• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

"Memórias Póstumas de Brás Cubas" (Machado de Assis)

Tem muito professor por aí "estragando" Brás Cubas. É preciso contextualizar o livro, aproximar o leitor em formação dos temas por trás do livro, fazer o "maluquinho" pegar a veia do humor. Que livro!

Comigo foi deste jeito: Li moleque e não entendi patavinas.. li ano passado e fui à loucura.
 
É como diz o Massaud Moisés: Machado de Assis é igual aos melhores vinhos, só melhorando com a idade...
 
Tive a mesma experiência que muitos aqui.
A primeira leitura fiz na escola, para uma prova, e como na época era relaxado para caramba, deixei para ler na véspera, e fui pulando tudo quanto era paragráfo mais simples, só para poder entender a história e fazer a prova, pelo menos não vi o filme igual a muitos na sala:calado:

Mas ano passado resolvi ler novamente e curti muito o livro. Foi a única obra do Machado que li, mas me dispertou interesse para ler outras.
E já vi várias pessoas dizendo não conseguir terminar o livro, por achar o mesmo chato. Eu mesmo achei tão fluida e gostosa a leitura. Tinha horas que ficava até com raiva do Brás.
 
Tive a mesma experiência que muitos aqui.
A primeira leitura fiz na escola, para uma prova, e como na época era relaxado para caramba, deixei para ler na véspera, e fui pulando tudo quanto era paragráfo mais simples, só para poder entender a história e fazer a prova, pelo menos não vi o filme igual a muitos na sala:calado:

Mas ano passado resolvi ler novamente e curti muito o livro. Foi a única obra do Machado que li, mas me dispertou interesse para ler outras.
E já vi várias pessoas dizendo não conseguir terminar o livro, por achar o mesmo chato. Eu mesmo achei tão fluida e gostosa a leitura. Tinha horas que ficava até com raiva do Brás.


Brás Cubas é mesmo difícil de ler.... é inovador na literatura brasileira... de cabo a rabo... o próprio Machado aplica peças, confunde o leitor! (piparotes?).... o leitor tem que ser instruído disso, se não toma raiva..

Machado S2
 
Machado representa para mim o que de melhor o Brasil produziu na arte literária, comparável com os maiores de todos os tempos. Memórias póstumas de Brás cubas e uma obra estruturalmente perfeita, de um refinamento e espontaneidade a toda prova, o texto flui naturalmente o que mostra o apogeu e amadurecimento do autor, os temas permacem atuais mesmo transcorrido tanto tempo de sua publicação.
 
As ilustrações de Candido Portinari para Memórias Póstumas de Brás Cubas



No começo da década de 1940, o empresário e mecenas Raymundo de Castro Maia encomendou a Candido Portinari uma série de desenhos inspirados em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", clássico de Machado de Assis. Os traços de Portinari iriam parar num livro feito para a Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, criada para incentivar a publicação no país de obras feitas com grande esmero, em edições de luxo e tiragem limitada.

"Já comecei a fazer o Brás Cubas. Fiz o plano e estou executando. Em vez de fazer vinhetas, fiz o retrato de cada personagem; ainda faltam alguns. Já gravei uma placa – gostaria que v. a visse, pois creio que progredi muito. Estou respeitando o texto – tenho estudado indumentária. Os retratos estou procurando dar um jeitão de gente que existiu mesmo", contou Portinari em carta endereçada ao amigo Mário de Andrade.

O volume reunindo um de nossos maiores artistas plásticos com um de nossos maiores escritores – o maior, para muitos – saiu em 1944. As escassas cópias logo foram parar nas mãos de colecionadores e as sete águas-fortes (gravuras produzidas com metal) e os 74 desenhos reproduzidos em clichê inspirados na narrativa do defunto autor ficaram praticamente esquecidos ao longo das últimas décadas – veja abaixo muitas dessas ilustrações.

Agora, uma nova edição do clássico lançada pela Antofágica, editora novata que aposta em livros de projeto gráfico, textos de apoio e acabamento formidáveis, não apenas resgata a junção do romance de Machado com as ilustrações de Portinari, mas faz jus à proposta do volume da década de 1940, elaborado para uma entidade que buscava elevar no Brasil o valor do livro enquanto objeto digno de apuro estético, não mera plataforma para textos. As informações acima, aliás, retirei do breve comentário de João Candido Portinari, fundador e diretor-geral do Projeto Portinari, além de filho do grande artista plástico, sobre o trabalho de seu pai baseado na obra-prima.



O volume ainda conta com apresentação da booktuber Isabella Lubrano, do canal "Ler Antes de Morrer", um ensaio sobre "Brás Cubas" assinado por Rogério Fernandes dos Santos, doutor em Letras pela USP, e um perfil de Machado escrito por Ale Santos, escritor de ficção e fantasia afro-americana e pesquisador de narrativas africanas. É desse último o oportuno resgate de quando se iniciou o processo de embranquecimento da imagem de Machado, distorção histórica que começou a ser corrigida com mais ênfase há poucos meses, após a Faculdade Zumbi dos Palmares encabeçar uma campanha que reavê os traços negros do escritor na sua foto mais famosa.

