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Os 10 mandamentos do leitor

Dthemis

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I – Nunca leia por hábito: um livro não é uma escova de dentes. Leia por vício, leia por dependência química. A literatura é a possibilidade de viver vidas múltiplas, em algumas horas. E tem até finalidades práticas: amplia a compreensão do mundo, permite a aquisição de conhecimentos objetivos, aprimora a capacidade de expressão, reduz os batimentos cardíacos, diminui a ansiedade, aumenta a libido. Mas é essencialmente lúdica, é essencialmente inútil, como devem ser as coisas que nos dão prazer.

II – Comece a ler desde cedo, se puder. Ou pelo menos comece. E pelos clássicos, pelos consensuais. Serão cinqüenta, serão cem. Não devem faltar As mil e uma noites, Dostoiévski, Thomas Mann, Balzac, Adonias, Conrad, Jorge de Lima, Poe, García Márquez, Cervantes, Alencar, Camões, Dumas, Dante, Shakespeare, Wassermann, Melville, Flaubert, Graciliano, Borges, Tchekhov, Sófocles, Machado, Schnitzler, Carpentier, Calvino, Rosa, Eça, Perec, Roa Bastos, Onetti, Boccaccio, Jorge Amado, Benedetti, Pessoa, Kafka, Bioy Casares, Asturias, Callado,Rulfo, Nelson Rodrigues, Lorca, Homero, Lima Barreto, Cortázar, Goethe, Voltaire, Emily Brontë, Sade, Arregui, Verissimo, Bowles, Faulkner, Maupassant, Tolstói, Proust, Autran Dourado, Hugo, Zweig, Saer, Kadaré, Márai, Henry James, Castro Alves.

III – Nunca leia sem dicionário. Se estiver lendo deitado, ou num ônibus, ou na praia, ou em qualquer outra situação imprópria, anote as palavras que você não conhece, para consultar depois. Elas nunca são escritas por acaso.

IV – Perca menos tempo diante do computador, da televisão, dos jornais e crie um sistema de leitura, estabeleça metas. Se puder ler um livro por mês, dos 16 aos 75 anos, terá lido 720 livros. Se, no mês das férias, em vez de um, puder ler quatro, chegará nos 900. Com dois por mês, serão 1.440. À razão de um por semana, alcançará 3.120. Com a média ideal de três por semana, serão 9.360. Serão apenas 9.360. É importante escolher bem o que você vai ler.

V – Faça do livro um objeto pessoal, um objeto íntimo. Escreva nele; assinale as frases marcantes, as passagens que o emocionam. Também é importante criticar o autor, apontar falhas e inverossimilhanças. Anote telefones e endereços de pessoas proibidas, faça cálculos nas inúteis páginas finais. O livro é o mais interativo dos objetos. Você pode avançar e recuar, folheando, com mais comodidade e rapidez que mexendo em teclados ou cursores de tela. O livro vai com você ao banheiro e à cama. Vai com você de metrô, de ônibus, e de táxi. Vai com você para outros países. Há apenas duas regras básicas: use lápis; e não empreste.

VI – Não se deixe dominar pelo complexo de vira-lata. Leia muito, leia sempre a literatura brasileira. Ela está entre as grandes. Temos o maior escritor do século XIX, que foi Machado de Assis; e um dos cinco maiores do século XX, que foram Borges, Perec, Kafka, Bioy Casares e Guimarães Rosa. Temos um dos quatro maiores épicos ocidentais, que foram Homero, Dante, Camões e Jorge de Lima. E temos um dos três maiores dramaturgos de todos os tempos, que foram Sófocles, Shakespeare e Nelson Rodrigues.

VII – Na natureza, são as espécies muito adaptadas ao próprio hábitat que tendem mais rapidamente à extinção. Prefira a literatura brasileira, mas faça viagens regulares. Das letras européias e da América do Norte vem a maioria dos nossos grandes mestres. A literatura hispano-americana é simplesmente indispensável. Particularmente os argentinos. Mas busque também o diferente: há grandezas literárias na África e na Ásia. Impossível desconhecer Angola, Moçambique e Cabo Verde. Volte também ao passado: à Idade Média, ao mundo árabe, aos clássicos gregos e latinos. E não esqueça o Oriente; não esqueça que literatura nenhuma se compara às da Índia e às da China. E chegue, finalmente, às mitologias dos povos ágrafos, mergulhe na poesia selvagem. São eles que estão na origem disso tudo; é por causa deles que estamos aqui.

