupou de muitos segundos de som ambiente à lá qualquer filme de guerra que ficariam ali.
Sim, quem liga pra atmosfera quando nós podemos arruina-la com uma listagem didática dos "pontos relevantes no momento caso alguém estivesse distraído nos últimos 5 segundos".
Shazan disse:
Enfim, gosto é gosto também (oh rly?!)
Gosto é gosto, mas economia é uma virtude.
Digo, todo mundo parece concordar que "Moby Dick" seria igualmente relevante sem aqueles bilhões de páginas detalhando a indústria baleeira.