"É uma infelicidade absurda que, no início da República brasileira, a elite intelectual tenha abraçado os ideais eugenistas, teorias sobre a superioridade racial ou cultural de pessoas brancas. Diferente da época em que Machado nasceu, na qual o peso de ser 'mulato' era menor, após sua morte o entendimento era outro. Para muitos, a intelectualidade só seria alcançada por pessoas brancas, e vem do amigo próximo do escritor, [Joaquim] Nabuco, a evidência do embranquecimento de sua imagem", escreve Ale Santos.

Ele recorda que, um mês após a morte de Machado, José Veríssimo publicou no "Jornal do Comércio" um artigo em homenagem ao gênio no qual escreveu: "Mulato, foi de fato um grego da melhor época, pelo seu profundo senso de beleza, pela harmonia de sua vida, pela euritmia da sua obra". Nabuco não gostou e respondeu: "Eu não teria chamado o Machado de mulato e penso que nada lhe doeria mais do que essa síntese […]. O Machado para mim era um branco". Para Santos, o fato "ainda fala muito sobre o imaginário popular brasileiro".

Veja parte das ilustrações feitas por Candido Portinari inspiradas na história de "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (clique nas imagens para ampliá-las):


"Velório"

"Pita"

"Pirâmides e olho"

"Ossos"

"Óbito do autor"

"O vergalho"

"O primeiro beijo"

"O livro"

"O delírio"

"O alienista"

"Menina rezando"

"Marcela"

"Mão com borboleta"

"Leque"

"Lagarta"

"Garcez"

"Gaiolas"

"Cavalos"

"Baixela"

"Almocreve"

"A ponta do nariz"

"A carta"

"A Bordo".
 
Nova tradução de Machado de Assis nos EUA esgota em um dia

'Memórias Póstumas de Brás Cubas' ganha nova tradução em inglês, pelo selo Penguin Classics
3.jun.2020 às 15h37
Atualizado: 3.jun.2020 às 15h45
SÃO PAULO

Maurício Meireles


A nova tradução em inglês de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, publicada nos Estados Unidos nesta terça (2), pelo selo Penguin Classics, esgotou em um dia. Quem tenta comprar a versão em brochura na Amazon vê uma mensagem dizendo "temporariamente sem estoque" — o mesmo acontece na Barnes & Noble.

Assinada por Flora Thomson-DeVeaux, a versão tem prefácio assinado pelo escritor americano David Eggers
— o texto que acompanha a edição foi publicado nesta quarta (3) no site da revista The New Yorker, o que pode ter contribuído para as vendas.

No texto, Eggers diz ser um dos livros "mais espirituosos já escritos" e que quase não foi lido por falantes da
língua inglesa no século 21. Vale lembrar que, entre os fãs de Machado no exterior, estão nomes como Woody Allen, Susan Sontag e Philip Roth.

O romance de Machado está como o mais vendido da Amazon na categoria de literatura caribenha e latinoamericana. A obra também aparece em quinto na categoria de realismo mágico.

Embora o livro seja narrado por um morto, essa classificação não costuma ser aplicada a Machado no Brasil,
mas, entre o público dos EUA, vez ou outra o escritor recebe essa etiqueta — talvez pelo sucesso que autores como Gabriel Garcia Márquez tiveram por lá.

O lançamento faz parte de uma série de novas traduções de Machado de Assis nos Estados Unidos. Em 2018, uma reunião de seus contos já havia sido publicada no país, com repercussão entre a crítica literária local.

"Memórias Póstumas" já havia recebido outras traduções no EUA, como a de William L. Grossman, nos anos
1950 — cuja atual edição, aliás, conta com prefácio de Susan Sontag.

Fonte.

=*=*=

Dá um quentinho no coração quando seu autor preferido é, de modo merecido, internacionalmente aclamado, né, minha filha?
 
Esse livro é muito legal, adoro o senso de humor do Machadão. Quincas Borba pra mim é um dos melhores personagens da nossa literatura. Pena que no exterior pouca gente conhece, mas aos poucos isso pode mudar. Falando em Machado, ontem mesmo eu comecei a reler Dom Casmurro e já estava rindo com o José Dias, sem falar no Marcolini. "A vida é uma ópera."
 
Nova tradução de Machado de Assis nos EUA esgota em um dia

'Memórias Póstumas de Brás Cubas' ganha nova tradução em inglês, pelo selo Penguin Classics
3.jun.2020 às 15h37
Atualizado: 3.jun.2020 às 15h45
SÃO PAULO

Maurício Meireles


A nova tradução em inglês de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, publicada nos Estados Unidos nesta terça (2), pelo selo Penguin Classics, esgotou em um dia. Quem tenta comprar a versão em brochura na Amazon vê uma mensagem dizendo "temporariamente sem estoque" — o mesmo acontece na Barnes & Noble.

