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O inesgotável baú de J.R.R. Tolkien
O autor de 'O Senhor dos Anéis' morreu em 1973. Mas continua a produzir. Agora, sua lista de obras póstumas ganhou outro título – 'A queda de Artur'
FILLIPE MAURO
08/11/2013 07h01
O escritor britânico J.R.R. Tolkien (1892-1973) é um exemplo de produtividade póstuma. Desde sua morte, foram publicados 38 livros de sua autoria – mais que o dobro dos 15 volumes que lançou em vida. Seu título mais recente é o livro inacabado A queda de Artur (WMF Martins Fontes, 306 páginas, R$ 32), lançado nesta semana no Brasil. Como em suas demais obras póstumas, não houve psicografia. O responsável por escavar o texto nos manuscritos foi Christopher Tolkien, terceiro filho do autor, dono e editor de seu espólio literário. Desta vez, ele deu à luz um poema em que Tolkien recria o estilo dos trovadores medievais.
O interesse pela obra é menos literário que fetichista. Por dois motivos. Em primeiro lugar, os devotos do universo fantástico de Tolkien podem reconhecer o nexo entre a trilogia O Senhor dos Anéis e a visão mística e cristã que Tolkien revela ao narrar a história de Artur. Em segundo, parece ser a última obra do legado de Tolkien. Pelo menos é o que seu filho anunciou recentemente.
A queda de Artur retrata os últimos dias do rei bretão. Ele tenta lidar com o colapso da Távola Redonda e a traição de seu filho bastardo, Mordred. O poema começa com a cena de Artur e seus cavaleiros deixando a Grã-Bretanha rumo à Europa Continental, onde enfrentam bárbaros em Mirkwood, a Floresta das Trevas. Artur amarga a decadência. A prata e o ouro de sua armadura acabam se perdendo em meio à neblina provocada pelo inimigo. Além de liberdades poéticas de Tolkien, o poema retoma os elementos mais consagrados da lenda de Artur, como o adultério entre Guinevere e Lancelote.
“Tolkien tornou legível ao leitor atual uma lenda medieval considerada difícil”, afirma Ronald Kyrmse, tradutor da obra para o português. “Ele resgatou a forma do inglês arcaico sem se tornar incompreensível.”
A poesia surgiu antes da escrita. Quem declamava encadeava palavras, para produzir ecos capazes de se fixar na memória do público. A transmissão da poesia era totalmente oral. A forma arcaica resgatada por Tolkien tem um padrão peculiar de versificação. Não há rimas, como na obra de um Camões. A harmonia e a sonoridade surgem do interior do verso, a partir de uma figura de estilo chamada aliteração. O verso aliterativo, comum entre os trovadores medievais, acentua a repetição de sílabas. Tolkien começa A queda de Artur com: “Artur partiu ao oriental combate/e trava batalha em terras selvagens”. O som da letra “t” se repete várias vezes, e transmite a sensação de galope dos cavalos. Outro dado notável do poema de Tolkien é a ausência de métrica. Embora melódico em seus versos, não tem um ritmo nos moldes latinos. “Estamos habituados a canções e poemas com versos metrificados, mas não é a característica da trova saxônica”, diz Kyrmse. “Daí a razão do estranhamento do leitor.”
Os dias finais de Artur foram contados na Idade Média, sempre com narração em primeira pessoa de sir Lancelote. A versão mais famosa, de Thomas Malory (1405-1471), narra a busca pelo cálice sagrado de Cristo, o Santo Graal. Malory mostra uma Távola Redonda enfraquecida e um rei amargurado. Artur se diz “envergonhado” e “desonrado” por Lancelote, amante da rainha Guinevere. Ele então promete “jamais descansar até que os dois sejam flagrados juntos”. Tolkien mantém esse roteiro, mas seu poema é contado em terceira pessoa por um narrador onisciente.
Colegas de Tolkien – professor na Universidade de Oxford – gostaram de A queda de Artur.R.W. Chambers, professor de inglês do University College de Londres, escreveu uma carta a Tolkien em 1934, em que classificava o poema como “grandioso” e “realmente heroico”. Incentivou-o a concluir e publicar o poema. Mas Tolkien morreu antes de terminar o trabalho.