VIII – Tente evitar a repetição dos mesmos gêneros, dos mesmos temas, dos mesmos estilos, dos mesmos autores. A grande literatura está espalhada por romances, contos, crônicas, poemas e peças de teatro. Nenhum gênero é, em tese, superior a outro. Não se preocupe, aliás, com o conceito de gênero: história, filosofia, etnologia, memórias, viagens, reportagem, divulgação científica, auto-ajuda – tudo isso pode ser literatura. Um bom livro tem de ser inteligente, bem escrito e capaz de provocar alguma espécie de emoção.

IX – A vida tem outras coisas muito boas. Por isso, não tenha pena de abandonar pelo meio os livros desinteressantes. O leitor experiente desenvolve a capacidade de perceber logo, em no máximo 30 páginas, se um livro será bom ou mau. Só não diga que um livro é ruim antes de ler pelo menos algumas linhas: nada pode ser tão estúpido quanto o preconceito.

X – Forme seu próprio cânone. Se não gostar de um clássico, não se sinta menos inteligente. Não se intimide quando um especialista diz que determinado autor é um gênio, e que o livro do gênio é historicamente fundamental. O fato de uma obra ser ou não importante é problema que tange a críticos; talvez a escritores. Não leve nenhum deles a sério; não leve a literatura a sério; não leve a vida a sério. E faça o seu próprio decálogo: neste momento, você será um leitor.

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Só 1.440 livros na vida?! Fiquei arrasada :wall:
 
Algumas coisas são realmente muito interessantes e até penso "devem ser seguidas".
Mas essas citações de autores 'quebrou minhas pernas', não acho que se deva ler 'grandes autores' porque é indispensável, deve-se ler por prazer, porque aquele livro interessou, não só porque o autor e o livro é famoso.Acho que é nessas que se desenvolve o gosto por livros deturpado, sem o fundamental que é ler o que se gosta.
 
pegar cada 1 dos 10 mandamentos e fazer exatamente o contrário tb dá certo.
 
"VI – Não se deixe dominar pelo complexo de vira-lata. Leia muito, leia sempre a literatura brasileira. Ela está entre as grandes. Temos o maior escritor do século XIX, que foi Machado de Assis; e um dos cinco maiores do século XX, que foram Borges, Perec, Kafka, Bioy Casares e Guimarães Rosa. Temos um dos quatro maiores épicos ocidentais, que foram Homero, Dante, Camões e Jorge de Lima. E temos um dos três maiores dramaturgos de todos os tempos, que foram Sófocles, Shakespeare e Nelson Rodrigues."

Eu ri dessa.
 
minha opinião:

I – Nunca leia por hábito: um livro não é uma escova de dentes. Leia por vício, leia por dependência química.

se você lê por vício isso meio que implica que a leitura virou hábito, né. enfim, eu leio por hábito, sim. fico com uma sensação estranha de ir dormir sem ter lido um tico, por exemplo. e não acho que isso faça algum mal.

II – Comece a ler desde cedo, se puder. Ou pelo menos comece. E pelos clássicos, pelos consensuais. Serão cinqüenta, serão cem. Não devem faltar As mil e uma noites, Dostoiévski, Thomas Mann, Balzac, Adonias, Conrad, Jorge de Lima, Poe, García Márquez, Cervantes, Alencar, Camões, Dumas, Dante, Shakespeare, Wassermann, Melville, Flaubert, Graciliano, Borges, Tchekhov, Sófocles, Machado, Schnitzler, Carpentier, Calvino, Rosa, Eça, Perec, Roa Bastos, Onetti, Boccaccio, Jorge Amado, Benedetti, Pessoa, Kafka, Bioy Casares, Asturias, Callado,Rulfo, Nelson Rodrigues, Lorca, Homero, Lima Barreto, Cortázar, Goethe, Voltaire, Emily Brontë, Sade, Arregui, Verissimo, Bowles, Faulkner, Maupassant, Tolstói, Proust, Autran Dourado, Hugo, Zweig, Saer, Kadaré, Márai, Henry James, Castro Alves.

yadda yadda yadda. essas listas de cânone só servem para adolescentes que querem pagar de cultos. você tem que ler o que te dá prazer, seja lá o que for. uma hora você esbarra nos clássicos, tenho certeza. mas isso de começar pelos clássicos pode ser bem complicado se somado ao "comece a ler cedo". nem todo mundo tem maturidade intelectual para sacar pq o clássico é bacana ali aos 12, 13 anos de idade. e aí ao invés de formar um leitor apaixonado, você só forma um sujeito que criou birra com machadão pq teve que ler pra escola ou algo que o valha.