Assinada por Flora Thomson-DeVeaux, a versão tem prefácio assinado pelo escritor americano David Eggers
— o texto que acompanha a edição foi publicado nesta quarta (3) no site da revista The New Yorker, o que pode ter contribuído para as vendas.

No texto, Eggers diz ser um dos livros "mais espirituosos já escritos" e que quase não foi lido por falantes da
língua inglesa no século 21. Vale lembrar que, entre os fãs de Machado no exterior, estão nomes como Woody Allen, Susan Sontag e Philip Roth.

O romance de Machado está como o mais vendido da Amazon na categoria de literatura caribenha e latinoamericana. A obra também aparece em quinto na categoria de realismo mágico.

Embora o livro seja narrado por um morto, essa classificação não costuma ser aplicada a Machado no Brasil,
mas, entre o público dos EUA, vez ou outra o escritor recebe essa etiqueta — talvez pelo sucesso que autores como Gabriel Garcia Márquez tiveram por lá.

O lançamento faz parte de uma série de novas traduções de Machado de Assis nos Estados Unidos. Em 2018, uma reunião de seus contos já havia sido publicada no país, com repercussão entre a crítica literária local.

"Memórias Póstumas" já havia recebido outras traduções no EUA, como a de William L. Grossman, nos anos
1950 — cuja atual edição, aliás, conta com prefácio de Susan Sontag.

Fonte.

=*=*=

Dá um quentinho no coração quando seu autor preferido é, de modo merecido, internacionalmente aclamado, né, minha filha?


guardando o print <3 <3 <3 vai, machadão :grinlove: :cheer:

1591224273367.png
 
interessante a classificação: Carribean and Latin American Literature.
Embora nosso país seja um país latino-americano minha mente cria uma associação que latino são os países de lingua espanhola.
 
Como dar vida a um defunto autor
Três especialistas preparam novas versões de obras de Machado de Assis para o inglês, o dinamarquês e o espanhol

Paula Carvalho


“Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o primeiro remédio é fugir a um prólogo explícito e longo. O melhor prólogo é o que contém menos coisas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado”, ensina Brás Cubas em seu breve prólogo “Ao Leitor”. Tomo, portanto, ao pé da letra, o conselho do defunto autor criado por Machado de Assis para ir direto ao ponto: a tradução de algumas obras do Bruxo do Cosme Velho para outras línguas.

Memórias póstumas de Brás Cubas vai ganhar duas versões: uma em inglês — empreitada realizada pela norte-americana Flora Thomson-DeVeaux, de 27 anos —, que vai sair no ano que vem pela Penguin Classics, e outra em dinamarquês, pelas mãos de Tine Lykke Prado, de 64 anos, nascida em Copenhague, e que será publicada pela editora Multivers.


Saída da tese de doutorado pela Brown University, a tradução de Thomson-DeVeaux é a quarta realizada dessa obra para a língua inglesa, mas é a primeira a ser publicada com notas explicativas, usadas tanto para justificar escolhas de tradução quanto para contextualizar historicamente o leitor anglófono do século 21 sobre o Brasil da segunda metade do 19. Aliás, “século 19” era o que ela esperava encontrar ao ler pela primeira vez esse romance, ao se embrenhar pela área de estudos brasileiros na graduação em Princeton: “Fiquei chocada! Eu não estava esperando achar no século 19 a ironia, a estrutura fragmentada, o jeito como Machado debocha do leitor, mexe com ele, despista. Parecia que estava vendo um mestre operando”.

Ela demorou oito meses para rascunhar uma primeira versão do romance, período em que ficou longe das outras três traduções “para não ficar contaminada”. Diante da precisão da linguagem de Machado, ela criou um método que chamou de “não científico”. Para além de dicionários tanto em inglês quanto em português do século 19, ela utilizou bases de dados de palavras para ver como eram usadas na época. Por exemplo, se alguma frase ou termo não usual chamava a sua atenção, ela entrava na página da Hemeroteca Digital Brasileira da Biblioteca Nacional — onde é possível encontrar inúmeros periódicos digitalizados dos séculos 19 e 20 —, fazia uma busca por palavras e checava o que elas significavam naquele tempo para, assim, verificar se Machado estava parodiando, desconstruindo, criando ou mantendo seu sentido. Depois, recorria ao Oxford Dictionnary para tentar ver um termo que se aproximasse do utilizado por Machado.


