SPOILERS LEVES
Tirei do top 10 não só O Senhor dos Anéis, mas sagas como Harry Potter, Star Wars, The Godfather, etc.
1. The Last Emperor - 1987 -
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2. 活著 - To Live - 1994 -
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3. 霸王別姬 - Farewell My Concubine - 1993 -
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Esses três em minha mente funcionam como uma trilogia. Eles tratam da China republicana, um período riquíssimo e conturbado da China, que vai da proclamação da República (1911) até a Revolução Comunista (1949), e mais além, até a Revolução Cultural (1966-76), passando pela invasão japonesa, a guerra civil entre comunistas e nacionalistas, etc. The Last Emperor é um filme ítalo-britânico de Bernardo Bertolucci, e os outros dois são exemplares da quinta geração do cinema chinês,
[1][2] que são filmes críticos ao governo comunista, e que por isso sofreram censura. Mas estão muito longe de serem apenas filmes políticos, têm toda uma estética e filosofias próprias, retratam questões e dimensões bastante universais. O The Last Emperor tem certo "espírito" dessa geração de cinema chinês, somado ao jeito mais ocidental de fazer cinema. Por isso eu colocaria no início da "trilogia", como uma introdução à temática mais palatável ao gosto ocidental. Inclusive, aliás, o diretor de Farewell My Concubine faz uma ponta no The Last Emperor, como ator.
The Last Emperor retrata a vida do último imperador da China, Pu Yi. É um filme de escala épica, e é um retrato bastante fiel historicamente da vida do último monarca. Pu Yi foi um sujeito um tanto quanto medíocre, mas teve uma vida muito privilegiada do ponto de vista de experiências: começou como imperador, depois foi preso, e acabou como um cidadão comum da República da China, e com algumas desventuras no caminho (o filme começa com ele já mais velho, e recontando sua história em flashback, então não é grande spoiler). Por ser um filme mais ocidental e se tratar da biografia de um monarca, serve como um introdução mais didática para filmes que se passam no período.
Alguém poderia acreditar que um filme focado no imperador é um filme de pouca significância "espiritual", por ser um filme de uma vida aristocrática, burguesa, longe da realidade humana como um todo. Nesse sentido, To Live complementa a "trilogia", assumindo o ponto de vista de uma família humilde e típica. E é um filme muito bom, que conseguiu fazer com que eu enxergasse (por exemplo) meus vizinhos e minha família naqueles personagens, que moram em outro lado do mundo, meio séculos para trás, e que são imbuídos de uma mentalidade político-ideológica com a qual não nutro nenhuma simpatia. O filme mostra detalhes da vida sob o regime de Mao, mas também retrata um sofrimento bastante universal.
Os três filmes tem uma pegada meio existencialista, pessimista. O primeiro um tanto quanto menos, porque é uma biografia, o que acaba sendo um defeito (inescapável) do filme: como se trata de uma figura real, é claro que sua vida vai ter muitos acidentes pouco "artísticos": a vida não tem arcos, não tem desfechos. A redenção do imperador, se é que existe, parece ocorrer mais por força externa do que por uma sincera deliberação espiritual, por exemplo. Mas é um defeito menor, justamente porque a vida do imperador foi bastante singular.
Enquanto o primeiro filme mostra uma visão aristocrática, e o segundo uma visão proletária, Farewell my Concubine retrata a visão de um cantor da ópera de Pequim, o que envolve a fuga do sofrimento não no poder e na riqueza, tampouco na vida cotidiana e no trabalho, mas através de um ofício virtuoso, capaz de dar sentido à vida. No caso, é a ópera de Beijing, mas é um caminho que poderia representar a arte como um todo, ou a religião, ou a ciência, ou a filosofia, enfim, qualquer tradição que dê sentido à vida através de um desvio de ofícios cotidianos. E a pegada do filme é que se trata de um caminho em última instância insatisfatório, sem esperanças e irracional, ainda assim é um bem valioso colocado em perigo por tendências da China moderna. Se trata de um espírito bem afim ao conservadorismo pessimista de Schopenhuaer.
4. Alexander - 2004 -
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Alexandre foi um filme que foi tremendamente injustiçado na época de seu lançamento. É um filme fiel do ponto de vista histórico, e ainda assim dotado de um roteiro meio shakeasperano, de falas poéticas que poderiam ter saído de O Senhor dos Anéis, por exemplo. E de fato, o filme é um verdadeiro sucessor da trilogia do Peter Jackoson, tanto no tom de roteiro quanto em aspectos técnicos (batalhas, trilha sonora), tendo sido lançado um ano após O Retorno do Rei.
