Se seu argumento é esse, ele é muito fraco. Simon usou esse nick justamente por paródia, ele conhece razoavelmente judaísmo e muito sobre religiões orientais, especialmente hinduísmo. Nada do que você traz nesses textos contradiz o que ele diz.
A ideia de que Lilith faz parte do folclore judaico posterior não é negada por ninguém, nem sua presença no Zohar. O que é discutido é o valor e a importância religiosa dessa presença, muito inferior em natureza e grau ao que se atribui a ela por círculos ocultistas por aí. Ela entrou nesse caminho como um exemplar de demônio babilônio, sua associação com Astarte é muito posterior. É uma associação helênica, característica de um pensamento grego que subssume as diversas divindades e criaturas aos seus próprios deuses, assim a antiga associação entre Perséfone e Astarte aparece relacionando Lilith à mesma deusa. Mas tanto pela história folclórica antiga quando pelo uso mágico de amuletos contra espíritos abortivos, fica claro que Lilith não passava de apenas um demônio que causa infortúnios de morte, como era característico do folclore judaico absorver.
Então, julgando argumento por nick... Você é melhor que isso, Ilma.
Se fosse o ÚNICO argumento eu não teria colocado os links que coloquei. O meu problema não é com o uso do nick pelo Simon é o fato de que, até onde vc deu a conhecer, ele usar isso como uma forma de ocultação da própria identidade e background. Quem é esse tal Simon? Onde estão os links pra outras coisas que ele escreveu?
Pra mim é vc que está descrevendo o semblante de um argumento espantalho, Paganus...E eu esperava que VOCÊ fosse melhor que isso...
O fato de ser evolução mitológica "sincrética" "posterior"* não a torna menos válida até porque a leitura teística das próprias figuras de Satã e Lúcifer tal como entendidas pelo Cristianismo TAMBÉM é produto de interações similares que remontam à Patrística e à Escolática Medievais mas, estritamente falando, NÃO faz parte do texto bíblico por si só. A esses desenvolvimentos extra-bíblicos, contrários à teologia judaica ortodoxa sobre o tema, foram inseridos na nossa tradição miríades de "acréscimos" e encampamentos feitos em data ulterior também, pra se consolidar tal como entendemos, só com John Milton no século XVII. E um bocado de material "burlesco" e "carnavalesco" como Goethe fez questão de ressaltar no Segundo Fausto.
*Igualmente o fato de só ter versão ESCRITA de determinado mito ou lenda em determinado época não é prova cabal de que a tradição não remonta há séculos e milênios antes haja vista o exemplo do Kalevala do Elias Lonrot que só foi compilado no século XIX. O mesmo vale pra trocentos dos mitos da fase Ossianica ou Finniana da mitologia céltica.
Isso é MAIS verdadeiro ainda em se tratando de sociedades tais como a judaica com um contato precoce e extenso com a tradição literária mas com um apego ainda maior ao sigilo, reticência e reclusão dos "círculos internos", funcionando de maneira bem similar aos Ritos órficos dos Gregos, os quais também NÃO eram transcritos pra registro escrito a não ser fragmentadamente em período muito tardio.
Outrossim, o fato de ser produto de cristalização ou sedimentação literária tardia não exclui de maneira alguma a possibilidade de sua "canonização" como produto de "inspiração" divina atuando por intermédio da mão humana como se presume que teria acontecido com John Milton ao conceber seus Paraíso Perdido e Reconquistado que tanto influenciou toda a iconografia e teologia dos últimos quatrocentos anos mas que remonta só ao século XVII.
Ademais: caracterizar os textos que narram o mito de Lilith como "burlescos" ou histórias com intento cômico é simplificar em demasia a coisa. O que há de "cômico" na história de Lilith tal como descrita por Neil Gaiman em Sandman número 40 tal como colado aqui ? Inclusive eu presumo que vc teria errado de tópico onde colocar a sua mensagem sobre o assunto divulgando o ponto de vista do tal "Simon", né?
. Muito interessante esta análise do Akira de que Ungoliant era um ser de cinco dimensões, principalmente se levarmos em conta de que o interior de seu corpo era a porta de entrada para uma dimensão de, ao mesmo tempo, existência e inexistência (até porque, até onde eu sei, o tempo não existe...
www.valinor.com.br
Para mim tem muito mais conteúdo passível de leitura como comédia em passagens do Velho Testamento tais como a de Ló com as suas filhas e até mesmo toda a narrativa da queima de Sodoma e Gomorra
Nada do que você traz nesses textos contradiz o que ele diz.
Não? Acho que uma pessoa só não vê refutação válida do que ele diz se tender a ser desses "literalistas" que confundem canonicidade de exegese textual da Bíblia e seus textos ancilares como aderência a uma leitura com um viés tão cravado em ortodoxia mosaica anacrônica que tenderia a abolir o próprio Cristianismo se fosse levado às últimas consequências.
Em todo caso, até por ser adotado como motivo literário e arquetípico por luminares e expoentes da literatura como George Mcdonald ( pastor anglicano e NÃO um esotérico "ocultista" no sentido pejorativo que vc mesmo e/ou "Simon" tentaram empregar) e Victor Hugo já faz de Lilith muito mais influente e "presente" na mentalidade contemporânea do que muitas passagens "canônicas" e farsescas do texto bíblico como a supracitada escapada incestuosa de Ló e o terrível caso da filha de Jefté:
Jephthah’s daughter is the victim of her father’s vow to sacrifice a person in return for victory in battle. Women are critical for the survival of the family; therefore, Jephthah’s willingness to lose his daughter indicates that the text is trying to display the disorder and depravity of Israel...
jwa.org
Recounts the origins of the legend of Lilith, and gives examples of the use of Lilith figures by a number of nineteenth century writers. Examines MacDonald’s interpretation of Lilith in his novel of the same name.
dc.swosu.edu