‘As partes mais irônicas são outro desafio. Manter a leveza e as brincadeiras machadianas leva tempo’

Depois, transcreveu as traduções anteriores de Memórias póstumas de Brás Cubas — a saber, a de William Grossman (Epitaph for a Small Winner, ou “Epitáfio para um pequeno vencedor”, de 1952), a de E. Percy Ellis (Posthumous Reminiscences of Braz Cubas, de 1955) e a de Gregory Rabassa (The Posthumous Memoirs of Brás Cubas, de 1997) — em uma tabela no Word, dividindo os trechos em colunas, com o intuito de comparar cada versão. Assim, conseguia perceber o estilo de cada tradutor e como Machado era visto por cada um deles. A conhecida ambiguidade do escritor também só lhe saltou aos olhos ao cotejar essas traduções.


Foi de uma tradução para o inglês que o editor de Tine Lykke Prado tomou contato com o romance e encomendou uma versão para o dinamarquês. De ascendência brasileira, Prado conta que teve Machado “pelas veias”, conhecendo-o através da sua família brasileira, além de ter frequentado cursos sobre sua obra tanto na Universidade de Brasília (UnB) quanto na Universidade de São Paulo (USP).

Arqueologia

Ela compara a tradução de Memórias póstumas de Brás Cubas a um “trabalho arqueológico”, pois diante da profusão de citações indiretas existentes no romance, ela — que já traduziu Clarice Lispector e Graciliano Ramos para o dinamarquês — tinha de pesquisar para descobrir e encontrar as fontes originais, além de conversar com historiadores e outros especialistas.

“As partes mais irônicas representam outro desafio, bem gostoso. Manter a leveza e as brincadeiras da linguagem machadiana leva tempo, pois para mim é essencial que o estilo elegante de Machado seja recriado na tradução, sem sombras”, conta ela, justificando a existência de notas no livro. “Como tradutora, dou valor ao estilo dos escritores, por isso me esforço muito para conseguir recriar o dele. Machado é um autor dos anos 1800 que ao mesmo tempo é moderno. Há ingredientes que são antigos, só que a linguagem dele não é. O balanço é achar uma linguagem recriada que não seja leve demais, e que seja divertida, mas que não seja tão boba. Esse é o maior desafio, e é isso de que eu mais gosto.”

Já a mexicana Paula Abramo, 39 anos, tem a missão de traduzir para o espanhol “todos” os contos de Machado, que vão de 1858 a 1906 – até o momento ela traduziu até 1882. “A palavra ‘todos’ é problemática, porque existem diversas propostas de corpus. Neste momento, estou traduzindo aqueles contos em que a autoria machadiana é segura, e vou deixar para a última fase do projeto as decisões sobre a inclusão ou a exclusão de contos de autoria duvidosa e textos genericamente ambíguos, que alguns estudiosos consideram conto e outros crônica”, explica ela, que ainda não tem editora.

‘Tem que tomar cuidado com as palavras, pois aqui é malvisto dizer ‘escravo’, que aparece muitas vezes’

A tradução para o espanhol desses contos se resume aos textos que aparecem nas sete antologias de sua obra que o próprio Machado editou: “Existe uma ideia, bem estendida, de que, se Machado escolheu esses contos, foi porque eram os melhores. Mas acho que, nesta altura do século 21, é válido questionar as escolhas do gênio e visitar o enorme continente que ficou fora dessas antologias, que também estou traduzindo”. Na sua visão, nada é descartável, e existem “joias absolutamente deliciosas”, como contos que beiram a literatura fantástica ou de terror, como “O anjo Rafael”, “O capitão Mendonça” e “O Esqueleto”; além de aparentes paródias como “Rui de Leão” e contos mais “duros”, como “Mariana”, de 1871, em que “a crítica às crueldades da escravidão e à opressão da mulher é escancarada”.

Sua rotina de trabalho consiste em fazer um rascunho do conto, em que “resolve os problemas mais fáceis”, deixando para depois as soluções mais difíceis. Em seguida, revisa e faz o “trabalho propriamente literário e de pesquisa mais profunda”, sendo a parte mais demorada. Ela não costuma consultar outras traduções nessa fase do processo. Só no final revisita ocasionalmente o trabalho de alguns colegas, para ver quais foram as soluções achadas por eles nas passagens mais difíceis. Durante a fase de revisão, ela procura ler literatura hispano-americana do período em questão para se familiarizar com o vocabulário e as expressões utilizadas no castelhano do século 19. Assim como Thomson-DeVeaux, ela também se vale da Hemeroteca Digital para ver as edições dos jornais onde os contos de Machado foram publicados, além das versões originais e as mais recentes das sete antologias.

Nhonhô

O trabalho de tradução não se resume apenas a traduzir palavras ao pé da letra. Faz parte do ofício também mergulhar no mundo do autor, se familiarizar com a época em que viveu. (Nesse ponto, a analogia entre a tradução e a arqueologia apontada por Prado acerta em cheio.) E, talvez, a palavra que melhor resuma o contexto vivido por Machado seja “nhonhô”.