Seu filho, Christopher, diz que esteve a ponto de recusar a publicação de A queda de Artur até o último momento. Como tem feito nas últimas décadas, acabou cedendo aos desejos dos editores e do público. O dinheiro envolvido é enorme. Em 2009, Christopher exigiu na Justiça que a produtora New Line lhe pagasse US$ 220 milhões pelo direito de filmagem de O Hobbit. Não se sabe a que acordo chegaram. Basta dizer que a trilogia do O Senhor dos Anéis faturou mais de US$ 2 bilhões. Aos 88 anos, Christopher diz que está cansado de lidar com as obras inacabadas do pai. Afirma que não publicará mais nada. Mas ele tem três filhos, que também têm filhos. Enquanto contiver algo inédito, o baú do vovô terá de render.
http://epoca.globo.com/vida/noticia/2013/11/o-inesgotavel-bbau-de-jrr-tolkienb.html
Seu filho, Christopher, diz que esteve a ponto de recusar a publicação de A queda de Artur até o último momento. Como tem feito nas últimas décadas, acabou cedendo aos desejos dos editores e do público. O dinheiro envolvido é enorme. Em 2009, Christopher exigiu na Justiça que a produtora New Line lhe pagasse US$ 220 milhões pelo direito de filmagem de O Hobbit. Não se sabe a que acordo chegaram. Basta dizer que a trilogia do O Senhor dos Anéis faturou mais de US$ 2 bilhões. Aos 88 anos, Christopher diz que está cansado de lidar com as obras inacabadas do pai. Afirma que não publicará mais nada. Mas ele tem três filhos, que também têm filhos. Enquanto contiver algo inédito, o baú do vovô terá de render.
Gozado...não vi nadica de nada parecido com isso nas minhas cópias...Nada indicando que o CT não tem mais nada pra publicar, que esteja cansado de lidar com as obras inacabadas ou que o fez cedendo aos desejos dos editores e do público, estando a ponto de recusar a publicação até a última hora... Na moral... Isso é lorota pura pelo que sei...Além do quê...Ainda há obras inacabados pra publicar,INCLUSIVE a tradução em prosa completa pro inglês moderno do Beowulf e a tradução inacabada em poema da obra que quase foi publicada anos atrás. Pra não falar de Aotrou e Itroun e Sellic Spell que não estão "inacabados".
Gozado...não vi nadica de nada parecido com isso nas minhas cópias...Nada indicando que o CT não tem mais nada pra publicar, que esteja cansado de lidar com as obras inacabadas ou que o fez cedendo aos desejos dos editores e do público ( o Christopher Tolkien? "ceder" ao clamor público? Hauhauhauhauhauhau), estando a ponto de recusar a publicação até a última hora... Na moral... Isso é lorota pura pelo que sei...Além do quê...Ainda há obras inacabadas pra publicar,INCLUSIVE a tradução em prosa completa pro inglês moderno do Beowulf e a tradução inacabada em poema da obra que quase foi publicada anos atrás. Pra não falar de Aotrou e Itroun e Sellic Spell que não estão "inacabados".
With this may be contrasted what he wrote at the end of his account
of The Lord of the Rings in his letter to Milton Waldman of 1951 (a
passage omitted in Letters but printed in IX.132):
To Bilbo and Frodo the special grace is granted to go with the Elves
they loved - an Arthurian ending, in which it is, of course, not made
explicit whether this is an 'allegory' of death, or a mode of healing
and restoration leading to a return
In his letter to Naomi Mitchison of September 1954 (Letters no.154),
however, he said:
... the mythical idea underlying is that for mortals, since their 'kind'
cannot be changed for ever, this is strictly only a temporary reward:
a healing and redress of suffering. They cannot abide for ever, and
though they cannot return to mortal earth, they can and will 'die' -
of free will, and leave the world. (In this setting the return of Arthur
would be quite impossible, a vain imagining.)
154 Para Naomi Mitchison 25 de setembro de 1954 (...)
Porém, nesta história supõe-se que possa haver certas raras exceções
ou acomodações (legitimamente supostas? parece sempre haver exceções); e
desse modo certos “mortais”, que tenham desempenhado algum grande papel
em assuntos Élficos, podem passar com os Elfos para Casadelfos.
Conseqüentemente, Frodo (pela dádiva expressa de Arwen) e Bilbo, e
eventualmente Sam (como pressagiado por Frodo); e, como uma exceção
única, Gimli, o Anão, como amigo de Legolas e “servo” de Galadriel.