III – Nunca leia sem dicionário. Se estiver lendo deitado, ou num ônibus, ou na praia, ou em qualquer outra situação imprópria, anote as palavras que você não conhece, para consultar depois. Elas nunca são escritas por acaso.

isso é um saco, sério. eu sempre falo para meus alunos grifarem a palavra para consultarem depois, mas tentar entender o sentido pelo contexto. imagina, ficar consultando dicionário durante a leitura quebrando o ritmo e acabando com o efeito que o escritor tinha em mente. non, non. consultar depois ok, mas depois, não durante a leitura.

IV – Perca menos tempo diante do computador, da televisão, dos jornais e crie um sistema de leitura, estabeleça metas. Se puder ler um livro por mês, dos 16 aos 75 anos, terá lido 720 livros. Se, no mês das férias, em vez de um, puder ler quatro, chegará nos 900. Com dois por mês, serão 1.440. À razão de um por semana, alcançará 3.120. Com a média ideal de três por semana, serão 9.360. Serão apenas 9.360. É importante escolher bem o que você vai ler.

a não ser que você queira viver de literatura isso é bullshit. você tem que ter tempo para ver filmes, séries de tv, ir ao teatro, ler hqs, ouvir música... enfim, absorver outras formas de cultura. até porque muitas vezes elas se conversam, você pode tirar uma nova leitura de um livro após ver algo sobre ele na tv, etc. então menos neura, né.

V – Faça do livro um objeto pessoal, um objeto íntimo. Escreva nele; assinale as frases marcantes, as passagens que o emocionam. Também é importante criticar o autor, apontar falhas e inverossimilhanças. Anote telefones e endereços de pessoas proibidas, faça cálculos nas inúteis páginas finais. O livro é o mais interativo dos objetos. Você pode avançar e recuar, folheando, com mais comodidade e rapidez que mexendo em teclados ou cursores de tela. O livro vai com você ao banheiro e à cama. Vai com você de metrô, de ônibus, e de táxi. Vai com você para outros países. Há apenas duas regras básicas: use lápis; e não empreste.

argh, não, escrever em livros não. /o\

VI – Não se deixe dominar pelo complexo de vira-lata. Leia muito, leia sempre a literatura brasileira. Ela está entre as grandes. Temos o maior escritor do século XIX, que foi Machado de Assis; e um dos cinco maiores do século XX, que foram Borges, Perec, Kafka, Bioy Casares e Guimarães Rosa. Temos um dos quatro maiores épicos ocidentais, que foram Homero, Dante, Camões e Jorge de Lima. E temos um dos três maiores dramaturgos de todos os tempos, que foram Sófocles, Shakespeare e Nelson Rodrigues.

:rofl:

aí para não se dominar pelo complexo de vira-lata vc tem que ir na onda do complexo de policarpo quaresma? calma, né.

VII – Na natureza, são as espécies muito adaptadas ao próprio hábitat que tendem mais rapidamente à extinção. Prefira a literatura brasileira, mas faça viagens regulares. Das letras européias e da América do Norte vem a maioria dos nossos grandes mestres. A literatura hispano-americana é simplesmente indispensável. Particularmente os argentinos. Mas busque também o diferente: há grandezas literárias na África e na Ásia. Impossível desconhecer Angola, Moçambique e Cabo Verde. Volte também ao passado: à Idade Média, ao mundo árabe, aos clássicos gregos e latinos. E não esqueça o Oriente; não esqueça que literatura nenhuma se compara às da Índia e às da China. E chegue, finalmente, às mitologias dos povos ágrafos, mergulhe na poesia selvagem. São eles que estão na origem disso tudo; é por causa deles que estamos aqui.

aqui é falar o óbvio, leia um pouco de tudo.