Tanto Thomson-DeVeaux quanto Prado e Abramo apontam que essa foi uma das palavras mais difíceis para se encontrar um equivalente na sua língua. “Nhonhô” é outra forma de falar “nhô”, “sinhô” ou “ioiô” — a versão feminina é “nhá”, “sinhá” ou “iaiá” —, sendo um dos modos de o escravizado tratar os jovens senhores da casa-grande. É o Brasil — e mais especificamente o Rio de Janeiro — escravocrata. Esse é o contexto de Machado de Assis. Um mundo difícil de ser traduzido, principalmente para culturas que não conviveram com a escravidão moderna ou que não demoraram a aboli-la.

Prado conta que “‘nhonhô’ não tem equivalente nas línguas germânicas e anglo-saxônicas: “Não tivemos escravidão na Escandinávia — só em algumas ilhas —, mas parte desse mundo não existe, tem que recriar. Tem que tomar muito cuidado com as palavras, pois aqui não se pode dizer ‘negro’, e a palavra aparece cinco vezes por página. Aqui, é malvisto dizer ‘escravo’, que também aparece muitas vezes. Tem que dizer ‘escravizado’. Não dá para usar ‘escravizado’ no lugar de ‘escravo’. Escolhi ‘escravo’. Estou esperando ser castigada quando sair a edição. A editora também está preparada para ter uma reação dos
mais politicamente corretos”.

Abramo também vê dificuldade em traduzir o vocabulário associado à escravidão, que foi abolida no México em 1829 — muito antes do Brasil, que só fez isso em 1888 —, “de maneira que palavras como ‘muleque’ se tornam problemáticas, por remeterem a contextos mais antigos”. Thomson-Deveaux, mesmo vinda dos Estados Unidos, país que ainda convive com as chagas históricas do sistema escravista como o Brasil, resolveu criar uma nota definindo “nhonhô” como “little master”, ao mesmo tempo em que deixou o termo como uma espécie de nome próprio: “Não tem como ter um personagem chamado ‘lil’ master’”.

Fonte.

=*=*=*=

Nesta semana, a única coisa que tem me dado alegria é acompanhar as notícias sobre traduções do MACHADÃO DO MEU CORAÇÃO para outras línguas. Achei esse trem aqui bastante interessante, gente.

E coloquei o texto tanto no tópico do Machado quanto aqui. Lá, porque é importante manter o registro sobre o autor e, aqui, porque aponta para detalhes que o @fcm e o @Fúria da cidade levantaram. Primeiro, para a questão de que a gente acaba se esquecendo de que o Brasil faz parte da América Latina, o que causa estranhamento quando Memórias Póstumas é classificado como literatura latino-americana.

E esse estranhamento é muito nosso já que, lá fora, os tradutores percebem tanto a similaridade entre os processos de formação e constituição da identidade brasileira e das demais nações latino-americanas que até leem as literaturas dos países de língua espanhola para terem uma noção melhor na hora de traduzir a nossa literatura.

Quanto ao cuidado e capricho na tradução, achei muito interessante as pesquisas para compreenderem a complexidade das palavras utilizadas no contexto de produção das obras machadianas. Toda a pesquisa empreendida para encontrar um equivalente cultural para "nhonhô" foi sensacional.
 
Não entendo bem porque alguns brasileiros acham estranho serem chamados de latinos (alguns até detestam), eu me considero latino e acho isso uma coisa até óbvia. Pra mim literatura brasileira sempre foi e sempre será literatura latino-americana, mas acho que isso já seria assunto pra outro tópico. Bem, quanto ao livro, já vi no Project Gutenberg uma tradução de Memórias Póstumas em francês.
 
Como dar vida a um defunto autor
Três especialistas preparam novas versões de obras de Machado de Assis para o inglês, o dinamarquês e o espanhol

Paula Carvalho


“Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o primeiro remédio é fugir a um prólogo explícito e longo. O melhor prólogo é o que contém menos coisas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado”, ensina Brás Cubas em seu breve prólogo “Ao Leitor”. Tomo, portanto, ao pé da letra, o conselho do defunto autor criado por Machado de Assis para ir direto ao ponto: a tradução de algumas obras do Bruxo do Cosme Velho para outras línguas.

Memórias póstumas de Brás Cubas vai ganhar duas versões: uma em inglês — empreitada realizada pela norte-americana Flora Thomson-DeVeaux, de 27 anos —, que vai sair no ano que vem pela Penguin Classics, e outra em dinamarquês, pelas mãos de Tine Lykke Prado, de 64 anos, nascida em Copenhague, e que será publicada pela editora Multivers.