A grande crítica que o filme recebeu é que o filme não teria explorado o Alexandre poderoso, "fodão", preferindo um Alexandre problemático, "chorão". Nesse sentido, o filme, de 3h, só tem duas batalhas, e que pouco focam na "genialidade militar" de Alexandre, o que foi visto por muitos críticos como um demérito do filme. Ora, essas críticas mostram pouca abertura para o que o filme realmente quer tratar, que é menos sobre um general e mais sobre o poder do mito em descrever o caráter trágico da existência. Para tanto, faz uso de um herói trágico, e não de um herói glorioso.
Seria como reclamar de não ver um Hitler poderoso em "A Queda".... O filme poderia muito bem ter sido chamado "A Queda de Alexandre", porque o começo militar de Alexandre (no filme) já se dá em seu auge, na batalha de Gaugamela, e a partir daí é uma trajetória de queda. Mesmo a sua infância está retratada apenas como um fundamento para essa futura queda. Tanto é verdade, que a versão de diretor começa já na batalha de Gaugamela, e o que se passou antes é mostrado em flashbacks. Mas não seria necessário ver a versão do diretor ou tampouco mudar o título do filme, e sim apenas estar aberto à história que o filme quer contar.
Uma cena chave do filme é uma cena em que Filipe, pai de Alexandre, descreve cinco mitos para o jovem Alexandre (Aquiles, Prometeu, Édipo, Medeia, Héracles). Os cinco são heróis trágicos que reverberam e explicam a vida de Alexandre, contrapondo os ideais de glória e de afirmação da vida de Olímpia, mãe de Alexandre e incutidas no próprio Alexandre, como também os ideais de Aristóteles, que (no filme) são ideais tanto de racionalismo quanto de estoicismo. Os dois ideais se mostram insatisfatórios, o mundo se mostra pouco afeito tanto aos ideais de glória de Alexandre, quanto às tentativas de racionalizá-lo de Aristóteles (e é curioso que os mitos se mostram mais bem-sucedidos em fazê-lo). Também é um filme schopenhaueriano. Querer meramente "mais batalhas", "mais heroísmo", vai completamente contra o espírito do filme. De fato, o momento mais altivo de Alexandre, no filme, não é a batalha de Gaugamela, mas é quando ele quebrado e esgotado (apesar de ter sido vitorioso em batalha), decide abandonar sua jornada ao Leste. E é só nesse momento que compreende e se reconcilia com a figura do pai.
Outro ponto bastante criticado foi a atuação da Angelina Jolie, que seria muito nova para ser a mãe do Collin Farrel. Mas ela só contracena com ele em duas cenas. Uma delas (ambos de branco) é de fato uma cena horrível (dentre duas ou três más cenas do filme), mal dirigida e mal descrita, mas infelizmente é uma cena indispensável em termos de narrativa. Mas a outra cena (ambos de preto) é excelente. Então no fundo é só o pessoal caçando pêlo em ovo... Outra crítica é que o filme teria se focado muito na vida pessoal de Alexandre, o que também não tem cabimento... Se fôssemos comparar com filmes como Gladiador e Coração Valente, o tempo gasto em tela com relacionamentos do Alexandre é menor, e o enfoque é muito mais sutil.
5. Excalibur - 1981 -
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Filme de Rei Artur, adaptação bastante fiel dos escritos medievais de Thomas Malory. Considero o melhor filme de fantasia do séc. XX, inclusive um antecessor de filmes como O Senhor dos Anéis e Alexandre. Aliás, curiosamente, como a Wiki conta, em determinado momento da produção eles pretendiam filmar O Senhor dos Anéis, e de fato o filme tem uma pegada que lembra Tolkien... Como um caráter meio crístico do Rei Arthur, que lembra bastante o Aragorn, caráter que não é presente em todos filmes de Rei Arthur... Até certas armaduras pouco realistas que lembram mais Minas Tirith do que a Idade Média. O Merlin irônico e fanfarrão decerto inspirou o Merlin do Bernard Cornwell...
6 . 태극기 휘날리며 - Tae Guk Gi: The Brotherhood of War - 2004 -
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Filme sobre dois irmãos na Guerra da Coreia. É difícil explicar sem dar grandes spoilers, mas o filme (ainda que seja realista do ponto de vista dos elementos físicos, como cenários, batalhas, etc), tem uma pegada de filme de fantasia. O cenário idílico antes da guerra, por exemplo, não fica tão longe da idealização do Condado. Certos dilemas e escolhas parecem sair mais de Star Wars do que filmes de guerra típicos. Mas longe de ficar caricato ou viajado, pelo contrário, acaba elevando o filme dentre os filmes de mesmo gênero.
7. The New World - 2005 -
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8. The Tree of Life - 2011-
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Dois filmes de Terrence Malick.
9. Les Misérables - 2012 -
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10. Mr. Nobody - 2009 -
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Minhas reflexões.