VIII – Tente evitar a repetição dos mesmos gêneros, dos mesmos temas, dos mesmos estilos, dos mesmos autores. A grande literatura está espalhada por romances, contos, crônicas, poemas e peças de teatro. Nenhum gênero é, em tese, superior a outro. Não se preocupe, aliás, com o conceito de gênero: história, filosofia, etnologia, memórias, viagens, reportagem, divulgação científica, auto-ajuda – tudo isso pode ser literatura. Um bom livro tem de ser inteligente, bem escrito e capaz de provocar alguma espécie de emoção.

concordo com isso, variar é bom.

IX – A vida tem outras coisas muito boas. Por isso, não tenha pena de abandonar pelo meio os livros desinteressantes. O leitor experiente desenvolve a capacidade de perceber logo, em no máximo 30 páginas, se um livro será bom ou mau. Só não diga que um livro é ruim antes de ler pelo menos algumas linhas: nada pode ser tão estúpido quanto o preconceito.

concordo. aquela coisa: se você lê frequentemente, você já sabe o que agrada e o que desagrada. se entrar naqueles cálculos do item IV, imagine como são poucos livros que você pode ler nessa vida, e que triste perder a chance de ler algo bacanão para dar lugar para algo que você está odiando.

X – Forme seu próprio cânone. Se não gostar de um clássico, não se sinta menos inteligente. Não se intimide quando um especialista diz que determinado autor é um gênio, e que o livro do gênio é historicamente fundamental. O fato de uma obra ser ou não importante é problema que tange a críticos; talvez a escritores. Não leve nenhum deles a sério; não leve a literatura a sério; não leve a vida a sério. E faça o seu próprio decálogo: neste momento, você será um leitor.

esse meio que contradiz o item II, de certa forma, não? mas entendendo a mensagem, meio que concordo. a leitura é uma experiência pessoal, antes de tudo. se todo mundo seguisse a opinião de um sujeito só... certeza que metade da graça se perderia.
 
Também é importante criticar o autor, apontar falhas e inverossimilhanças.

[align=justify]Isso é difícil fazer quando se trata de um autor de quem você realmente é fã. Parece uma heresia apontar qualquer crítica, você se sente meio traidor do movimento (Dado Dolabella feelings) e tal, mas é um dos exercícios mais difíceis porém mais maneiros de se fazer, encontrar acertos e erros é não dogmatizar o autor, é humanizá-lo ao invés de sacralizá-lo, porém percebendo que mesmo nas suas limitações mundanas ele transcendeu (ou não). Acho isso uma das melhores partes do ato da leitura.[/align]
 
Não sei se e' porque iniciei aos 17 anos na área saúde, aos 20 mudei para uma de cálculo e aos 25 ancorei na faculdade de Direito, partindo daih para o mundo gigantesco dos negócios.. mas percebo que economista esse autor NAO e', nem engenheiro, muito menos matemático. Engraçado como a figura se prende no literário como única riqueza de leitura.
Ler e' ler. Seja uma tese de doutorado, um livro técnico ou blog de autor desconhecido. O mundo e' magnifico já por seus interesses e experiências TÃO diversas. Viajar na imensidão dos limites e derivadas, técnicas físicas ou financeiras, farmacológicas ou contábeis, universos fantásticos! Tudo isso e' experiência, conhecimento dentro de um LIVRO, vicio ou dependência química, o que queiram chamar. Mas tudo isso e' leitura. Quantos e quantos escritores fabulosos estão soltos por aí. Quero e' chorar ao imaginar apenas uns 1500 livros na vida!
 
Paola disse:
Algumas coisas são realmente muito interessantes e até penso "devem ser seguidas".
Mas essas citações de autores 'quebrou minhas pernas', não acho que se deva ler 'grandes autores' porque é indispensável, deve-se ler por prazer, porque aquele livro interessou, não só porque o autor e o livro é famoso.Acho que é nessas que se desenvolve o gosto por livros deturpado, sem o fundamental que é ler o que se gosta.

:sim:
Leio uma obra caracterizada como "clássica", qdo eu desperto essa vontade, daí tudo fica mais natural e gostoso. :lendo2:

Consultar dicionário é relativo para mim.
Quando a palavra precisa ser entendida para compreender a frase, vou atrás, ou só pela curiosidade mesmo e anoto o significado no livro =}
Agora se dá para entender o contexto sem ela eu até deixo pra lá :timido:
que é chato ficar toda hora pesquisando qdo se quer ler por prazer
 

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