Saída da tese de doutorado pela Brown University, a tradução de Thomson-DeVeaux é a quarta realizada dessa obra para a língua inglesa, mas é a primeira a ser publicada com notas explicativas, usadas tanto para justificar escolhas de tradução quanto para contextualizar historicamente o leitor anglófono do século 21 sobre o Brasil da segunda metade do 19. Aliás, “século 19” era o que ela esperava encontrar ao ler pela primeira vez esse romance, ao se embrenhar pela área de estudos brasileiros na graduação em Princeton: “Fiquei chocada! Eu não estava esperando achar no século 19 a ironia, a estrutura fragmentada, o jeito como Machado debocha do leitor, mexe com ele, despista. Parecia que estava vendo um mestre operando”.

Ela demorou oito meses para rascunhar uma primeira versão do romance, período em que ficou longe das outras três traduções “para não ficar contaminada”. Diante da precisão da linguagem de Machado, ela criou um método que chamou de “não científico”. Para além de dicionários tanto em inglês quanto em português do século 19, ela utilizou bases de dados de palavras para ver como eram usadas na época. Por exemplo, se alguma frase ou termo não usual chamava a sua atenção, ela entrava na página da Hemeroteca Digital Brasileira da Biblioteca Nacional — onde é possível encontrar inúmeros periódicos digitalizados dos séculos 19 e 20 —, fazia uma busca por palavras e checava o que elas significavam naquele tempo para, assim, verificar se Machado estava parodiando, desconstruindo, criando ou mantendo seu sentido. Depois, recorria ao Oxford Dictionnary para tentar ver um termo que se aproximasse do utilizado por Machado.


‘As partes mais irônicas são outro desafio. Manter a leveza e as brincadeiras machadianas leva tempo’

Depois, transcreveu as traduções anteriores de Memórias póstumas de Brás Cubas — a saber, a de William Grossman (Epitaph for a Small Winner, ou “Epitáfio para um pequeno vencedor”, de 1952), a de E. Percy Ellis (Posthumous Reminiscences of Braz Cubas, de 1955) e a de Gregory Rabassa (The Posthumous Memoirs of Brás Cubas, de 1997) — em uma tabela no Word, dividindo os trechos em colunas, com o intuito de comparar cada versão. Assim, conseguia perceber o estilo de cada tradutor e como Machado era visto por cada um deles. A conhecida ambiguidade do escritor também só lhe saltou aos olhos ao cotejar essas traduções.


Foi de uma tradução para o inglês que o editor de Tine Lykke Prado tomou contato com o romance e encomendou uma versão para o dinamarquês. De ascendência brasileira, Prado conta que teve Machado “pelas veias”, conhecendo-o através da sua família brasileira, além de ter frequentado cursos sobre sua obra tanto na Universidade de Brasília (UnB) quanto na Universidade de São Paulo (USP).

Arqueologia

Ela compara a tradução de Memórias póstumas de Brás Cubas a um “trabalho arqueológico”, pois diante da profusão de citações indiretas existentes no romance, ela — que já traduziu Clarice Lispector e Graciliano Ramos para o dinamarquês — tinha de pesquisar para descobrir e encontrar as fontes originais, além de conversar com historiadores e outros especialistas.

“As partes mais irônicas representam outro desafio, bem gostoso. Manter a leveza e as brincadeiras da linguagem machadiana leva tempo, pois para mim é essencial que o estilo elegante de Machado seja recriado na tradução, sem sombras”, conta ela, justificando a existência de notas no livro. “Como tradutora, dou valor ao estilo dos escritores, por isso me esforço muito para conseguir recriar o dele. Machado é um autor dos anos 1800 que ao mesmo tempo é moderno. Há ingredientes que são antigos, só que a linguagem dele não é. O balanço é achar uma linguagem recriada que não seja leve demais, e que seja divertida, mas que não seja tão boba. Esse é o maior desafio, e é isso de que eu mais gosto.”

Já a mexicana Paula Abramo, 39 anos, tem a missão de traduzir para o espanhol “todos” os contos de Machado, que vão de 1858 a 1906 – até o momento ela traduziu até 1882. “A palavra ‘todos’ é problemática, porque existem diversas propostas de corpus. Neste momento, estou traduzindo aqueles contos em que a autoria machadiana é segura, e vou deixar para a última fase do projeto as decisões sobre a inclusão ou a exclusão de contos de autoria duvidosa e textos genericamente ambíguos, que alguns estudiosos consideram conto e outros crônica”, explica ela, que ainda não tem editora.

‘Tem que tomar cuidado com as palavras, pois aqui é malvisto dizer ‘escravo’, que aparece muitas vezes’

A tradução para o espanhol desses contos se resume aos textos que aparecem nas sete antologias de sua obra que o próprio Machado editou: “Existe uma ideia, bem estendida, de que, se Machado escolheu esses contos, foi porque eram os melhores. Mas acho que, nesta altura do século 21, é válido questionar as escolhas do gênio e visitar o enorme continente que ficou fora dessas antologias, que também estou traduzindo”. Na sua visão, nada é descartável, e existem “joias absolutamente deliciosas”, como contos que beiram a literatura fantástica ou de terror, como “O anjo Rafael”, “O capitão Mendonça” e “O Esqueleto”; além de aparentes paródias como “Rui de Leão” e contos mais “duros”, como “Mariana”, de 1871, em que “a crítica às crueldades da escravidão e à opressão da mulher é escancarada”.

