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Oppenheimer (2023)

Oppenheimer é a primeira biografia completa do “pai da bomba atômica”. Segundo sinopse da editora, trata-se de um retrato vívido e completo do homem que criou a bomba atômica. (...)

"Pai"... A coisa teve mais "pais" que Freddy Krueger.
Espero ansioso para assistir o filme. Lerei o livro.
O olhar do cara era algo prá lá de incômodo. O que é que realmente estava passando ali dentro?
 
Ainda não e pela mesma razão: Não tem um único IMAX em SC inteira :wall:, então só próximo fim de semana quando eu estiver em Curitiba. O de lá é um IMAX digital 2x2K, aqueles que há uns tempos chamavam pejorativamente de LieMAX, mas é o que temos que mais se aproxima do que o Nolan quer.
 
Só vou conseguir ver domingo que vem, por só ter tbm uma sala IMAX aqui, e ter ficado lotada super rápido (a minha sala mesmo já está com a metade comprada!). Ansioso por esse.

P.S.: Quem vir antes fala se é MUITO alto mesmo o som😵‍💫,rs
 

ZZzZz


Afinal, quem já viu o filme?
Vou tentar ver no IMAX, mas em POA só tem isso num único shopping, que é meio contramão de ir. Mas foda-se.
Eu ia postar essa notícia mas você foi mais rápido, hehe.
 
Creio que vale a pena adquirir e ler o respectivo livro, pois há diferenças entre o filme e a obra na qual se baseou.
 
Creio que vale a pena adquirir e ler o respectivo livro, pois há diferenças entre o filme e a obra na qual se baseou.
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(sim, ta na lista de compras futuras)
 
Vi no sábado. Saí do cinema em êxtase. E eu nem sou fã do Nolan. Ainda não consigo articular, de modo coerente, uma opinião sobre o quanto Oppenheimer é espetacular. Que narrativa, que trilha, que direção de arte, que atores, que interpretação! Eu não queria que o filme acabasse! A complexidade do gênio, a sua visão embaçada, a sua ingenuidade em certos momentos, e a sua clareza em outros... e as questões éticas que o filme apresenta?

Se eu tivesse dinheiro, teria ficado no cinema para a próxima sessão. Eu já disse que nem sou fã do Nolan? (Mas amo O Grande Truque que, inclusive, quero rever, para averiguar se é tão bom quanto Oppenheimer. Sim, eu tô obcecada pelo filme. Não, ninguém percebeu).

E a poesia que foi as duas cenas do now I am become death, the destroyer of worlds culminando em um bang? Parecia curtas de terror dentro de um filme "biográfico". Que coisa magistral!
 
O filme é bom, mas não atingiu minhas expectativas enquanto fã do Nolan e interessado na temática. Seria esperado que um filme do Nolan, que dispendesse a pletora de personagens interessantíssimos que dispende (como Einstein, Heisenberg, Bohr, Feynman, Gödel), superasse em muito a mera narrativa da criação da bomba atômica e da vida do físico que a criou, discutindo temas mais abstratos e universais correlacionados à ciência. Mas não é isso que ocorre. Vi muita gente falando frases do tipo "não é um filme só sobre a bomba atômica", mas sim, é um filme essencialmente sobre a bomba atômica e sobre a figura histórica de Oppenheimer. Discussões sobre física ou sobre a ética da bomba surgem meramente quando os personagens se deparam diretamente com esses problemas, e o filme como um todo não parece se encaminhar para esses problemas em seus aspectos essenciais, de forma cinematograficamente orgânica, para além de sua historicidade episódica. Aliás, a historicidade é tanta que o filme me soou como uma espécie de romance muito grande que é mal adaptado porque o roteirista quis colocar tudo no filme. Por exemplo, muitos físicos ali poderiam ser cortados ou fundidos, num filme mais preocupado no significado autêntico da história e menos na historicidade. O roteiro do filme caberia muito mais num (ótimo) documentário. E o começo do filme, pior, seria uma espécie de trailer ou retrospectiva de documentário, de tão entrecortadas que acabaram sendo as cenas.

