http://www.summerhillschool.co.uk/pages/index.html
Esta escola é interessante. Não forma pessoas que se adequem à sociedade. Forma pessoas que saibam se virar na vida.
Não é a toa que o governo britânico quis fechá-la, sob pretexto de que os alunos não tinham conteúdo o suficiente para entrar na faculdade e não se encaixavam na sociedade quando saíam.
Decerto que não... mas como a filha do prof. Dib (artista plástica que nào fez faculdade pelo que soube), não há necessidade de faculdade. Se a pessoa sabe aprender, e ela precisar de uma faculdade, ela vai aprender sozinha.
Educação é uma ciência relativamente nova. Convenhamos que foi um passo enorme sair da figura do tutor, para a de uma sala de aula. E desde que foram aglomerados, não houve grandes mudanças em termos de pensar a educação. Ainda as coisas são muito intuitivas, baseando-se na experiência do próprio professor.
Outra coisas que é difícil de tirar da cabeça das pessoas é a questão de professor messias, pessoa com o "dom" de ensinar. Por ISSO é que é tão difícil pensar em professor com salário decente. Afinal tem de ensinar de graça, pois é uma tia complementando o salário do marido, o missionário, o voluntário.
(daí minha observação de TODO mundo passar um ano como professor voluntário)
Karl F. Gauss foi um brilhante matemático... mas com péssima didática. Ele achava absurdo usar giz para discutir uma idéia abstrata como a matemática. Oh, mas nem toda criança é gênio como ele que percebeu que a soma de 1 a até 100 podia ser feita rapidamente com 1+100 umas cinquenta vezes.
Decerto, mas também ele fazia showzinhos na feira com suas habilidades matemáticas aos 5 anos de idade. Ou de Newton que teve de ser empregado de seus colegas mais ricos na faculdade. Ou de Machado de Assis que aprendeu sozinho tudo, mulato complexado que era. Ou de Stephen Hawking que nem falar consegue?
Para todos esses gênios, a vida pode ser uma merda e uma dureza. E nem sempre era o sistema que fazia as merdas (acho que Kepler tinha lepra... nào tenho certeza). Mas com certeza, sem as merdas e durezas eles não teriam sido os gênios que foram.
Comparada com eles, eu sou uma ameba. E sabem por que? Porque apesar das dificuldades que eu enfrentei foi moleza comparado com as paredes de concreto de 200 metros que eles enfrentaram.
Muito se perguntou do porque não termos grandes gênios. Oras, um dos motivos é porque tem muita gente pensando. Mas o segundo motivo é porque se tudo é muito fácil não dá tesão de chegar na reta final.
Summerhill ensina as crianças a terem fibra. A terem paciência a serem disciplinadas consigo mesmas. Dessa forma, ao encararem um problema não entram em pânico e nem se revoltam e saem batendo para tudo quanto é lado. Decerto que sofrem, mas pelo menos tem mais chances de resolver o problema do que nós que sequer controlamos a nós mesmos. (quem foi que disse que o homem que não controla a si mesmo não controla nada?)
De todas as merdas da vida, grande parte se perde em suas amarguras e cegueiras. Apenas um ou outro emerge como gigante.
Agora, dá para um professor ensinar um aluno a ter fibra se todos os professores forem excelentes?
Um problema enorme que vejo quando dou aula é que esperam que eu resolva o problema deles. Seja um adolescente de 16 ou um menino de 11 anos (escolas particulares ou não!)
Aliás é uma coisa muito comum em todo o povo: no médico ruim que atendeu o Eru, no policial corrupto, no professor incompetente, etc.. A vida é uma merda e esperam que alguém fique com peninha deles e resolva as coisas, ou fiquem passando a mão na cabecinha.
Uma coisa eu conclui: não dá para ensinar a ter fibra. A saber o momento de investir e de recuar. A ter paciência numa espécie naturalmente impaciente.
E isso é uma das coisas que mais me frustra. Até hoje só encontrei um cara que era um bom aluno. Não que ele fosse brilhante (apesar de que ele tirava 10, 3 e 9,5 e fez substitutiva e tirou 10, não como vingança contra a professora, mas como vingança contra si mesmo!) pois a faculdade que ele frequentava nào era lá grandes coisas, e as perguntas das provas não eram tão difíceis quanto as que eu tinha de pastar para responder.
Mas foi o único que percebeu que o maior obstáculo da evolução pessoal não é o sistema. O sistema pode tentar te impedir (seja lá o que chamam de sistema), mas não pode impedir a pessoa de tentar passar a barreira. Se ele nem sequer quer tentar, mesmo sem barreira nenhuma jamais passaria.