Sua rotina de trabalho consiste em fazer um rascunho do conto, em que “resolve os problemas mais fáceis”, deixando para depois as soluções mais difíceis. Em seguida, revisa e faz o “trabalho propriamente literário e de pesquisa mais profunda”, sendo a parte mais demorada. Ela não costuma consultar outras traduções nessa fase do processo. Só no final revisita ocasionalmente o trabalho de alguns colegas, para ver quais foram as soluções achadas por eles nas passagens mais difíceis. Durante a fase de revisão, ela procura ler literatura hispano-americana do período em questão para se familiarizar com o vocabulário e as expressões utilizadas no castelhano do século 19. Assim como Thomson-DeVeaux, ela também se vale da Hemeroteca Digital para ver as edições dos jornais onde os contos de Machado foram publicados, além das versões originais e as mais recentes das sete antologias.

Nhonhô

O trabalho de tradução não se resume apenas a traduzir palavras ao pé da letra. Faz parte do ofício também mergulhar no mundo do autor, se familiarizar com a época em que viveu. (Nesse ponto, a analogia entre a tradução e a arqueologia apontada por Prado acerta em cheio.) E, talvez, a palavra que melhor resuma o contexto vivido por Machado seja “nhonhô”.

Tanto Thomson-DeVeaux quanto Prado e Abramo apontam que essa foi uma das palavras mais difíceis para se encontrar um equivalente na sua língua. “Nhonhô” é outra forma de falar “nhô”, “sinhô” ou “ioiô” — a versão feminina é “nhá”, “sinhá” ou “iaiá” —, sendo um dos modos de o escravizado tratar os jovens senhores da casa-grande. É o Brasil — e mais especificamente o Rio de Janeiro — escravocrata. Esse é o contexto de Machado de Assis. Um mundo difícil de ser traduzido, principalmente para culturas que não conviveram com a escravidão moderna ou que não demoraram a aboli-la.

Prado conta que “‘nhonhô’ não tem equivalente nas línguas germânicas e anglo-saxônicas: “Não tivemos escravidão na Escandinávia — só em algumas ilhas —, mas parte desse mundo não existe, tem que recriar. Tem que tomar muito cuidado com as palavras, pois aqui não se pode dizer ‘negro’, e a palavra aparece cinco vezes por página. Aqui, é malvisto dizer ‘escravo’, que também aparece muitas vezes. Tem que dizer ‘escravizado’. Não dá para usar ‘escravizado’ no lugar de ‘escravo’. Escolhi ‘escravo’. Estou esperando ser castigada quando sair a edição. A editora também está preparada para ter uma reação dos
mais politicamente corretos”.

Abramo também vê dificuldade em traduzir o vocabulário associado à escravidão, que foi abolida no México em 1829 — muito antes do Brasil, que só fez isso em 1888 —, “de maneira que palavras como ‘muleque’ se tornam problemáticas, por remeterem a contextos mais antigos”. Thomson-Deveaux, mesmo vinda dos Estados Unidos, país que ainda convive com as chagas históricas do sistema escravista como o Brasil, resolveu criar uma nota definindo “nhonhô” como “little master”, ao mesmo tempo em que deixou o termo como uma espécie de nome próprio: “Não tem como ter um personagem chamado ‘lil’ master’”.

Fonte.

=*=*=*=

Nesta semana, a única coisa que tem me dado alegria é acompanhar as notícias sobre traduções do MACHADÃO DO MEU CORAÇÃO para outras línguas. Achei esse trem aqui bastante interessante, gente.

E coloquei o texto tanto no tópico do Machado quanto aqui. Lá, porque é importante manter o registro sobre o autor e, aqui, porque aponta para detalhes que o @fcm e o @Fúria da cidade levantaram. Primeiro, para a questão de que a gente acaba se esquecendo de que o Brasil faz parte da América Latina, o que causa estranhamento quando Memórias Póstumas é classificado como literatura latino-americana.

E esse estranhamento é muito nosso já que, lá fora, os tradutores percebem tanto a similaridade entre os processos de formação e constituição da identidade brasileira e das demais nações latino-americanas que até leem as literaturas dos países de língua espanhola para terem uma noção melhor na hora de traduzir a nossa literatura.

Quanto ao cuidado e capricho na tradução, achei muito interessante as pesquisas para compreenderem a complexidade das palavras utilizadas no contexto de produção das obras machadianas. Toda a pesquisa empreendida para encontrar um equivalente cultural para "nhonhô" foi sensacional.