É um filme verborrárgico, muito é explicado através de falas e não através da linguagem simbólica típica do cinema. Quando o filme tenta ser menos concreto, mostrando imagens de ondas e partículas, ou certos delírios e dissociações de Oppenheimer, me soou como recursos de significado óbvio e de uso dispensável. Tomando uma outra cine-biografia como exemplo: Alexandre, de Oliver Stone. A despeito de certas más atuações do filme, é um filme que conta não só a história de Alexandre, mas que também supera em muito a biografia do conquistador. Através da vida de Alexandre, temos discussões envolvendo mitologia e o seu significado simbólico, e essas discussões não são meramente discutidas pelos personagens, mas vividas por eles: os mitos explicam a vida de Alexandre e a vida de Alexandre expõe ao espectador o significado dos mitos. Esperava do filme do Nolan, nesse mesmo sentido, alguma sinergia entre suas várias temáticas: que o filme, usando o seu enredo apenas como premissa, discutisse ciência, política e ética, muito além das questões mais óbvias que os personagens históricos se viram enfrentando, e fazendo o espectador sair do filme refletindo sobre esses assuntos.

Por exemplo, o filme cita o interesse de Oppenheimer pelo hinduísmo, mas fica como mera curiosidade histórica e contexto para o filme usar frase batida do físico. Um filme mais ambicioso poderia tentar trabalhar conjuntamente certo "irracionalismo" (ou melhor, "não-cartesianismo") presente tanto no hinduísmo, quanto na mecânica quântica, quanto nos dilemas éticos da guerra, de forma conjunta e orgânica - até porque esse interesse pelo hinduísmo não era restrito a Oppenheimer, mas também existia em outras figuras como Bohr, Heisenberg e Schrödinger, fazendo parte do caldo cultural de certos meios intelectuais da época (diga-se de passagem, há quem defenda que esse mesmo irracionalismo favoreceu, na Alemanha, a emergência tanto do nazismo quanto da mecânica quântica). Mas no filme todas essas temáticas ficam pouco amarradas e independentes entre si.

Enfim, tudo isso só pra citar um caminho que teria sido possível. Um filme que lança mão das variadas figuras que citei ali em cima poderia muito bem fazer, sim, uma discussão mais ambiciosa, assim como Alexandre lança mão de várias figuras mitológicas e históricas para fazê-lo. Mas, em Oppenheimer, aquelas figuras fazem apenas figurações de luxo em uma história que, se não é linear, poderia muito bem ter sido. Nesse sentido, muita coisa me pareceu como "fan service": aparições que pouco são úteis para a narrativa geral, mas que estão lá meramente para constituir curiosidade histórica. Salta os olhos, nesse sentido de "fan service", a menção a Kennedy, a aparição de Gödel, de Heisenberg e (arrisco dizer) até de Bohr, e mesmo as aparições de Richard Feynman, que aparece em um punhadinho de cenas, quase sempre calado (e, em parte considerável delas, com... bongôs!).

Seja como for, repito, o filme é bom, e por isso pretendo revê-lo com as expectativas melhor ajustadas: esperando um filme, sobretudo, de interesse histórico, mas não que exploda cabeças ou que desenvolva grandes reflexões.
 
Última edição:
Eu li o livro antes de ver o filme, então o filme ficou parecendo uma espécie de "melhores momentos" do livro. As únicas partes bem detalhadas foram a do teste da bomba e da audiência, o resto foi bem corrido, mas não diria que foi ruim por isso.

Tenho que dar os parabéns ao Nolan pela fidelidade ao livro, muito raro ver algo tão fiel e que ainda tem sua própria identidade. Aquele discurso pós-Hiroshima ficou perfeito: não mudou nada do que ele disse, mas mostrou bem o que ele deveria estar sentindo na hora, algo difícil de mostrar num livro factual.

Para quem quer ler o livro, eu devo dizer que ele é extremamente detalhado e um pouco repetitivo, mas vale a pena. Tem horas que meu batimento cardíaco até acelerou; com todos os detalhes, dá para se sentir no meio do deserto ou dentro das salas de Washington.

E o filme conseguiu algo que eu considerava impossível: depois de três horas, eu olhei para os créditos e falei para mim mesmo: "Já acabou?" Eu estava pronto para mais meia hora pelo menos.
 
Aviso de utilidade pública: o filme já tá disponível no Prime Video, então para quem assina e perdeu a oportunidade de ver no cinema (e aviso que é uma perda e tanto) tem uma segunda chance agora.
Eu comprei o filme pra não correr riscos.

O filme é realmente muito bom. Vi umas críticas sobre os diálogos manjados e autorais, mas eu acho agora uma questão menor, todo o filme é meio que autoral. É baseado em um livro, é o Nolan, quer dizer, não tem como fugir de um enquadramento muito específico, até por conta da questões de virada civilizacional que a bomba representa.

Tudo é muito bem feito. A ciência é muito bem representada na juventude de Oppenheimer, um caleidoscópio visualmente berrante que mescla o senso de maravilhamento da novidade da física quântica com um sentido superior de destino divino antrópico que está expresso nas páginas imortais do Bhagavad Gita. E é uma narrativa muito pessoal, talvez até atrapalhada pelo trabalho do ator principal, que carrega um tipo de complexo que pesa na figura do físico, mas não o anual, não o desmente, mas mostra um homem andando na linha tênue entre a profecia e a loucura. Por aqui se vê que também a metafísica, a poesia religiosa que inspirava Oppenheimer no que havia de mais ética e espiritualmente revolucionário e destrutivo no trabalho, sem recorrer a um moralismo barato.

Os envolvimentos políticos do físico são retratados com paixão, fúria e ardor, e não o são por mero melodrama, alívio romântico e carreirismo ideológico. Não. A essência do drama contemporâneo (na linha temporal principal da narrativa) de ataque político a uma carreira científica irretocável se revela como o verdadeiro climax, a ponto de eclipsar o grande cogumelo de beleza trágica e hipnotizante e duas consequências morais e políticas mais óbvias. Mas desde o começo o drama político está presente, ele se desenha desde os primeiros depoimentos e ao longo da linha do passado do trabalho do cientista, ele vai caminhando por linhas finas entre as afinidades ideológicas de Oppie e as responsabilidades estratégicas que seu cargo impunha. E isso vai em um crescendo que prende a atenção como em um thriller.

Aliás, nada no filme é óbvio. Poderíamos pensar que as consequências morais e políticas da guerra nuclear, da nova corrida armamentista da , Guerra Fria e especialmente seu clima de desconfiança que opunha ex-aliados como inimigos mortais, seria tratado en passant ou daquela forma clichê e unilateral a que estamos acostumados, ao invés disso o que temos é uma consciência que se aprofunda, cena a cena, de uma realidade geopolítica de desastre que foi comprada desde o começo. Oppie parece ingênuo quando o vemos tomando decisões politicamente desastradas, mas o que assoma no filme é a figura de um homem apaixonado pela ciência e pelo seu país, levando seus questionamentos e reflexões ao auge do paroxismo. É o homem que realmente vendeu o mundo, vendeu caro por uma ideia de paz que talvez nem ele nem aqueles que a cunharam concebiam com clareza.

Em tudo, é um filme que se pretende grandioso e grandiloquente, mas falha nisso, mas onde falha ele se firma em outra estrada, a de um memorialismo vívido e calcado na ideia de responsabilidade científica, de uma intensidade tão dramática e meditada que podemos ver claramente a ironia do final. Tornar-se deus não tem um teste mais fundamental que possuir o poder de devorar o mundo. Mas decidir não fazê-lo.

É uma obra de arte. Não por querer (e falhar) em fazer tanta coisa ao mesmo tempo, mas naquele único fio narrativo de destino trágico e prenhe de consequências.
 
Última edição:
O filme é bom, mas não atingiu minhas expectativas enquanto fã do Nolan e interessado na temática. Seria esperado que um filme do Nolan, que dispendesse a pletora de personagens interessantíssimos que dispende (como Einstein, Heisenberg, Bohr, Feynman, Gödel), superasse em muito a mera narrativa da criação da bomba atômica e da vida do físico que a criou, discutindo temas mais abstratos e universais correlacionados à ciência. Mas não é isso que ocorre. Vi muita gente falando frases do tipo "não é um filme só sobre a bomba atômica", mas sim, é um filme essencialmente sobre a bomba atômica e sobre a figura histórica de Oppenheimer. Discussões sobre física ou sobre a ética da bomba surgem meramente quando os personagens se deparam diretamente com esses problemas, e o filme como um todo não parece se encaminhar para esses problemas em seus aspectos essenciais, de forma cinematograficamente orgânica, para além de sua historicidade episódica. Aliás, a historicidade é tanta que o filme me soou como uma espécie de romance muito grande que é mal adaptado porque o roteirista quis colocar tudo no filme. Por exemplo, muitos físicos ali poderiam ser cortados ou fundidos, num filme mais preocupado no significado autêntico da história e menos na historicidade. O roteiro do filme caberia muito mais num (ótimo) documentário. E o começo do filme, pior, seria uma espécie de trailer ou retrospectiva de documentário, de tão entrecortadas que acabaram sendo as cenas.

É um filme verborrárgico, muito é explicado através de falas e não através da linguagem simbólica típica do cinema. Quando o filme tenta ser menos concreto, mostrando imagens de ondas e partículas, ou certos delírios e dissociações de Oppenheimer, me soou como recursos de significado óbvio e de uso dispensável. Tomando uma outra cine-biografia como exemplo: Alexandre, de Oliver Stone. A despeito de certas más atuações do filme, é um filme que conta não só a história de Alexandre, mas que também supera em muito a biografia do conquistador. Através da vida de Alexandre, temos discussões envolvendo mitologia e o seu significado simbólico, e essas discussões não são meramente discutidas pelos personagens, mas vividas por eles: os mitos explicam a vida de Alexandre e a vida de Alexandre expõe ao espectador o significado dos mitos. Esperava do filme do Nolan, nesse mesmo sentido, alguma sinergia entre suas várias temáticas: que o filme, usando o seu enredo apenas como premissa, discutisse ciência, política e ética, muito além das questões mais óbvias que os personagens históricos se viram enfrentando, e fazendo o espectador sair do filme refletindo sobre esses assuntos.

Por exemplo, o filme cita o interesse de Oppenheimer pelo hinduísmo, mas fica como mera curiosidade histórica e contexto para o filme usar frase batida do físico. Um filme mais ambicioso poderia tentar trabalhar conjuntamente certo "irracionalismo" (ou melhor, "não-cartesianismo") presente tanto no hinduísmo, quanto na mecânica quântica, quanto nos dilemas éticos da guerra, de forma conjunta e orgânica - até porque esse interesse pelo hinduísmo não era restrito a Oppenheimer, mas também existia em outras figuras como Bohr, Heisenberg e Schrödinger, fazendo parte do caldo cultural de certos meios intelectuais da época (diga-se de passagem, há quem defenda que esse mesmo irracionalismo favoreceu, na Alemanha, a emergência tanto do nazismo quanto da mecânica quântica). Mas no filme todas essas temáticas ficam pouco amarradas e independentes entre si.

Enfim, tudo isso só pra citar um caminho que teria sido possível. Um filme que lança mão das variadas figuras que citei ali em cima poderia muito bem fazer, sim, uma discussão mais ambiciosa, assim como Alexandre lança mão de várias figuras mitológicas e históricas para fazê-lo. Mas, em Oppenheimer, aquelas figuras fazem apenas figurações de luxo em uma história que, se não é linear, poderia muito bem ter sido. Nesse sentido, muita coisa me pareceu como "fan service": aparições que pouco são úteis para a narrativa geral, mas que estão lá meramente para constituir curiosidade histórica. Salta os olhos, nesse sentido de "fan service", a menção a Kennedy, a aparição de Gödel, de Heisenberg e (arrisco dizer) até de Bohr, e mesmo as aparições de Richard Feynman, que aparece em um punhadinho de cenas, quase sempre calado (e, em parte considerável delas, com... bongôs!).

Seja como for, repito, o filme é bom, e por isso pretendo revê-lo com as expectativas melhor ajustadas: esperando um filme, sobretudo, de interesse histórico, mas não que exploda cabeças ou que desenvolva grandes reflexões.
Quitando só para parabenizar pelo excelente post. Sim, eu acho que a crítica válida vai bem nesse sentido que vi você coloca: há uma certa pretensão de tentar engolir algo que sequer se consegue abocanhar. Particularmente essa nota sobre a influência do hinduísmo, ainda que em um versão colonizada e grandemente deturpada, no milieu cultural e intelectual da época, tanto nos meios esotéricos do nazifascismo quanto nas reflexões mais avançadas de pensadores como Heidegger, Husserl, e os próprios físicos pais da revolução quântica.
 

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