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Medicina (UFRJ) diz não às cotas

:eek:

Não leva a mal... mas JÁ temos Calculo Zero, Física Zero, etc., em alguns cursos de bacharelado e licenciatura.

Er... acho que então sua proposta seria, Calculo com valor negativo, Física com valor negativo, economia com valor negativo, filosofia com valor negativo, etc. :mrgreen:

(mas tá valendo sua iniciativa de mandar cartinha para o governo. Parabéns!)

A criação de mais esse curso, implica em aumento do curso por aluno na universidade. Se ele for do tipo que repete, mandamos o problema de repetência para o curso superior. (empurrada com a barriga, já que "não reprova" no básico e elementar. Note as aspas, porque isso é o que vemos, mas não era o projeto inicial.)

Considerando-se que durante a graduação, conheci gente esforçada que repetia duas ou três vezes os cálculos 3 e 4, e que com isso corria o risco de ser jubilado... (não estou falando só dos vagais zé manés que só tomam cerveja, festas e na piscina no centro esportivo)

Jubilamento para quem não sabe é o recurso usado pela universidades para arrancar fora um aluno que demora muito para concluir o curso. Tirania? O fato é que se todo mundo demorasse 10 anos para se formar, a vaga fica indisponível para jovens que poderiam entrar na faculdade mas não podem porque tem um zé mané de barriga e barba que fica segurando sua vaga. (o que eu vejo de vagal segurando vaga no Conjunto Residencial da USP - CRUSP, com família e tudo há séculos não tá no gibi)

Num primeiro momento há realmente uma entrada de pessoas "menos capacitadas", mas considerando que já temos o problema de gente incapaz segurando vaga de gente que quer entrar, e tá uma BRIGA desgraçada para arrancar essa gente daqui (teve uma discussão ridícula de moradores do Crusp reclamarem que cursar 12 créditos é muito pesado e não conseguiriam ser aprovados... 12 créditos equivale a apenas 12 aulas por semana... algo em torno de 2 horas de aula por dia)

Eu poderia dizer que são tudo filhinho de papai, mas infelizmente a maioria dos zé manés são tudo dos "cursos pobres": letras, física, química, biologia, matemática. Principalmente da letras e dos centros acadêmicos, onde o pessoal é muito "revolucionário" e "marxista" contanto que seja bom para eles, e não para a sociedade. (além do que, para CONSEGUIR uma vaga no CRUSP é necessário atestado de pobreza, comprovante de residência longe pra caralho, atestado de ter outros irmãos que dependem dos pais, entrevista com assistente social... ah, melhor vocês lerem aqui: http://www.usp.br/coseas/... tem até auxílio bandejão... tipo o bandejão custa 2 reais, então fico imaginando como é o cara que não tem como pagar 2 reais :eek:)

(sim eu sou de curso pobre... minha média no vestibular foi uma piada)

Bem, aqui vai mais ou menos como é a vida universitária de um físico bacharel nos seus 3 primeiros anos (tem de ir recheando com outras matérias):

http://www.if.usp.br/grad/graduacao/disciplinas/tabdisc4.html

ANTIGAMENTE, não existia essa matéria "introdução à física", e tinhamos fisica I e quimica I, dando um total maravilhoso de 26 créditos, o que dá umas 5 horas por dia. Nessa época, já havia discussão do aluno ser muito caro por ficar UM ANO a mais na USP, quanto mais cinco anos a mais.

Como a gente todo mundo se fudeu em cálculo (mas como o Instituto de Física não pode "criar" calculo Zero, já que é domínio do Instituto de Matemática), foi criado a Fisica zero (normalmente o primeiro semestre estava restrito a matérias SIGLA-numero-numero-1, mas como isso é introdução ficou FAP 100, daí o apelido fisica zero), basicamente fisica zero é uma revisão de matemática e física.

Ainda conheço muita gente esforçada se fudendo.

Já nem sei mais quanto o aluno que fica cinco anos a mais custa...(aumento de cursos aumentou com certeza o custo de cada aluno)

Isso foi uma evolução da própria física e dos professores e alunos. E ainda não contei que a gente tem agora na pos-graduação (já que muitos vão ser professores universitários um dia) um curso para ajudar a entender a dinâmica de dar aulas. (e o professor Dib é muito bom)

Hoje, nessa experiência de 10 anos de "consertar o ensino médio ruim", já deu para perceber algumas coisas.

1) é um balde de água fria nos alunos ingressantes num primeiro momento. No segundo até eles entendem o porque, mas até essa hora, chiam pra caramba.

2) os alunos em geral continuam se fudendo depois.

Não posso dizer que foi tempo perdido, pois houve progressos. Mas acho que além desse limite de zero, ir para o negativo é muito perigoso. Primeiro porque como sabíamos, não dá para consertar o ensino básico, mas uma vez que JÁ TEMOS esses alunos problema por aqui. E já que eles estão aqui, eles tem de conseguir estudar e se formar.

Segundo, que com essa nova leva de estudantes AINDA MAIS DESPREPARADOS vamos ter de refazer TUDO DE NOVO essa grade. E não: não podemos simplesmente chamar física ZERO de fisica UM, e chamar Fisica -1 de Física Zero. (a não ser que queiramos realmente que o resto do mundo diga que nossos cursos são podres e não aceitem um neguinho vindo daqui ir cursar doutorado em Oxford, Harvard, etc.)

Mais que isso, serão necessários mais professores que vão ter de montar apostilas do zero. Isso custa dinheiro, e como já tivemos o LDO do Alckimin que não ajudou nada, mais os 2% de reajuste (era para ser 0% de reajuste salarial), vocês começam a entender o porque eu vi dois ou três professor contratados da USP prestando concurso na UNIBAN uns dois anos atrás...

São coisas que estão sendo discutidas (e tem pega pra capar entre professores que é uma beleza... quem fica achando mal deles iam adorar ver eles se matando), mas claro que isso não é mostrado para ninguém nos jornais ou em outros lugares. Quando muito há umas notinhas nos jornais sobre greve, professores federais (UFRJ é federal) que não recebem, etc., mas não é destaque. (e temos de considerar que ALÉM de ensinar, o governo cobra a PESQUISA dos professores senão crau! Com meus oito artigos publicados minha orientadora foi considerada insatisfatória, vejam só... e isso porque todo ano ela ganha mimo dos alunos dela)

Também ninguém fica sabendo de alguns professores que falam aos colegas "greve não adianta, e fazer piquete menos ainda... É coisa do passado! Quem sabe se a gente começar a pressionar os partidos?!" nessas reuniões antes de greves começarem. Mas como os professores são também parte da sociedade, apelam como todo mundo para a greve, oras!

Mas infelizmente já aconteceu... nem mais é acontecendo. Agora é tudo uma questão de tempo.
 
Ah, depois desse post da Primula eu ia escrever alguma coisa sobre os critérios de avaliação de professores da CAPES e também sobre uns reports que eu andei recebendo, um deles de um paper submetido há quinze meses para um journal de fora...

... também tinha pensado em escrever alguma coisa sobre essa história do 'ser alguém', que foi aludida aqui neste tópico...

... mas infelizmente tenho uma pilha de provas para corrigir nesta tarde, e mais e bastante para o resto da semana toda.

No fim da tarde, verei se dá para ligar para a minha orientadora para discutirmos o tal report de quinze meses. :|
 
São alunos da matemática mesmo ou é prova de outros institutos como de Geologia por exemplo (eles são uns doces, mas as vezes dá vontade de chorar a falta de requisitos deles)?

Dá vontade de publicar paper-cabide: você fala um "eu acho" e seu nome deve constar na lista de autores... a gente tenta ser menos preguiçoso, fazer um trabalho bonito, e ao mesmo tempo não ser um merda total em aula e não conseguimos nem um nem outro.

Esse negócio de salvador da pátria ser outorgado pra o pessoal que ensina tá enchendo o saco. Dá se um braço querem o resto também... e as famílias dos professores como é que ficam!?!? (afinal tem de se salvar os filhos dos outros mais do que os próprios... :osigh: beeem, tem o filho de um professor que vem aqui de sábado e domingo que vocês precisam ver a cara de feliz do moleque jogando paciência porque o pai precisa publicar, ensinar, blablabla, reunião pra cá e pra lá de ensino de departamento, etc..)