Incrível. Tradução não deixa de ser uma arte. Exige criatividade, interpretação e jogo de cintura. Me faz lembrar de Goethe, que dizia que o tradutor atua em um “amplo comércio espiritual", se comportando como mediador e fomentando o intercâmbio geral e cultural entre os povos.
 
Ela compara a tradução de Memórias póstumas de Brás Cubas a um “trabalho arqueológico”, pois diante da profusão de citações indiretas existentes no romance, ela — que já traduziu Clarice Lispector e Graciliano Ramos para o dinamarquês — tinha de pesquisar para descobrir e encontrar as fontes originais, além de conversar com historiadores e outros especialistas.

Perfeito! É o que realmente esperava de quem assumiu esse trabalho. Tratar a tradução da obra com o mesmo cuidado que se tem com um tesouro arqueológico.

Não entendo bem porque alguns brasileiros acham estranho serem chamados de latinos (alguns até detestam), eu me considero latino e acho isso uma coisa até óbvia.

É por ser o Brasil o único país que fala português num universo de maioria espanhola se sentir deslocado dos demais, mas uma coisa é pensar em América Hispânica e outra a Latina onde o Haiti que fala francês está incluso também.
 
  • Curtir
Reactions: fcm
Não é surpresa para os usuários mais antigos do fórum que o meu amor por Machado de Assis se confunde com o meu amor pela Literatura. Contudo, se eu não amasse Machado de Assis, ele teria o meu ódio eterno. Sim, sem meio termo. Por que eu tô falando isso? Porque conhecer Machado de Assis por intermédio da gramática normativa é algo muito cruel, gente. Ainda bem que o conheci de outra maneira.

Ninguém tinha me falado sobre ele, ainda. Ninguém tinha reclamado das obras dele perto de mim. Eu, desde pequena, gostava de ficar olhando os livros, na biblioteca da escola. As obras ficavam divididas em ordem alfabética. Então, um dia (acho que eu tinha 11 anos), olhando o "M", encontrei "Memórias Póstumas de Brás Cubas". Antes de ler a sinopse, fiquei alguns minutos olhando para a capa.

Aí deixei a sinopse de lado e fui correndo perguntar à bibliotecária "o que é póstumas?" E ela, toda gentil, me explicou. E, depois, falou: "Você tem certeza de que vai levar esse livro? Ele pode ser meio complicado para a sua idade". Pronto, quando ela pronunciou o "complicado para a sua idade", eu já estava decidida a ler o livro. (ah! a prepotência juvenil...) Fiz um gesto afirmativo com a cabeça e, depois, passamos para os trâmites do empréstimo.

Eu nunca tinha usado tanto o dicionário na minha vida, até ler, pela primeira vez, Memórias Póstumas. Na verdade, acredito que eu tenha aprendido, efetivamente, a usar o dicionário enquanto lia Memórias Póstumas.

Não vou dizer que "oh! eu tive um insight e fiz uma leitura memorável, e compreendi todas as artimanhas machadianas", porque não foi assim. Mas o livro foi importante o suficiente para me deixar intrigada, e, dois anos mais tarde, quando reli a obra inaugural do Realismo no Brasil, já consegui compreender muita coisa que não tinha compreendido na primeira leitura. E assim é até hoje. Todas as vezes em que releio Memórias Póstumas (ou quaisquer obras do Machado), aprendo muito.

Mas por que raios estou falando isso? Porque eu estava dando uma olhada em uns trequinhos sobre sintaxe (que cês sabem que a gente lê "sintasse" e não "sintakse", né? Pois é, isso foi um choque para mim, também, há alguns anos), quando cheguei à expressão "um ou outro". Aí vi que dois dos três exemplos são frases descontextualizadas de obras do Machado de Assis. Eu sempre achei um despropósito usar a literatura para exemplificar normatividade gramatical. Btw, os exemplos (tirados da Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, do Cegalla) são:

"O verbo concorda no singular com o sujeito 'um ou outro'':

'Respondi-lhe que um ou outro colar lhe ficava bem'. (Machado de Assis)
'Uma ou outra pode dar lugar a dissentimentos'. (Machado de Assis)".

Como eu costumo dizer aos meus alunos: literariedade tem mais a ver com contexto do que com a quantidade de figuras de linguagem usada em um texto. As frases de obras machadianas utilizadas como exemplos não são literatura. Há inúmeras teorias, inúmeros estudos sobre a função da literatura (até mesmo teorias que versam sobre a falta de função dela, que ela não precisa ter uma função específica), mas, sinceramente, se a literatura tem alguma função específica, tenho certeza de que não é servir para exemplificar regras gramaticais.
 
Minha crush booktuber 🥰🤭 acabou de recomendar esse livro com grande entusiamo aos seguidores dela. Pode ser que tenha mais gente aí descobrindo o Machadão pelo mundo. É o primeiro livro do vídeo.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo