a ciência é "A" verdade dentro de sua própria lógica: ou seja, qualquer pessoa com o minímo conhecimento cientifico e de sua metodologia sabe que as verdades alcançadas estarão SEMPRE a disposição para serem refutadas por novos conhecimentos. Na religião isso não ocorre.
Eu poderia repetir o post anterior. Tudo o que você diz nesse está explicado lá, mas, tento de outra forma: Não existe "A" ciência no singular, da mesma forma que não existe o conhecimento científico ou o método científico no singular. O reconstrucionismo é radicalmente diferente do construcionismo e ambos estão muito distantes do desconstrucionismo. Todos se vêem como portadores do título de ciência e, sob determinados aspectos, todos o são, ainda que seus critérios, métodos e "verdades" sejam diversos.
A ciência, nas suas variadas matizes, não revela "verdades", mas interpretações do mundo, mais ou menos coerentes, mais ou menos próximas ao real. Portanto, falar em "verdades que são refutadas" é ingênuo, trata-se de interpretações que são mais ou menos criticadas e, movimento inseparável, aperfeiçoadas.
Na medida em que a ciência e a religião são formas de conhecimento acerca do mundo, é tão absurdo falar que a religião não muda quanto seria dizer que a ciência não o faz.
Dai a implicar uma falha natural no metódo cientifico de modo a persuadir aqueles com pouca base em mencionado método a aceitarem essa inversão do ônus da prova é tão pueril quanto argumentar sobre um suposto falso desenvolvimento técnico e teórico.
Eu não falei em momento algum em "inversão do ônus da prova", frase feita que parece explicar qualquer coisa mas, de fato, é vazia.
Disse apenas que, se a ciência (essa sua ciência, cuja existência dessa forma eu desconheço) deseja tão ardorosamente fazer a crítica da religião (tarefa já levada à cabo por diversas correntes científicas), ela o deve fazer não evidenciando o que é falso na religião, como se o seu cientista ideal partisse de um ponto de vista superior ao do pobre crente, mas aquilo que é necessário na idéia de religião, explicando-a não como um engano, tropeço no desenvolvimento humano, mas como parte essencial desse mesmo desenvolvimento.
A religião permanece a mesma (isso vale pra todas as religiões), (...)
Eu deveria ter parado aqui.
A única possibilidade das religiões (todas elas!) permanecerem as mesmas é terem origem em um ser divino, fora do tempo e da história, que as distribui pelo mundo e as mantém ainda hoje como um ente externo à sociedade. Esse não é um bom caminho para alguém que pretende negar a idéia de Deus.
Toda religião está em constante transformação. O catolicismo, apenas para dar um exemplo fácil, é pura transformação, assimilando e modificando sua estrutura interna desde a emergência como corpo organizado de doutrinas.
(...) enqaunto que o desenvolvimento cientifico é percebido em campos milenares (matematica, biologia, etc..); o desenvolvimento cientifico só pode ser considerado "falso" no sentido em que suas descobertas estão sempre dispostas (iria usar "vulneráveis" mas poderia ser mal compreendido) a serem modificadas e/ou descartadas, ams alegar uma "falsa evolução" é desespero argumentativo.
Eu não disse que os desenvolvimentos científicos são falsos. Mas que a sua idéia de ciência é uma abstração vazia que, efetivamente, não existe. A ironia na última frase, a qual você não compreendeu, é que a única coisa tão "falsa" quanto a sua idéia acerca da "falsidade" de Deus é essa idéia distorcida de ciência.
Mesmo isso é um ironia, já que é possível explicar a sua concepção de ciência fazendo recurso à diversos tipos de ciência, confrontando-os e fazer emergir um conhecimento acerca da sua "falsa" idéia que a apresente não como "falsa", mas como socialmente necessária e, portanto, não "um delírio", mas uma forma de interpretar o mundo coerente, ainda que deficitária.