Bem, tem um ultimato para que as Federais voltem da greve. Vamos ver, já que apesar da propaganda enganosa de "aumentos até 56 por cento" (pois com esse título, todo mundo pensa que todos os grevistas vão ter esse aumentão enorme), ainda tá muito crítica a situação... mas não voltar também é besteira, já que esse é o limite que vai dar para pagar.

Oh, well... as coisas nessas área tão indo de mal a pior... será que falta quanto para completar a regressão das FATECs? (antes podia até ser considerado quase curso superior, mas agora tão querendo tornar mais um colegial técnico... legal! :lol: <- rir para não chorar)

Alegrem-se crianças... tudo estará ao alcance! Só não será aquilo que desejam(os).
 
Não.

Minha proposta não teria ligação com os cursos a esse nível.

Seria mais um período de seis meses de revisão priorizando somente matérias de 2° grau que servem de base para Calcúlo, História I, etc, etc.

O cara teria que sentar e estudar somente aquilo que aprendeu no segundo grau, e ter que passar para prosseguir no curso.

Se há a possibilidade de jubilação ou não é algo que o aluno vai ter que encarar de qualquer jeito... E sem reforço a possibilidade aumenta. Assim como aumenta a possibilidade do professor ter que "pegar leve" porque 20% da sala não sabe que valores básicos, como "i" que se aprende no final do ensino médio ou redigir uma dissertação porque na hora estava jogando bola com os " mano" e os "parceros". =/
 
Primula disse:
São alunos da matemática mesmo ou é prova de outros institutos como de Geologia por exemplo (eles são uns doces, mas as vezes dá vontade de chorar a falta de requisitos deles)?

Nah, são de Engenharia e sabem razoavelmente bem matemática. Mas não se desaponte. Eu já dei análise de algoritmos e matemática discreta para alunos que não sabiam manipular expressões algébricas :tsc: . Todos eles vinham de escolas públicas.
 
UFRJ NÃO TERÁ SISTEMA DE COTAS NO VESTIBULAR
21/09/2004


Decisão anunciada ontem teve voto de 11 dos 13 membros do Conselho de Ensino de Graduação da universidade


Após seis meses de discussão, o Conselho de Ensino de Graduação se manifestou contra a adoção do sistema de cotas que destinaria uma parte das vagas para alunos negros, pardos e oriundos de escolas públicas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A decisão foi divulgada ontem pela universidade.


A decisão do conselho — formado por representantes dos professores, dos alunos e dos funcionários — é válida para o vestibular de 2005. Por 11 votos a dois, os integrantes do conselho manifestaram-se contrários à adoção de qualquer tipo de reserva de vagas ou estabelecimento de cotas nos cursos de graduação da UFRJ. Os conselheiros, no entanto, declararam apoiar a democratização do acesso aos cursos superiores desde que ela aconteça basicamente através de medidas voltadas para o aumento da oferta de vagas e do combate à evasão de alunos.

Os dois votos vencidos foram dos representantes dos alunos, Luciana Cristina de Souza e Luciano da Silva Barbosa. “Foi uma grande derrota para a democratização do acesso (às universidades). A avaliação que temos é que o conselho é ainda muito conservador em alguns pontos”, lamentou Luciano Barbosa em entrevista ao site do Sindicato dos Trabalhadores da UFRJ (Sintufrj).

O projeto do governo federal que cria o sistema de cotas está sendo analisado pelo Congresso. O ministro da Educação,Tarso Genro, disse ontem que respeita a decisão da UFRJ.

— Eu considero isso um ato de autonomia universitária. Agora, quando for lei federal, todas as universidades vão ter que se adaptar. Isso é um processo de elaboração e discussão dentro do estado democrático de direito — afirmou o ministro no “Jornal Nacional”.

Há pouco mais de um mês, O GLOBO noticiou que a Faculdade de Medicina da UFRJ já tinha deliberado contra o sistema de cotas e que havia uma grande resistência à medida na maior universidade federal do Brasil. Foi a primeira vez no país que a direção de um curso se manifestava publicamente contra qualquer tipo de reserva de vagas. A justificativa era que o sistema de cotas poderia afetar diretamente a qualidade do ensino da faculdade, que obteve conceito A nas últimas cinco edições do Provão.


Jornal: O GLOBO
 

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