Eu nada disse sobre isto neste livro, mas a idéia mítica subjacente é a
de que para os mortais, uma vez que sua “espécie” não pode ser modificada
para sempre, essa é estritamente apenas uma recompensa temporária: uma
cura e reparação do sofrimento. Não podem permanecer lá para sempre, e
embora não possam retornar para terras mortais, podem e irão “morrer” —
de livre vontade, e deixarão o mundo. (Neste cenário, o retorno de Arthur
seria bastante impossível, uma fantasia vã.)
But if this were the case, is any light cast thereby on the
question, why did he at about this time write that Tol
Eressëa, a name then going back some twenty years, was
changed to Avallon – for no very evident reason? That
there was no connection at all with the Arthurian Avallon
seems impossible to accept; but it must be said that
similarity to the departure of Arthur became still less
evident.
In a letter of September 1954, after the publication of
The Fellowship of the Ring, my father wrote a beautifully
brief and lucid statement concerning Eressëa:
It seems to me that the most that can be said is that the… Before the Downfall there lay beyond the sea and the west-shores
of Middle-earth an earthly Elvish paradise Eressëa, and Valinor the
land of the Valar (the Powers, the Lords of the West), places that could
be reached physically by ordinary sailing-ships, though the Seas were
perilous. But after the rebellion of the Númenóreans, the Kings of Men,
who dwelt in a land most westerly of all mortal lands, and eventually in
the height of their pride attempted to occupy Eressëa and Valinor by
force, Númenor was destroyed, and Eressëa and Valinor removed from
the physically attainable Earth: the way west was open, but led nowhere
but back again – for mortals.
Fortunate Isle, the Avalon of Morgan la Fée, and the
Avallon that was Tol Eressëa, are associated only in that
they both have the character of an ‘earthly paradise’ far
over the western ocean. (?)
Nonetheless, there is good reason, indeed, compelling
evidence, to believe that my father did expressly make this
connection, although the underlying motive may be
difficult to interpret.
(...)
It seems then that the Arthurian Avalon, the Fortunate
Isle, Insula Pomorum, dominion of Morgan la Fée, had
now been in some mysterious sense identified with Tol
Eressëa, the Lonely Isle. But the name Avallon entered, as
a name of Tol Eressëa, at the time when the Fall of
Númenor and the Change of the World entered also ( see
here), with the conception of the Straight Path out of the
Round World that still led to Tol Eressëa and Valinor, a
road that was denied to mortals, and yet found, in a
mystery, by Ælfwine of England.
How my father saw this conjunction I am wholly unable to
say. It may be that through absence of more precise dating
I have been led to combine into a contemporaneous whole
ideas that were not coherent, but emerged and fell aside in
that time of great creative upheaval. But I will repeat here
what I said in The Lost Road and Other Writings, p.98, of
my father’s intentions for his ‘time-travel’ book:
With the entry at this time of the cardinal ideas of the Downfall of
Númenor, the World Made Round, and the Straight Road, into the
conception of ‘Middle-earth’, and the thought of a ‘time-travel’ story in
which the very significant figure of the Anglo-Saxon Ælfwine would be
both ‘extended’ into the future, into the twentieth century, and
‘extended’ also into a many-layered past, my father was envisaging a
massive and explicit linking of his own legends with those of many other
places and times: all concerned with the stories and the dreams of
peoples who dwelt by the coasts of the great Western Sea.
The Connection to the Quenta
As explained in my review, Tolkien's notes to the unwritten ending of The Fall of Arthur indicate that he planned to send Lancelot across the sea to Avalon in the wake of Arthur, never to return, and they also reveal that Tolkien explicitly placed this Avalon as the Lonely Isle in the Bay of Faërie – i.e. Avalon was Tol Eressëa. Since we have, as demonstrated by Christopher Tolkien in The History of Middle-earth, already seen Tolkien linking from his mythology to the Arthurian world by stating, within the sub-created Secondary World of his mythology, that the Arthurian Avalon was identical to Tol Eressëa, the linking here is the other way around – here the link is shown to exist also in the Secondary World of King Arthur.
Strengthening this link by making it bi-directional has some rather significant consequences. In mathematical theory, a bi-directional implication is the same as an equivalence, and the implication here is that Tolkien is telling us that the Arthurian world (or at least his Arthurian world) and his Silmarillion world are equivalent – that they are the same. This also allows us to speculate what the consequences of this equivalence might be on the internal history of the Silmarillion world.
E, nas Brumas de Avalon, quase tive uma síncope quando, depois de comer o primo gostosão da Morgana( Lancelot), Guinevere tramou o casamento da pobre irmã de Arthur com o pai idoso de Acolon, seu pretendente, enganando-a pra que ela consentisse com o matrimônio por puro despeito. Quando já tinha tudo que podia querer, menos um herdeiro.
Fiquei tão P que parecia que tinha discutido com alguém. A sensação durou um dia e pouco e depois passou. Lavou tá novo... ( mesmo assim acho ótimo quando um comic como o Arthur de Lereculey e Chauvel redime Guinevere aos meus olhos pq a coitadinha ficou com má-fama pra todo leitor de Brumas. E é um livro sem violência nenhuma tirando o episódio gore que aconteceu com Viviane...
a organização do material despertou preferências e liberdades interpretativas da parte do filho (semelhante a divisão que ocorreu entre os filhos do autor durante o projeto dos filmes de O Hobbit)
Fruto de uma fraude evidente, o tumulo do Rei Arthur e sua rainha, inventado pelos monges de Glastonbury (Inglaterra), serviu para legitimar uma herança arturiana para a dinastia anglo-normanda.
Na verdade, a polêmica tornava-se ainda maior quando se tratava de definir o que seria, afinal, o caráter céltico do mito arturiano, caso este aspecto fosse o ponto de partida para a abordagem do fenômeno. A Matéria da Bretanha, a partir do mito arturiano, realizou a proeza de ser o maior ciclo literário já conhecido, perdendo apenas para a Bíblia e seus comentadores. Portanto, os estudos relacionados ao ciclo arturiano poderiam privilegiar recortes dos mais variados. Mas quando se tentava observar a origem do mito arturiano os filólogos se deparavam com o famoso embate entre tradição oral e tradição escrita. Hoje, sabe-se que a influencia das culturas célticas e de seus mitos é indubitavelmente um dos mais ricos temas para os estudos das literaturas da Europa ocidental.
(igual a incoerência no romance de Lewis).
Tipo assim, se existe mais de uma razão para uma pessoa perder a paciência ou desistir de compreender um tópico, que não necessariamente o comprometimento com uma linha ideológica, então os comentários podem significar um desabafo com um alvo diferente, uma espécie de crítica ao pai na hora de dar alguma ordenação e sentido a fontes de um material disperso que denotam não apenas pouco tempo ou má vontade dedicada a interpretação para edição mas talvez um tipo de reclamação passional de filho (algo como "pai, não sei o que você estava pensando pra precisar colocar algo como Atlântida e as vezes é cansativo e improdutivo filtrar as opções que você considerava"). E então as impressões pessoais penetrariam o terreno do objetivo igual parecia ocorrer quando em SdA por vezes encontrávamos um trecho que parecia vir diretamente do autor de uma carta.
Para deixar mais próximo de nós, teve aquele texto sobre a relação amorosa do Lewis sugerir a hipótese de que o comportamento amoroso dele corria contra aquilo que Lewis defendia para os outros. Ele ilustra que alguém relacionado a Tolkien podia criar uma incoerência sem dar muita atenção para os efeitos porque naquele tempo e espaço estava pensando em outra coisa. Que é um risco que Christopher corre sempre durante o trabalho não-linear de um projeto tão longo quanto o da obra do pai.Qual romance do Lewis, Neoghoster? Explique e contextualize melhor o que vc está dizendo, pq aqui tá ficando muito confuso.
.
Base pra dar confusão eu sei que tem, Neoghoster, mas que parece haver, sim, seletividade estética baseada em comprometimento ideológico eu acho que fica bem claro que parece ter sim.
Não acho que seja bem o caso de ser crítica metatextual do Christopher nesse ponto não, Neoghoster, pq, por exemplo, quanto à Atlântida o próprio Christopher tinha tido uma vez o sonho "Atlantis Haunting"... Se há alguma tendência de "não ver temas" por preferência estética eu acho que é bem mais no campo dos "estudos célticos" que incluem Arthur e Avalon e no das conexões judaico-cristãs que, no material editado pelo CT, sempre estiveram conspícuos pela sua ausência.
Em todo caso... mesmo que vc esteja certo e haja uma preferência puramente estética ( e eu duvido realmente que não haja uma boa quantidade de tendenciosidade ideológica e política como havia no próprio JRRT, mesmo que fosse só no contexto retórico) eu achoque isso é que bate muito mais com a noção de "ultrapassar os limites como editor do material" e não ter que inventar história original pra completar lacuna como foi o caso da Ruína de Doriath. Na minha opinião CT, precisa organizar melhor suas prioridades.